PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 11
Bonus I - Terapia parte II


Notas iniciais do capítulo

Continuando...



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SEGUNDO DIA DE TERAPIA

DAMIAN

—Por que estou em uma sala de interrogatório? -questiono olhando para os lados de uma sala escura, com um vidro espelhado a frente.

‘Não queremos repetir o ultimo incidente.’ A voz do marciano sai de um alto falante e não esboço expressão.

—Já pedi desculpas por incendiar sua sala - reviro os olhos. -Mas têm que entender que suas perguntas foram suspeitas.

‘Isso é terapia, Damian, preciso perguntar coisas evasivas para chegarmos a algum lugar.’

—Claro, claro.

CONNOR

—Por que continua me perguntando sobre Felicity? -Ah Lunna, por que infernos eu faço tudo o que você quer?

—Quero que me responda isso, Connor, que se entenda. -J’onn se mexe na poltrona branca de sua sala branca, vou vir todo de branco na próxima seção e ver se dessa forma me misturo a mobília e esse cara me deixa em paz.

—Ótimo, se é o que deseja -mexo o canto dos meus lábios no que deve ser um sorriso sem emoção. -Felicity foi quem me acolheu quando cheguei a Star City. Tudo estava confuso e me sentia sozinho e assustado, era só um garoto de oito anos que foi separado da mãe e um raio me colocou frente a frente com outra -posso me lembrar da cena perfeitamente, dos olhos de Felicity cintilando ao conferir cada parte minha. -Ela jurou que me protegeria.

—E conseguiu?

—Estou aqui, não estou?

SARA

—Qual é o estimativo de vida de um marciano, J’onn? -olho para minhas mãos, me lembrando de quando elas eram como as de Nina, fofas e com buraquinhos, hoje tenho unhas pintadas de laranja e dedos longos e finos, com uma aliança de diamante que prova que não sou mais criança a muito tempo.

—Seria o equivalente a quatrocentos anos terrestres, mas em Marte isso seria breve como uma vida humana -explica se inclinando em sua poltrona. -Por que a pergunta, Sara?

—Estou cercada de pessoas que perderam os pais, bom, no geral é isso o que acontece com um herói. Wally foi adotado, Connor tem problemas com sua mãe, por mais que não assuma. Isis procura problema onde não tem, Damian é filho do Batman com uma assassina, o garoto quase não teve chance e Lunna vive cada dia lutando para preservar a menor memória que for dos seus pais...

—Mas o que isso tem a ver com você? -me observa com atenção.

—Meu pai é o homem mais forte do mundo, sabe? -dou de ombros e percebo que minhas mãos estão tremendo. -É o que toda garota pensa de seu pai, ele sempre vai ser o herói forte e inabalável -seco meu rosto quando as lágrimas passam a escorrer por ele. -Agora que tenho uma filha, preciso do meu mais do que nunca, J’onn.

—Mas seu pai está presente -afirma me fazendo soltar um riso nervoso.

—Ele tem tossido muito esses dias, seu corpo não é mais como antes -assumo com tristeza. -Está na hora do Espartano se aposentar, mas ele não quer assumir e os cabelos brancos só aumentam, assim como a quantidade de analgésicos que vem ingerindo.

LUNNA

—Quer que fale sobre meus pais?

—Julgando que eu acabei sendo tratado em nossa última seção, dessa vez vamos focar em você -murmura um pouco envergonhado, mas o fato de não me importar parece fazer com que relaxe um pouco.

—Meu pai, Joseph Delphine era um pastor, nós tínhamos uma pequena igreja nos Glades e minha mãe era uma médica pediatra, seu nome era Michelle -sorrio involuntariamente. -Eles cresceram no norte da França, mas resolveram tentar a vida na América ao se casarem, muito novos e cheios de ideais. Cada um sonhava em salvar o mundo de uma forma e meu pai costumava dizer que depois que eu nasci, ele percebeu que eu era a arma que faltava -tento puxar sua voz em minha mente, como sempre faço ao me lembrar deles.

—O que ele queria dizer com “arma”. -J’onn muda de posição e já percebi que ele tem feito isso a cada três minutos, como um exercício para parecer mais humano.

—Que se salva o mundo assim, boas pessoas criando bem seus filhos - explico. -Como Pastor, ele era eloquente e articulado com as palavras e acreditava mais do que tudo na educação e o que ela pode fazer, meu pai da forma dele era tão heroico quanto Oliver Queen em sua máscara. Ele acolhia os garotos dos Glades e jogava bola na quadra com todos, não me lembro de um momento em que os procurei e eles não puderam me atender.

—Teve bons pais, Delphine. -J’onn esboça um sorriso verdadeiro. -Parecem pessoas boas.

—Eram os melhores -fungo soluçando sem poder conter o choro. -Sinto mu... muito -gaguejo limpando meu rosto com as mãos.

