Lila dirigia Petúnia com um sorriso no rosto e vez ou outra cantarolava as musicas de Adrien. Eu revirei os olhos, mas tinha noção que a culpa era unicamente minha por concordar com aquela doideira.

—Você só pode estar louca, não pode estacionar aqui- Alertei Lila que dava de ombros e largava o cinto de segurança.

—Quando uma pessoa fica no carro, não é estacionar, é esperar.-

—Nós vamos ser multadas-Tombei a cabeça para o lado enquanto Lila se trocava no banco de trás. Urrei quando ela quase me acertou o rosto com os saltos.

—Fica.. atrás do volante-Ela disse com dificuldade colocando apenas a cabeça a mostra.

—Vai!-

—. Argh, isso não vai prestar- Eu disse e Lila grunhiu por ter caído do banco de trás. Bem feito.

—Mari... colabora e ... fica-Ela saiu me deixando sozinha. Como se eu tivesse escolha. Estalei a lingua e apoiei a cabeva no vidro enquanto ela não chegava

Alguns minutos se passaram... ok, não foram apenas alguns minutos, foi muito tempo, tá legal? Saí do carro para tentar achar a minha irmã, mas simplesmente não havia condições de entrar por conta da fila que estava grande demais. Por isso, dei a volta para tentar achar alguma entrada pelos fundos, e eu sorri ao ver que tinha. PÉSSIMA ESCOLHA, A PORTA BATEU COM TUDO EM MIM, ou melhor, alguém me acertou com a porta.

—ME DESCULPA, eu bati em você?-

—Não, a porta bateu em mim sozinha- Coloquei as mãos na cabeça ainda sentada no chão. Minha cabeça doía pra caramba e eu não estava programada para ser legal hoje.

—Ah, isso não é bom!-

—Pra você ou pra mim? Porque agora parece que tá muito ruim pra mim!-

—Isso não é nada bom- Estava escuro, mas mesmo assim consegui identificar o rosto. NÃO, NÃO ERA ELE.

—Espera aí... você é...-Ele tampou minha boca antes que eu proferisse seu nome.

—É, eu te dou uma entrada VIP para o meu próximo show se você não gritar meu nome-

—Eu não quero ir para o seu show idiota!-Consegui me desvencilhar dele ainda com a mão do lado esquerdo da cabeça.

—Então eu tenho que te levar em um médico... é, a batida foi forte-Ele colocou as mãos no queixo e depois me ofereceu a mão-Vem, segura a minha mão, não, a outra mão, isso...-Ele conseguiu me reerguer. Eu estava muito confusa.

—Mas e a Lila?-

—Quem é Lila?-

—A minha irmã, ela está na boate- 

—WOW, o que que tá pegando?- Andamos um trecho até que um homem chegou. Não, ele parecia ser mais novo.

—Ajuda primeiro e pergunta depois-Adrien respondeu o moreno e me levou até o carro de seu... amigo?

—Quem é essa aí?-

—Coloca o cinto. Qual é o seu nome?-

—Marinette-

—Muito prazer, Marinette-

—Ah, pois eu não tenho prazer nenhum-Ele sorriu e de repente senti um embrulho em meu estomago, ele estranhou a careta.

—Eu... acho que não tô muito bem-

—Ei, ei, não vai vomitar na Britney, eu acabei de deixar ela no ponto- O amigo de Adrien disse.

—Tá bom-Senti um alívio ao despejar tudo que estava me incomodando. Fiz careta ao notar o líquido esverdeado e melequento e por sentir um gosto azedo na boca.

—NÃO, meu sapato preferido!-

—Eu compro um novo pra você, Nino, fecha- O homem cujo nome era Nino, fechou a porta. Meus pêsames pelos sapatos.

—As chaves-Adrien entregou as chaves para Nino-Cuida para a irmã dela chegar bem em casa, e não comenta nada disso com ninguém-

—Ah, droga, eu vou ter que trocar de sapatos- Adrue acelerou o carro e eu tombei a cabeça para trás.

☆☆☆

—Siga a luz com os olhos. É, eu fiz o exame completo e a tomografia está normal. Está tudo bem.-Sorri.

—Então ela tá bem.- Adrien abriu a cortina que separava a gente.

—Sai- Encarei o médico-Não tem sinal de traumatismo e com certeza não terá sequelas-

—E por que eu vomitei?-

—Alguma coisa que você comeu ou foi porque você conheceu um bobalhão ali-

—É só uma cortina, Fu, eu tô ouvindo tudo-

—Não está não- Franzi a testa.

—Espera aí, vocês se conhecem?-

—Ele é avô da minha cunhada-

—Então eu já posso ir-Dei de ombros.

—Pode, mas quero que coloque gelo nesse galo até chegar em casa. Já volto- concordei enquanto Fu saia. Adrien abriu a cortina com as mãos nos bolsos. Ele passou a assobiar enquanto seu celular tocava.

—Você não vai atender?-

—Ah, é, só um segundo- Revirei os olhos e não consegui captar tanto da conversa.

—Alô, mãe? Que? Quem? Quando? AGORA? distraia eles que eu já estou chegando.-

—Acho que a gente tem um probleminha.-Identifiquei a voz do médico

—Por que?-

—A minha sala de espera está cheia de gente com câmeras-

—Os paparazzi me acharam aqui? Ok, Fu,qual é o seu carro?-

—Nenhum que vá te interessar. Ainda estou pagando seis anos da escola de medicina.-

—Feito, quer trocar?-Pude notar a sombra de Adrien erguendo as chaves.

