Corvo Branco escrita por Costtolinana


Capítulo 4
03.Terceiro Ano: Passeio


Notas iniciais do capítulo

SEM REVISÃO



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Em meio a madrugada daquela primavera, ele ouviu um sussurro. Era algo como um eco em seus ouvidos, como se fossem várias vozes juntas, falando ao mesmo tempo. O barulho o estava fazendo sair do seu sono tranquilo. Assim que acordou, as vozes pararam. Ele ficou confuso, não tinha ninguém do seu lado, Rose estava na sua cama, do outro lado do quarto, dormindo profundamente. Então quem falava com ele? Harry estava confuso e ainda grogue de sono, seu olhar passou por todo o quarto em busca do que quer que tenha falado com ele.

"Harry"

Ele parou.

"Harry"

Olhou para os lados novamente, procurando a dona da voz. 

"Harry, você pode me ouvir?"

Ficou ali, sem se mexer. Ainda não sabia de onde vinha essa voz, e a única coisa que fez foi dizer:

— Eu não falo com estranho.

"Tudo bem, podemos nos apresentar, aí não seremos estranhos, certo? Soltou uma risadinha "Eu me chamo Violet, e você, como se chama?"

Harry. Eu me chamo Harry.

"Prazer em conhecê-lo, Harry." Possuía um tom de felicidade em sua voz "Desculpe ter acordado você, mais só agora eu tive forças para comversar." 

— Porquê? — perguntou sincero, estava bem desperto agora. 

"Precisava ser forte primeiro. Eu nasci muito antes de você nascer e, estive esperando o momento certo para poder conversar com você." 

— Eu sou apenas Harry. — Estava confuso, ainda não entendia quem era Violet.

"Eu sei" 

— Então, o que é você? Algum monstro? — não havia medo em sua voz, apenas curiosidade.

"Quando chegar a hora, eu direi o que sou a você. Agora durma, posso cantar alguma música se quiser." 

Aceitando a oferta dela, Harry caiu em um sono profundo em pouco tempo, ouvia o som melodioso da voz de Violet ecoando em sua mente. 

Passado alguns dias, Harry sempre se via conversando mais e mais com aquela voz misteriosa que, descobriu, só ele ouvia. Violet sempre lhe ensinava sobre diversas coisas. Mostrava coisas curiosas no jardim, falava alguma curiosidade enquanto Alice  dava aulas às crianças, contava histórias antes de dormir. Ela era uma companhia constante em sua vida, algo que ele agradecia por poder desfrutar. Era gostoso ser amigo dela, uma voz tranquila, que nunca perdia a chance de ensinar coisas. 

Um dia, Rose veio para perto de Harry, saltitando de alegria. 

— Harry, você a escuta também? — perguntou animada para seu irmão

— Ouvir o que? — perguntou de volta, na defensiva.

— Ela, a voz na minha cabeça. — sorriu para seu irmão, ainda animada.

— Eu a ouço — disse devagar, não acreditando que seu segredo, sua amada Violet, também estava com outra pessoa além dele. 

"Não sou eu" respondeu a pergunta não feita na cabeça de Harry.

— Então quem é? 

— A minha diz que se chama Hortense, ela vive contando histórias e brincando comigo. Qual é o nome da sua? — deu um sorriso inocente e amoroso, aquele tipo de sorriso que ela dava somente para seu irmão, para sua contraparte.

— A minha se chama Violet.

"Hortense é minha irmã" disse Violet "Segure a mão de Rose um minuto" pediu ao garoto.

Segurando a mão da irmã como foi pedido, os dois sentiram um calafrio, algo gelado descendo pela sua coluna. Quando passou a sensação, ele ouviu uma voz mais baixinha, sussurrando em sua mente.

"Você está me ouvindo?" disse a voz nova em sua cabeça. 

— Sim, eu ouço você, quem é?

"Eu me chamo Hortense, sou amiga da Rose"

"Ela é minha irmã mais nova, Harry, assim como a Rose é sua." disse Violet para Harry. 

A grande surpresa foi que ele ouviu alguém ofegar, e percebeu que tinha sido sua irmã.

— Eu ouvi, ouvi sim, essa é a Violet — falou ainda mais eufórica.

