Desejos Piratas escrita por Jodivise


Capítulo 23
Capítulo 22 Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Quem será o verdadeiro Edward? Será que vão conseguir quebrar a maldição? E o que aconteceu com os piratas depois de se cruzarem no caminho com as estranhas criaturas de negro?



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Capítulo 22: Surpresas

 

Os piratas continuavam unidos em círculo enquanto eram cercados por estranhas figuras trajando negro dos pés à cabeça.

- Porque é que eles não atacam? – Alicia sussurrou.

- Parece que estão à espera de algo. – Will respondeu.

- Eles não têm armas. Talvez devêssemos atacar. – Elizabeth propôs.

- Achas mesmo que viriam para cá para serem trespassados sem mais nem menos? – Jack ironizou a pergunta de Lizzie e esta botou a língua de fora.

Um dos piratas da tripulação de Will avançou com a espada em riste e desferiu um golpe certeiro no ombro de uma das criaturas. Esta não se mexeu. Para horror dos restantes, a criatura retirou a espada de si próprio e atirou-a ao chão. Perante o pirata estático, das mãos da criatura saiu uma luz branca que ao ser projectada para si, atirou-o contra a árvore mais próxima.

- Isto responde à tua pergunta? – Jack gritou para Elizabeth.

Alicia arregalou os olhos e ficou sem fala. Não se via a face, mas as mãos das estranhas figuras estavam cobertas de chagas e exibiam unhas demasiado compridas.

Do nada, todas as criaturas de negro começaram a "disparar" raios de luz branca contra os piratas.

- Disparem as pistolas! – Barbossa disparou e a criatura atingida recuou um pouco.

- Talvez fazendo-os recuar, possamos entrar na fortaleza. – Will disparou um tiro certeiro no peito de uma das criaturas e esta caiu no chão, atordoada. – Alicia, aponta, mantém a mão firme e dispara!

- Às ordens! – Alicia mirou uma das criaturas que estava à beira de Barbossa. Disparou e Barbossa viu o seu chapéu sair disparado, olhando depois para Alicia bastante irritado.

- Desculpe! Eu depois compro outro. – Alicia sorriu mas congelou ao deparar-se com uma das figuras à sua frente. Pode notar que tinha dois olhos vermelhos pregados em si e que uma luz branca começava a formar-se nas mãos da criatura.

E foi aí que sentiu um clique dentro de si. Ficou rígida de repente e sentiu um arrepio gelado percorrer a espinha. Não sabia o que se passava. Quando voltou ao normal, abanou a cabeça e olhou a criatura. Esta continuava na mesma posição, a luz imóvel nas suas mãos. Alicia não pensou e correu. Mas travou quando viu outra figura à sua frente. Virou para trás e foi aí que entrou em choque. Ninguém se mexia. As criaturas, os piratas, Will, Jack, Elizabeth, Barbossa. Imóveis. Como simples figuras de cera numa cena de batalha.

Alicia caminhou até Will. Colocou as mãos no rosto deste. Os seus olhos estavam sem vida.

- OH MEU DEUS! O que é que eu fiz! – Alicia entrou em pânico. Sabia que aquilo era culpa sua, mas não sabia como o tinha começado.

Começou a andar em círculos com as mãos na cabeça. Lara ia matá-la por ter transformado Jack numa simples estátua. Isto se conseguisse salvar Lara. Parou e olhou o céu. E foi aí que outro clique estalou na sua cabeça.

Lembrou-se de Hermes. Este tinha dito que Serena controlava os fenómenos atmosféricos e o tempo.

- Será? – Disse para si própria. Teria o pânico despoletado um poder escondido? Olhou de novo os presentes. Estavam parados como se tivesse carregado no botão STOP.

Tentou se concentrar para colocar tudo normal, mas uma vozinha na sua cabeça aconselhou.

- "Livra-te deles primeiro", ouviu a sua própria consciência.

Chegou perto de uma das criaturas. Olhou para debaixo do capuz detectando os olhos vermelhos. Não viu mais nada, mas sabia que se tirasse o capuz a algum deles ia ter um susto dos valentes.

- Facadas não funcionam. Tiros apenas os atordoam. – Deu um murro na própria mão. – Tem de haver maneira de mandar estes nojentos de volta para o "Senhor dos Anéis"!

