PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 12
Capítulo 10 - Um Mundo Melhor


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes,
espero que curtam o capítulo novo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803003/chapter/12

            ISIS

            Existe um monstro, um bem grande com garras e dentes gigantescos. Esse monstro está em todas as histórias com princesas, geralmente príncipes sem nenhum mérito os derrotam e beijam desconhecidas que se veem obrigadas a um matrimônio por gratidão. Hoje, olhando para esse espelho pequeno do banheiro em nossa área hospitalar, tento a todo custo separar o mostro de quem eu sou.

            Me sinto a Isis, me vejo como a Isis e percebo que não mereço mais essa inocência. Não é esse vestido salmão, ou os sapatos de boneca que devolverão a confiança que perdi de todos. Não depois de jogar os piores medos do meu pai em sua cara, ou dizer ao Connor que ele foi abandonado, tento não pensar nos outros e nas feridas que abri com minhas atitudes e palavras. Deus, como fui horrível. A Katoptris brilha sobre a pia para me lembrar de uma promessa que fiz.

            -Eu sei, eu sei -seco meu rosto antes de a colocar em um suporte na minha coxa. -Vou me esforçar, eu prometi e preciso recuperar o valor da minha palavra.

            Respiro fundo e volto para o quarto. Connor está sentado na poltrona ao lado da maca onde dormi abraçada com minha mãe, ainda a implorando para me perdoar por dizer que meu irmão não é seu filho. Sei que para Felicity Smoak essa é a pior acusação que podem fazer, ela não se importa com muito, mas odeia que que mexam com os filhos dela, odeia mais ainda quando dizem que um deles não é seu.

            -Oi -digo com a voz tão baixa quanto a de Lunna, e Deus como pude dizer aquelas coisas para ela?

            -Oi, nossos pais foram trabalhar.

Connor abre os braços em um convite e me sento ali em seu colo como se fosse um bebê, permaneço em seus braços, em silencio, apenas por precisar muito me sentir segura. Meu irmão cheira a terra molhada em dias chuvosos, sabonete e lar. Fecho meus olhos e deixo que me aninhe em seus braços, não tenho nada que possa dizer que seja o bastante para apagar o que fiz, mas permanecer onde estou é reconfortante.

—Todos já chegaram -diz depois de alguns minutos, acariciando meus cabelos. Me levanto calmamente, e tento organizar meus pensamentos, preciso de um plano, de ao menos um ponto de partida.

            -Con, me deixe dizer que estava errada -o olho a distância, prestes a me defender, mas ergo a mão implorando para que me permita continuar. -Sou sua garota -ele sorri com lágrimas nos olhos. -E sempre fui, é quem vou ser até meu último dia de vida. Quando a outra estava aqui, Katoptris me mostrou muitas coisas do meu passado, e me fez pensar em tantas outras. Eu me acostumei a ser sua garotinha e tudo bem, por que você é o melhor irmão do mundo. Não sei como pude te acusar por ter me tratado de qualquer forma se não como um verdadeiro irmão – me levanto e começo a andar de um lado a outro. -Eu tranquei minha cunhada e Sara, Deus, eu tranquei a Sara em um quarto do pânico para enfrentar um velocista sozinha, tentei lutar contra um Arqueiro Negro Psicótico, tendo Laurel como opção! Fui impulsiva quanto ao plano para deter o Hunter, e se vocês não tivessem um plano reserva, não sei dizer se as informações que dei ao Bruce em cima da hora seriam suficientes -suspiro sem fôlego e me viro para ele. -O que quero dizer é que não entendia a Katoptris, tenho sido imprudente e fui me tornando mais e mais a cada dia. Me desculpe, não vou justificar nada e espero te mostrar que pode confiar em mim novamente.

            -Sabe que não tem que me pedir desculpas -fala se levantando. -Nós -aponta para nós dois andando em minha direção. -Somos farinha do mesmo saco, literalmente -faz cara de nojo e não consigo ficar séria. -Aquelas pessoas lá em baixo te amam muito, quase tanto quanto eu -o olho, agradecida. -Então, como vai ser? -abre um sorriso de lado. -Quer descer e encarar a todos, ou prefere falar com cada um?

            -Quem está lá? -faço careta, não gostando de nenhuma das opções.

            -Sara, Nina, Lunna com a rádio Wally a mil, e Damian -responde com a calma zen que costuma me tirar do sério. -Mas Cisco e Barry virão mais tarde. Vamos arrancar o Wally do ouvido da minha esposa! -diz com uma animação beirando a psicopatia que me faz gargalhar.

