Corvo Branco escrita por Costtolinana


Capítulo 12
10. Ano I: O corredor do Terceiro Andar


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais cheguei!

Bom pessoas, é esse o capítulo que era para ser da semana passada que veio apenas nessa semana. Meu processo criativo é estranho e por isso pode acontecer de tudo atrasar, peço desculpas.

Bom, é isso, espero que curtam.

Beijos e até o próximo capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802868/chapter/12

Harry seguiu seus dias tranquilamente. Assistia suas aulas com seus amigos, fez amizade com pessoas de outras casas como a Hannah Abbott  e Susan Bones da Lufa-Lufa e com uma garota chamada Hermione Granger, uma pequena sabe-tudo da Grifinória. Sua irmã não gostava muito dela, por conta de sua mania de sempre querer estar certa em todas as coisas e repreendendo Rose quando ela achava necessário. As duas possuíam uma espécie de rivalidade e Harry achava engraçado como as duas eram diferentes e parecidas ao mesmo tempo. 

Estava ao lado de Tom na aula de Poções triturando uma asa de fada mordente enquanto seu amigo estava concentrado misturando o caldeirão. Olhou para frente e viu seu pai, agora professor, passando por vários alunos e observando suas poções, fiscalizando tudo para que nada desse errado. Harry tinha orgulho de seu pai, mesmo que agora eles não pudessem estar muito tempo juntos, ainda se viam com frequência, principalmente nos finais de semana onde ele e Rose tiravam algumas horas para passar em companhia de seus pais. James aparecia, sempre estava por perto nos finais de semana. Ele entrava no castelo para ficar com sua família. Todos sabiam que o diretor estava sendo bondoso com a família, não tinha como não perceber a entrada de um intruso em seu castelo. 

— Terminou? — Tom se virou para Harry, fixando o belo par de safiras em sua direção.

— Sim, toma — disse entregando para seu amigo as asas moídas. 

— Obrigado — se virou novamente para a poção que fervia em seu caldeirão, misturando calmamente. 

Harry começou a observar Tom. Não sabia o motivo, sempre se viu ligado a ele, uma espécie de magnetismo estranho. Aos quatro anos, se não estava ao lado de Rose, estava ao lado de Tom e mesmo com gestos simples, ambos se entendiam muito bem, como se sempre tivesse de ser assim. Amava aquelas safiras que eram seus olhos, o jeito sério que olhava para todos ou como sua risada soava. Eram coisas bobas e Harry realmente não entendia o que se passava, apenas que tudo aquilo era natural para eles, sempre foi. 

Tom percebeu que estava sendo observado e sorriu de lado, Harry sorriu de volta. Ao sair da aula, ambos os meninos esperavam Draco do lado de fora, eles ainda tinham mais uma aula em conjunto: Herbologia. 

— Eu pensei que você sabia o que estava fazendo — disse Draco, exasperado.

— Eu sabia, você que colocou aquela planta estranha na hora errada — reclamou Pansy Parkinson de volta.

— Agora a culpa é minha? É sério? Vocês ouviram isso? — Draco parecia consternado. 

— Claro que a culpa é sua. Se você diz que sabe o que está fazendo eu espero que no mínimo você possa não estragar a poção, Malfoy. Acho melhor você arrumar outra pessoa que te ature na aula agora, adeus — disse indo em direção a uma garota da Sonserina que Harry não conhecia. 

— Vocês viram isso? Como é possível aguentar meninas mesmo? 

— Vou dizer isso a Rose — Harry sorria.

— Ei! Não é justo! Vamos, me ajude Tom.

— Bom, elas realmente são complicadas. Não deixe Rosemary saber disso — disse ao seu amigo.

— Não prometo nada, vocês sabem como ela pode ser sensível. 

— Você é o pior amigo que alguém pode ter, Potter-Prince — disse Draco chateado.

— Sim, sim, eu sei, sou uma péssima pessoa — Harry gargalhou, olhando para as expressões miseráveis de seus amigos — Agora vamos antes que fiquemos atrasados. 

