Wicked Love. escrita por Beatriz


Capítulo 18
Capítulo 18.




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Após deixar Kaori em seu quarto, dormindo tranquilamente, o dia de Senri começou a ir por água abaixo. Ele não havia conseguido dormir nem por alguns minutos. Apenas tomou um banho quente quando chegou em quarto e tentou ignorar Kaname o resto do dia. Por ser um Puro-Sangue, ele simplesmente conseguia emanar aquela aura que incomodava todo mundo quando estava com raiva.

Enquanto a água escorria por seu corpo, Senri pensou na caçadora, no momento em que ela estava em seus braços, sem preocupações ou medo. Ele queria que Kaori sempre se sentisse assim perto dele: segura. Faria o possível para que isso acontecesse. Encostando a cabeça no azulejo frio do banheiro, Senri fechou os olhos. Sua mente divagou, ainda pensando em Kaori com ele na floresta. Seu rosto tranquilo, seu toque na cintura dela coberta pelo vestido, os lábios e as bochechas vermelhos de frio, os fios castanhos de seu cabelo balançando suavemente à medida que ele avançava pela floresta...

Quando abriu os olhos, Senri estava com os olhos vermelhos e as presas à mostra. Lembrou-se do gosto do sangue dela e se sentiu tentado a voltar ao dormitório da caçadora. Uma ereção começava a aparecer entre suas pernas. Alguém bateu na porta do banheiro o fez sair de seus pensamentos e corar com a situação em que se encontrava. Terminando o banho rapidamente, ele se enrolou em sua toalha e saiu para o quarto. Lá dentro, ele encontrou com Ichijou.

— Desculpe, não sabia que você estava tomando banho — o loiro disse.

— O que você quer? — Senri perguntou, dirigindo-se ao seu closet para trocar de roupa. Não se sentia confortável despido na frente de outra pessoa.

— Apenas avisar que o Sr. e a Sra. Kuran querem que a gente vá almoçar com eles.

— A gente quem? — ele perguntou, olhando-se no espelho de seu quarto. Seus olhos estavam mais claros que o normal hoje.

— A gente, ué — Ichijou enfiou a cabeça no closet e encontro o olhar do amigo através do espelho. — Todo nosso grupo. A Sra. Kuran quer aproveitar que hoje está um dia mais quente.

— E se eu não fosse? — ajeitando a gola de sua camisa, Senri pensava apenas em procurar Kaori e passar o dia com ela de algum jeito.

— Por que você não iria? — Ichijou ergueu uma sobrancelha loira.

— Não sei se quero ficar perto de Kaname — ele virou-se de frente para o amigo. — Odeio mentiras e não estou a fim de continuar escutando as dele.

— O que você quer dizer? — Ichijou franziu o cenho.

— Você sabe muito bem o que eu quero dizer — ele respondeu, passando pelo loiro e saindo de closet. — Você já deve ter percebido também.

— Está falando da caçadora — Ichijou observou.

— Estou falando da caçadora — Senri concordou.

— Não acho que Kaname faria algo para nos prejudicar — Ichijou mentiu, escolhendo bem as palavras. — Ele é um Kuran e foi criado a vida toda para seguir os desejos de seu clã e dos clãs que o seguem. Alguma vez ele já foi irresponsável conosco?

— Me diz você — Senriu abriu a porta do quarto e saiu para o corredor. — É você que fica atrás dele como um cachorrinho.

— O que está acontecendo com você? — Ichijou segurou o braço de Senri.

— Só estou cansado.

Ele se afastou, deixando o amigo parado no meio do corredor. Sem ter muita escolha, ele acabou tendo que ir para esse tal almoço. Foi em um carro com Rima, Akatsuki e Hanabusa. Kaname, Ichijou, Ruka e Souen foram no carro que estava à frente deles. Senri foi o caminho todo olhando pela janela, se perguntando o que a caçadora estaria fazendo. ele esperava que ela não estivesse tão ansiosa para conversar com ele sobre os uniformes.

Lá na mansão dos Kuran, Senri se surpreendeu com o fato de que haviam outros vampiros ali além deles e do casal Kuran. Senri viu seu pai, Rido, com quem não trocou nenhuma palavra, o avô e a irmã de Hanabusa e alguns outros familiares de seus amigos. Rido ficou encarando o filho com aqueles olhos de cores diferentes e, se fosse criança, Senri teria corrido para se esconder, mas, sendo mais velho agora, sustentou o olhar do pai como um homem. Ele não assustava mais Senri.

Enquanto eles se organizavam para almoçar, Senri pensou no que Kaname havia lhe dito mais cedo naquele dia. Sobre a inveja, a obsessão que ele tinha em ser como o primo. Era verdade, tudo o que o Puro-Sangue havia dito. E aquilo ainda envergonhava Senri. Ele era obcecado por Kaname quando mais novo pelo único e simples motivo de que nunca foi tratado como um Kuran. Apesar de seus tios o tratarem muito bem e o amarem como sobrinho, nunca se deram bem com seu pai e, por isso, Senri acabava se sentindo excluído. Ele queria se sentir parte do clã, afinal ele realmente era, mas nunca se sentiu assim. Ninguém nunca o tratou como se realmente fosse um Kuran, nem mesmo seu maldito pai.

