Desejos Piratas escrita por Jodivise


Capítulo 14
Capítulo 13 Heróis e Vilões


Notas iniciais do capítulo

Calipso teve a ideia mirabolante de transformar Barbossa para que este pudesse ir até à casa das raparigas. Como será que vai correr este jantar tão "excêntrico"?



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Capítulo 13: Heróis e Vilões

Enquanto Grace e as raparigas preparavam o jantar, Barbossa e o misterioso Edward esperavam sentados no sofá. O capitão sentia-se um perfeito idiota naquelas vestes e limitava-se a bater com os dedos nas pernas, como se estivesse a escrever num computador. Já Edward olhava de lado para o outro convidado. Cumprimentaram-se mas depois de as mulheres saírem não trocaram nenhuma palavra. Decidiu dar uma vista de olhos no jornal e Barbossa imitou-lhe o gesto.

- Gosta de reviver as notícias? – Perguntou Edward.

- Como? – Barbossa não percebeu.

- O jornal que tem na mão é da semana passada. Se quiser o de hoje é só pedir! – Edward riu cinicamente e estendeu o jornal actual para Barbossa.

- Não obrigado. Não li esta notícia e interessa bastante. – Barbossa tentou disfarçar enterrando a cabeça nas folhas.

- Oh, e é sobre… - Edward esticou-se para ver melhor, mas Barbossa olhou-o rudemente. Leu com dificuldade o título a letras grandes, já que ler e escrever não eram os seus grandes dotes. Normalmente a maioria dos homens do mar quase não sabiam assinar o nome, mas por causa da interpretação de mapas e cartas, Barbossa teve de se desenvencilhar sozinho.

- É sobre a abertura do salão erótico na capital. – Disse com naturalidade.

- Ah! – Edward fitou Barbossa bastante surpreso e voltou ao seu jornal. – O que acha do novo presidente dos Estados Unidos da América?

- O presidente do quê? – Barbossa começou a sentir-se sufocado com tanta pergunta à qual pouco sabia responder.

- Ora não me diga que é um desses anti-americanos que para aí andam! – Edward riu-se.

- Nada disso. Apenas não me interesso por esses assuntos. – Barbossa posou o jornal e voltou a bater com os dedos nas pernas. "Mas que raios serão os Estados Unidos da América?", pensou para si próprio. Pelo que sabia, só existiam colónias na América e não Estados.

Lara apareceu na sala e comunicou que o jantar já estava pronto. Os dois homens encaminharam-se para a mesa. Barbossa nunca tinha visto uma mesa tão bem posta como a que tinha à frente. Definitivamente não gostava de se misturar com a alta sociedade, mas embora pequena imaginava as mesas dos nobres tão cheias como aquela.

Os seis sentaram-se depois de Grace colocar o grande peixe assado na mesa.

- Continuo a lamentar ter interrompido o seu encontro, senhorita Grace. – Barbossa disse.

- Nossa, não tem que lamentar! – Grace riu alto. Adorava quando a chamavam de senhorita. – Espero que o Edward não se importe.

- Imagine minha cara. Nunca tive uma conversa tão emocionante com alguém como com o Hector! – Edward sorriu abertamente e beijou a mão de Grace, olhando depois de lado para Barbossa.

- Isto dá-me vontade de vomitar… - Alicia sussurrou entre dentes.

- Que eu saiba a única enjoada aqui sou eu. – Lara deu uma cotovelada a Alicia debaixo da mesa.

- Vocês as duas quietas. – Elizabeth falou baixo e olhou as duas. – Se queremos saber de alguma coisa temos de nos comportar. – Disse, deixando as outras duas com cara amuada.

Mal começaram a comer, Elizabeth, Alicia e Lara iam tendo um ataque. Barbossa tinha decidido comer à mão e só deu pelo erro quando viu as caras horrorizadas das três jovens e de Edward.

- Desculpem-me, é um gesto lamentável! – Barbossa ficou nervoso, mas Grace tratou de aliviar o ambiente.