O trio se encaminhou para as estufas, se preparando para mais uma aula sobre plantas mágicas. Como sempre, Harry e Tom fizeram uma dupla enquanto  Draco acabou ao lado de Padma Patil, uma menina quieta e calma da Corvinal. A aula era sobre plantas mágicas básicas para cura e como cuidar corretamente delas. Ao saírem, foram almoçar, se sentando na mesa da Grifinória junto dos seus amigos. Encontrou Rose chateada e emburrada e um Neville risonho.

— O que aconteceu? — perguntou Draco

— Nosso pequeno furacão brigou mais uma vez com a nossa adorável sabe-tudo — explicou Neville.

— O que foi dessa vez? — Harry agora suspirava.

— Aquela garota é um pesadelo. Tivemos Herbologia primeiro e ela sempre resolve responder nas aulas. Tudo bem, eu entendo que ela tenha uma necessidade de se provar melhor do que todo mundo só que isso não dá o direito de dizer o que eu tenho que fazer — explicou agitada, gesticulando muito com as mãos.

— Ela ficou a aula inteira dizendo como cuidar das plantas — disse Neville cansado.

— Ela quis explicar logo para o Neville Longbottom, amigo das plantas? O que me deixou mais chateada é que simplesmente ela não para. Não sei como você consegue ser amigo dela, Harry. 

— Ela não age assim comigo. Nos entendemos muito bem. Tenho certeza que isso não passou de um mal entendido. 

— Diga a sua amiga que ela vive rodeada de maus entendidos — Rose mexia em seu prato furiosamente.

— Eu vou falar com ela, se acalme, tudo vai ficar bem — tocou seu ombro e viu sua irmã relaxando na mesma hora. Nunca foi necessário muita coisa para acalmar o outro. 

— Ela está tão brava que nem reclamou do apelido dessa vez, não é? — Draco disse para Tom.

— Melhor deixar assim mesmo. Certas coisas são melhores assim — Tom começou a comer de seu prato tranquilamente.

Naquela tarde, Harry foi para sua aula de Defesa Contra as Artes das Trevas com o seu esquisito professor Quirrell. Havia algo naquele homem, uma sensação de hostilidade e familiaridade vinda dele. Em suas aulas, ele apenas gaguejava, dificultando entender a matéria. Alguns diziam que ele tirou um ano sabático para se encontrar e acabou voltando assustado com tudo e todos a sua volta. No momento em que seus olhos se cruzaram, pode sentir aquele sentimento estranho dentro de si. Sua cicatriz formigava, como uma espécie de coceira que nunca passava. Mesmo com todos esses sentimentos estranhos e confusos em relação ao seu professor, ele dava o melhor de si, assim como em todas as matérias. 

Ao chegar na sala, se sentou atrás de todos, preferindo manter a distância entre ele e seu professor. Susan Bones, uma garota da Lufa-Lufa, se sentou ao seu lado e os dois começaram a conversar. Quirrell demorou mais dez minutos para aparecer, carregando um livro de aparência pesada e parecia tremer. 

— Bo-o-oa tarde, alunos. Vamos começar a nossa aula. Abram seus livros na pa-aa-gina trinta.

— Ele quase não gaguejou — disse Susan

— Eu já considero isso um verdadeiro milagre — Harry comentou pegando seu livro.

Após o jantar, Harry resolveu ir até a biblioteca se encontrar com Hermione. Quase todas as noites os dois se encontravam depois do jantar para estudar e conversar um pouco. Harry havia percebido o jeito duro e mandão da menina, mas, ele pensava que com o tempo e calma ela poderia melhorar. Teria que ter cuidado com ela junto de Rose, era provável uma guerra acontecer. Chegou e procurou sua amiga, que gostava de se esconder entre as prateleiras para não ser importunada. Ele sabia que Ronald Weasley era mais do que inconveniente com ela e isso o deixava alerta. Seus pais sempre ensinaram a respeitar as pessoas e mesmo que seu pai James tenha sido um pouco demais com suas pegadinhas, aprendeu com a vida e ajuda de seu pai Severus a respeitar os outros, principalmente suas diferenças. Era isso que era pregado por seus pais e família e ele levava isso para seu coração. 

Encontrou Hermione pouco depois, encostada em uma estante praticamente no último corredor da biblioteca. Estava sozinha, como todos os dias, e carregava uma mochila que parecia estar bem pesada. 

— Boa noite, Hermione.

— Ah! Harry, boa noite, nem percebi você.

