Wicked Love. escrita por Beatriz


Capítulo 6
Capítulo 6: Laito.




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Antes mesmo de amanhecer e as aulas terminarem, Cordelia interceptou Laito no meio do caminho que ele estava fazendo de uma sala de aula para outra. No corredor da escola, ela parou bem na frente dele, impedindo sua passagem. Todos os alunos que estavam no corredor abriram caminho para ela e, após isso, ficaram parados, admirando a vampira como já era de costume. Os olhos cor de esmeralda de Cordelia encararam Laito com uma intensidade que faria qualquer moleque cair aos seus pés.

— Me acompanhe até a minha sala, Laito — ela disse, passando a ponta do indicador no queixo dele.

Sem esperar uma resposta, ela passou por Laito, caminhando na direção de sua sala e deixando um rastro de perfume caro e importado no caminho. Ao seu lado, Laito sentiu os olhos de Ayato o encarando, mas não retribuiu o olhar do irmão, indo atrás de Cordelia logo em seguida.

A sala da vampira era a sala da diretora, a qual ficava no último andar da escola. Era a sala mais escondida do prédio, talvez porque Cordelia gostava de privacidade para fazer ali naquele cômodo o que quisesse e com quisesse. Laito seguiu naquela direção se sentindo ansioso para saber o que Cordelia poderia querer com ele. Quando chegou a frente da porta de carvalho nem precisou bater apenas foi entrando. Dentro da sala, a vampira estava sentada em sua mesa, a fenda em seu vestido aberta o suficiente para que sua coxa pudesse ser vista.

— Ah, Laito — Cordelia disse com uma voz melodiosa, estendendo o braço para ele. O vampiro se aproximou, segurando a mão da mãe. Ela conseguia ser ainda mais gelada que ele. — Senti sua falta, sabia?

Ela entrelaçou seus dedos aos dele e o puxou para perto, o encaixando entre suas pernas, seu vestido subiu o suficiente para parecer uma blusa. Uma vez entre as pernas da vampira, Laito não demonstrou qualquer resistência, ficou ali como um fantoche, deixando-se ser controlado por seu titereiro. Cordelia segurou a gola do uniforme do filho e o puxou para o lado, abrindo dois botões com os dedos. O pescoço de Laito ficou exposto e as presas da vampira afundaram ali sem qualquer hesitação.

Cordelia tomou tanto quanto queria e quando se satisfez limpou o pescoço do menino com a língua, lambendo até a última gota. Nos braços dela, Laito parecia alheio a tudo aquilo, como se estivesse sem qualquer consciência do que estava acontecendo.

— O que você quer? — ele perguntou por fim, quebrando o silêncio.

Contrariada com o fato do filho ter “desfeito” o momento, ela o empurrou para trás, fazendo o menino cambalear alguns passos até parar a centímetros dela. A vampira se levantou da mesa, limpando o canto dos lábios pintados de vermelho vivo.

— Sabe, Laito — ela virou lentamente para ele, olhando em seus olhos. —, você está diferente. É por causa daquela garota?

Laito sabia que Cordelia estava se referindo a Maya e que ela queria ouvir como resposta que ele não estava diferente e que não se importava com vampira, mas resolveu não falar nada, apenas ficou encarando a mãe como se ela não tivesse feito pergunta nenhuma. Isso irritou Cordelia que fechou a cara e se aproximou do filho mais uma vez, quase encostando seu nariz ao dele.

— Não sei se gosto desse seu silêncio, Laito — ela disse, subindo uma mão pelo peito dele até envolver o pescoço do garoto. Suas unhas extremamente pontudas apertaram a pele branca. Ela aproximou o rosto do ouvido dele. — Espero que o fato dela estar aqui não atrapalhe seu julgamento do que é certo e errado. Você sabe muito bem que o lado que você tem que escolher é sempre o meu — sussurrou.

— Sim, mãe — ele respondeu ainda que não fosse uma pergunta, como se estivesse em transe.

Com o sorriso cínico de volta aos lábios, Cordelia gemeu de prazer com o que o filho havia dito. Ela soltou o pescoço do menino, subindo sua mão para o rosto dele. Passou a mão pela bochecha, acariciando-a, e depois pelos cabelos ruivos dele. Laito era tão parecido com o pai que Cordelia poderia fingir facilmente que era Karlheinz ali e não seu filho. Seus olhos brilharam.
— Você sempre foi meu preferido, Laito — ela disse, baixinho, olhando nos olhos dele. — Você sabe disso, não é? — era uma pergunta retórica, mas ele balançou a cabeça afirmativamente mesmo assim. — Nunca esqueça.

