Wicked Love. escrita por Beatriz


Capítulo 16
Capítulo 16.




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Alguns dias se passaram desde que as caçadoras haviam se instalado na Academia dos Vampiros e, para a felicidade de uns e infelicidades de outros, Maya estava um pouco inquieta esses dias. Por causa de tudo que estava acontecendo. As caçadoras perambulando pela escola, mas principalmente porque todos os vampiros pareciam um pouco fora de controle enquanto aquela investigação continuava.

Ela mal via os meio-irmãos durante as noites (ou dias), o único com quem tinha um contato diário era com Luke, pois fugia toda manhã para vê-lo escondida e saber como estavam as coisas na Academia dos Caçadores. Estava tudo tão ruim quanto na dos vampiros, e ela nem estava surpresa. Com os ânimos a flor da pele, era comum ver brigas ocorrendo diariamente entre os alunos, principalmente aqueles que de alguma forma gostariam que as caçadoras sumissem dali magicamente.

Felizmente, Kaori e Yori pareciam estar lidando bem com a situação, não respondiam provocações, não se envolviam em brigas e pareciam sempre inabaláveis. Maya também não via a nova amiga com frequência, mas isso não impedia que Leone ou Mine fizessem muitas perguntas sobre essa estranha aproximação dela com uma humana. Maya devia saber que, no dia da revista nos dormitórios, dia em que foi conversar com Kaori em um dos quartos, as paredes tinham ouvidos.

— Acredito que você tem que tomar muito cuidado, Maya — Leone disse.

Após as aulas, elas foram visitar Yuri e Evan na enfermaria, pois eles haviam se metido em uma briga bem feia com alguns veteranos e, apesar de suas feridas já terem curado há algum tempo, eles estavam fingindo o suficiente para passarem mais uns dias “descansando”. Maya não julgava, se pudesse estaria ela mesma enfiada em sua cama também.

Agora as três estavam no refeitório, tomando sangue em uma lata de refrigerante. A mais nova invenção do mundo moderno era sangue artificial vendidos em latinhas, muito parecido com refrigerante. Apesar de ser bem doce, era bem gostoso.

— Concordo — Mine disse, comendo um onigiri. — Caçadores, por mais inofensivos que pareçam, não são confiáveis.

— Assim como nós vampiros — Maya completou. — Se ela tentar algo contra mim, vai se arrepender, mas não acredito que vá.

— Mesmo assim, tome cuidado — Leone insistiu.

— Eu sempre tomo — Maya piscou para ela e a amiga atirou uma batata-frita na vampira que errou por centímetros.

As três continuaram conversando sobre coisas triviais quando Kaname e seu séquito passaram por elas. O único que pareceu perceber a presença delas e as cumprimentou foi Akatsuki, pois ele estava saindo com Mine. Maya seguiu Kaname com os olhos enquanto ele se sentava em uma mesa bem afastada e se perguntou o que ele estaria tramando. Maya nem sabia porque estava tão interessada nele, tão preocupada que ele pudesse fazer algo estúpido. Ele que se entendesse com Kaori e seus desejos estranhos.

— Vocês não acharam estranho quando o Kuran se ajoelhou na frente da caçadora naquela noite? — Leone comentou, ainda encarando o Puro-Sangue.

— Não... — Maya ergueu uma sobrancelha. — Por que?

— Às vezes eu acho que ele é muito gentil e me pergunto se isso tudo não passa de uma farsa — a loira franziu o cenho. — Akatsuki fala algo para você, Mine?

A amiga de cabelos rosa terminou o sangue em sua latinha e deu de ombros, atirando o objeto precisamente dentro da cesta de lixo que estava há alguns metros de distância.

— Geralmente a gente só transa quando está junto — ela disse e Maya e Leone fizeram um cara de nojo. — Mas ele já comentou comigo que está achando Kaname muito estranho. Não entrou em detalhes.