— Eu vejo. E então, como foi seu dia hoje? — era a pergunta de todos os dias. Sabia que ninguém se importava muito com a garota e, por isso, ele tratava de ser o mais gentil que podia com ela.

— Normal. Todos continuam sendo as mesmas pessoas que não prestam atenção nas aulas. Qual é o problema das pessoas? Hoje mesmo eu corrigi sua irmã e ela ficou chateada, o que será que eu fiz? — ela falava sem parar, em um só fôlego.

— Bom, você poderia tentar pegar mais leve? Eu sei que você apenas queria ajudar, só que nem todas as pessoas pensam nisso como ajuda, entende? 

— Até mesmo sua irmã?

— Principalmente ela. Rose é um pouco cabeça quente e uma boa pessoa, você deveria tentar dar mais abertura para ela e ver o que acontece.

— Você acha?

— Tenho certeza — disse convicto.

— Bem, o que você gostaria de ler hoje? — perguntou ansiosa.

— Talvez um pouco de Hogwarts: Uma História? 

— Um dos meus favoritos.

— Eu sei. Podemos começar com esse, tudo bem? 

— Tudo bem. 

Hermione retirou sua cópia da sua pesada bolsa enquanto  Harry foi atrás do livro entre as prateleiras. Ambos ficaram sentados no chão, cada um com um livro em seu colo, imersos em um universo imenso. Harry se perguntava porque Hermione não acabou indo para Corvinal e, ao pensar na sua teimosia, sua coragem de dizer o que sentia, falavam para ele ao contrário. Ela estava bem onde estava, só precisava de alguns amigos, apenas. Continuaram ali até a hora de voltarem para suas comunais. Cada um possuía um sorriso no rosto do encontro proveitoso e tranquilo com uma pessoa que se tornava querida. 



***

 

No domingo, as crianças estavam aproveitando os leves momentos de paz. Ronald Weasley sempre aparecia para perturbá-los e sempre era enxotado por algum deles. Rose era a mais vocal do grupo, colocando o garoto em situações difíceis somente por conta do seu modo de agir. Neville adorava provocá-la por conta disso, a fazendo ter leves acessos de raiva. Claro que tudo acabava em risos, os amigos se entendiam e se amavam acima de todas as coisas, eram família afinal. 

Brincavam de pique-esconde perto do Lago Negro. Não era porque eram adolescentes que deixariam de aproveitar o final da sua infância com brincadeiras bobas e leves. Draco era quem corria atrás de seus amigos enquanto os mesmos fugiam dele.  Em algum momento conseguiu pegar um Harry distraído que logo se pôs a correr atrás de um Neville cheio de agilidade. A brincadeira seguiu com a adição de Blaise, Padma, Susan e Dean Thomas, um garoto da Grifinória e foi até perto da hora do jantar. Cansados e suados, o grupo foi sorridente em direção ao Salão Principal, cada um voltando para sua respectiva mesa. Em meio ao banquete, o diretor se levantou e começou a discursar: 

— Imagino que vocês devam estar um pouco confusos com esse momento, tenho alguns avisos — deu uma pausa antes de continuar — Meus queridos, devo informar a vocês que pelo resto do ano o corredor do terceiro andar estará totalmente fechado para os alunos. Aqueles que adentrarem podem chegar a conhecer um destino terrível e uma morte dolorosa. Agradeço a atenção de todos e continuem seu belo jantar. 

O diretor Dumbledore voltou a se sentar em seu enorme assento e voltou a comer normalmente, como se nada tivesse acontecido. Os alunos começaram a sussurrar entre si sobre o teor do aviso, o que de fato estaria acontecendo dentro das paredes do castelo. 

— Você sentiu isso? — disse Hadrian Casper, um garoto do quinto ano da Corvinal — O que será que tem guardado lá? 

— Não quero saber, deve ser algo perigoso — respondeu seu amigo.

— Ora, você não está nenhum pouco curioso? 

— Sinceramente? Não. Existem coisas que são melhores deixadas de lado. 

Os dois amigos começaram a discutir outro assunto mas, por alguma razão, a conversa anterior não saiu da mente de Harry. Qual seria o motivo do corredor estar fechado? Uma morte lenta e dolorosa? Porque uma ameaça dessas em uma escola cheia de crianças? Harry decidiu que o diretor poderia estar começando a caducar caso fosse um perigo tão intenso quanto ele imaginava.