            -Vou descer, quero poder estar perto de testemunhas caso alguém queira me atacar -estremeço de leve enquanto Connor chama o elevador. -Sara não quer me bater não, né? -questiono aterrorizada quando a porta se fecha e só escuto a risada do meu irmão em resposta.

            Mas não, ninguém me bateu. Até por que não tinha uma alma vivente no vortex quando descemos. Mas Connor segurou minha mão e fomos em direção ao tatame, nos fundos. Lunna treinava com Damian, que parecia ter muita dificuldade em não ser atingido, sinto minha boca se abrir em choque ao ver a velocidade absurda de seus movimentos e a confiança recém adquirida ao realizar seus golpes, o que impedia de ele estar levando uma surra era sua técnica e força superior. Connor cruza os braços sobre o peito exalando orgulho da esposa, mesmo o mérito sendo completamente do Wally, mas estou em débito e não vou esfregar isso na cara dele, não importa o quanto me sinta tentada a fazer.

            Mas outra coisa me chama atenção, Sara batia em um boneco de treino e Nina tentava imitar a mãe, por vezes caído sentada sem conseguir controlar seu corpo direito. A coisa mais fofa que já vi em toda minha vida, ela nos percebe e abre um sorriso enorme correndo em nossa direção com Sara atrás. Levo minhas mãos sobre meu peito, sentindo meu coração acelerado, completamente como deveria ser.

            -Isiss! -diz em sua vozinha infantil, exagerando no “s”, que soa tremulo enquanto corre, me abaixo gargalhando com a cena e parte da minha mente percebe que o treino havia acabado. Nina para em minha frente com os olhos arregalados e o rostinho cheio de surpresa e expectativa. -Oh, mamãe Sara! -se vira me apontando. -Isiss sarou!

            -Eu disse que ela só precisava de um beijo! -diz a filha que me olhava encantada.

            -Me desculpa Nina, tia Isis vai ser melhor agora -falo contendo o choro e ela concorda, balançando a cabecinha. Me dá um beijo babado e exige que Connor a dê colo.

            -Ainda não entendo essa fascinação dela por caras altos. -Sara revira os olhos parando em minha frente.

            -Bom gosto. -Connor fala balançando Nina em uma dança boba. -Não é meu bebê mais lindo...

            -Estava com muito medo de levar uma surra épica da Artêmis -confesso como uma criança e Sara sorri.

            -Isis, sou eu -segura meus ombros, me olhando com ar materno. -Nunca vai ter que me pedir desculpas, não importa como estiver, nós vamos ao inferno sem pensar duas vezes e te trazemos a força se necessário.  -Sara tem esse dom, posso acreditar em cada uma de suas palavras e sei que ela realmente faria isso.

            -Sinto muito -sussurro contendo as lágrimas. -Nunca falaria nada daquilo, por favor, preciso que...

            -Xiii! Está tudo bem, Queen. -Sara me abraça apertado, me reconfortando, mas eu nem mesmo comecei o que tinha que dizer. Olho para Lunna que estava ao lado de Damian, aqueles dois seriam os mais difíceis. -Vamos dar um tempo a elas. -Sara sai com a filha e os garotos, Lunna caminha em minha direção com um sorriso tímido nos lábios.

            -Acho que você deveria me dar no mínimo um soco -sugiro e o sorriso em seu rosto se alarga. -Pode ser dois se preferir... Entende que em meu estado perfeito nunca poderia te tratar, eu passei horas ontem chorando por pensar no que você passou, e me sinto um lixo por ter deixado aquela coisa usar minha boca para jogar algo assim na sua cara -não tenho mais noção do que escapa por meus lábios a essa altura. -Eu falei sobre seus pais, e sinto tanto que não posso começar a dizer, acho que não tem como me perdoar, mas quero muito, muito mesmo merecer o seu perdão. Eu te amo tanto, Lu. Tenho vontade de socar a fuça daquele filho de uma boa senhora que...

            -Isis! – me interrompe, e percebo que comecei a tagarelar nervosa. -Eu quero te pedir desculpas -olho para ela chocada. -Sabia que tinha algo errado enquanto estava tendo minha seção com você, e quando te confrontei no quarto só queria comprovar que estava fora de si. Nunca seria tão dura sem motivo, e depois você sumiu e morri de medo de algo acontecer por que não po... poderia me perdoar -sorrio com carinho para ela, Lunna é mesmo como Connor, acho que nunca vi duas pessoas tão essencialmente parecidas juntas.