O sinal tocou, anunciando que elas deveriam ir para a aula e encerrando a conversa. Maya agradeceu mentalmente. As três ficaram de pé e caminharam na direção da porta e saíram por ela, indo até seus armários para buscar os livros que precisariam.

— Mais uma aula do Reiji — Leone comentou, suspirando.

— É melhor a gente se apressar — Mine disse, fechando o armário. — Nem um milagre vai nos fazer ir bem no teste dele se perdermos uma aula.

— Eu nem ligo — Maya deu de ombros.

— Claro, ele é seu irmão — Mine olhou para ela como se fosse óbvio.

— Como se dividir o mesmo sangue o fizesse pegar mais leve comigo — Maya revirou os olhos e as amigas riram.

— Estou com inveja do Yuri e do Evan — Mine fez um biquinho.

— Eu juro que se aqueles dois não levantarem logo daquela maca vou eu mesma machucá-los de verdade — Leone disse, fechando o punho.

— Conta comigo, irmã — Maya concordou e elas fizeram um “high-five”.

Elas caminharam juntas até a sala de aula e sentaram-se em cadeiras próximas. A aula transcorreu normalmente, com Reiji ainda pegando no pé de Kaname. Maya não entendia como o Kuran conseguia ser tão burro, ele não podia pelo menos fingir que era normal e que não estava tomando o sangue de uma humana enquanto toda a geração de vampiros da sua família havia feito voto de castidade há 300 anos para nunca mais fazer isso? Ele era tão irritante e tão imbecil que Maya sentiu vontade de lhe dar um soco.

Após o fim da aula, Maya foi surpreendida quando Kaname a parou na porta e lhe entregou um convite de festa muito bem elaborado. Ele não falou nada após entregar, apenas saiu andando como se nada tivesse acontecido. Idiota, Maya pensou, abrindo o lacre do convite. Antes que ela pudesse terminar de ler, Shu parou ao seu lado, segurando um convite igual.

— É o aniversário da Sra. Kuran e nós estamos convidados — ele disse.

— A família toda? — Maya perguntou, fechando o convite.

— Os filhos mais velhos pelo menos, considerando que o Rei e a Rainha estão viajando à negócios — Shu revirou os olhos, enfiando o convite no bolso do uniforme. — Vamos representá-los.

— Nossa, como são pacifistas essa família Kuran, hein — Maya revirou os olhos, enfiando o convite no bolso também.

— Certeza que Juri engoliu em seco diversas vezes antes de mandar esses convites — ele riu, diabólico. — Não que eu não goste dessa convivência passiva-agressiva que temos.

— Por mim, nem tínhamos contato com eles, mas tudo bem, vamos fingir que nos amamos mais uma noite. Yay! — Maya disse, sem vontade, enquanto andavam pelo corredor.

— Meu sonho era que Kaname tivesse uma irmã para eu casar com ela e infestar a família deles com nosso “sangue ruim”.

— Nossa Shu, que ideia idiota. Dar a eles o privilégio de ter um Sakamaki entre os Kuran? 

Ele riu e olhou para Maya.

— Bom, até onde sei, um casamento entre você e o Kuran está sendo muito bem visto entre as duas famílias — Shu passou o braço pelos ombros da menina, a puxando para mais perto. — O que acha de ser a nova Sra. Kuran?

Maya levou o indicador a boca e fez menção de vomitar, tirando uma risada sincera de Shu.

— Prefiro a morte — ela respondeu.

— É uma pena você ser imortal então.

— Ah, não enche! — Maya deu um empurrãozinho nele.

Os dois foram até uma sala que era privativa para os Sakamaki, mais conhecida como “sala de jogos”. Era muito bom ser um Puro-Sangue às vezes e ter esses privilégios. Todos seus outros irmãos estavam lá, incluindo Laito com uma escrava de sangue. Reiji estava sentado, com o notebook aberto, provavelmente preparando os testes da semana que vem. Maya daria qualquer coisa para espiar as questões, mas era bem provável que ela perdesse os olhos ao tentar, então ficou quieta.