A história da família de Senri era ruim e até mesmo triste para quem via de fora. Seu pai, quando mais novo, era apaixonado por Juri e queria se casar com ela, porém a vampira sempre foi apaixonada por Haruka e o sentimento era recíproco. Eles casaram e, depois de algum tempo tentando, ela engravidou de Kaname e todo mundo ficou feliz. Menos Rido. Um dia, em um excesso de fúria por não ter conseguido o que queria, ele pegou a primeira humana que passou em sua frente, a transformou em sua amante e escrava de sangue e depois a transformou em vampira.

Nem todos os humanos conseguem passar por uma transformação, principalmente se quem o transformou for um Puro-Sangue. Sua mãe não foi a exceção. No início parecia tudo bem, após ser transformada, ela engravidou e deu à luz a Senri, porém, não muito depois disso, ela começou a, lentamente, perder a sanidade. Senri achava que isso se deu por um acumulo de coisas: o fato de Rido nunca ter a assumido como esposa, a transformação dando errado, a responsabilidade de ter que criar um filho sozinha... No fim, ela não se transformou em um Renegado, mas perdeu toda a sanidade e Senri perdeu toda a sua infância tendo que cuidar de uma mãe mentalmente instável.

As únicas vezes em que se sentia realmente uma criança era quando ia à mansão Kuran brincar com Kaname e com os outros. Lá ele podia agir de acordo com suas responsabilidades, dormir e acordar sem uma crise de ansiedade porque sua mãe estava aos berros no quarto ao lado. Foi quando ele começou a querer ser como Kaname, talvez sua vida melhorasse se fosse como o primo, ele pensava. Mas Senri apenas se enganava, pois nada havia de fato mudado e nunca mudaria. Depois que ficou mais velho, Senri queria acreditar que já tinha sua própria personalidade e sua obsessão por Kaname já havia acabado há muito tempo. Ele não acreditava que seu interesse por Kaori fosse por causa de Kaname, se recusava a pensar esse tipo de coisa.

 O almoço passou como um borrão para Senri. Ele não interagiu com ninguém e nem participou de qualquer conversa, preso em seu mundinho. Se perguntassem à ele sobre os assuntos discorridos, ele não saberia responder nenhum. Mais tarde, após eles terem terminado de responder e os jovens estarem reunidos juntos em uma das salas da mansão, Senri recebeu uma mensagem em seu celular. Era de sua mãe, perguntando quando ele voltaria para casa, provavelmente estava em um dos seus raros momentos de lucidez e lembrava-se de ter um filho em algum lugar do mundo. Ele apenas apagou a mensagem e enfiou o aparelho no bolso novamente.

— Então — a voz alta de Akatsuki chamou a atenção de Senri. —, ontem o querido Senri levou a humana para o meio de todo aquele mato — ele riu. Ruka e Hanabusa o acompanharam. — A pergunta que não quer calar é: ela tirou a calcinha para você?

Se olhares pudessem matar, Senri teria transformado Kain em pó. Ele não respondeu, o que fez com que Ruka respondesse por ele.

— Acredito que Senri não desceria tanto o nível transando com uma humana — ela falou a palavra “humana” com desprezo.

Ao seu lado Senri sentia o olhar do primo o perfurando, mas não olhou de volta. Kaname que pensasse o que quisesse, ele não estava nem aí.

— Até onde eu sei ela não é uma puta igual você, Ruka — Senri falou finalmente à cima das risadas. — Meu nível só abaixaria se eu te fodesse algum dia.

Um minuto de silêncio se passou até a vampira levantar-se de onde estava sentada. Olhos vermelhos e presas foram em direção à Senri, mas Ichijou a parou no meio do caminho. O vampiro não deu muita atenção.

— Como você ousa? — ela vociferou. — Só porque está entre os Kuran, está se achando um?

Senri levantou-se do sofá e caminhou para a porta. Antes de sair, ele escutou Kaname dizer “já chega, Ruka!” e a vampira calar como se tivesse levado um tapa na cara. O vampiro bateu a porta com força atrás de si e pegou um dos carros que havia vindo, deixando que os amigos se virassem para encontrar outro veículo quando voltassem. Ele saiu da mansão cantando pneus e, em alta velocidade, seguiu de volta para a Academia. Eles que se fodessem, pensou. Não precisava deles para nada.

O trânsito havia ficado um pouco difícil, mas Senri chegou à Academia dos Vampiros em pouco menos de 40 minutos. Ele estacionou o carro no estacionamento e foi procurar quem realmente lhe interessava: Kaori.