Ela tirou a mão do rosto do menino e segurou uma mão dele, o guiando até a sua cadeira. Uma vez sentado ali, Cordelia sentou-se novamente em sua mesa, de frente para ele. Ela passou a mão novamente pelo rosto do filho, erguendo a cabeça dele para olhar para ela. O verde dos olhos de Laito, tão parecido com o dela, estavam opacos, sem vida. Era esse o efeito que Cordelia tinha sobre ele: ela sugava sua vitalidade, até a última gota.

— Chamei você aqui porque quero falar com você sobre a mais nova invençãozinha dos Kuran — ela disse, finalmente entrando no assunto. Laito não poderia estar menos interessado, mas não disse nada. — Eles estão desenvolvendo pílulas para substituir o sangue humano que nós bebemos — ao lado de Cordelia havia uma taça com sangue fresco, na qual ela enfiou o indicador e passou o líquido pelo lábio inferior do filho, manchando-o de vermelho como os dela. — Sabe esse gosto? — ela separou um pouco os lábios do filho, deixando que ele sentisse o gosto do sangue em sua língua. — Pode esquecê-lo se essas pílulas realmente forem desenvolvidas e colocadas a venda. Você quer isso? — ele balançou a cabeça, negando. — Eu também não — ela abaixou o próprio rosto, passando a língua pelo lábio do menino, limpando-o. — Por isso preciso que você faça algo para mim.

— O que? — ele perguntou baixinho.

Cordelia soltou uma risadinha, os olhos brilhando no escuro da sala. Ela adorava quando Laito ficava tão submisso a ela; tão parecido com Karlheinz quando os dois estavam juntos. Era tão fácil domá-lo, ele sempre fora tão apaixonado por ela... Até que aquela outra mulher apareceu e ele deixou de ser. Mas isso não aconteceria com Laito, ele era dela e apenas ela poderia decidir quando despedaçá-lo.

— Vá até Kaname e diga que você e seus irmãos não irão apoiar isso — ela explicou. — O voto da família Sakamaki sempre tem um peso enorme entre os vampiros. Vocês são seis, a balança pode virar ao nosso favor.

— Não sabemos se os outros concordam ou não com isso — ele estava se referindo aos seus irmãos.

— Kaname não precisa saber disso, certo? — ela se levantou da mesa. — Agora pode ir embora. Se eu precisar de você de novo, mando chamá-lo.

Com movimentos mecânicos, Laito levantou da cadeira de veludo vermelho e se dirigiu até a porta, saindo do cômodo um segundo depois. Do lado de fora e longe da mãe, ele se sentia sujo. Poderia passar horas embaixo de um chuveiro, esfregando a pele até esfolar, mas nunca conseguiria se livrar da corrupção de Cordelia. As marcas das presas da vampira já haviam sumido de seu pescoço, mas seu veneno ainda percorria por suas veias. A vontade que ele sentia de se afastar dela era a mesma que ele sentia de voltar para ela. Cordelia era seu carma, o preço a se pagar por pecados que ele cometeu apenas por ter nascido.

Laito não estava com cabeça para ir falar com Kaname nesse exato momento, então faltou a última aula do dia e se trancou na sala de música, onde poderia encontrar paz no piano. Ele tocou a música “eyes on fire” nas teclas até seus dedos ficarem dormentes. Mas ele nunca conseguia chegar ao final. Os dedos da mãe percorrendo sua pele deixaram um rastro de degradação por onde passaram. Ela ainda podia sentir o gosto dela em seus lábios no mesmo momento em que se lembrava do encontro que teve com Maya nessa mesma sala.

Em cima das teclas do piano, seus dedos pareciam ganhar vida própria; passaram a tocar ferozmente até o ponto em que Laito se viu as arrancando do piano. Uma por uma, brancas e pretas, soltavam-se do teclado, arrebentando as cordas dentro do instrumento. Um grito rouco e gutural emergiu de sua garganta, o levando a natureza mais animal de qualquer vampiro. As presas dele eram bem visíveis por trás dos lábios. Laito só parou quando jogou o piano do outro lado da sala, provocando um ruído tão alto que reverberou por todo o andar em que ele estava.

Ignorando isso e o instrumento quebrado, ela saiu da sala, esbarrando em alguns alunos que já estavam saindo das últimas aulas e enchiam os corredores. Ele foi até a sala onde ficavam os escravos de sangue e escolheu sua vítima. Uma menina de cabelos lilases como os de Cordelia e olhos vermelhos como os de Maya. Ele tomou até a última gota de sangue dela, expulsando a vida do corpo dela e aquele sentimento que não conseguia nomear de dentro de si.