No dia seguinte, os amigos estavam reunidos na mesa da Grifinória tomando café da manhã. Rose estava quase dormindo em cima do prato enquanto Tom comia com uma expressão nada convidativa. Draco discutia com Neville sobre um livro que os dois haviam lido e Harry estava conversando animado com uma El agora em forma humana, para a surpresa geral dos outros alunos na mesa. Sorrindo para sua familiar, Harry comia com alegria, aproveitando o momento antes das aulas começarem. 

A semana foi passando com todos assistindo aulas e fazendo suas atividades passadas pelos professores. A rotina tinha se instalado por eles e juntos conseguiam manter boas notas. No que um precisava o outro ajudava, as qualidades de um era em benefício dos outros e assim, conseguiram estar em dia e aproveitar seu tempo livre juntos. 

Perto do Halloween, Harry estava deitado debaixo de uma árvore escrevendo em seu caderno infinito. Ele aproveitava seus momentos sozinho e de pura paz para escrever seus sonhos estranhos. O mais recente deles era sobre um garoto sozinho, abandonado em um lugar sem fim e sem começo, em um eterno loop. Esse garoto parecia conformado com sua situação, apenas sorrindo para os poucos visitantes que apareciam naquele espaço onde nada começa e nada termina. Estava concentrado que não percebeu que seu nome estava sendo chamado por alguém. Ao olhar, abriu um sorriso e deu espaço para que seu amigo pudesse se sentar ao seu lado.

— Então é aqui que você se esconde, bom saber. 

— Eu não me escondo, apenas sento aqui para relaxar.

— Está escrevendo o quê dessa vez? — disse olhando para o caderno aberto no colo de Harry.

— Sobre um sonho que tive ontem, mas não sei muito bem o que significa.

— Talvez eu possa ajudar.

— Não sei…

— Tente ao menos.

— Certo. É sobre um garoto sozinho, preso em um mundo sem nada e nem ninguém. Ele vive seus dias na solidão à espera de alguma coisa que nem ele mesmo sabe.

— Ele não recebe nenhuma visita?

— As vezes, de pessoas perdidas de seus caminhos.

— Então você poderia dar a ele um amigo. Um que sempre o visite e faça companhia a ele.

— Não sei…

— Vai deixá-lo sozinho para sempre?

— E será que ele quer companhia?

— Ninguém nasceu para ser sozinho, Harry, papai sempre diz.

— Ele é realmente inteligente.

— Sabe que sim. Não o deixe saber que eu concordei.

Uma risada límpida é ouvida e os dois olham para o céu.

— Sabe de uma coisa, acho que ele realmente precisa de um amigo. Quem seria um bom amigo para um Garoto Eterno?

— Esse é o nome dele?

— Sim, é.

— Então coloque como seu amigo o Garoto dos Sonhos. Sonhos são eternos, não importa quem os tenha. Você mesmo os coloca no papel, os preservando para um futuro. 

— Hm… Acho que gostei disso. Obrigado.

—Sempre que precisar, pequeno corvo. 

— Sabe, eu tenho uma amiga nos sonhos que me chama assim. Eu nunca contei isso para ninguém. 

— Mesmo? Fico feliz que você se sinta confortável comigo para dizer. 

— Eu me sinto confortável porque é você, apenas.

— Agora estou lisonjeado. 

— É bom que esteja — sorriu para seu amigo — Agora me diga, Tom, como me achou? 

— Eu estava apenas passando por perto quando eu senti você. Isso é estranho?

— Definitivamente.

— Bom, apenas disse a verdade. 

— Ainda continua estranho. Bom, vamos entrar? Está começando a ficar frio.

— Sim, vamos — Tom se levantou com um único movimento e ofereceu a mão para Harry — Aceita? 

— Claro, meu senhor.

Tom não sabia o porquê, aquelas palavras saindo simples na boca de Harry fizeram um leve arrepio percorrer sua espinha. Os dois seguiram para o castelo quente e aconchegante, como se tivesse dado um abraço a quem entrasse por seus muros. Harry queria subir até a torre da Corvinal para deixar seu caderno, não se atreveria a perdê-lo por algum descuido. Os garotos caminhavam e conversavam baixinho sobre tudo e nada, aproveitando a companhia um do outro. Ao subir as escadas, estavam tão distraídos que não perceberam as escadas mudarem e, mesmo sem querer, os levar até um corredor estranho.