- "Corta o mal pela raiz", voltou a ouvir a sua própria consciência.

Lembrou-se das cobras. Para as matar corta-se a cabeça. Será que funcionaria? Pegou numa das espadas caídas. Tremeu só de pensar na sensação de cortar uma garganta.

- Bem, deve ser o mesmo que matar mosquitos. Eles não são nem humanos nem animais. São o capeta! – Alicia agarrou a cabeça de uma das criaturas por trás, respirou fundo e desferiu o golpe. De imediato viu jorrar um líquido amarelo que a fez quase vomitar as tripas e no mesmo instante a paragem temporal desfez-se.

- Não disparem! Eles morrem se cortarmos o pescoço! – Gritou para os presentes, que ainda estavam meio atordoados.

Seguiram o exemplo e conseguiram matar as criaturas. Má notícia quando viram uma dezena deles se aproximar.

- Estes pilantras nunca mais acabam? – Jack perguntou.

- Continuem até às muralhas. – Barbossa disse. – Eu e a tripulação cuidamos disto aqui.

- Mas… - Alicia ia dizer.

- VÃO. NÃO PERCAM TEMPO! – Barbossa ordenou. – Quanto mais demorarem menos chances a Lara tem.

Alicia, Jack, Will e Elizabeth correram para um dos trilhos que dava acesso às muralhas.

- Temos de escalar até lá cima. – Elizabeth disse. Encontravam-se na base da muralha que era bastante alta.

- Vocês e a mania de complicar as coisas! – Jack exclamou, agachando-se e arrancando a grade que dava acesso a um túnel. – Vamos.

Jack entrou, seguido pelos outros três. O túnel era baixo e só permitia a passagem de joelhos.

- AI JESUS! – Alicia berrou.

- O que foi? – Will virou-se de repente e deu uma cabeçada em Elizabeth que lhe deu um soco no ombro.

- Uma ratazana! – Alicia não ia para a frente nem para trás, tremendo por todos os lados.

- Conseguiu derrotar aqueles monges nojentos e tem medo de um rato? – Jack sorriu de canto.

- Não é um rato. É uma ratazana. – Alicia murmurou e seguiu a custo.

O túnel dava acesso a uma galeria deserta. Jack rodou a tampa e ergueu-se, ajudando Alicia a sair. Will seguiu-se, assim como Elizabeth.

- Onde estamos? – Will perguntou. A sala estava às escuras.

- Algures dentro da fortaleza. – Jack seguiu sem prestar atenção. A sala desembocava noutra, mas esta não tinha telhado estando iluminada pelo luar.

- Há uma bifurcação. – Elizabeth constatou. Duas entradas davam acesso a escadas. Os piratas entreolharam-se.

- Temos de nos separar. – Jack seguiu pela entrada da direita.

- Vocês devem ir com o Jack. – Elizabeth disse. – Eu vou por este.

Elizabeth desceu desaparecendo da vista de Will e Alicia.


A escadaria dava acesso a uma porta. Elizabeth empurrou-a. Estranhou a sala à sua frente estar iluminada. À sua volta, várias portas de ferro "decoravam" o ambiente. Uma delas estava entreaberta. Elizabeth sacou da pistola e caminhou até lá sorrateiramente. A porta dava para um espécie de cela. Estava vazia. Elizabeth ia virar costas mas desistiu no último minuto quando um amontoado no chão prendeu a sua atenção. Eram roupas. Lizzie reconheceu-as. Eram de Lara. Um barulho fez com que saísse da cela e apontasse a arma ao estranho parado à sua frente. Elizabeth sentiu o coração cair aos pés. Thomas olhava na sua direcção.

"Não", pensou. Aquele não podia ser Thomas. O seu olhar estava vazio e a expressão desprovida de sentimentos.

- O que fizeste com a Lara? – Elizabeth ameaçou Thomas e perguntou-se do porquê do seu coração ter doído.

Thomas não falou. Era como se estivesse hipnotizado.

- Guardas! – Thomas exclamou. No entanto a voz não saiu com a força devida. Dentro de si, Thomas lutava contra aquela camisa-de-forças. Não queria ter dito isto mas sim "Elizabeth que bom te ver aqui!".

- Eu sei que não farias mal à Lara. Ela está com a Éris? Ela está… - Lizzie engoliu em seco. - … viva, ainda?