—x—

Eram quase oito horas da manhã quando ele entrou no escritório de Kaname parecendo dono do local, sem bater na porta ou anunciar a sua presença. Ele não passava muito tempo com o vampiro, nem mesmo esbarra com ele nos corredores da escola, mas era impossível não perceber que ele estava um lixo. Estava sentado à sua mesa, segurando a cabeça com as mãos e parecendo tão louco quanto Laito estava momentos atrás. A única diferença era que Laito conseguia externalizar tudo isso, nem que fosse tirando a vida de uma menina inocente que teve o azar de se viciar na mordida de vampiros, e Kaname, para manter a pose de herói, guardava tudo para si.

Assim que Laito fechou a porta atrás de si, Kaname ergueu o rosto para ver quem era seu visitante. Seus olhos castanhos estavam pintados de vermelhos e as presas bem visíveis. O que quer que tivesse deixado vampiro assim merecia um prêmio, pois ele sempre foi a personificação da calma.

— O que você quer? — Kaname rosnou na direção de Laito. O ruivo riu.

— Manhã difícil, Kuran? — provocou, sentando-se ao sofá que havia na sala.

— Se você não tiver nada de importante, eu sugiro que vá embora — ele disse, ficando de pé.

Kaname ficou de frente para a janela da sala, encarando o sol, quase como uma penitencia, pois a luz solar incomodava olhos vampiros. Laito sorriu, pensando que Kaname era masoquista no nível de lidar com a sua dor infligindo mais dor a si mesmo e tudo isso sem tomar sangue humano. O quanto ele se odiava, Laito não sabia nem mensurar.

— Vim falar sobre essas pílulas de sangue que a sua querida família está produzindo — Laito respondeu, ficando de pé.

— Ainda não está nada confirmado, estamos na fase de testes — Kaname olhou para Laito pelo canto dos olhos.

— Não me importa em que fase está, meus irmãos e eu somos completamente contra isso — ele disse. — Já basta esse tratado de paz hipócrita, não vamos abrir mão de sangue humano para poupar a vida daqueles caçadores de merda. Por mim poderiam morrer todos eles.

A fúria que estampou o rosto Kaname, normalmente livre de qualquer emoção, não poderia ser colocada em palavras. Ele atravessou a sala como um raio, pegando Laito pelo pescoço e o bateu contra a parede da sala. No mesmo lugar onde ele tinha passado a língua no pescoço de Kaori agora havia gesso quebrado pela força do baque. Laito sorriu, as coisas estavam mais interessantes do que ele esperava.

— O que você e seus irmãos acham não importa. Vocês vão seguir o que o tratado de paz designar, querendo ou não — os olhos de Kaname voltaram a ficar vermelhos. Ele estava parecendo um animal.

— Vocês, Kuran, mantendo a pose de bonzinhos, mas são um bando de hipócritas — Laito disse, olhando nos olhos do vampiro. — Você acha que eu não consigo sentir o cheiro de humano em você? Você sai por aí pregando que deveríamos viver de sangue de coelho e fica se esfregando em humanos às escondidas — no fim, as presas de Laito despontavam de seus lábios, ameaçadoras.

Laito percebeu uma certa hesitação no rosto de Kaname, mas foi apenas em uma fração de segundos. Tão rápido que poderia ter sido coisa da sua cabeça.

— Minha família é tão antiga quanto a sua, vampiros puro sangue respeitam uns aos outros e mesmo assim você ousa mostrar suas presas para mim. Eu desprezo você e toda a sua família, Laito Sakamaki.

— E eu desprezo mentirosos como você que negam a própria natureza — Laito ergueu uma mão, cravando as unhas no peito de Kaname, na altura do coração. Um fio de sangue escorreu por baixo da blusa preta do vampiro e seu rosto sofreu um espasmo de dor. — Você é um vampiro tão patético que sente dor com uma coisa mínima dessas. Eu poderia arrancar seu coração agora e você morreria na hora. É um vampiro desses que eu devo respeitar? Preferia a morrer.

Os olhos de Kaname voltaram ao costumeiro castanho e ele soltou o pescoço de Laito bruscamente. O ruivo ajeitou o uniforme e o chapéu fedora que quase havia caído de sua cabeça. Com um ódio silencioso, ele encarou a nuca de Kaname que estava de costas para ele, apoiado em sua mesa.