Estranhamente, a escola estava mais vazia que o normal. Talvez a maioria dos alunos tenha ido ver seus familiares ou algum namorado(a) fora da escola. Nem mesmo os Sakamaki estavam por ali. Ele achou isso bom, pois, talvez, Kaori se sentisse mais confortável em ficar próximo dele sem um monte de vampiros para fazer piadinhas e provocações. Após muito andar, ele a encontrou no jardim, treinando arco e flecha. Ela havia levado um alvo e estava prestes a lançar uma flecha. Senri ficou quieto, sem querer atrapalhar. A flecha acertou o meio do alvo.

A temperatura havia caído um pouco e Kaori estava usando um moletom três vezes o tamanho dela, short branco e um tênis branco. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e sua pele estava corada com o esforço que ela fazia com o arco.

— Você tem uma boa pontaria — ele disse, se aproximando dela com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

Kaori se sobressaltou, assustada com a companhia repentina, mas sorriu ao ver que era Senri ao seu lado. Ele queria que ela pudesse sorrir assim apenas para ele.

— O que está fazendo aqui? — ela apoiou o arco no chão. — Achei que estivesse fora da escola.

— Estava — ele olhou para o céu e fechou os olhos, suspirando. —, mas preferi voltar.

— Entendo — ele abaixou os olhos e voltou a encará-la. — Não pude lhe agradecer ontem, mas obrigada por ter me acompanhado e me levado até meu quarto.

— Sem problemas. Seu pé melhorou?

— Um pouco — ela sorriu. — Ainda dói um pouco, mas nada grave. Você me ajuda a levar de volta o alvo para a área de treinamento?

— Claro.

Sem esforço nenhum, ele levantou o alvo que Kaori tinha dado a vida para levar até ali. Os dois caminharam juntos e colocaram os equipamentos em seus devidos lugares. Quando saíram, foram direto para o refeitório tomar alguma coisa. kaori observou enquanto Senri misturava sua pílula de sangue com água. O comprimido efervescente se dissolveu rapidamente.

— Isso deve ser horrível — ela comentou.

— Um pouco — ele disse. — A gente acostuma depois de um tempo — o vampiro deu um gole e deixou a taça na mesma novamente. — Então, o que achou dos uniformes?

— Talvez minha teoria de que tenha sido alguém de fora das Academias esteja certa — ela respondeu, segurando seu café. — Mas ainda acho muito precipitado levar isso aos nossos diretores.

— Por que? — ele perguntou, curioso.

Kaori ficou em silêncio por um momento, pensativa. Senri analisou seu rosto e viu que a menina estava preocupada com algo. Segundos depois, ela suspirou e olhou nos olhos dele.

— Se eu lhe contar você promete não contar para ninguém? — ela perguntou.

— Pode confiar em mim — ele segurou a mão dela por cima da mesa. Kaori ficou um tempo olhando para as mãos juntas.

— Eu tenho um... — ela hesitou. — Noivo.

— Noivo? — o coração de Senri bateu forte em seu peito. Ela ainda não havia tirado a mão da sua.

— Sim, o nome dele é Zero, coisa de caçadores e casamentos arranjados, mas não é sobre isso que quero falar — ela fechou os olhos com força por um momento. — Enfim, ele tinha um irmão gêmeo, Ichiru. Esse irmão acabou desaparecendo na noite em que nossos pais morreram, meus e dele — ele queria que ela lhe contasse mais sobre isso, mas percebeu, pela expressão dela, que era um assunto delicado, então não forçou. — Por muito tempo pensamentos que ele estivesse vivo, mas depois de um tempo nos consolamos acreditando que ele também estava morto. Mas seu corpo nunca foi encontrado — Senri olhava profundamente nos olhos cor de âmbar dela. — Quando você deixou os uniformes no meu quarto e fui analisa-los, algo me chamou atenção no bolso do uniforme dos caçadores. Era um guizo. Ichiru usava guizos para prender os cabelos, pois sempre teve os cabelos maiores que os de Zero. Ele sempre usava um rabo de cavalo.

— Você acha que...

— Não sei — Kaori o interrompeu afastando sua mão da mão do vampiro. — Não quero pensar nisso, estou com medo do que posso descobrir caso eu pense demais.

A conversa foi interrompida quando o celular da caçadora vibrou em seu bolso. Senri a observou pegar o aparelho e ler a mensagem que havia chegado. Ela arregalou os olhos e toda sua expressão corporal mudou. Ela começou a tremer e se levantou tão rápido da cadeira que a mesma caiu no chão, fazendo um barulho audível.

— Está tudo bem? — ele perguntou, encarando-a.

— Não — ela respondeu, sem fôlego. — Preciso ir. Aconteceu algo muito sério com... — ela olhou para o vampiro. Seus olhos estavam marejados. — Nos falamos depois.

Kaori saiu correndo do refeitório e Senri levantou-se, querendo ir atrás dele, mas se deteve. Pelas janelas do refeitório ele a viu correr para a floresta, desaparecendo em meio às árvores, em direção à Academia dos Caçadores.