Thomas virou costas e caminhou para a porta principal.

- Não te atrevas a virar-me as costas! – Elizabeth ameaçou. – Eu juro que disparo.

Thomas parou mas manteve-se de costas.

- Leva-me até onde a Lara está. – Elizabeth ordenou, mas Thomas continuou estático.

Elizabeth cerrou os dentes e agarrou em Thomas.

- Eu sei que o verdadeiro Thomas está aí dentro. – Lizzie colocou as mãos no rosto deste. – E sei que tens força suficiente para lutar contra o que aquela filha de uma égua fez contigo.

Elizabeth sentiu o olhar vítreo de Thomas fixar o seu. E viu toda a aflição, dor e tristeza estampada neste.

- Tu consegues! – Elizabeth exclamou e sorriu. Thomas deu um berro e desabou no chão sendo amparado por Elizabeth.

- Thomas… - Elizabeth sentiu que Thomas tremia bastante.

- Ela… fez passar-me horrores. – Thomas respirava com dificuldade. – Sempre que tentava lutar contra ela sentia como se mil agulhas espetassem no meu corpo.

- Ela agora não pode fazer nada. – Elizabeth ajudou-o a levantar-se. – O Jack, o Will e a Alicia foram atrás da Lara.

- A Lara! – Thomas colocou as mãos na cabeça. – Ela vai matá-la!

- Eu sei. – Elizabeth espreitou pela porta de entrada.

- Eles não conseguem derrotar Éris. Ela é muito poderosa e tem guardiões a protegê-la.

- Nós já sabemos como destruir esses monstros. – Elizabeth sentiu Thomas pegar na sua mão e encaminhá-la para um outro corredor desconhecido.

- Mas Éris é demasiado poderosa. Calipso não veio com vocês? – Thomas perguntou.

- Ela foi presa no Olimpo. – Elizabeth disse.

- Então sempre é verdade. Foi Éris que tramou isso. – Thomas disse.

Conduziu Lizzie para um dos cantos escuros da sala. Agacharam-se e Thomas apontou para o centro. Elizabeth viu Lara deitada na mesa, com Éris numa das extremidades e do outro, um homem…

- Valha-me Santa Engrácia! – Elizabeth sussurrou. – Aquele é o Edward?

- É na sua verdadeira aparência. De certeza que o conheces não é? – Thomas perguntou.

- Não imaginas o quanto. – Elizabeth sentiu uma raiva apoderar-se de si. – Deu cabo da minha vida.


Mesmo coberta com o manto, a pedra não deixou de ficar fria, criando uma sensação desconfortável em Lara. Estava deitada e tinha uma vontade enorme de fechar os olhos na esperança de que tudo não passasse de um sonho. Mas os olhos teimavam em ficar abertos.

Éris andava às voltas deixando Lara tonta.

- Se me vai matar é melhor fazê-lo logo. – Lara olhou para o homem que se mantinha afastado.

- Você sobreviveu. Para que é que quer a Fonte? – Lara olhou para o homem.

- Estar vivo na minha condição é o mesmo que estar morto. – Levantou a camisa e Lara arrepiou-se com a monstruosa cicatriz que percorria o braço deste. – Não acaba aqui. Isso impede-me de lutar como deve ser. Além do mais, só um tolo não se deixa vislumbrar por algo que nos dará a vida eterna.

Lara bufou. Seria ela a única tola ali? Porque só conseguia sentir raiva daquele cálice dourado.

- Esse colar. – Éris passou a mão por ele. – Foi um presente do Sparrow?

- Não. – Lara estreitou os olhos. – Foi a Calipso.

- Oh. Creio que já não precisarás dele! – Éris arrancou-o mas no mesmo instante ficou hirta e com os olhos arregalados olhando Lara. – Não é possível… - sussurrou.

- Éris, está na hora! – o homem ameaçou.

- Eu… não… não posso. – Éris afastou-se de Lara.

- Não podes o quê? – O homem falou rispidamente. – Ela é Mayara. Sem o sangue dela, a maldição continuará!

- Ela está… grávida! – Éris estava em choque.

- Ah… - o homem sorriu. - … um filho de Jack Sparrow, por certo?