— Nunca tinha visto esse corredor antes.

— A escada parou aqui, podemos prosseguir ou apenas esperar as escadas voltarem.

— Esperar vai demorar. Acho que podemos achar um atalho por aqui. Vamos.

Tom confirmou com um balançar de cabeça e seguiu seu amigo pelo corredor a dentro. Era um corredor sinistro, com várias armaduras e sem quadros nas paredes, o que é estranho para a escola. 

— Será que estamos no corredor do terceiro andar? 

— Eu acho que sim.

— Não deveríamos estar aqui, Harry,

— Não é nossa culpa, Tom. Acho melhor voltar.

Os dois se viraram para o caminho de onde vieram quando ouviram vozes. A cada segundo, as vozes iam ficando cada vez mais altas, como se estivessem numa discussão.

— Eu disse que está seguro, não se preocupe.

— Eu não acredito em você.

— Pois deveria. Se o grande Dumbledore acredita, você deveria acreditar.

— O diretor está um pouco equivocado.

— Eu não acredito nisso. Ninguém vai passar por ele, deveria ficar tranquilo.

As vozes foram ficando mais próximas, deixando os garotos aflitos. Tom puxou Harry para trás de uma grande armadura que carregava um escudo enorme, cobrindo os dois. 

— Alister é mais do que capaz de cuidar daquilo, ninguém vai passar por ele, como eu disse.

— Espero que você esteja certo. Acredito que o diretor não ficará contente se você falhar.

Um apressado Argo Filch e um desastrado Rubeus Hagrid passaram pela dupla sem prestar atenção à sua volta. A armadura os protegeu, impedindo de serem vistos pelos dois homens. 

— O diretor é um homem bom, Argo. 

— Eu acredito que seja até demais.

— Por isso que ele é tão respeitado. 

— É mais fácil ser feito de bobo assim. 

— Não acredito nisso — disse Hagrid ferozmente. 

Filch apenas sacudiu os ombros e continuou o seu caminho junto do outro homem. Assim que os dois passaram pelos garotos ambos suspiraram aliviados por não serem pegos. Harry percebeu que Tom ainda segurava sua cintura. Se desvencilhou do amigo e olharam um para o outro, pensativos. 

— Será seguro voltar agora? — Tom indagou. 

— Creio que sim. Vamos embora — Harry agarrou a mão de Tom e resolveram voltar pelo caminho que vieram. 

Tomaram cuidado para não serem vistos pela dupla que havia acabado de passar. Quando voltaram, estavam cheio de dúvidas. Do que será que os dois estavam falando? Não perceberam que chegaram ao térreo, Harry ainda com seu diário na mão. Ficou tão distraído que nem percebeu que estava com ele. Encontraram uma Rose animada carregando um Eros igualmente eufórico. A garota percebeu que algo estava estranho apenas observando as feições do seu irmão.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Não podemos falar aqui e precisamos dos outros.

— Neville disse que iria ajudar a professora Sprout com algumas mudas e Draco deve estar se gabando para seus amigos sonserinos.

— Vamos até o Draco primeiro. Eu abro a comunal para vocês — disse Tom.

Os irmãos concordaram e seguiram Tom pelos corredores até as masmorras. Os irmãos sempre iam ali perto para visitar seu amado pai que sempre estava mais do que disposto a receber seus filhos para um chá enquanto jogavam conversa fora ou aproveitavam de sua companhia. A diferença era de apenas um corredor, já que Severus preferia ficar sempre perto de suas cobras. Ao chegar em frente ao retrato de uma grande king cobra, Tom disse a senha e o sonserino entrou sozinho no intuito de buscar seu amigo. Dois minutos depois, Draco e Tom saíram pelo retrato e os quatro andaram em direção às estufas. Parados em frente a grande estufa onde se encontravam diversas mudas, tiraram a sorte para ver quem chamaria o amigo e Rose foi a escolhida. Depois de uma Rose irritada arrastar um relutante Neville para fora da estufa, o quinteto procurou um lugar isolado onde poderiam conversar tranquilamente, encontrando uma sala de aula abandonada. 