            -Você agiu como uma irmã, se não me confrontasse só Deus sabe quando voltaria de verdade. Então, obrigada -a tranquilizo, vendo as lágrimas se acumularem em seus olhos, e tinha outra coisa que precisava deixar claro. -Sabe, eu te acho uma das mulheres mais fortes e incríveis que conheço. Passou por tudo aquilo e conseguiu chegar a vice-presidência de um multinacional por seus próprios méritos, é uma amiga fiel e o amor da vida do meu irmão -olho em seus olhos grandes e cheios de emoções que hoje estavam verdes com pequenos riscos castanhos, para que visse a sinceridade em meu rosto. -Sinto muito Lunna, nem sei dizer o quanto sou grata por ter você na minha família. Vai precisar de uma terapeuta nova, mas eu estou morrendo de orgulho por ser sua irmã.

            Nós apenas nos olhamos, contemplamos uma a outra sem conseguir colocar em palavras o que estávamos sentindo. Eu a machuquei, machuquei de verdade e é doloroso não receber o remorso que acredito merecer, me faz sentir ainda menor. Me lembro dela me dizendo algo sobre não precisar se desculpar com ela, mas que deveria fazer isso a Connor e Damian. Respiro fundo e tento secar as lágrimas que escorriam por meu rosto, então tomo coragem e passo meus braços ao seu redor.

            -Senti sua falta, não imagina o quanto. -diz me abraçando. -E tem mais uma pessoa que sentiu -ela se afasta para me olhar com um sorriso cheio de expectativa. -Vou pedir para ele vir, posso?

            -O que é isso que está acontecendo entre vocês? -questiono incomodada, mas só a faço gargalhar em resposta.

            -Aí Queen, se tem uma coisa que não vai mudar em você, é a forma que reage ao nosso morcego -beija meu rosto e sai saltitando pela porta.

            Chuto as sapatilhas dos meus pés, sentindo o tatame sob eles. Caminho calmamente para o centro e me sento de frente para a porta. Damian já estava lá, não sei a quanto tempo, mas estava me observando em silêncio, como sempre. Bato no tatame a minha frente o chamando para se sentar ali e a cada passo dele era um centímetro que meu coração se aproximava da minha garganta. Damian se senta, e o vejo de verdade. Está lindo, com seus olhos azuis quase líquidos, os ombros muito mais largos e um semblante de paz, que é bem novo para ele.

            -Fiquei pensando o que falar com você -começo, olhando para o tatame. -Não sei o que dizer na verdade, por que acho que não tem nada em que eu esteja certa em tudo isso, quero te pedir desculpas, desculpas é o principal -batuco com meu dedo indicador no chão, tentando controlar meu nervosismo. -Você faz parte daqui -gesticulo em volta. -Do time e da vida de todos. Tudo o que te disse foi horrível, por que sempre fui a primeira a te falar que todas aquelas coisas eram mentira. Só espero que não me odeie muito, por que preciso mesmo de um Damian na minha vida -o olho com cuidado e um mínimo sorriso cheio de tristeza estava em seu rosto.

            -Bom, você realmente deve sentir -claro que ele não vai amenizar meu lado, é o Damian, mas sinto meu estômago revirar. -Foi muito má -não sei por que, mas tinha admiração em sua voz. -Disse coisas que nem pensei que conseguiria, eu mesmo presenciei uma dúzia de palavrões, impressionante!

            -Você está me zoando? -semicerro os meus olhos e um sorriso sacana aparece em seus lábios, dos que gelam até minhas costelas. Engulo em seco, tentando manter a pose ameaçadora, mas Deus, por que ele tem que ser tão... Ele?

            -Se está esperando que eu te odeie, Queen. Vai precisar nascer de novo -afirma, me estendendo o punho fechado, em um cumprimento. Dou uma risada fraca tocando meu punho no dele.

            -E então, já que estamos nos falando -começo a dizer como quem não quer nada. -O que é isso entre você e Lunna? -ele solta uma risada muda, depois passa as mãos nos cabelos e por fim me olha.

Bem, Damian literalmente já me viu nua, muitas e muitas vezes e quando me encara desse jeito, sinto todas as minhas roupas sendo tiradas magicamente. Ai que titica. Me levanto em um salto, e tomo uma distância segura de onde ele está agora completamente à vontade, a única sorte que tenho é ver um raio amarelo a distância.

—Barry chegou! -comemoro erguendo um braço. Droga! Dam mordia os lábios para não rir e simplesmente sai, o sigo em silêncio e paro ao lado de um homem louro de capa de chuva, o mesmo que estava no meu quarto quando despertei, o tal ocultista. Mas só fiquei ao seu lado por ser o que estava mais longe do pequeno demônio.