Ignorando Laito e a sucção audível que ele estava fazendo no pescoço da desconhecida, ela pegou uma bolsa de sangue e se jogou em um dos sofás. Olhando ao redor da sala, ela reparou pela primeira vez em um suporte para roupas parado no canto. Tinha alguns ternos e um vestido, ela franziu o cenho.

— O que é tudo isso? — perguntou.

— As roupas que vamos usar no aniversário da Sra. Kuran — Reiji respondeu, sem tirar os olhos da tela do computador.

— Agora eles escolhem o que vamos vestir? — ela pulou do sofá indo até o vestido que parecia deslocado entre tantas roupas masculinas.

Era um vestido longo, de um tom de rosa bem claro. Maya franziu o nariz diante daquilo e disse a si mesma que não colocaria aquele vestido nem que sua vida dependesse disso. Enquanto caminhava com Shu, ela já havia pensando exatamente em qual vestido usaria. Sem hesitar, ela jogou o vestido na lixeira mais próxima e se sentou novamente no sofá. Ayato havia se juntado à Laito no banquete humano.

— Você vai arrumar problemas — a voz de Kanato pegou a todos de surpresa. Ultimamente ele estava mais quieto que o normal.

— Como se eu me importasse — Maya respondeu, enfiando os fones no ouvido e aumentando a música no volume máximo.

— x —

Em alguns dias, tudo era muito parecido com a Academia dos Caçadores: Kaori e Yori eram mais ativas de dia que de noite. Elas faziam seu trabalho de manhã quando não havia nenhum vampiro para atrapalhar e de noite se recolhiam para seu dormitório improvisado. Em outros dias elas tinham que ficar acordadas até a manhã seguinte com os vampiros, tentando descobrir qualquer coisa relevante.

Hoje era um dos dias em que elas foram para o dormitório mais cedo, assim que o sol se pôs e os vampiros se levantaram. Nesse exato momento, elas estavam na cozinha, preparando algo para comer. Kaori e Zero não estavam se falando direito desde o momento em que ele descobriu que ela estava com os vampiros, ele estava furioso com Klaus por tê-la feito ir para lá, mas, felizmente, ele ainda não tinha voltado da viagem. Felizmente por que Kaori não queria ter que lidar com ele e com Kaname ao mesmo tempo.

E falando no Puro-Sangue, ele não havia mais procurado Kaori desde àquela primeira noite, a caçadora não entendia o porque e também sentia um pouco de raiva por desejar que ele viesse. Porém, apesar do sumiço dele, toda noite Kaori se sentia um pouco febril, um pouco excitada, como se ele a estivesse forçando à isso. Em algumas noites, ela conseguia usar a ligação sanguínea entre eles para ver o que diabos Kaname estava fazendo nesses momentos. As imagens que apareciam em sua mente eram muito turvas e com pouca visibilidade, mas, entre toda essa confusão, ela conseguia distinguir cabelos escuros, presas afiadas, olhos vermelhos, cílios grossos, cabelos rosé e muita, muita, pele nua. Não precisa ser um gênio para saber que Kaname estava transando e tomando o sangue de alguma vampira.

Em dias assim, a vontade de Kaori era ir atrás dele e xingar até a sua última geração, mas estava exausta demais para fazer qualquer coisa. Se ele quisesse ficar com outra pessoa, não era problema dela. Eles dois não tinham nada de qualquer forma. Apesar do coração dela ficar em pedaços, tentava não pensar em nada disso. Ela só queria saber uma forma eficaz de quebrar essa porcaria de ligação.

— Kaori? — a voz de Yori a tirou de seus pensamentos.

— Sim? — ela olhou para a amiga.

— Está tudo bem? — a outra caçadora a encarou, preocupada.