— x —

A mensagem que Kaori havia recebido era Yori. Sua amiga havia dito que ela devia ir o mais rápido possível para a Academia dos Caçadores, pois Kaito e Zero haviam chegado de viagem e Zero não estava nada bem. Aquilo fez seu coração palpitar. Ela correu pela floresta sem prestar atenção nos galhos que feriam sua pele ou na dor em seu pé, só queria chegar lá o mais rápido possível. Queria ver Zero. Qualquer pensamento sobre Ichiru sumiu de seus pensamentos.

Quando os portões da academia ficaram visíveis, Kaori não hesitou em entrar por eles. Ela nem dirigiu a palavra aos guardas que estavam patrulhando por ali, apenas continuou seu caminho até a enfermaria. Lá dentro, parecia que tinha corrido uma maratona. Estava ofegante, com os cabelos bagunçados, o rosto vermelho. Ela se jogou contra o balcão da recepção, assustando a atendente que lhe informou o quarto em que Zero estava. Ela correu até la.

Através das janelas de vidro, Kaori viu seu noivo deitado em uma maca com vários aparelhos e tubos em seu corpo. Ele estava de olhos fechados, como se estivesse dormindo. Porém, antes que pudesse entrar no quarto, Sebastian a segurou pelos braços, impedindo-a de continuar.

— Me solta! — ela gritou com a voz embargada. — Zero! ZERO! — ela o chamou, mas o menino de cabelos brancos não esboçou nenhuma reação.

— Kaori! — Sebastian a segurou com força, machucando um pouco seus braços. — Calma! Escuta!

— Me solta, Sebastian, preciso vê-lo! — ela já estava chorando livremente agora.

— Olha aqui — ele a balançou bruscamente, forçando-a a olhar para ele. — Escuta! Ele não pode falar com você! Está sedado, não vai nem lhe escutar! Se acalma!

Ela começou a soluçar enquanto as lágrimas rolavam por suas bochechas frias, mas Kaori parou de lutar contra Sebastian. Nesse momento, Yori e Kaito se aproximaram deles, vindo pelo corredor. Kaito estava com a cabeça enfaixada e alguns machucados pelo corpo.

— O que aconteceu? — ela perguntou e percebeu a presença de Kaito. — Que merda aconteceu com ele?!

— Estávamos voltando de carro e fomos atacados por vários Renegados — Kaito respondeu. — Tudo foi muito rápido. Nosso carro capotou, Zero foi arrastado de dentro dele. Eu consegui sair para tentar salvá-lo, mas ele foi mordido.

Kaori olhou para o noivo pela janela e viu o curativo enorme em seu pescoço. Ela sabia como a mordida de um Renagado podia fazer um estrago enorme, como podia matar.

— Desculpe, Kaori, foi tudo muito rápido — ele abaixou a cabeça.

— Mas ele está bem, certo? — agora ela olhava desesperada para Sebastian. — Ele vai ficar bem?

Sebastian balançou a cabeça.

— Não sabemos, Kaori. Quando ele chegou aqui já havia perdido muito sangue e o ferimento realmente é muito grave. Os médicos fizeram o que puderam, vamos apenas pensar positivo agora.

 Kaori se soltou bruscamente de Sebastian e entrou no quarto de Zero, debruçando-se sobre ele. Ela o abraçou da melhor forma que podia e encharcou a camisola de hospital que o menino usava enquanto seu corpo tremia violentamente.

— Por favor, não morra — ela disse, baixinho, em meio às lágrimas. — Não posso perder você.

Zero era a única família que Kaori tinha. Além de ser seu noivo, amigo, namorado, era seu único porto seguro. O único que havia ficado próximo o suficiente dela quando seus pais morreram, o único que viveu o luto de perto com ela, que aguentou suas noites sem dormir, cheias de pesadelos e gritos no meio da noite, que chorou no colo dela enquanto ela chorava no dele. Ela não poderia perde-lo.

Horas mais tarde, depois que ela já havia recusado qualquer alimento que seus amigos oferecessem, ela continuava sentada ao lado de Zero, segurando a mão dele que estava fria e pálida. Ela estava parada como uma estátua, encarando-o, ignorando o desconforto em suas costas. Yori e Sebastian ficaram se revezando para checar se ela estava bem, mas a caçadora não lhes dirigia a palavra e eles já estavam começando a ficar preocupados. Ela só esboçou algum sinal de vida quando Klaus apareceu.

— Kaori? — ele tocou no ombro dela. A caçadora se sobressaltou e olhou para o homem. — Kaien está a caminho. Como você está?

— Preciso fazer alguma coisa — ela disse, voltando a olhar para Zero e ignorando a pergunta do diretor.

— Não há nada que você possa fazer, Kaori — ele disse, franzindo.

— Há sim — ela levantou, afastando-se dele. Klaus viu uma determinação que nunca tinha visto nos olhos dela.