- Esteja à vontade senhor Hector! Também como o frango à mão, sabe sempre melhor. – Grace sorriu deixando os outros quatro ainda mais horrorizados.

- O meu tio está habituado a fazer muitas viagens. E habituou-se a comer de mil e uma maneiras! – Elizabeth desculpou-se.

- A sério? E quais os países que conhece? – Edward perguntou. Elizabeth arqueou a sobrancelha. A maneira de falar de Edward era bastante parecida com o protocolo da Corte.

- Digamos que já viajei até ao fim do mundo! – Barbossa sorriu e arregalou os olhos.

- Conte-nos uma das suas aventuras Hector! – Pediu Grace.

Este olhou para as três jovens e engoliu em seco, mas Lara acenou para que continuasse.

A sobremesa já entrava na mesa e Barbossa contava a sua quarta aventura. Todos estavam deliciados ao ouvi-lo até porque Barbossa arranjou maneira de contar as coisas sem dar nas vistas.

- Quer dizer que quase todas as suas viagens são feitas de barco? – Perguntou Grace deliciada.

- A maioria. Para mim não há nada melhor que o nascer e pôr-do-sol nas águas marítimas! – Barbossa exclamou. Elizabeth, Lara e Alicia estavam estúpidas. Não sabiam que Barbossa era tão cavalheiro. Mas como disse Jack uma vez a Lara: "Os piratas têm de ser heróis e vilões ao mesmo tempo"!

- E qual é o nome do seu "navio"? – Edward fez ar de troça.

Barbossa ia responder o óbvio mas Elizabeth cortou-lhe a palavra.

- Lady of the Sea! – Elizabeth sorriu.

Barbossa olhou amuado mas Grace achou o nome lindo.

- Lady of the Sea? – Sussurrou Alicia. – Mas que nome piroso!

- Como ia dizendo, uma das melhores aventuras que tive foi na ilha de Madagáscar. Mas quase que dava para o torto.

- Porquê? - Perguntou Alicia.

- Digamos que quase fui morto por um crocodilo devido à incompetência do meu companheiro de viagem.

- Você viaja com outra pessoa? – Perguntou Grace.

- Sim. É muito mais novo que eu e faz o serviço de imediato. Um imprestável que só faz asneiras e tem a mania que é o melhor do mundo. – Barbossa suspirou abanando a cabeça como se de um caso perdido se tratasse. Olhou para Lara e esta quase o fulminou com o olhar. Sabia muito bem de quem falava. "Será que Jack e Barbossa nunca deixariam de andar à bulha"?

- A sua vida é sem dúvida muito agitada Hector. – Comentou Edward.

- O senhor Edward não tem aventuras para contar? – Perguntou Alicia em tom de desafio.

- A minha vida sempre teve pontos altos e pontos baixos. Mas nada de extraordinário a registar! – Edward exclamou.

- Todo o Homem tem segredos que nunca desvenda, pois não? – Perguntou Lara.

- Exactamente, senhorita Lara. Mas nem só os homens escondem segredos. Ninguém sabe o que vai na alma e na vida de uma mulher. – Respondeu de forma directa, deixando Lara incomodada.


No final da noite, cada um foi para o seu lado. Grace desfez-se em mil elogios aos dois convidados e estes gabaram imenso a sua comida e a sua simpatia. Depois de Edward seguir o seu caminho, Barbossa fez o mesmo, mas as três raparigas acompanharam-no até ao fundo da rua.

- Então, o que acha daquele homem? – Perguntou Alicia.

- Bastante sinistro, senhorita. – Barbossa coçou a barba.

- Ele é o homem que nos deu a bússola. – Acrescentou Lara.

- A sério? – Barbossa arregalou os olhos.

- Sim. E sinceramente acho que ele engatou a Grace de propósito. – Alicia disse.

- Mas o que ele ganharia com isso? – Perguntou Elizabeth. – Segundo o que vocês disseram ele herdou a bússola e nunca a usou porque nunca acreditou que ela funcionava.