— Então, o que era importante ao ponto de me tirar das minhas amadas plantas? — disse o garoto loiro.

— Você é tão dramático, Nev — Rose revirou os olhos

— Aprendi com a melhor, pequena furacão.

— Cala a boca, Longbottom.

— Não sei porque você sempre fica irritada, pequena furacão.

— Um dia, Neville Longbottom, eu juro que você vai parar de me chamar assim.

— Bom, esse dia não é hoje, minha querida pequena furacão.

— Eu sempre acho divertido essa implicância de vocês mas, precisamos contar uma coisa que ouvimos a pouco tempo — disse Tom.

Harry e Tom trataram de contar o que tinham ouvido e visto naquele breve momento para seus amigos. Os outros ouviram atentamente a dupla. Depois de ouvir tudo, começaram a confabular sobre o ocorrido.

— Aparentemente existe alguma coisa guardada no terceiro andar, o que será? — Draco questionava. 

— Deve ser algo valioso para ser guardado aqui, não acha? — Neville disse.

— O que mais me chama atenção é o nome de alguma coisa chamada Alister. Segundo Hagrid, estava guardando a coisa — Harry observa.

— É algo que o diretor está guardando para alguém, certeza. Precisamos descobrir o que é — os olhos de Rose brilharam.

— Olhem, eu sinceramente acho tudo isso uma má ideia — Tom começou — Se é algo guardado pelo diretor em uma escola cheia de crianças deve ser perigoso.

— Por isso mesmo, se for algo muito perigoso? E ainda estar sendo mantido aqui, em uma escola em todos os lugares? Por que não Gringotes? — Rose disse.

— Dizem que o lugar mais seguro do mundo é Hogwarts — Neville apontou.

— Isso mesmo, e se for alguma coisa que não poderia ser guardada nem mesmo no banco do goblins? 

— E estaria mais seguro em um lugar cheio de adolescentes hormonais que gostam de ignorar a fala de figuras de autoridade apenas para se provar? — Tom indagou.

— Quando você coloca assim… — Harry ficou pensativo.

— É apenas a verdade.

— Precisamos investigar — Draco disse convicto.

— Eu ainda acho uma má ideia — Tom disse.

— De qualquer forma, acho que devemos explorar o corredor do terceiro andar para saber o que de fato está acontecendo — Rose sugere.

— Onde podemos encontrar a morte certa, segundo o aviso do diretor? — Neville levantou a sobrancelha.

— E onde mais você acha que devemos investigar, gênio? 

— Não sei, acho muito arriscado.

— Melhor do que nada. 

— Tudo bem, essa discussão não está nos levando a lugar nenhum e temos que ir para o jantar. Por isso, acho melhor nos reunirmos em um dia que estamos de folga para dar uma olhada no corredor e ver o que achamos — Harry disse.

— Já que todos querem ir nessa aventura, então é melhor ser depois do toque de recolher, onde ninguém vai nos atrapalhar — disse Tom.

— E se formos pegos? — perguntou Draco.

— Podemos encontrar a morte lenta e dolorosa e é nisso que você pensa? — perguntou Neville, perplexo.

— Eu realmente não quero ser expulso.

— Ninguém vai ser expulso, vamos todos juntos. Combinamos daqui a duas noites para fazer a investigação, assim todo mundo se organiza e consegue arrumar álibis para não dar tão na telha que estamos fazendo alguma coisa — Tom fala.

— Tudo bem, por mim combinado.

— Por mim também.

— É, não tem jeito, vamos juntos.

— Por mim tudo bem.

— Vem, vamos embora e voltar para o Salão, o jantar daqui a pouco será servido. 

O grupo saiu da sala prestando atenção para qualquer sinal de que alguém estava nas redondezas. Visto que a barra estava limpa, saíram em direção ao Salão Principal para a refeição, decidindo sentar cada um em sua casa, com muito o que pensar. Os dias se passaram tranquilos e uma hora ou outra as crianças eram vistas confabulando entre si sobre o que levariam para a empreitada. Quando a noite fatídica da exploração chegou, resolveram se encontrar nas escadarias perto do segundo andar. Harry chegou primeiro, graças a capa de invisibilidade que seu pai James havia dado antes de ir para Hogwarts, sem o conhecimento do seu pai Severus. Logo após, chegaram Tom e Draco com um lampião, arfando. Os dois quase tinham batido com Filch e sua gata, Madame Norra. Neville e Rose chegaram a discutir em voz baixa. Reunidos, decidiram subir as escadas que levavam ao terceiro andar o mais silenciosamente possível, a intenção era passarem despercebidos. 