Kaori contou ao diretor a ideia que havia tido durante todas essas horas passadas ali dentro daquele quarto. Quanto mais Kaori falava, mais desacreditado ficava Klaus. O que ela estava dizendo era algo impossível de ser feito, era considerado um crime. Ele nunca permitiria que ela fizesse isso, mas ao mesmo tempo ele nunca a tinha visto tão determinada em fazer algo. Ela não cederia com facilidade.

— Impossível — ele disse quando ela terminou de falar. — Você enlouqueceu se acha que vou deixa-la ir em frente com essa ideia.

— Você não pode me impedir — ela disse, com raiva, se dirigindo à porta.

— Eu proíbo você, Kaori! — Klaus virou-se para encará-la.

Ela abriu a porta do quarto, mas antes de sair disse:

— Então me mate bem aqui e agora porque esse é o único jeito de me parar.

Klaus ficou boquiaberto, mas não deu nem um passo para machucá-la. Ele sabia que não conseguiria e sabia também que Kaori estava certa, talvez fosse a única chance de Zero. Ele deixou que ela fosse embora e Kaori passou por Yori e Sebastian como um raio.

Ela estava ofegante quando chegou ao seu quarto. Desarrumou todo seu guarda-roupa enquanto trocava de roupa e colocava seu uniforme no banheiro. Sua mente estava um turbilhão e seu coração parecia prestes a sair pela boca. Quando ela finalmente colocou sua espada na bainha em sua cintura e se virou para sair do quarto, uma voz a fez parar na metade do caminho.

— Não precisa voltar até a Academia dos Vampiros, estou aqui.

Ao ouvir a voz de Kaname atrás de si, ela quase desabou ali mesmo. Estava tão aliviada por ele ter vindo. Kaori havia o chamado através da ligação durante todo o tempo em que estivera ao lado de Zero, mas ela não sabia se funcionaria, não sabia nem se ele se importaria o suficiente para vim até ela. Mas ele se importou e veio. Não falharia com ela, claro que não. Era Kaname afinal, o vampiro com quem estava ligada. Que moveria céus e terra por ela, que estava tão apaixonado por ela que seu corpo inteiro doía só de passar alguns segundos longe. Que nesse exato momento sentia seu coração afundar no peito vendo-a nesse estado.

— Kaname... — ela soluçou, levando uma mão à boca para impedir que um choro extremamente alto escapasse por seus lábios.

O vampiro se aproximou dela como já havia feito várias vezes antes para tomar seu sangue, para beijá-la. Dessa vez ele apenas segurou o rosto dela com uma mão e limpou algumas lágrimas com seu polegar. Ela tremia ao seu toque, tão frágil que Kaname imaginou que poderia quebra-la se fizesse um pouco mais de força.

— Estou aqui — ele disse, baixinho. — O que aconteceu?

— Ele está morrendo — sua voz saiu tão baixa que se Kaname não tivesse uma boa audição por ser vampiro não teria escutado. — Preciso da sua ajuda — ela segurou o caso dele com as duas mãos, desesperado. — Preciso... — mais um soluço interrompeu sua fala.

— Shh — ele passou uma mão pelos cabelos dela e a puxou gentilmente para si, envolvendo-a em um abraço até que ela parasse de tremer. — Tudo bem. Vai com calma.

Depois de alguns minutos, ela se acalmou o suficiente para contar tudo o que havia acontecido e tudo o que havia pensado para o vampiro. Ele escutou pacientemente e não ficou nem um pouco feliz ao saber que ela estava naquele estado por causa de outro homem, mas engoliu seu ciúme e não falou nada, apenas deixou que ela despejasse tudo em cima dele. Ele podia sentir o coração dela, tão acelerado que o sangue da caçadora corria rápido por suas veias. Em outro momento ele teria gostado de mordê-la agora, mas a hora não poderia ser pior para fazer isso.

— Você sabe que isso é considerado um crime, não sabe? — ela disse depois que ela terminou de falar.

— Sim — ela disse, se afastando um pouco dele e olhando em seus olhos. — Mas você fez comigo e não sei mais o que fazer. Ele é a única família que eu tenho.

Os olhos dela o encaravam, suplicantes.

— Isso pode quebrar a nossa ligação — ele disse, encarando-a bem sério. 

Kaname tinha duas opções: aceitar ou ir embora. Ele sabia que se fosse embora ela nunca mais olharia para ele, mas não queria arriscar quebrar a ligação com ela, não por um cara que só estava atrapalhando eles dois. Além disso, a ideia de ajudar outro caçador não lhe parecia boa e ele era egoísta o suficiente para se sentir contrariado.

— Como assim? — ela franziu o cenho, afastando-se um pouco dele. 

— Lembra quando eu disse para você que para um humano e um vampiro se ligarem através do sangue apenas é preciso que o humano tome o sangue do vampiro?

A caçadora balançou a cabeça, concordando, e Kaname viu em sua expressão quando a ficha caiu. Ele faria tudo o que ela pedisse, mas rezava, para qualquer Deus que pudesse ouvi-lo naquele momento, para que ela não aceitasse.