- Sim, mas pode muito bem ter inventado a história. – Defendeu Alicia.

- A Alicia pode ter razão. – Barbossa concordou. – O facto de ter dado a bússola a Lara pode não ter sido aleatório.

- Como assim? – Perguntou Lara.

- Ele podia ter dado a bússola porque já sabia que ela iria funcionar com vocês.

- Mas isso é quase improvável. A Alicia não estava comigo e se ele é o homem que roubou a Fonte, qual seria o seu interesse em trazer alguém do seu tempo para cá? – Perguntou Lara. – Estaria a arriscar-se!

- A não ser que esse fosse mesmo o seu propósito! – Elizabeth olhou para Barbossa e este assentiu com a cabeça. – Sendo assim ele pode estar à procura de um alvo entre nós.

- Ou todos nós. – Emendou Barbossa.

- Mas mesmo que o objectivo fosse que nós os trouxéssemos para cá, porque é que ele nos escolheu logo a nós? – Essa era a pergunta que não cabia na cabeça de Lara.

- Isso ainda vai nos dar muita dor de cabeça. – a voz atrás de si, fez com que olhassem todos na mesma direcção, mas a presença inesperada de Calipso já era habitual.

- Já me podes liberar destas roupas ridículas? – Perguntou Barbossa.

- Não faças isso. A figura será digna de memória! – Lara sentiu alguém envolvendo a sua cintura e notou que a graça tinha vindo de Jack.

- Já te disse para te calares, seu cara de pau! – Barbossa olhou ameaçadoramente para Jack mas este continuou com o sorriso gozão estampado na cara.

Calipso estalou os dedos e Barbossa viu-se de novo dentro das suas confortáveis roupas de pirata.

- Se bastava estalar os dedos porque é que nos obrigou a andar atrás de roupa para estes dois? – Perguntou Lara.

- Porque eles são do vosso departamento e não do meu. – Respondeu Calipso. – Tenho uma pista que pode interessar.

- Qual? – Perguntaram todos em uníssono.

- Embora estejam furiosos comigo no Olimpo, ainda tenho algum braço-direito lá. – Calipso começou a rodear os presentes. – Soube de fonte segura que um dos deuses menores está desaparecido.

- Oh! – Disseram os presentes.

- Ora a única maneira de um deus desaparecer é fazer o que eu fiz: vir para o futuro! – Calipso sorriu com a sua descoberta. – O que quer dizer que quem roubou a Fonte tem de certeza ajuda divina!

- E qual é a novidade? – Perguntou Jack, deixando Calipso amuada.

- O Barbossa também desconfia do Edward. – Disse Lara.

- Quem é esse? – Perguntou Will que se colara ao lado de Alicia.

- O homem que nos deu a bússola e que por coincidência era o convidado da Grace. – Explicou Alicia.

- Acho que ele fez tudo de propósito, como se nos quisesse trazer para cá. – Disse Barbossa.

- Isso não faz sentido para quem fugiu do seu próprio tempo. – Jack colocou um dedo no queixo e fez ar pensativo.

- Quem nos garante que não será esse deus ou deusa? – Elizabeth fixou Calipso. – Poderá andar à sua procura.

- De mim? Impossível nunca fiz nada contra ninguém, principalmente com um deus. – Calipso falou secamente.

- A sério? – Perguntou Will. A sua questão estava cheia de ironia. Calipso tinha feito muito mal, principalmente a si. Acreditou sempre que ela tinha o dedo no seu destino e que se não fez nada pelo menos sabia o que lhe iria acontecer. E isso ficou patente quando se lembrava que esta passara meses a sussurrar-lhe "Um toque do destino". Como detestava isso. Não fosse a traição a Davy Jones, nem este ficaria amaldiçoado nem Will teria o destino que teve.

- Cuidado com o que insinuas rapaz. – Calipso olhou-o duramente. – As palavras podem fazer mais estragos do que os próprios gestos.