—NÃO!-

—Isso só acontece uma vez-

—Eu topo-

...

Agora Adrien dirigia o carro de Fu, mas o carro soltava faiscas e sobressatlava muitas vezes. Isso fazia minha cabeça latejar.

—Ai. Tem certeza de que isso é seguro mesmo?-

—Certeza.-

—Pois eu não estou tão certa assim-

—Fica calma, tá legal?-

—Não quero me acalmar, quero ir para a minha casa-Joguei o pano molhado em seu rosto.

—Ai, qual é o seu problema, hein?-

—Qual o meu problema? Nenhum, só vou ficar de castigo até eu completar trinta anos!-

—É por isso que está tão chata?-

—Eu não sou chata-

—Então tá na defensiva.-

—Eu não estou na defensiva-

—Viu? você só discorda de tudo o que eu falo-

—Eu não!-

—Você sim!-

—Vai me levar para casa?-

—Eu vou!– Ele fechou os olhos. – Mas primeiro gente tem que fazer uma parada bem rápida-

☆☆☆

—Só pode ser brincadeira!-Disse ao notar o casarão que aparentava ser uma festa quando chegamos-Você mora aqui?-

—Moro, por que?-Ele cobriu minha cabeça com o capuz do casaco e me arrastou até as escadas.

—Espera aí-Disse sem entender o que acontecia

—Sobe, sobe-

—Ai, para de me puxar!-

—Foi mal, é que eu...-

—Não sabe onde me esconder?-

—Eu não tô te escondendo, só... não quero que as pessoas que estão aqui vejam você agora.-

—Por que? Por que eu não sou uma celebridade?-

—Não, porque eu não quero que elas façam perguntas para mim e nem para você como "oh, quem é essa? Estão namorando?"-

—Namorando?-

—É, eles inventam essas coisas-Ele me puxou novamente e eu bufei.

—Ahm... quarto de hóspedes, você é minha hóspede.-

—E eu tenho escolha?- 

—Não muito. Eu volto já, só... fica-

—AU AU-  Pude observar o local melhor quando ele saiu: o quarto tinha tom alaranjado e uma enorme letreiro escrito Adrien Agreste. Bufei, gente rica é outro nível. Passei as mãos por alguns moveis e sentei na cama. Ui, era macia.

Levantei ao ouvir Adrien cantar e apoei as mãos na grade da varanda. Ok, não é como se Adrien cantasse mal, mas ele ainda era um babaca.

Eu ri ao pensar que Lila teria um surto se soubesse que estou no quarto de hóspedes de Adrien Agreste. A situação era ridícula.

Ele cantava olhando para mim algumas vezes, e prestei atenção na letra.

Miraculous? Parecia ser a letra.

Mas então voltei ao foco da vida real, eu tinha que voltar para casa. Desci as escadas e entrei em uma garagem com vários carros: cinza, amarelo, vermelho e azul. 

—Oi, para onde você vai?- Eu devia ter previsto que ele tinha me seguido.

—Pra qualquer lugar-

—O que eu fiz agora?-

—Você disse que ia me levar para casa. Quando?-

—Pode escolher o carro que eu te levo-

—Não-

—Tá, vamos andando. Onde sua avó mora mesmo?-

—Hollywood-

—Que ótimo! A gente chega lá. Na terça-feira-

—Ok-

—Ok?-

—Mas com uma condição: você me leva direto para lá, eu desço e você volta para a sua vidinha fabulosa-Ele deu de ombros e abriu a porta do carro cinza. Com um sorriso debochado, fui no vermelho.

—Pra que? Pra que fazer isso?Eu não entendo- Ele buscou as chave e entrou no carro. Nós saimos da garagem e agóra estávamos na rua.

Bufei quando ele colocou uma de suas músicas e passou a cantarolar.

—Quer parar?-

—O que?Achei que você gostasse-

—Aham, deixa eu advinhar:você achou que eu estava louca para andar de carro com Adrien Agreste enquanto ele canta um de seus sucessos. Um sonho que vira realidade para uma fã!-Agitei os braços com um sorriso falso-Só tem um problema: não sou sua fã-Seu sorriso murchou.

—Você não... gosta da minha música?-

—Ah, eu até gosto da sua música, só que eu não sou maluca por você-

—Mas... você nem me conhece-

—Exatamente-

—Eu acho que... se me conhecesse ia gostar de mim-

—Ah, vira aqui-Ele virou o carro e estacionou.

—Valeu pela carona-

—EI, olha, Marinette, eu só quero que você saiba que eu sinto muito.-

—É, eu percebi, já acabou?-

—Já... então tchau-Abri a porta do carro e logo a de casa que, felizmente, estava aberta. Peguei a jarra com o suco na geladeira e despejei tudo no copo por não ter sobrado tanto do almoço. Eu estava morrendo de sede. Ia subir para meu quarto se não ouvisse batidas na janela. Ao escancarar a cortina, vi Adrien Agreste agachado.

—Vai embora!-

—Eu te dou 5.000 dólares se me fizer um favor.- 

—Se vai me pagar, não será um favor.-

—Então isso é um sim?- Mordi o lábio inferior. Ele já tinha sido muito legal comigo por me dar a carona, por isso aceitei.

Certo, Adrien Agreste ficaria escondido na minha garagem.