— Nós não vamos mais seguir essas ideias ridículas sua e da sua família sem dizer nada. Se vocês querem brincar de humanos, problema é de vocês. Eu não vou fingir ser algo que eu não sou para agradar a minha comida — Laito caminhou até a porta, girou a maçaneta, mas antes de sair disse: — Esse tratado é uma farsa, todos nós sabemos disso. Um dia todos os vampiros vão cansar de brincar de casinha e você já sabe de que lado os Sakamaki vão estar.

Ele saiu antes que o outro vampiro pudesse falar mais alguma coisa e escutou o som de algo quebrando lá dentro, como se Kaname tivesse jogado algo na parede. Laito riu no silêncio do corredor. Idiota, pensou. Kaname podia quebrar a escola toda se quisesse isso não mudaria o fato de que Laito estava certo em tudo o que disse.

Do outro lado do dormitório masculino, onde ficavam seu quarto e o de seus irmãos, havia uma sala de descanso onde os seis, inevitavelmente, acabavam se encontrando por acaso. Dessa vez não foi diferente. Quando Laito entrou ali dentro, Subaru e Ayato estavam cada um em um canto da sala fazendo algo. Ayato estava jogando dardos e Subaru estava amolando a adaga que havia ganhado de presente de Karlheinz; os dois em um silêncio mortal, coisa que já era costume entre os irmãos. Quando não estavam se provocando, estavam silenciosos como um cadáver na presença um do outro. 

— Só para vocês saberem — Laito começou assim que fechou a porta. —, aqueles escrotos dos Kuran estão desenvolvendo umas pílulas de sangue que vão querer enfiar goela abaixo na gente e nós somos totalmente contra.

— E você decidiu isso por nós seis? — Ayato perguntou, sem tirar os olhos do alvo. Ele arremessou um dardo que parou no circulo do meio. 100 pontos.

— Cordelia decidiu — admitiu. — E ela está certa. Daqui a pouco vamos ter que tomar água benta para tentar ser “mais humano” — ele se jogou no sofá ao lado de Subaru que resmungou um palavrão com o incômodo.

— Que essa seja a última vez que você dá a sua opinião e da sua mãe em meu nome — Subaru disse, ficando de pé e olhando ameaçadoramente para Laito.

Ele guardou a adaga e saiu da sala, deixando Laito e Ayato sozinhos. O gêmeo de Laito saiu de onde estava e sentou-se em uma poltrona ao lado do irmão.

— Estou me sentindo meio inspirado hoje — ele disse. — Vou dar um jeito de encontrar com Maya. Ela anda meio esquiva, você não acha?

— Como a Maya é ou deixa de ser pouco me importa — Laito respondeu, pegando um livro que estava largado ao seu lado no sofá e abrindo em uma página qualquer. — E por que você está me contando seus planos?

— Como eu disse — Ayato se levantou e se espreguiçou. —, estou me sentindo inspirado.

Ele abriu aquele sorriso que não se decidia entre a rebeldia e a malícia e deixou a sala também, deixando Laito sozinho no silêncio. Ele passou os olhos pelas letras nas páginas do livro, mas não conseguiu se concentrar em nenhuma delas. Frustrado, jogou novamente o objeto no sofá e encostou-se ao encosto do mesmo, apoiando sua cabeça ali. Ele pensou na sala de música e no piano quebrado, esperava que o trocassem o mais rápido possível. Ele não ia conseguir ficar muito tempo sem tocá-lo.

Embalado pelo cansaço e pelo silêncio que estava na sala, ele fechou os olhos e teria começado a cochilar se uma lembrança não tivesse se esgueirado sorrateiramente pelos cantos da sua mente, tomando forma em seus pensamentos como um sonho. A lembrança era uma conversa que teve com seu pai no momento em que saiu do “castigo” que o próprio Karlheinz havia o colocado, trancado-o no calabouço da casa deles por causa de Cordelia. Isso havia acontecido há quatro anos, mas toda a situação ainda estava bem vívida na cabeça de Laito.

Eu vou acabar com você! — Laito vociferou para o pai, cheio de ódio. — Com todos vocês! Começando por aquela vadia da Cordelia.

Karlheinz, que andava calmamente ao lado do filho, olhou bem sério para ele.

Mais respeito com a sua mãe — disse.

Mãe… Tsc — Laito estalou a língua com desdém. — Me usar sexualmente para satisfazer a vontade que ela tem de você não é o que uma mãe faria. Ela não passa de uma grande vadia.