- Ok, o que faremos agora? – Perguntou Alicia.

- Digam a verdade a Grace. – Aconselhou Calipso. – Se a vida dela corre perigo mais vale saber de uma vez por todas o que se passa.

- Mas eu não posso falar isto sem mais nem menos! Ela vai ficar pirada, vai achar-nos malucas, vai contar aos meus pais e vai descobrir que estou… - Lara calou-se a tempo, mas não evitou que Jack se apercebesse.

- Estás…? – Perguntou olhando-a profundamente.

- Nada. Vai descobrir que estou doida varrida. – Lara evitou o contacto visual com este e virou costas.


A noite já ia alta quando Elizabeth meia ensonada ouviu barulho. Ao primeiro abriu os olhos e voltou a fechá-los, mas depois de outro barulho sentou-se na cama. Algo tinha vindo contra a sua janela. Caminhou cuidadosamente e abriu aquilo a que chamavam de persiana. Quando olhou para a rua, achou que estava a sonhar. Thomas estava especado a olhar para si.

- Acho que te enganaste na janela. A Lara dorme no quarto ao lado. – Preparou-se para fechar a janela mas Thomas impediu-a.

- Não, por favor. É contigo que quero falar. – Disse.

- O que é tão importante para me acordares a esta hora? – Perguntou Elizabeth.

- Algo bastante importante para te fazer descer cá abaixo.

Elizabeth arqueou uma sobrancelha. Mas que raio é que Thomas tinha para falar.


Eram três da manhã e Jack andava de um lado para o outro não suportando os roucos de Barbossa. O sono não vinha, estava com uma dor de cabeça tremenda, a reacção de Lara intrigava-o e estava com uma sede dos diabos. Não era por falta de água, mas para um pirata como ele, só uma coisa acalma: rum!

Foi com um ar desconsolado que ouviu Calipso dizer que não haveria rum até resolverem o problema. Tirar o rum a um pirata era como tirar uma chupeta a um bebé.

Olhou para a mesinha de cabeceira. Lara tinha deixado algumas moedas esquisitas e ensinou-o a tirar bebidas e comida nas máquinas automáticas. Will tinha aprendido rápido mas Jack nem sequer tinha tentado. Decidiu sair para beber qualquer coisa.

Enquanto caminhava olhava as ditas moedas. "Mas para que servem se nem de bronze são?"; pensou. A rua estava deserta. Os faróis de um carro a alta velocidade assustaram-no, mas o silêncio conseguia ser maior. Mas que saudades do seu mundo, que embora turbulento era um paraíso comparado com aquela agitação.

Chegou ao pé da dita máquina e olhou as bebidas. "Mas que raio era Coca-Cola?" decidiu experimentar. Lara tinha-lhe dito o valor das moedas e ao fim da terceira conta lá acertou com o preço. Próximo passo: onde enfiar as ditas cujas. Viu a ranhura e enfiou uma lá para dentro. Como não aconteceu nada, voltou a enfiar outra até ter o valor certo. Viu a lata sair do sítio e cair ao chão. Deu com a gaveta e retirou-a. Calipso tinha-lhe oferecido um chã frio que lhe sabia horrivelmente e rezou para que a tal Cola soubesse melhor. Abriu a lata com dificuldade e gostou do que provou.

Decidiu voltar para o quarto. Quando lá chegou a porta estava aberta. "Estranho", pensou. Tinha-a deixado fechada. Entrou e Barbossa continuava a dormir. Pensou que fosse só imaginação, mas mesmo assim deu uma vista de olhos pelo quarto e pela casa de banho. Tudo limpo. Bebeu a Cola até ao fim e a sua visão captou a mesa da televisão. Algo faltava. Andou até lá. As armas de Barbossa não estavam no sítio. Viu debaixo da cama e as suas tinham desaparecido. Pior: a bússola do tempo tinha desaparecido.

- Oh bugger! – Disse olhando o chão vazio.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Aqui vai mais um capítulo. Espero que gostem!

Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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