— Sim, é sim. 

A partir daquele dia, Violet e Hortense começaram a fazer parte do dia a dia dos irmãos e assim, a existência das vozes das irmãs que habitavam suas cabeças era um segredo apenas compartilhado pelos dois. 




— Me dá! — gritou Rose.

— Não, é meu! — Harry gritou de volta.

— Me dá agora — gritou Rose novamente, ficando com o rosto um pouco vermelho. 

— Não — Harry estava agitado, como se a qualquer minuto ele pudesse sair correndo dali. 

— Eu vou dizer ao papai — tentou Rose novamente. 

— Não ligo, é meu — pisou forte, não iria desistir tão fácil. 

— O que está acontecendo aqui? — Severus entrou no jardim, incomodado com o grito dos gêmeos.

— Papai, Harry está sendo mal comigo. — Respondeu Rose com uma expressão de choro.

— Mentira, ela que não me deixa quieto. — ele precisava se defender e sabia que seu papai seria justo. 

— Acho bom um de vocês começarem a me explicar o que está acontecendo aqui antes que eu coloque os dois de castigo. — Severus cruzou os braços e esperou. 

— Harry não quer me dar a vassoura — Rose começou a fingir que chorava, mesmo que não descesse nenhuma lágrima de seu rosto. 

— Ela que não me deixa brincar — se defendeu — Quer roubar minha vassoura.

— Certo, vamos ver se entendi. Vocês estão brigando pela vassoura de brinquedo? — Disse com calma, para ter certeza que entendeu direito as crianças.

— Não papai, Harry não quer devolver a vassoura, ela é minha

— Tio Siri me deu, então é minha — disse Harry com voz triunfante

— Não é não — Rose batia seus pés com força no chão

— É sim, Rose bobona — Harry sorriu mostrando a língua para a irmã.

— Papai! — choramingou Rose

— Silêncio os dois — Severus disse de modo ríspido. — Já percebi qual é o problema aqui, me entregue a vassoura Harry — esticou a mão na direção da criança.

— Não papai, não é justo, é meu — agora era Harry que choramingava, sem querer soltar sua preciosa vassoura. 

— Não me importa se é justo ou não, me entregue agora mocinho, ou você não vai para casa de Draco na quinta. — Severus cruzou os braços e esperou.

— Tudo bem. — com a voz tristonha, Harry entregou a vassoura devagar nas mãos de seu papai, triste por ter que entregá-la. 

— Muito bem, agora que isso está resolvido, vão brincar. — disse Severus se virando para entrar na casa.

— Quando podemos brincar com ela papai? — perguntou Rose que tinha parado de fingir que chorava.

— Quando vocês aprenderem a dividir — E assim ele entrou. 

Dentro da casa, espiou por uma janela o quintal, a fim de observar como as crianças tinham reagido à retirada do brinquedo. Olhou atentamente, viu os dois conversarem,  depois deram um abraço e por fim as mãos. Os dois então foram para outra parte do jardim, brincar no balanço na árvore feito por James a poucos dias. 

— Ouvi gritos, o que aconteceu? — James tinha acabado de chegar de um plantão, retirou o casaco e se aproximou do marido. 

— Tudo culpa daquele cachorro. — Severus suspirou, ainda observando seus filhos pela janela.

— O que Sirius fez dessa vez? — perguntou confuso. 

— Ele deu aquela vassoura de brinquedo no Natal e agora os peguei brigando por ela. Acabei de tomá-la das mãos de Harry. — Severus mostrou a vassoura pequena em sua mão. 

— Bom, Almofadinhas deveria ter dado duas então. 

— Deveria. Só não disse nada porque acho que isso vai ajudá-los aprender a dividir as coisas. — Severus se virou para o seu marido, chegando mais perto do mesmo. 

— Seria bom cada um ter a sua, não acha? Eles são gêmeos, já precisam dividir muita coisa. — Justificou James, chegando mais perto dele e o abraçou. 

— Talvez você tenha razão — Severus respondeu sem prestar atenção.

— O que disse? — virou para ele — Você disse que eu tenho razão? Finalmente é o fim do mundo? Todos os presos em Azkaban se regeneraram? — usou um tom divertido ainda impressionado.