Kaori deu alguns passos para longe dele, sentando-se em sua cama e o vampiro virou de frente para ela, esperando uma resposta.

— Existe… — ela hesitou, engolindo em seco. — Existe outra maneira de ajudá-lo?

O rosto de Kaname continuava impassível, mas, internamente, ele sorriu, deu soquinhos no ar e comemorou como se tivesse ganhado na loteria. Então ela realmente não queria quebrar a ligação com ele. 

— Eu… — ela continuou. — Não acho que seja uma boa ideia você ficar ligado ao Zero, de qualquer maneira. 

— Eu posso chamar outro vampiro para ajudar — ele respondeu. — Um que não seja Puro-Sangue, pois seria mais difícil criar uma ligação entre eles.

Os olhos de Kaori cintilaram com a possibilidade e ela levantou da cama.

— Você acha que alguém aceitaria? — perguntou, mal contendo a ansiedade. 

— Acredito que sim — ele olhou pela janela do quarto dela. — Espere aqui. Eu já volto. 

Alguns minutos se passaram em que Kaori não conseguia conter a ansiedade, ficava andando de um lado para o outro e tentando não roer as unhas até sair sangue. Talvez Zero não tivesse muito tempo, o machucado estava feio; talvez Kaname não encontrasse ninguém, talvez não voltasse. Mas ele não mentiria para ela, mentiria? Kaori foi até o banheiro e jogou um pouco de água fria no rosto, tentando clarear os pensamentos. 

Não demorou muito para que ela ouvisse barulhos em seu quarto novamente. Quando saiu do banheiro, viu que Kaname havia voltado e sentiu um alívio tão grande que poderia ter desmaiado ali mesmo. Ele trazia consigo um frasco com um líquido cor de vinho dentro. Ela nem precisava sentir o cheiro para saber que era sangue.

— De quem é isso? — ela perguntou.

— Uma amiga — ele respondeu simplesmente.

Kaori sentiu uma pontada de ciúmes em seu coração, mas resolveu deixar para lá. Isso não importava agora. Juntos, eles saíram do quarto e seguiram juntos até a enfermaria. Atraíram muitos olhares durante o percurso, mas os dois seguiam de cabeça erguida, sem se importarem. Quando chegaram ao quarto de Zero, os outros caçadores que estavam lá, olharam para o casal assustados. Nenhum deles imaginava que Kaori falara sério sobre levar um Puro-Sangue até Zero. Mas ela havia dito e cumprido. Os dois passaram por Yori, Kaito e Sebastian, que os seguiram para dentro do quarto, onde Klaus estava junto de Zero.

— Kaori... — Klaus começou, mas ela ergueu uma mão para silencia-lo.

— Me desculpe, Klaus, mas não vou deixar Zero morrer. O sangue de um vampiro é a única chance dele e vou em frente com isso você querendo ou não — ela disse sem olhar para o caçador.

— Isso não vai acabar bem — ele insistiu.

— Estou disposta a correr o risco — ela trincou o maxilar e fechou os punhos ao lado do corpo.

Kaori não preciso apresentar Kaname para ninguém, todos ali sabiam quem o Puro-Sangue era e por isso ficaram tão chocados quando ele simplesmente apareceu seguindo a caçadora como se ela não fosse apenas uma humana que não significava nada para o vampiro.

Sem mais argumentos, Klaus cedeu e, mesmo que Sebastian protestasse, ele pediu que todos saíssem do quarto para vigiarem o corredor. Bem ali, todos prometeram que não contariam a ninguém o que aconteceria a seguir. Aos poucos, um por um, foram saindo do quarto, deixando Zero apenas com o vampiro e a caçadora. Quando o quarto ficou em silêncio, Kaname segurou os dedos dela com os seus. Kaori estava tremendo.

— Tudo bem? — ele perguntou. — Tem certeza disso?

Ela balançou a cabeça, concordando. O vampiro então se afastou dela e foi até o rosto de Zero. Ele abriu a tampa do frasco que havia trazido e o cheiro metálico que Kaori já conhecia muito bem impregnou o quarto. Com o outro braço, Kaname ergueu um pouco a cabeça de Zero e forçou o frasco a abrir a boca de Zero. O caçador não precisou de ajuda para beber, o líquido escorreu como água por sua garganta.

Kaori viu quando os olhos de Kaname mudaram de cor e ficaram vermelhos durante todo o processo. Era sangue afinal e ele era um vampiro. Quando finalmente acabou, Kaname guardou o frasco no bolso de seu casaco e se afastou da maca.

 Sem perder tempo, Kaori removeu com cuidado o curativo do pescoço de Zero e observou enquanto a ferida cicatrizava bem lentamente. Ela não conseguiu evitar a emoção e chorou de novo, encostando sua testa à de Zero. Kaname desviou o olhar diante daquela demonstração de afeto.

— Não foi o suficiente para criar uma ligação e por isso o ferimento vai demorar mais tempo para cicatrizar — disse, chamando a atenção da caçadora que olhou para ele. — Não vai ser igual como foi com você. Ele vai ter que ficar se cuidando por alguns dias.