—Oi amor -me cumprimenta, e seu sotaque inglês me lembra imediatamente outra merda que fiz.

—Olá -respondo educada e ele abre um sorriso de diversão.

—Bom, agora por Buda, alguém tira Wally do ouvido da Lunna! -Connor parece quase desesperado.

—Como está, princesa? -Barry me pergunta, estudando meu rosto com cuidado, enquanto tinha um sorriso enorme com Nina em seus braços.

—Muito melhor, tio -respondo e ele parece satisfeito ao ver minhas expressões. Ganho um beijo seu em minha testa e um abraço de esmagar todos os ossos de Cisco.

Constantine os coloca a postos e adivinha quem não precisava estar nesse ritual estranho? Bem, eu mesma. Claro o Damian também, afinal sofrimento pouco é bobagem. Barry me entrega a Nina que me abraça muito apertado, toda carinhosa, muito diferente da forma educada que me lembro dela agindo comigo antes. É quase como se soubesse que algo me faltava.

—Isiss -sussurra meu nome, falando comigo em tom de segredo.

—Oi -respondo da mesma forma, me esforçando para ser suficientemente séria.

—Eu quero descer -aponta para o chão.

—Tudo bem, mas vai precisar ficar aqui comigo, não pode ir lá na mamãe -explico -Vai ficar com a tia Isis? -ela balança a cabeça confirmando e a desço como queria.

Acabo de perceber um padrão nessa garotinha linda que nos manipula como quer. Deve ser exatamente assim que as pessoas costumavam se sentir ao lidar comigo. No momento em que a coloco no chão, Nina que é bem forte para a própria idade e tamanho, começa a me puxar em direção a mesa do outro lado de onde Damian estava sentado vendo tudo. Droga. Tento ponderar, mas quando ele percebe o que Nina queria desce da mesa e estende a mão para ela. Como disse, ela pode manipular a todos como bem entende, e é frustrante estar do outro lado nesse tipo de situação.

—Oi minha linda -ele diz a Nina, mas eu estremeço em resposta. Ela solta uma risadinha fofa, parecendo muito orgulhosa de si mesma ao segurar nossas mãos, ficando no meio da gente com o ar de satisfação que uma criança de dois anos não deveria ter. -Por que parece contrariada? -me pergunta, quando fixo meus olhos no feitiço que Constantine estava preparando.

            -Nina -digo simplesmente e agora escuto o seu riso.

            -Deve estar sendo um saco ver como é para todos os outros a sua volta -provoca, e preciso me conter para não mostrar minha língua para ele.

            Mas eles começam a tentar e não sobra muito para pensar. Lunna e Cisco estavam de frente um para o outro, Connor estava mais afastado com Sara a seu lado e Constantine entre os dois. Barry abriu uma fenda na força da aceleração, a ideia era parar o tempo no momento em que conseguissem vibrar Lunna para pegar o Wally, então Connor e Sara o puxariam da fenda temporal em que está preso e o lançariam na Speed Force, e Barry teria que ir pegá-lo, já que não sabemos exatamente como ele estaria.

            Em tese, tudo parecia razoavelmente simples, mas alguns minutos depois todos nós estávamos torturados. Lunna não estava mais se aguentando em pé, já tinha vomitado, sua pele estava em um tom nada saudável de cinza e os olhos transbordando cansaço. Quando ela vomita pelo que acredito ser a quarta vez, ninguém mais suporta a situação.

            -Por que não fazem uma pausa? -Damian reclama entre dentes, irritado com a cena, e vejo que um palavrão não saiu por ter a mão de Nina segurando firme a sua.

            -Lunna não parece querer parar -respondo tão inconformada quanto ele.

            -Papai Ali, mandou ela parar. -Nina diz rebolando e nós a olhamos chocados. -Tia Lu não quer.

            Damian se abaixa e pega a garota no colo, a raiva em seu rosto se dissipa quando a olha e o observo perguntar cheio de carinho na voz. -Consegue ver seu pai, princesa? -Nina confirma balançando a cabeça.

            -Papai Ali não gosta de ver a titia dodói -sua voz soa triste.

            -Ela pode puxá-lo, se não tem que tocar Lunna para o ver, Nina pode trazer o Wally de volta. -Dam me diz. -Constantine! -chama um pouco mais alto e todos nos olham como se quisessem nos expulsar dali. -A criança consegue ver o Wally.