O tapa que Karlheinz lhe deu no rosto foi tão inesperado que Laito levou alguns segundos para entender o que havia acontecido, até sua bochecha começar a arder. Enquanto o pai olhava friamente em seus olhos, Laito riu, levando uma mão à bochecha vermelha e observando o pai. Ele finalmente percebeu o porquê de Cordelia ter o escolhido como amante: a semelhança entre ele e o pai era surpreendente. A única diferença era a cor dos olhos, enquanto os de Laito eram de um verde intenso, os de Karlheinz brilhavam em uma fúria escarlate. A semelhança entre os dois enfureceu tanto Laito que ele acertou um soco no rosto do homem sem nem parar para pensar no que estava fazendo. Karlheinz acabou cambaleando para trás, mas quando se recompôs, olhou com mais ódio ainda para o filho.

Eu odeio você Laito disse. E vou destruir toda essa sua família perfeita.

Seu problema é comigo, Laito, deixe os outros fora disso. Se quer destruir alguma coisa, destrua a mim.

Que graça teria te matar? ele perguntou, sorrindo com malícia. Vou começar com a sua nova esposa, depois o seu filho mais novo e… Laito alargou mais o sorriso, se aproximando mais do pai. Finalmente vou chegar a sua filhinha favorita. Vou destruir cada parte dela, vou quebrá-la do seu coração até sua alma. E sabe o que vai ser melhor, Kalrheinz? Ouvi-la implorar por mim, implorar para eu continuar a machucando porque ela vai gostar de toda a dor que eu vou causar a ela.

O pouco de calma que ainda restava em Karlheinz sumiu ao ouvir o filho dizer aquelas palavras. Com um braço, ele encostou Laito na parede, apertando o pescoço do menino com o antebraço.

Você nunca vai chegar perto dela, Laito — ele disse. — Eu achava que você podia ser melhor, que podia mudar, mas você é tão podre quanto sua mãe. Não vou deixar você machucar a sua própria irmã.

É o que nós vamos ver — Laito disse com um pouco de dificuldade.

Karlheinz soltou o filho bruscamente apenas para segurar seu braço com força e arrastá-lo até o carro. O menino foi sorrindo o caminho todo, se certificando de manter essa expressão inabalável no rosto enquanto seu pai o observava pelo retrovisor do veículo, mas, internamente, ele pensava que ser comparado com Cordelia havia doído mais que qualquer soco ou tapa que seu pudesse lhe dar.

Quando a memória se desfez em sua mente, Laito lembrou-se também do dia anterior quando Karlheinz apareceu na escola e o chamou para conversar em particular. Ele havia tentado mudar a cabeça de Laito, tirar essa ideia de vingança de sua mente, mas não havia funcionado. O garoto estava mais determinado que nunca. E como em uma passe de mágicas, ele sentiu a presença da queridinha de seu pai se aproximando. Sem abrir os olhos, ele escutou os passos se aproximando e a porta da sala sendo aberta. Ele sentiu, como um predador caçando sua presa, a hesitação dela ao vê-lo sozinho ali. Mentalmente ele sorriu.

— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou, sem olhá-la.

— Estou procurando o Reiji — ela respondeu, mantendo distância.

Laito abriu os olhos e levantou a cabeça para encarar a menina. Ela não estava usando o uniforme da escola e Laito se surpreendeu por ela estar acordada a essa hora da manhã. Os cabelos longos dela estavam presos em um rabo de cavalo, o que deixava seu pescoço bem exposto. Laito sentiu vontade de afundar as presas ali.

— Ele é um professor, não fica no mesmo dormitório que os alunos — Laito explicou. — Você é burra?

— Vai se foder.

Maya se virou para sair da sala, mas, antes que conseguisse abrir a porta, foi surpreendida por Laito, que apareceu ao seu lado, segurando a porta para que não fosse aberta. Ela parou com a mão na maçaneta, sem olhar para ele, mas sentindo muito bem sua presença tomando conta de todo o cômodo.

— Olha a boca — ele disse, baixinho. — Eu estou sendo bem paciente com você, mas se você abusar muito — ele segurou o queixo dela, virando o rosto da vampira para ele. —, vou ter que tomar alguma atitude. O que você quer com Reiji?

— Não é da sua conta. E, sinceramente Laito, me deixa em paz — ela empurrou o vampiro para trás, mas não conseguiu tirar o sorriso do rosto dele. — Se não, quem vai tomar alguma “atitude” vai ser eu.

Ela saiu rapidamente da sala e Laito se encostou na parede, rindo. Onde Maya havia tocado em seu abdômen um calor havia se espalhado. Ele tocou o local, pensando nos olhos brilhantes dela. Vermelhos como o sangue que corria em suas veias.

— Você está brincando com fogo, Maya — ele disse para o silêncio da sala, pensando no rosto dela, tomado de raiva. — E eu mal posso esperar para me queimar.


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