— É claro — ela respondeu.

Após um momento, com o curativo em seu devido lugar, Kaori e Kaname saíram do quarto e encontraram-se com os outros caçadores. O vampiro despediu-se deles e seguiu em direção à porta sem mais nenhuma palavra. Não havia mais nada para ser dito entre eles. Kaori o acompanhou pela academia.

— Obrigada, Kaname — ela disse, quebrando o silêncio entre eles. — E desculpe por tê-lo envolvido nisso.

Uma brisa suave passou por eles e o vampiro deu meia volta para encará-la.

— Não precisa agradecer — disse — Ele vai melhorar logo.

Kaname deu meia volta para ir embora, mas Kaori se adiantou e segurou o tecido do casaco de Kaname, impedindo-o de continuar.

 — Espera — Kaori encarou as costas dele e esperou enquanto ele voltava a virar de frente para ela.

E ele esperou como ela havia pedido. Kaname a encarava enquanto ela criava coragem para encará-lo de volta. Primeiro, limpou os olhos úmidos, depois levantou a cabeça e seus olhares se encontraram. Ficaram alguns segundos assim enquanto Kaori decidia o que fazer. Quando finalmente tomou sua decisão, ela prometeu a si mesma que contaria tudo a Zero assim que ele acordasse e lidaria com as consequências. Então, ela deu alguns passos na direção de Kaname e, pela primeira vez desde que o vampiro criou a ligação entre eles, Kaori o beijou de livre e espontânea vontade.

Ela apenas encostou seus lábios aos dele e esperou que Kaname tivesse alguma reação, mas não teve, apenas ficou parado e foi apenas quando ela pensou em começar a se afastar que ele finalmente a envolveu com seus braços e aprofundou o beijo.  

— x —

Naquele dia, mais tarde, Zero ainda não tinha acordado, mas uma cor saudável já havia voltado ao seu rosto e o machucado realmente estava melhorando. Kaori pensou em continuar com ele o resto do dia, porém lembrou-se que havia deixado os uniformes que Senri lhe dera à plena vista em seu quarto na Academia dos Vampiros e não queria correr o risco de alguém encontra-los. Então, decidiu que voltaria lá.

Ela disse a Yori que precisava sair e que era para ela ficar com Zero. A menina atravessou a floresta novamente e entrou na outra academia como se fosse aluna, já estavam acostumados com ela apesar de ainda ser uma humana. Ela caminhou calmamente pelo pátio até chegar em seu dormitório. Estava tudo silencioso e sem vida como na primeira vez em que esteve ali. Ao entrar, ela encarou o sofá onde Kaname havia tomado seu sangue e ela pensou no momento em que eles se beijaram horas atrás. Ainda que tentasse resistir, ela estava sentindo falta do vampiro.

Dentro de seu quarto, Kaori enfiou os uniformes dentro de uma mochila que havia trazido consigo e, quando estava saindo, sentiu algo estranho. Sua garganta estava seca e se estômago embrulhou, como se estivesse enjoada. Kaori franziu o cenho e só entendeu o que estava acontecendo quando sentiu sede por sangue. O que era impossível, pois ela era humana, mas estava sentindo mesmo assim, o que só podia significar uma coisa: Kaname queria se alimentar. Por que ele não havia ido até ela era um mistério. Kaori observou a lua no céu e pensou que ainda tinha um tempo até Zero acordar. Estava enganada, mas ela não sabia disso.

O dormitório masculino também estava escuro e silencioso e a caçadora se perguntou se havia realmente alguém ali. Mas ela podia sentir Kaname e sabia que ele estava ali dentro, em algum lugar. A ligação à levou pelos corredores do dormitório até chegar ao escritório de Kaname, onde ele havia lhe contado sobre a ligação de sangue. Um pouco hesitante, ela abriu a porta lentamente. Lá dentro, ela viu Kaname sentado à sua mesa com a cabeça nas mãos, tremendo um pouco. Kaori deu um passo à frente e fechou a porta atrás de si.

— Você poderia ter me procurado — ela disse no silêncio do cômodo. Kaname ergueu os olhos vermelhos para ela, nem um pouco surpreso por ela estar ali.

— Você já está passando por muita coisa — ele disse com dificuldade e fechou os olhos com força, como se estivesse com dor.

— Nós fizemos um trato, esqueceu? — ela deixou a mochila em algum canto por ali e se aproximou da mesa, de frente para ele. Kaname não se moveu. — Pare de lutar contra isso. Estou aqui por você como vocês estava lá por mim — ela estendeu a mão na direção de Kaname.

— Odeio isso — ele disse, com dificuldade, ficando de pé. O vampiro caminhou até ela e Kaori deu as costas para a mesa, ficando de frente para Kaname.

— É o que você é — ela deu de ombros. — Você não pode fazer nada para mudar isso.