            -Claro que consegue -o mago responde dando de ombros e nós o encaramos exigindo mais respostas. -A filha de vocês -começa a explicar para Sara e a presença de Wally. -É descendente de Rudá.

            -O Rudá, meu senhorio no Brasil? -a voz de Sara está carregada de descrença. -Não, ela não é! -sorri como se tivesse uma piada só dela, então vê o mago não mudar de expressão e passa a explicar. -Minha filha é negra, Rudá é um índio. Olha, não é que não seria legal, ele é boa gente e tudo, mas os pais biológicos dela morreram a protegendo de um desabamento!

            -É, você conheceu a forma velha e cansada do deus Rudá -responde a ela que não é capaz de se expressar. -Ele passou a acreditar que pode proteger melhor o povo se viver entre eles, mas ainda é o deus tupi do amor, uma espécie de cupido, mas no caso dele, sua função é amolecer e preparar o coração de grandes guerreiras para receber o amor -encara Sara que parecia ter recebido um soco no estômago. -Isso mesmo, gata. Você passou meses sendo curada por um deus, que sabia que tinha algo grande para acontecer em seu futuro. Sou só eu que adoro presenciar um momento de epifania? -ele nos olha, mas estamos todos em choque.

            -Então, Nina? -Cisco murmura em choque.

            -A criança é descendente do deus do amor, neta de Tupã. Ela vê ligações e laços entre pessoas. Escolheu Sara quando perdeu os pais, por que ela tem um forte laço que poucos possuem. Nina se vê atraída por pessoas que estão apaixonadas -ele sorri sugestivo apontando para Damian e eu que olhamos em direções opostas. -Pessoas que amam de forma altruísta -aponta para Connor e Lunna. -Ou pessoas que tem amor como a única base sólida na vida. Que é o caso dos pais que decidiu ter.

            -Ela vai ficar bem? -Sara parece precisar ter a filha nos braços e a pega de Damian a segurando como se quisesse mantê-la segura.

—Parece que sim, já que foi impelida a escolher dois dos seus guardiões como pais -tá, agora eu me sinto enjoada. -É sério gente, vocês receberam a Katoptris e pensaram que nada de mais estava por vir? -ele parece querer nos bater por um momento. Então revira os olhos.

—Bom, nós enfrentamos um robô que poderia acabar com o mundo e um velocista que mataria Sara por ser doido de pedra. -Lunna argumenta sendo amparada por Connor que a mantinha de pé agora por suas próprias forças.

—Não tem problema amor, ainda sendo um pouco lenta, continua sendo a mulher mais linda que já vi -seu rosto ameniza um pouco ao falar com Lunna. -Vou explicar, mas prestem atenção. Um monge, o primeiro filho que ofertou para a primeira queda -aponta para Connor. -O velocista entre dois mundos, uma guerreira que se sacrificou por amor -mostra Sara. -A órfã que foi tocada pelo inimigo e não se corrompeu – mostra Lunna. -O filho do demônio que renasceu na luz, e a escolhida pela Katoptris. -diz cheio de indignação, apontando para Damian e eu. -Vocês precisam vencer o que está por vir, e garantir que Nina esteja a salvo. Então, vamos trazer logo esse velocista, recebi uma mensagem da Ravena e tenho que ir ajudar com seus problemas paternos.

—Quer chamar o papai, meu amor? -Sara sussurra para Nina que balança a cabeça animada. Ela a entrega para Lunna que a segura com cuidado. Então todos podemos ver o Wally, ele está ao lado de Sara, observando a filha nos braços de Lunna, com ar de quem está sendo torturado a muito tempo. -Wally! -Sara exclama com os olhos cheios de lágrimas e ele olha para trás, pensando não ser com ele. Então ela o segura o jogando na direção do Barry que o agarra e os dois são lançados dentro da Speed Force.

DAMIAN

Entro em meu apartamento já no começo do dia, apesar de exausto essa era uma daquelas noites que tínhamos vencidos batalhas importantes ter Wally andado entre nós novamente pode ser irritante a longo prazo, mas hoje é uma vitória que conseguimos. Lunna merece um pouco de paz de espirito e estar sintonizada no rádio AM/FM Wally West de comunicação não é a melhor maneira de alcançar essa paz.

Propositalmente tenho tentado não pensar em tudo que envolva a Queen mais nova, mas agora aqui sozinho vendo a cidade amanhecer é meio que impossível não pensar em como ela está renascendo, como um amanhecer depois de uma longa noite. E o pior é que se torna dificil ignorar a existência de alguém que te faz sentir como se Wally estivesse correndo dentro do próprio estomago, então me lembro do como o velocista ruivo pode ser irritante, por mais que nesse caso não tenha absolutamente nenhuma maldita culpa.

