Infamous escrita por Bétula


Capítulo 10
Armin Arlet em: O Famigerado Desfecho do Galinheiro


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que estejam bem! ♥
Já estamos rumo aos capítulos finais desse projeto que foi tão divertido de escrever, agradeço de coração a quem está acompanhando até aqui.
ENJOY!



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— Sim, seu idiota. — Annie acenou negativamente com a cabeça pra mim, depois encarou os meninos. — Bom, já que consegui tirar o doido do galinheiro, é hora de ir pra dentro, não quero estar aqui quando anoitecer.

— Espere! — Eren colocou as mãos na cabeça. — Você esclareceu tudo mas continuo confuso, se está grávida do seu marido, isso não devia ser uma coisa boa? Por que fugir? — Eu tinha  a mesma pergunta pairando na cabeça, os outros cinco homens ali presentes olharam pra ele e depois para Annie, com medo.

— Não é da sua conta, não acha que já fez o suficiente, Jaeger? Isso é assunto entre eu e meu marido. — Ela levantou da pedra simplesmente. — Em um momento em que ele não esteja bêbado como um gambá e coberto de titica de galinha.

Aquela resposta já dizia muito sobre a situação, que vergonha meu Deus... Claro que ela tinha dúvidas se queria ter uma família com um tonto como eu, Annie era uma mulher racional e inteligente e eu era maluco fedendo a fezes aviárias, que deprimente. Fomos pra dentro de casa e eu não sabia onde enfiar minha cara, Marco me carregava, Eren e Connie estavam tão cambaleantes quanto eu, tínhamos bebido muito, Mikasa cuidaria do marido e Jean foi com Connie. 

Não ousei encarar ninguém, as pessoas estavam preocupadas mas Annie e os outros esclareceram tudo, ela parecia tranquila, serena, diferente da pessoa que encontrei ali na fazenda naquela manhã, diferente da pessoa que tinha me evitado durante aquelas semanas. Aquela mulher tinha tomado uma decisão, conhecendo bem ela, agora não tinha mais volta, ia ter o bebê por si mesma, ponderando até ser mãe solo. Levando em consideração que o pai era eu, soava esperto da parte dela.  

Marco preparou meu banho no banheiro do andar de baixo da casa dos Springer, como eles conseguiriam fazer qualquer coisa ali com aquela cortina do Gary Oldman encarando e julgando? Só Connie e Sasha mesmo para uma proeza daquelas. Eu comecei a tirar minhas roupas sujas, o outro homem evitava encarar, com respeito, mas eu estava me sentindo mal a nível emocional, a cabeça girando e o pé doendo eram o de menos, estava constrangido mas não pela nudez ou algo assim, só… Não sabia bem o motivo, não percebi até aquele momento mas ainda tinha lágrimas escapando dos olhos, não conseguia controlar.

— Essas lágrimas são de alívio? — Ele me encarou. — Digo, por saber que ela não tem outro e vai mesmo ser mãe do seu filho.

— Não sei ao certo. — Admiti. — Ela ainda vai me querer depois do meu papelão?

— Oh, querido, olhe as pessoas desse grupo. — Marco riu. — Com tantos anos nessa empresa vital, está na cara que a pobrezinha está mais que vacinada contra a loucura. Vai dar uma ótima história para rirmos depois.

— Eu gostaria de esquecer. — Suspirei. — Estou muito envergonhado.

— Sinto muito, amigo. — Uniu as sobrancelhas. — Mas você não tem nada do que se envergonhar, falo sério. A culpa não é sua se Mikasa e eu somos casados com as Marias Fifi de Chernobyl, nunca tinha visto uma confusão dessas na minha vida, francamente.

— Depois eu converso com eles, principalmente com o Eren. — Entrei na banheira com ajuda. — Sei que foi um mal entendido, não estou chateado, só pra botar um ponto final em tudo relacionado a essa confusão.

— Depois desse banho, cházinho e muita água para hidratar, você ficará bem. — Falou como se fosse uma garantia. — Olha... Eu não consigo esconder como estou feliz que a Annie tenha decidido ter o bebê, de verdade. — Tocou meu ombro. — Não fique magoado com ela por esconder nessas duas semanas, nem leve a mal, sabe como sua mulher é teimosa, quer tudo do jeito dela ou nada feito.

— Eu sei. — Sussurrei. 

— Agora é oficial, Jean e eu seremos os únicos sem filhos. — Ele parecia triste.

— Isso te incomoda? — Olhei preocupado.

— Só às vezes, mas isso é algo para se pensar depois. — Sorriu. — Tome seu banho.