Kaname se aproximou dela e segurou a mesa atrás de Kaori, prendendo-a entre seus braços e se debruçando sobre ela. Kaori sentiu um frio na barriga, mas dessa vez já estava acostumada. O vampiro encostou a testa no ombro de Kaori.

— Você se arrepende?

Ela sabia que ele estava perguntando sobre o acordo que fizeram. Encarando um ponto qualquer na parede, ela lhe respondeu.

— Às vezes sim, às vezes não — ela podia sentir a respiração dele em sua pele. — No início eu odiava. Agora costumo pensar em você e no quanto deve ser doloroso tudo isso e fico feliz em poder ajudar — ela segurou o rosto dele e o forçou a encará-la. — Depois do que você fez por mim algumas horas atrás, tomei uma decisão. Cansei de mentiras. Não vou sair por aí contando para todo mundo sobre a nossa ligação, mas vou contar para quem eu confio e merece saber — ela estava se referindo principalmente a Zero e ele sabia. — Tudo isso entre nós dois ainda é complicado para mim e não sei o que vai acontecer daqui para frente, mas, mesmo lutando contra isso, simplesmente não consigo evitar. Pode ser a ligação ou não, mas... — ela corou um pouco. — Gosto de você, Kaname. Estou cansada de lutar contra isso, então, por favor, pare também.

Kaname a observou por um momento, absorvendo suas palavras. Ela não havia dito nenhum “eu te amo” ou “estou apaixonada por você”, mas apenas um “eu gosto de você” já era o suficiente para o vampiro por enquanto. Nunca, em toda sua vida, ele imaginou que estaria tão rendido assim por uma humana, mas ali estava ele, entregando seu coração, que há muito tempo ele nem lembrava que existia, nas mãos dela, para que ela fizesse o que bem entendesse.

Kaname sempre odiou ser vampiro, mas com Kaori o fardo se tornava menor, quase inexistente. Independente do que acontecesse com eles dali para frente, Kaname lutaria para que nada e nem ninguém a tirasse dele. Ele estava tão sedento por ela que não a beijou como costumava fazer, apenas aproximou o rosto do pescoço da garota e afundou suas presas na pele macia com tanta força que Kaori afundou as unhas no ombro dele, retesando seu corpo.

O vampiro a sentou na mesa, encaixando-se entre as pernas dela. Kaori estava de saia e ela levantou alguns centímetros preocupante quando Kaname abriu suas pernas, mas a caçadora não percebeu ou fingiu não perceber. Ela estava concentrada demais em outras coisas. Foi então que Kaname começou a desabotoar a blusa dela até conseguir deslizar tanto a blusa quando o blazer de seu uniforme por seu ombro. Mais alguns botões e ele iria poder tirar toda a parte de cima do uniforme.

— Precisamos parar — Kaname disse, tendo a consciência de que já havia tomado sangue demais.

— Eu não quero parar — ela sussurrou. — Eu sei que você não vai me matar. Continua.

É claro que ele não diria não e Kaori não precisou pedir duas vezes. Kaname afundou novamente suas presas nela e sugou o sangue que já estava tão viciado. Ele segurou a cintura dela e a puxou para mais perto, Kaori pôde então sentir o quadril dele contra suas pernas e sua ereção contra sua calcinha e ela pediu mentalmente para que ele arrancasse logo suas roupas, porém Kaname não estava com tanta pressa assim. Eles tinham bastante tempo.

Foi então que a caçadora começou a desabotoar a blusa que ele estava usando, e ela teria chegado até o final se os dois não tivessem sido interrompidos. A porta foi aberta com tanta força que se chocou com um estrondo na parede.

— Ei, você não pode entrar aí sem permissão! — a voz de Ruka estava aguda, mas ela se calou subitamente.

Então Kaori e Kaname se afastaram como se tivessem levado um choque. Ela pulou da mesa, mas Kaname a protegeu com seu corpo, com todo seu 1, 84 metros, quase bloqueando a visão dela completamente. O cheiro do sangue da caçadora começou a encher a sala, a blusa dela ainda estava parcialmente aberta e seu sangue escorria por seu pescoço e ombro. Ela poderia ter ignorado tudo isso se não fosse a visão que ela teve de Zero. Ela nunca esqueceria o olhar em seu rosto. A confusão passando para o entendimento e então para o nojo. A expressão dele ficaria marcada para sempre na memória de Kaori.

— Que porra é essa?! — a voz de Hanabusa cortou o silêncio como uma faca.

Nenhum dos amigos de Kaname que estavam ali, nem mesmo Senri acreditavam no que estavam vendo. E Kaori queria ter tomado a frente e o controle da situação, mas quando deu um passo a frente, sua cabeça girou e sua mente ficou turva. Talvez Kaname tivesse tomado sangue demais. Talvez eles devessem ter parado quando ele disse para parar. Talvez Kaori não devesse ter sido tão burra. Sua visão escureceu e ela desmaiou antes mesmo que qualquer ali tomasse alguma atitude.  


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