— Está sim — Kaori sorriu para ela. — Só estou cansada.

— Eu também estou — Yori admitiu. — Parece que tudo isso aqui está sendo em vão.

— Se há algo para ser encontrado aqui — Kaori disse. —, acredito que esconderam muito bem. Ou talvez nem há nada para ser encontrado.

— O que você quer dizer? — Yori perguntou.

— Acredito que não foi um vampiro aqui de dentro que fez tudo isso — ela respondeu. — Não um aluno pelo menos.

— Você falou com Klaus sobre isso? — a outra perguntou.

— Sim e ele disse que era para ficarmos mais um tempo e, se não descobríssemos nada, aí podíamos voltar.

— Nossa — Yori suspirou. — Isso é um desastre. Odeio esse lugar.

— Pode acreditar, eu também — Kaori apertou a faca que estava usando com força, até seus dedos ficarem brancos.

Depois que terminaram de cozinhar, elas se sentaram à mesa e comeram enquanto conversavam sobre como seus noivos estavam lidando com o fato delas estarem em território inimigo. Yori disse que Kaito estava muito bem, obrigada, que ele confiava o suficiente nela para saber que tudo daria certo. Por sua vez, Kaori revelou que Zero estava agindo como uma criança birrenta e que não se surpreenderia se ele aparecesse magicamente por ali qualquer dia desses para arrastá-la de volta para a escola deles.

Yori também falou que Klaus a informou de que ele havia sido convidado para o aniversário de algum Puro-Sangue e que não deu muito detalhes. Ele apenas informou para o caso de ser algum tipo de plano que levaria a morte de alguém (palavras dele) e elas saberem aonde ele estava. Kaori não deu muita importância à isso.

Elas terminaram de comer e Yori subiu para tomar um banho enquanto Kaori se responsabilizou pela louça. Enquanto terminava de enxaguar tudo, uma batida na porta a assustou. Ela não estava esperando ninguém e, no lugar em que estava, com certeza não era coisa boa àquela hora. Um pouco hesitante, ela enxugou as mãos em um guardanapo e foi até a porta. Olhando pelo olho mágico, se surpreendeu ao ver um dos amigos de Kaname por ali. Era o mesmo loiro que ela havia visto na cachoeira, dias atrás, Aidou Hanabusa. Ele parecia bem contrariado de estar ali, segurando uma caixa grande nas mãos. Sem ter o que fazer, Kaori abriu a porta.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou assim que seus olhos encontraram os dele.

— Boa noite para você também — ele disse, forçando entrada no dormitório. Uma vez lá dentro, Kaori fechou a porta atrás de si. — Com certeza não estou aqui de livre e espontânea vontade. Kaname pediu para que eu viesse.

— E por que ele não veio pessoalmente? — ela perguntou, cruzando os braços.

— Você acha que um Puro-Sangue perderia tempo vindo falar com uma humana?

Imediatamente Kaori lembrou-se das coisas que havia visto através da ligação e percebeu que não, ele não viria atrás dela a não ser que fosse para tomar seu sangue. Ela disse à si mesma que estava bem com isso, mas, no fundo de seu coração, sabia que não estava realmente.

— Bom, e o que o Puro-Sangue mandou você fazer aqui? — ela abaixou as mãos, se segurando para não dar um soco naquele nariz perfeito do loiro à sua frente.

— Entregar isso — ele colocou a caixa na mão dela. — E isso — colocou também um convite em cima da caixa. — É um convite para a festa de aniversário da mãe de Kaname.

— Um... O quê? — ela olhou sem entender para Aidou.

— Pois é, você foi convidada por ela — ele disse, contrariado. — Sinceramente, não sei porque ela iria querer uma humana em sua festa de aniversário, mas talvez tenha ficado curiosa a seu respeito. É bom que você apareça.