Bert fez a bondade de levar meus pertences para eu me trocar ali mesmo naquele banheiro do Gary Oldman após o banho, Marco daria um jeito nas roupas sujas e borrifou um poção azul nos meus pulsos pra dar sorte, eu ia mesmo precisar. Fui avisado que os demais estavam se preparando para o jantar que seria servido em alguns minutos, como se lesse minha mente, Bertholdt complementou com a informação que Annie estava na varanda. Eu precisava conversar com ela apropriadamente, como um homem, eu já me sentia melhor, pelo menos estava raciocinando um pouco mais e não fedia, o que já era lucro. Agradeci pela ajuda dos rapazes e fui atrás dela.

— Hey. — Cumprimentei com a cara lisa assim que a vi sentada numa das cadeiras.

— Hey. — Annie me encarou. — Como se sente?

— Bem. — Menti. — Podemos conversar?

— Claro. — Fez um gesto para a cadeira ao lado dela. 

— Então…

— Então… — Ela sorriu tristemente. — Aquela pergunta que o Eren fez também o contempla? 

— De certa forma… Mas sei que não deve se sentir segura em ter um paspalhão como eu como pai do seu bebê. 

— Não seja ridículo, nem tudo é sobre você. — Ela levantou uma sobrancelha. — Muito embora… Eu ponderasse jogar minhas inseguranças pelo ralo se você me pedisse e eu estivesse com a dúvida pairando na minha cabeça.  Acabou que esse foi o motivo do meu colapso.

— Eu jamais pediria pra você fazer algo que não quer. — Falei com firmeza.

— Esse é o ponto, como teria certeza se eu não estivesse convicta? Fiquei apavorada. — Ela se encolheu. — Nunca quisemos ter filhos antes e na idade que estou, posso ter hipertensão ou diabetes gestacional ou qualquer outro problema de saúde e morrer sem ver a cara da pobre criança judia que ousei colocar num mundo caótico onde os nazistas estão voltando. Ou ela mesma pode simplesmente nascer só para morrer.

Trinquei o maxilar... Ela estava certa, Annie já era uma mulher madura, tinha trinta e seis anos, era perigoso uma gestação nessa idade, principalmente a primeira gravidez. Fora a responsabilidade disso tudo... Sim, temos dinheiro, certa estabilidade, plano de saúde, mas não é só sobre isso… É uma mudança muito grande nas nossas vidas, terão momentos desafiadores onde é preciso ter força e olhe só o estado que fiquei com uma simples suspeita de adultério… Imagina perdê-la ou me apegar à decisão de sermos pais e ela perder o bebê. Meu Deus!

— Desculpe falar assim, deve estar apavorado agora. — Me olhou preocupada. — Tudo bem se não quiser encarar o desafio, mas eu já tomei essa decisão, vou ter esse bebê e seja o que Deus quiser.

— Vou estar com você, se me permitir. — Disse, trêmulo. — Eu só quero estar com você, não importa como. Fico com medo porque não sei se sou o homem que você precisa que eu seja para estar ao seu lado nessa jornada.

— Não preciso que você seja diferente do que é, posso ter passado uma ideia errada pela forma como acabei fugindo, mas isso diz mais sobre mim do que sobre você. — Riu tristemente. — Eu não fiquei feliz quando descobri, não senti nada quando confirmei pelo exame de ultrassonografia e ouvi os batimentos cardíacos, só... Vinha uma voz na minha cabeça dizendo que… Minha reação não era normal e era melhor eu não ser mãe de jeito nenhum do que ser uma mãe ruim… Como a minha foi. É tanta responsabilidade e eu não faço ideia do que fazer, só sei que depois de pensar bem e ouvir muita gente, mesmo fingindo que não me importei com o que eles disseram no fim me ajudaram bastante… Bom, quero tentar.

— Um homem muito sábio que por algum motivo tem uma cortina do Gary Oldman no banheiro me disse hoje, que não temos idéia do que estamos fazendo, ninguém faz. Só nos resta dar o nosso melhor fingindo que sabemos, rezando para não criar psicopatas ao longo do caminho. E mesmo se acontecer, o que nos resta é lidar com isso. 

— Connie Springer devia ser estudado pela Nasa. — Consegui tirar um riso dela. — Mas é isso, ele tem razão. 

— Você tem foto da ultrassom? — Perguntei incerto.

— Sim. — Ela tirou da bolsinha que tinha ali consigo e me mostrou.

— Que pequeno. —  Minha voz saiu meio embargada, não consegui conter. — Não acredito…

— Você consegue ver? — Ela riu meio sem jeito. — A moça apontou, explicou, fez uma palestra mas eu não vi nada…  Mais um ponto para meu colapso, inclusive.

— Aqui, meu amor. — Apontei na foto tentando não chorar. — Essa manchinha que parece uma azeitona.

— Meu Deus! — Os olhos arregalaram. — Então… É isso? 

— É sim.  — Deixei as lágrimas escaparem de vez. 

— Nossa… — Annie estava com os olhos arregalados, um pouco tensa.