—Está tudo bem, é por isso mesmo que estamos aqui.

WALLY

—Eu não gosto de falar de meu tempo com Ester e Paul -dou de ombros e por algum motivo J’onn parece aliviado. -Me lembro de sentir muito frio, de dormir no chão e da voz dele sempre que chegava bêbado. Me lembro de me sentir só e desprotegido, não gosto da lembrança -tudo o que me vem em mente é o que Nina deve ter passado, durante o tempo em que esteve soterrada com os corpos de seus pais biológicos a protegendo. -Minha filha passou por algo muito semelhante, quer dizer, ela não vai ter lembranças e nunca foi espancada como eu costumava ser, seus pais a amavam mais do que tudo no mundo, da forma que pais devem amar seus filhos.

—Iris e Barry trataram de suas feridas -não é exatamente uma pergunta, mas não tenho tido muita energia esses dias, então me sento, apoiando meus braços sobre minhas pernas, olhando para o chão branco sob meus pés.

—Faço terapia desde que me entendo por gente, eu costumava ser um garoto com marcas de cigarro nas costas, então pode entender por que eles sempre se preocupavam.

—Por que quis carregar o mesmo nome que seu pai, Wally?

—Você pergunta sobre ser o Flash? -ele confirma. -Ele me deu um uniforme vermelho e eu o vesti -dou de ombros. -Não tem um motivo, poderia me chamar qualquer coisa, mas talvez ser o mesmo herói que alguém como Barry Allen é, me faz tentar todos os dias ser melhor e tomar as decisões certas, por que jamais mancharia seu legado. Foi sim uma escolha dele, mas me sinto honrado por segui-la.

ISIS

—Não tenho um preferido, J’onn -tento explicar. -Todos os anos minha mãe compra o de morango com gotas de chocolate e nem gosto muito desse sabor, para ser sincera. Mas tem significado para eles, então não me lembro de protestar -franzo o nariz estranhando a existência de algo do qual nunca reclamei, mesmo não adorando.

—Então pode ser tão dócil quanto seu irmão? -faço careta imediatamente após escutar a pergunta.

—Bom, Connor não se importa a ponto de precisar reclamar. Coisas são só coisas para ele, entende? -J’onn assente. -A menos que seja uma das jaquetas que ele conserva até que se despedacem sozinhas -acrescento. -Mas não sei por que gosta tanto de jaquetas assim, você pode sumir com todos os seus casacos que ele não se importa, mas é só tocar em uma jaqueta caindo aos pedaços para Connor Hawke pirar!

—Isso soa como um defeito -ele sugere com um sorriso se formando em seu rosto verde, e não posso deixar de retribuir.

—Ao menos se não investigar e acabar descobrindo ter um significado nobre por trás de sua mania estupida -percebo sentindo meu estômago revirar.

—Isis, você apenas admira mais do que qualquer coisa a seu irmão, e posso garantir que ele tem defeitos. Uma lista enorme deles -faço um gesto para que continue, o que o faz dar risada. -Por exemplo, eu mesmo fui alvo de sua fúria quando pensou que Sara estava morta -me lembra e a imagem de Connor socando o Caçador de Marte dentro de uma igreja toma minha mente.

—É muito marrento mesmo -dou risada sozinha. -Ele ainda peitou o Zoom só com um arco em mãos e armado de petulância, o pior é que conseguiu acertá-lo. Bom, morreria se Wally não chegasse a tempo, mas aquilo foi bem impressionante!

—A verdade é que não vê os reais defeitos dele como defeitos de fato, por que são parecidos com os seus -diz sem cerimônias e tento não parecer ofendida ao encará-lo.

—Eu tenho medo que ele morra -confesso baixinho, olhando para um ponto ao lado da porta. -Medo de não ter mais um Connor e ser só eu, sem um irmão.

—E quanto ao resto do time? E Damian?

—Eu os amo -digo com sinceridade. -Wally e Sara estão ao meu lado desde criança, gostei de Lunna no momento em que pus meus olhos nela. E Damian é algo que não poderia te explicar, talvez com muita terapia eu mesma possa entender de fato -rio nervosa. -Mas meu irmão é quem entrava no meu quarto a noite sempre que tinha algum pesadelo, quem me protege mesmo que proteste contra isso. Perder o Wally me fez desejar não sentir nada então se perder o Connor o que vai restar de mim? -pergunto, realmente esperançosa que ele possa me responder essa questão que vem me tirando o sono.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso gente.
Final do primeiro Bonus!
Vamos ter mais para frente um flashback sobre Damian indo pedir os Queens a mão de Isis em namoro, e Lunna em um encontro meio sordido!
Serão soltos em meio aos capítulos normais, que acontecem semanalmente, não vão interferir neles, serão apenas um bonus a mais, então espero que curtam.
Comentem para me deixar saber o que acham da ideia.
Bjnhos



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