- Claro que é do Jack. Havia de ser de quem? – Lara estava em ponto de ebulição. – E aí de você se tocar em mim e no meu filho! – Lara sentiu-se estúpida. Estava perante uma deusa, três criaturas das trevas e um tresloucado que parecia não querer largar Jack Sparrow até ao fim dos tempos.

- Melhor ainda. De certo os mares ficarão mais calmos e limpos sem um herdeiro daquele cachorro! – O falso Edward disse.

- SEU ESTUPOR! – Lara cuspiu na cara deste quando se aproximou. Pode notar que as três criaturas tinham abandonado os seus postos e corrido para um determinado lugar.

- Éris, estás à espera de quê? Ela e uma humana. Decidiste ser boazinha agora?

- Nós não podemos matar mulheres grávidas nem crianças. É um código divino que vale para todos os deuses sem excepção. – Éris estava lívida.

- Ora, não venhas com tretas de códigos! – o homem bufou. – Vais perder a oportunidade de teres um poder inimaginável nas tuas mãos? De poderes te vingar de Calipso como deve ser?

- Mas… - Éris tentou argumentar.

- CALIPSO ROUBO DAVY JONES DE TI E DEPOIS TRANSFORMOU-O NAQUILO! – O homem berrou. Foi o botão de acção para Éris gritar de raiva. – Assim está melhor!

Lara sentiu o seu coração parar. Éris se aproximou. Estava de frente para a Fonte. Viu que esta pegou em algo cintilante. O sangue de Lara gelou ao ver que se tratava do punhal.

- Se vocês só precisam do meu sangue, não era mais fácil fazer um golpe na mão? – Lara tentou. Talvez fossem benevolentes como Barbossa.

- Não queremos correr o risco de Mayara se levantar de novo! – O homem comentou.

"Como se isso fosse possível!", Lara pensou. Viu Éris levantar o punhal à altura do seu peito. Estava apontado ao ventre de Lara. "No meu filho não!", Lara começou a sentir as lágrimas saírem e a raiva aumentar dentro de si a par do medo.

Tentou fechar os olhos. Não doeu. Não sentiu sequer o impacto do punhal. "Se calhar morri de susto", pensou. Abriu os olhos. Éris ainda estava com o punhal em riste e olhava em frente.

- Apanhamos os intrusos, grande senhora. – a voz vinda do purgatório chamou a atenção de Lara. Olhou e o seu coração saltou do peito fazendo se sentar na pedra. As três criaturas seguravam em Will, Alicia e Jack.

Alicia olhava para si em puro estado de pânico. Sabia que esta estava mais preocupada consigo do que com ela mesma. Os seus olhos pousaram em Will que tentava transparecer calma e depois pousaram nele. Jack olhou para si de uma forma tão profunda que Lara sentiu que ia cair. E foi aí que percebeu que ele já sabia. O sentimento era tão forte que Lara e Jack comunicavam-se simplesmente com um olhar. Lara sorriu nervosa e Jack sorriu com aquele ar cafageste.

Num movimento rápido, Will conseguiu libertar-se da criatura e com um punhal cortou a garganta a este. Éris ficou outra vez lívida. Era certo que esta não contava que os guardiões saíssem derrotados tão facilmente. As outras criaturas ficaram surpresas e Alicia calcou uma, deslargou-se e abaixou-se permitindo Will degolar a criatura. Jack cuidou da sua própria criatura. Mas como usou espada acabou por decapitar o guardião.

Os três apontaram as espadas na direcção de Éris. Depois da cena da floresta, Will tinha finalmente dado uma espada a Alicia. O falso Edward tinha-se escondido nas sombras e Jack notou isso, apontando a espada na direcção deste. Mas o que viria a seguir apanhou Jack de surpresa, quando o homem começou a caminhar.

- Tu? – Jack baixou a espada com ar atónito.

- Sim, meu caro Jack Sparrow! – o homem saiu das sombras e sorriu cinicamente. – Voltei!

Will e Alicia também abriram as bocas, mas Jack sentiu o impacto na sua cicatriz. Era como se voltasse a sentir a dor causada pelo ferro em brasa pressionado por Cutler Beckett.

- Como vê, Sparrow. Assim como você, tornei-me numa lenda. Regressado dos mortos! – Beckett riu.

Continua…


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Notas finais do capítulo

A revelação de quem é Edward foi feita! Obrigada pelas reviews JaneR!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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