Na entrada do corredor, o clima estranho se implantou entre eles. Harry e Tom o acharam mais sinistro do que quando estiveram ali no outro dia. A poeira tomava conta de toda a parte e um arrepio passou por suas espinhas. Draco foi na frente iluminando o caminho enquanto os outros prestavam atenção em tudo à sua volta. Não havia quadros e as armaduras pareciam que a qualquer momento iam ganhar vida. Olharam as salas atrás das portas pesadas e não havia nada para ser encontrado. Tudo era coberto por poeira e entulho, como se tivesse sido abandonado há séculos. As crianças estavam com medo e receosos, poderiam ser descobertos a qualquer momento e a detenção de serem pegos fora de sua cama e ainda no corredor proibido seria provavelmente até o final do ano letivo. Olhando para os lados, os cinco chegaram na última porta do corredor. 

— Só falta essa porta — disse Neville

— Bom, o que estamos esperando? — Rose falou animada.

— Está trancada — Draco tentou abrir a porta.

— Tentou empurrar com mais força? — Tom perguntou.

— Claro, gênio — respondeu Draco

— Não tem nenhum feitiço que abra essa porta? — Neville disse pensativo.

— Na verdade tem, Alohomora — Harry disse com sua varinha em mãos.

A porta fez um barulho de clique estranho.

— Está aberta — Rose sussurra

— Estão ouvindo esse barulho? — Tom disse.

— Vamos entrar mesmo? — Draco perguntou.

— Estamos aqui, claro que vamos! — Exclamou Rose

— Muito bem, muito bem, damas primeiro — Neville fez um gesto para dar espaço para a garota.

— Sem graça, Longbottom 

Rose foi a primeira a passar pela porta e poucos segundos após, saiu com uma expressão assustada.

— Vamos embora — ordenou.

— O que tem aí? — Draco ficou curioso.

— Vocês não querem ver — respondeu uma Rose alterada.

— Agora estou curioso — Neville foi em direção a porta — Vamos, saia da frente e nos deixe ver.

— Eu avisei — disse ela.

A garota saiu da frente, dando passagem para os meninos entrarem na sala. Seus olhos não acreditavam no que estavam vendo: era uma criatura com um corpo escamoso, grande e uma cabeça de galo. A sua volta, o chão estava chamuscado e vários restos de animais eram vistos. A criatura percebeu a presença das crianças e levantou sua cabeça, abrindo suas enormes asas que cobriam quase toda a sala. Harry sabia que aquilo era perigoso, muito perigoso e logo saiu puxando seus amigos para fora, com medo do que ela poderia fazer com eles. Do lado de fora, todos soltaram a respiração que nem sabiam que estavam prendendo em seu peito, um alívio terrível os invadiu. 

— Acho que achamos o Alister — Tom falou.

— Eu realmente quero ir para meu dormitório agora — Draco parecia muito assustado

— Eu avisei

— Agora sabemos o que tem nesse corredor — Harry disse

— Acho melhor voltar, podemos tentar reunir mais informações amanhã — Neville começou a andar para fora do corredor.

Fizeram o caminho de volta em silêncio, cada um com seus pensamentos. O que seria essa criatura? Sua aparência era estranha e algo nela dava um aviso de ser mortal. O que aquilo fazia na escola? Se despedem no corredor do segundo andar, cada um seguindo para as suas comunais. Tiveram sorte de não serem vistos por ninguém de da criatura não os ter atacado. Quando Harry chegou ao seu quarto, guardou a capa e trocou de roupa, deitando na sua cama e começou a pensar: se aquilo estava em Hogwarts, o que ele guarda? Se uma criatura tão medonha estava nas paredes da escola, estavam todos em perigo? Resolveu dormir, era muito tarde e ele ainda tinha aula no dia seguinte.

Com a cabeça cheia de pensamentos, caiu em um sono turbulento. 











Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corvo Branco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.