Tomo um banho rápido agradecendo por ser domingo e não precisar ir para a empresa, apreciando o momento de paz sabendo que não duraria muito. Saio do chuveiro me jogando na cama ainda de toalha, com meus olhos pesando mais do que meu corpo.

—Ei, você não deveria comer alguma coisa? – olho para o meu lado e um par de olhos azuis está me encarando. –Sabe, esse tempo que vem se negligenciando para cuidar de todos a sua volta não está correto. O que aconteceu com a disciplina irritante dos Wayne?

—Bom eu vi uma vaga e sabe como é, precisava de um emprego novo -dou de ombros.

—Você acreditava tanto mim? – seus dedos encontram os meus os entrelaçando, consigo sentir meu coração pulsando entre as nossas mãos.

—Não tenho opção, essa aliança é a prova. -passo meu polegar sobre o anel em seu dedo anelar. -Não é decoração.

—Ela é até que é bonitinha – levanta nossas mãos olhando para a aliança negra.

—Senti saudades – a puxo para o meu colo. Mas meu celular começa a tocar e sou arremessado de volta para a consciência. –Você realmente está de volta – olho para o vazio ao meu lado enquanto meu celular se esgoelava na minha cabeceira, nem lembrava de tê-lo colocado ali. – Alô – respondo impaciente sem olhar quem tinha me acordado.

‘Olá, senhor mau humor.’ a voz de Phoebe me fez desejar ter sido um pouco menos grosso. ‘Não entendo por que o acaso não me jogou em uma família podre de rica, assim poderia dormir o dia todo.’ começa divagar.

—Nem é tarde Phoebe...

‘Quase uma hora da tarde neto de Gotham.’

—De um domingo – finalizo a deixando sem palavras por um momento, um momento curto, mas que foi computado.

‘Talvez devesse sair para socializar com as outras pessoas da terra.’ com certeza não preciso socializar com mais ninguém, mas não é como se pudesse contar a ela sobre todas as pessoas que lotam a caverna do arqueiro por esses dias, até um investigador do mundo da magia tinha ido se meter entre os de Star.

—Não está sugerindo que eu, o cara que odeia luz solar, dê um passeio no parque para aproveitar o dia de domingo, está?

‘Nem é para tanto, criança noturna. Mas quem sabe visitar sua cidade e tomar um café?’ sugere.

—Isso é saudade? –não posso deixar de sorri com a ideia insana.

‘Na verdade, tedio. Nada vem acontecendo de interessante nessa cidade.’

—A cidade mais violenta do país, isso só pode ser piada – apesar de Gotham depois dos esforços que Bruce durante o dia e Batman durante a noite, em fim tem conseguido algum progresso.

‘Para você.’ parece realmente indignada.

—Nenhuma teoria maluca para trabalhar?

‘Acredito que sim.’ Sua voz se torna automaticamente animada. ‘Estudei tanto as teorias de Einstein que comecei a pensar que se a energia negativa for adicionada a uma dobra de espaço, pode elevar o objeto além da velocidade da luz, algo como uma entidade, uma Força de Dobra? O que acha desse nome?’ quase caio da minha cama.

—Não sei, acho que um pouco mais de trabalho e consiga algo que tenha valor para ser publicado -tento soar norma, é sério que ela existe mesmo?

‘É, talvez tenha que trabalhar, mas com o meu parceiro de teorias tudo ficaria mais fácil.’ me cobra novamente.

—Logo estarei de volta -não soa muito verdadeiro, ao menos não para mim.

‘Se é o que diz, mas encontrei uma publicação a respeito sobre unidades de força e energia da Dr. Caitlin Snow.’ Isso consegue me fazer sentar na cama. ‘Tem a colaboração de outras duas mulheres que não são cientistas, mas os nomes me pareceram familiares, pensei que pudesse ser alguém que conheça. São as presidentes da Queen Consolidation, uma delas não é a amiga que me falou a um tempo? Delphine-Hawke?’

—Sim -respiro fundo, e uso meu treinamento para soar indiferente.

‘Por que duas mulheres com as principais formações em TI, colaborariam com uma cientista?’ Pondera com ela mesma. ‘Acho que é inovador e muito interessante essa linha de raciocínio.’

—Bom, é verdade -que bosta. -A Dr. Snow é uma amiga próxima, então colaborar com o trabalho entre elas deve ter sido algo natural.