— Cala boca, James, você é definitivamente mais bonito quando está de boca fechada. — Severus rolou os olhos, soltando um suspiro.

— Ai, essa doeu Sev, essa doeu. — disse com a mão em cima do coração.

Severus apenas deu um sorriso enigmático e voltou a olhar para os seus pequenos.

Aquele era um dia atípico para a família. Alice teve que fazer uma viagem de última hora e por isso não pôde ficar com as crianças. Por isso, hoje, elas estavam em casa sendo vigiadas por Tina, a elfa doméstica de confiança dos Potter-Prince. Mesmo com as suas preparações do dia, Severus estava preocupado. Ele queria ficar junto dos seus filhos mas, ele também tinha coisas importantes para resolver. Sabia que teria que sair pela parte da tarde e, mesmo assim, não tinha uma solução.

Na hora do almoço, todos se reuniram para desfrutar de uma boa refeição e da companhia de uns dos outros. Eram os momentos em família que todos eles amavam e preservavam como uma espécie de presente dado pela Dama Mágica. Logo após, quando James precisou voltar para o trabalho, se lembrou de algo.

— Acho que podemos resolver o problema de quem fica com as crianças. — disse James animado.

— Como? — perguntou Severus

— Sirius está de folga hoje e ele poderia-

— Sem chance — disse  categoricamente.

— Vamos Sev, é só por hoje. Assim nós dois podemos trabalhar sem medo de que alguma coisa aconteça. — James tentou apaziguar seu marido.

— É mais fácil alguma tragédia acontecer com ele tomando conta das crianças do que outra coisa. Você esqueceu que ele é maluco? — Severus levantou uma sobrancelha e cruzou os braços. 

— Vamos amor, dê uma chance. Ele é meu irmão, tenho certeza de que tudo vai ficar bem — usando o olhar de cachorrinho, James sabia que estava sendo baixo mas vale tudo no jogo. 

— Certo, tudo bem, aceito. Agora se alguma coisa aconteceu você vai estar dormindo no sofá por um mês. — suspirou com um sentimento de que foi vencido, Severus sabia que isso ainda não era uma boa ideia. 

 

James já havia saído novamente para o trabalho, Severus ouviu um ronco alto de motor que estava vindo da frente da casa. Não demorou muito para que Sirius entrasse na casa, extremamente animado. 

— Ei, Sev, onde estão os filhotes? — o Black falou animado, olhando para os lados a procura das crianças. 

— Estão lá fora — Severus respondeu de maneira monótona. — Um aviso, se alguma coisa acontecer com meus bebês eu juro que não irá sobrar muita coisa de você para que Remus enterre. Fui claro? — falava devagar ainda com monotonia na voz.

— Não se preocupe, eles vão ficar bem — Sirius engoliu em seco. Ele não era idiota de confrontar Severus assim.

Assim que Severus foi embora pelo flu, ele foi atrás dos pequenos pestinhas que amava como se fossem seus filhos. Ao chegar no jardim, viu as crianças sentadas na grama enquanto jogavam uma bola de um para o outro, sendo supervisionados por Tina. Quando foi avistado, abriu seus braços e esperou ser atacado pelos dois, o que não demorou muito. 

— Tio Siri, veio brincar com a gente? — perguntou Rose docemente, abraçando seu tio com toda a força que uma criança pequena tem.

— É claro, como eu não poderia querer brincar com minhas crianças favoritas — sorriu Sirius cheio de dentes. Sempre me sentia animado quando via os pequenos.

— Vai ficar muito tempo? — perguntou Harry com aquela cara de anjinho.

— Até seus papais voltarem.

— Eba! — gritaram os dois levantando suas mãozinhas para o alto. 

Gastaram uma parte da tarde correndo atrás de um cachorro negro pelo jardim, depois, tiraram um leve cochilo e por fim, comeram uma porção de biscoitos com um belo copo de leite. 

As crianças estavam felizes com seu dia, era sempre assim quando seu Tio Siri vinha brincar com eles, tudo virava uma maravilhosa festa.

Logo após o pequeno lanche, as crianças começaram a ficar entediadas e Sirius não sabia mais o que fazer para entretê-los. Foi quando teve uma ideia perigosa. Ele sabia que se fosse pego estaria perdido, mas, valia a pena o risco, tudo para a felicidade do seus afilhados.