Quando dei por mim, ela estava chorando, Annie não era de chorar mas quando acontecia, ela deixava as lágrimas descerem suavemente, diferente de mim que ficava parecendo uma uva passa, ela era adorável quando chorava. Limpou as lágrimas e me chamou para deitar na rede com ela, queria me contar como foi o processo das duas semanas que passamos separados, era uma longa história mas eu só queria abraçá-la e ouvir tudo o que ela tinha a dizer. Annie aconchegou-se no meu peito e sem me olhar, comentou como os primeiros sintomas da gravidez a atingiram em cheio, sentia enjoo, cansaço, indisposição, pensou logo que estava doente. Tentou esconder, chegou até a prender vômito, o que me deixou preocupado. 

— Não queria me dar por vencida, mas quando não estava mais aguentando a ponto de não conseguir me concentrar no meu trabalho no dojô, fui na farmácia atrás de remédio. — Ela sussurrou. — A moça então mandou eu fazer um teste de gravidez, eu por pouco não ri da cara dela, acabei comprando um teste mas exigi remédio pra enjôo. 

Fez o tal teste no banheiro do pequeno centro comercial e quando deu positivo, se desesperou. Voltou correndo pra farmácia querendo comprar mais testes, afinal, podia ser um falso positivo, ela estava em negação. Com tanto transtorno, acabou trombando numas pessoas, as sacolas caíram no chão e lá estavam os testes espalhados pelo pátio como se fosse um filme de comédia e as pessoas que trombou, as piores possíveis: Jean e Marco.

— Depois eles revelaram que estavam me seguindo, acharam estranho eu sair do banheiro público tão arrasada. — Ela bufou. — Quando descobriram o que era, a euforia do Marco só me assustou mais, pelo menos eles me acompanharam e fiz os outros testes que comprei, mas… Pedi pra eles manterem segredo ou matava os intrometidos, afinal, como eu poderia contar pra você? E se você ficasse feliz também? Eu só me sentiria mais estranha. E se não quisesse, eu ficaria mais confusa se queria também. 

— Por isso simplesmente pegou suas coisas e deixou um bilhete pedindo um tempo, avisando que estaria na casa do Bert e o Reiner.

— Sim… Sinto muito por isso. Mas eu já não estava muito bem fisicamente, como eu poderia aguentar tudo assim? Tinha marcado também uma ultrassom no dia seguinte e estava muito nervosa. 

Na casa dos meninos, ela passaria o dia trabalhando, só precisava de um lugar para passar a noite, eles nem notariam a presença de Annie, que poderia pensar com mais calma distante do problema. Pelo menos foi o que pensou. Depois do ultrassom, ela ficou muito mal por não ter se conectado com o momento, fora as várias recomendações da médica, que lhe contou dos riscos de ser mãe naquela idade, o que ela já sabia. Segurou o máximo que pôde, mas acabou tendo uma crise de choro na presença de Bert quando voltou pra casa, o homem a consolou e ela acabou contando tudo pra ele, que a acolheu e aconselhou dando várias opções do que fazer diante daquilo tudo. 

— Eu não tinha muito tempo, tinha que ser rápida para agir caso não quisesse ser mãe. — Ela suspirou. — Acabou sendo bom ter mais contato com os filhos dos meninos, não tinha garantia se ia ter uma criança fofa como caçulinha, o Tom, ou um rascunho de capeta como a Edna… É um tiro no escuro mas… Eu decidi tentar. Vim pra essa viagem maluca decidida a contar para você esta noite, uma pena toda essa confusão ter acontecido. 

— Eu sinto muito por tudo. — Abracei ela com força. — Eu provavelmente ficaria muito feliz com a notícia, seria uma surpresa grata, ficaria eufórico também. E não queria você se obrigando a ser mãe só por minha causa, apesar dos pesares, eu fico feliz que tudo tenha levado você a tomar a decisão que seu coração pediu. Jamais forçaria você a nada, mas você tem razão, não teria como saber. Já estou acostumado com suas fugas, só fiquei nervoso porque você nem me explicou o motivo, como sempre faz, podia ser algo sério e de fato era… É uma decisão de mudança de vida, mas estou disposto.

— Mesmo? — Me olhou nos olhos. 

— Sim. — Sorri pra ela. 

— Com licença. — Historia bateu na portinha da varanda que dava pra sala. — Desculpa interromper, mas o jantar já vai ser servido. 

— Vamos em um minuto, querida. — Annie respondeu e a mulher deu um tchauzinho para nós, partindo.

— Melhor irmos antes que Ymir e Sasha dêem a ordem e ataquem o jantar sem a gente. — Fiz menção de levantar.

— Ainda não. — Ela me puxou pra rede de novo. — Ainda tenho um assunto pendente com você. — E Annie me beijou. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Deixem suas opiniões nos comentários. Um beijo e até o próximo! :3



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