‘Adoraria conhece-las.’ Então, nada é tão ruim que não possa virar uma desgraça completa. ‘Principalmente a vice-presidente, ela tem o que vinte e cinco? Vinte e seis anos?’ sua voz está cheia de incredulidade e admiração.

—Essa é sua maneira de dizer que quer conhecer meus amigos, Morley? -provoco com a esperança inútil de que a faça recuar.

‘Acho que um pouco disso também.’ Nem mesmo parece afetada. ‘Então tá. Se você não vai aproveitar o domingo, eu vou.’ posso vê-la dar de ombros. E assim desliga o telefone.

— Tchau para você também – falo literalmente para o nada. Não conseguiria voltar a dormir, mesmo se me esforçar muito. Então resolvo sair para comer, talvez correr um pouco, tenho andado bem negligente com meu próprio corpo. Me sinto tentado a invadir a casa dos Queens, só para chutar algumas árvores, mas considerando os últimos acontecimentos, meu treino seria visto como oportunidade e não é o que quero.

 ISIS

Desde o fim do meu inferno particular, me vejo sozinha pela primeira vez. O que é bom, pois preciso de dosar minha culpa e colá-la em pequenos potes que tornariam mais fáceis digerir os acontecimentos. Tenho que encontrar uma forma de me perdoar, preciso ver o tal horizonte que todos cantam e filosofam sobre. Mas o que ninguém conta, o que não tem filosofia ou músicas que oriente, é que dar perdão pode ser libertador, no entanto se perdoar é um desafio digno dos trabalhos de Hercules.

 -Você poderia me mostrar algo bem legal para eu me redimir –brinco com a adaga em meu colo, que brilha marota como se disse que não facilitaria minha barra a esse ponto. –Não custa tentar a sorte.

Ando pela mansão silenciosa. Meus pais tinham pilhas de trabalho acumulado e quando se viram livres, foram obrigados a ajudar em uma missão com a Liga da Justiça. Precisei implorar para que Con fosse viver a própria vida e passasse um tempo com a Lunna sem se preocupar com a irmã Winchester que acabou de recuperar a alma, e aproveitasse que finalmente o seu melhor amigo largou o ouvido de sua esposa. Colocando por essa perspectiva, chega a ser mais fácil, tudo em minha família é tão estranho que posso me sentir parte de um grande todo bem problemático. Mas ficar na mansão sozinha não é tão legal quanto antes, talvez meus pais poderiam pensar em adotar um husky, se o Batman pode ter um cachorro, um gato e uma vaca, acho justo a gente ter um peludo por aqui também.

Não aguentando mais ficar por ali, resolvo dar uma volta, talvez tomar um café na cidade, desço até a garagem e entro no carro mais próximo possível da saída. O que era um absurdo de carro considerando que era um 4x4, que subiria qualquer montanha próxima, me sentia qualquer um dos anões da Branca de Neve.

—Oi, Isis! –uma voz conhecida me grita de um carro quando paro em um cruzamento.

— Tess – grito de volta, feliz por encontrar minha amiga depois de mais de oito meses, me impressionando pelo tempo que já fazia, mas agradecendo por não ter a visto na minha faze trevosa. Oh meu Deus! Coitada da Mia.

Indico um café perto de onde estávamos, e ela encosta o carro e sentamos para conversar e era como se nunca tivéssemos deixado de nos ver, era simples e leve conversar com ela.

—Faz tanto tempo – aperta minha mão por cima da mesa. – Você e Mia estão juntas em Harvard não estão? – concordo com a cabeça. – Aí eu ainda fiquei aqui, Danny está em Central, e ... – levanta o dedo anelar me mostrando um diamante gigante.

—Oh meu D E U S!!!- grito pulando em cima dela de felicidade pelos meus amigos.

—Juro que ia contar para vocês – sorri de pura felicidade. – Mas foi na semana passada, está tudo uma loucura.

—Eu sei. – com certeza eu sabia.

—Mas você e Mia, preciso de vocês do meu lado, queria contar para as duas juntas, mas não estou me aguentando -quase quica em sua cadeira. – Quero vocês duas como minhas madrinhas – e antes que ela termine já estou chorando por que desde que voltei a ser eu mesma, pela primeira vez me senti como era ser a velha Isis, apaixonada por tudo a minha volta, e pela felicidade da minha amiga. – Claro que o seu gatinho vai poder ir – e minha felicidade foi em bora, quase dou tchauzinho para ela quando vira a esquina.

— Eu... e o Damian, - até falar o nome dele era difícil.