— Ei, crianças, tenho uma proposta para vocês. Que tal darmos uma volta? — Sirius sabia que isso iria fisgar as crianças.

— Para onde Tio Siri? — Disse Rose animada batendo palminhas.

— Lá em cima — Respondeu apontando para o céu. 

— Papai vai brigar? — perguntou Harry, não querendo que seu tio tivesse problemas.

— O que ele não vê, não o fere. — Sirius sorriu enigmático — Agora vamos para fora. — e rumou para a entrada da casa.

Do lado de fora, eles avistaram o que precisavam, a moto voadora de Sirius. Segurando a mão de cada um deles, ele primeiro precisava ter a certeza de que os pequenos estariam seguros durante o passeio, por isso, conjurou suportes para carregar bebês e, os amarrou bem forte a ele. Rose ia amarrada as suas costas, enquanto Harry ia amarrado na sua frente. Subindo na moto, verificou se os dois estavam bem presos e deu partida, deu uma guinada para cima o mais suave que pôde para não estressar os gêmeos. 

Deixando a moto acima das nuvens, ouviu risadas alegres dos pequenos que tentavam tocar as nuvens com seus dedos gordinhos. Sirius estava feliz pela ideia, a todo momento ele ouvia as perguntas que um fazia para o outro ou risadas de quando dava um mergulho no ar para depois estabilizar novamente a moto.

O passeio foi um momento feliz na vida dos pequenos e na de Black também, era gostoso ficar assim com seus afilhados. 

Assim que voltou, percebeu que estava um pouco tarde, e isso o fez engolir seco. Quando aterrissou sua moto na entrada da casa, a pessoa que ele menos queria ver estava na porta, Severus.

— E eu aqui me perguntei porque a casa estava muito quieta. — falou de modo lento e contido, observando a cena à sua frente. 

— Sev, eu posso explicar — Sirius tentou se defender mas ele sabia que não tinha como. 

— Não quero ouvir, não agora — Disse Severus indo em direção às crianças, tocou em seus pequenos rostos e verificou se estavam bem. Constatando que estavam em perfeito estado, os desamarrou do corpo do animago e os colocou no chão. — Entrem crianças, daqui a pouco vou dar o banho em vocês.

E as crianças foram para dentro da casa. 

— Venha Sirius, vamos conversar — disse passando pela porta de entrada da casa, seguindo para o escritório.

Sirius estava morrendo de medo, Severus calmo demais era sinal de desastre vindo, ele conhecia o amigo o suficiente para saber que a pequena aventura de hoje não ficaria sem uma represália.

Ao chegar ao escritório, com Severus indo na frente e Sirius o seguindo. Quando a porta se fechou atrás dele, engoliu em seco e ficou ali, em pé.

— Sente-se, vamos conversar. — Falou Severus ocupando a sua cadeira e apontou para a poltrona à sua frente. — Agora, queria saber o que deu em você para passear com os gêmeos assim sem falar nada. 

— Eu, Eu pensei… pensei que eles iriam ficar felizes com o passeio, sabe? Eles estavam seguros, eu tive certeza de amarrá-los bem, então está tudo certo, não é? — Sirius perguntou inseguro e nervoso, torcendo os dedos.

— Entendo. Já que as crianças estão bem, acho que não tem nenhum problema. — Respondeu calmamente. 

— Espera, sério? Você tem certeza? — Estava desacreditado, ia sair impune, isso só poderia ser um sonho. 

Naquele dia, Sirius saiu sorridente da casa, pensando que estava tudo bem. Ele não viu o sorriso malicioso de Severus. Duas semanas depois, ele estava sem pêlos no corpo todo. Sobrancelhas, cabelo, todos sumiram. Foi assim que Sirius se lembrou que o amigo gostava de esperar para realizar suas vinganças. Ele ficou um mês desse jeito até conseguir ter seus belos cabelos novamente.  E no fim, James dormiu no sofá por um mês inteiro, enquanto seus filhos e seu marido dormiam na sua bela e confortável cama.

  







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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo teremos a presença do Tom.

Até a próxima.



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