—Claro que vou – aquela voz grave faz o meu estomago gelar, e saltar da cadeira de espanto ao mesmo tempo. -Oi Tess. Quer dizer que o Danny resolveu te tirar do mercado? Esperto ele – abraça minha amiga como se fosse a coisa mais natural do mundo.

—Obrigada – sorri alheia a qualquer coisa fora da sua bolha de felicidade. – Só não conte para a Mia e para o Phill, Danny o quer como padrinho e vou fazer uma live com a Mia daqui a pouco... –olha o relógio – Oh! - coloca mão na boca. – Estou atrasada – se levanta correndo e me dá um beijo no rosto e com a mesma naturalidade beija Damian e sai saltitante como se estivesse montada em um pônei unicórnio.

—Acho que preciso de óculos escuros para olhar para ela. –Damian conclui enquanto chama o garçom. –Você vai querer o quê? – pergunta como se tudo isso tivesse sido armado previamente.

—Não estou com fome –não ia falar que meu estomago estava pesado.

—Um muffin e um chá gelado então.

—Você está parecendo minha avó, enfiando comida goela a baixo das pessoas - dá de ombros como se não se importasse nenhum pouco, e no canto de seus lábios, local que me forcei a desviar o olhar, tinha um sorriso como se tivesse rindo de uma piada interna. Ficamos em silencio, enquanto comíamos, fiz questão de fixar meu olhar no bolinho, mas ficou difícil depois que já tinha comido tudo.

—Não precisa ser chato entre a gente, nunca foi Isis, não tenho a intenção de que se torne agora – me obrigo a olhar para ele, e é como levar um soco no meu estomago, tudo o que fiz, Damian não se abre para muitas pessoas, fui uma das poucas e trai sua confiança.

—Não sei como ficar ao seu lado, como te ver, como ser como antes de você e eu – tento tirar o meu anel para entrega-lo, mas Damian para a minha mão com delicadeza. 

—Não tem nenhum prazo de validade, podemos descobrir, não tem que ser agora – dá de ombros. –Por que não tentamos aos poucos? Quer começar me dizendo o que tem em mente para se redimir com os outros? Sempre formamos uma boa equipe ao executar planos – sorri e não mereço esse carinho. -Qual é? Sou eu. Você não vai parar quieta enquanto não acreditar que compensou as pessoas que feriu –olho perplexa para ele. – Seus olhos estão brilhando.

—Você não era tão parecido com o Dick antes – me recomponho.

—Estou vestindo um personagem – sorri de lado, completamente à vontade.

—Não está – bebo meu chá para não precisar fazer contato visual.

—Não estou? – soa como um desafio.

—Seus ombros estão soltos, suas sobrancelhas estão relaxadas e seu pescoço...

—O que tem o meu pescoço? -merda de voz grave das profundezas do lugar quente onde seu avô deve estar se revirando enquanto tosta.

— A veia que dilata sempre que está tenso, nem mesmo posso vê-la. E seus dedos não estão batucando sobre a mesa.

— Que seja –enrijece seus ombros novamente

—Agora está interpretando um papel. – tento não rir, mas já é tarde e logo ele também se entrega a risada.

—Você é boa.

—Obrigada – agradeço por habito.

—Então?

—Preciso conversar com Laurel para descobrir como cuidar de Lunna, não sou mais capaz -suspiro pensando nela e Connor, não sei como aguentaram tudo sozinhos por tanto tempo, o que leva a pensar em Damian, o que é um saco de se fazer com ele ocupando tanto espaço ao meu lado.

—Muito afeto? –pergunta e balanço a cabeça concordando.

—Bom, uma pessoa, só faltam todas as outras. – é complicado não soar depressiva.

—Duas, ajudando a Lunna ajuda o Connor e Phill, logo são três –perspectiva é realmente tudo.

—Valeu – sorrio feliz por estar chegando a algum lugar.

—Acho que quero um hambúrguer vegano. Vamos ao Big Belly Burger? – sorri e concordo com a cabeça, estendo minha mão para ele no momento em que se levanta e deixa uma nota de vinte sobre a mesa. Damian também se vira em minha direção, como se fosse me tomar em seus braços por hábito. Nós congelamos. Recolho meu braço e me levanto com cuidado. Damian anda em meu ritmo, com suas mãos bem presas a suas costas.

—Isso vai ser dificil -coço minha cabeça ignorando a eletricidade entre nós.

—Nem me fala -ele responde e o olho chocada ao me dar conta que falei em voz alta agora a pouco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O time finalmente está completo outra vez.
Bom, acho que agora podemos começar!
Me contem o que acharam!
Bjnhos!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "PARADOXO - Seson 3" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.