Ele foi embora tão rápido quanto apareceu, deixando Kaori sem palavras no meio do hall de entrada. Ela deixou tudo em cima da bancada da cozinha e pegou primeiro o convite para ler:

Querida Kaori,

Não nos conhecemos, mas sei que está passando um tempo na Academia dos Vampiros. Acabei ouvindo muitas coisas sobre você e fiquei surpresa quando me falaram sobre seus pais. Eu e sua mãe nos conhecemos. Isso foi há muito tempo, antes de você nascer, mas gostaria de vê-la e conhecê-la. Sua mãe era uma mulher maravilhosa, gostaria de ver se a filha puxou isso dela.

Por favor, compareça à minha festa de aniversário que acontecerá hoje, dia ... , às 19:00 horas, na mansão Kuran. Desculpe o convite em cima da hora, se for de seu agrado pode vim junto com meu filho, Kaname. Aguardo sua presença com ansiedade.

Com carinho, Juri Kuran.

O convite havia sido escrito de próprio punho com uma letra bonita e rebuscada, e Kaori passou os dedos em cima da parte em que ela diz que conheceu sua mãe. Um nó se formou na garganta de Kaori, mas ela se recusou a chorar. Deixou o convite de lado e abriu a caixa grande à sua frente, o conteúdo dela deixou a caçadora bastante surpresa. Era um vestido muito bonito. Ela o retirou completamente da caixa e ficou encarando aquilo que nem em seus sonhos mais ricos ela teria comprado.

— O que é isso? — Yori perguntou, descendo as escadas já de pijama e enxugando o cabelo na toalha.

— Fui convidada para uma festa de aniversário — ela olhou para a amiga.

— Sério? De quem? — Yori andando até a amiga, animada.

— Juri Kuran — ela respondeu.

Yori olhou para a amiga como se ela fosse louca, com um pequeno ‘o’ formado em seus lábios.

— Mentira! — ela pegou o vestido das mãos de Kaori. — Nossa, que lindo. Foi ela quem deu para você?

— Eu... Acho que sim — Kaori suspirou. — Mas não acho que é uma boa ideia eu ir...

— O quê?! — Yori olhou para ela, franzindo as sobrancelhas. — É claro que você vai!

A amiga empurrou Kaori em direção às escadas, ainda segurando o vestido em suas mãos, até chegarem ao quarto. Ali, Yori deixou o vestido em cima da cama e disse para Kaori ir tomar banho.

— Eu sei que a gente odeia os vampiros e tal — ela disse enquanto, do outro lado da porta, Kaori tomava banho. — Mas sabe quantas vezes você vai ser convidada para uma festa desse nível? Nenhuma. Depois pensamos nos motivos deles, pelo menos você vai ter comida e bebida boa de graça.

Dentro do banheiro, Kaori quase não ouvia a amiga. Ela abriu o registro do chuveiro e deixou a água quente cair em sua cabeça. Uma parte do convite ainda estava em sua mente e era justamente a parte em que Juri dizia que ela poderia ir com Kaname. Será que ele passaria ali para buscá-la? Se passasse, ela poderia dizer não, certo? Pegar um táxi e ir sozinha. Kaori encostou a testa na parede e fechou os olhos com força. Estava com tanta vontade de vê-lo que até se esqueceu por um segundo o que ele andava fazendo.

Após o banho, Kaori saiu do banheiro enrolada em uma tolha e Yori a ajudou com cabelo, maquiagem e deram um jeito de encontrar um sapato para ela. Felizmente ela era boa com as duas coisas e fez algo bem bonito em Kaori. No fim, ao se olhar no espelho já pronta, Kaori se achou bem mais bonita do que esperava. O vestido ficava muito melhor no corpo que nas mãos dela e, por um segundo, ela pensou se chamaria a atenção de Kaname quando ele a visse.

— Você não acha estranho, Yori, me chamarem? Por que eu? O que eu tenho de especial? — ela perguntou, enquanto a amiga colocava mais um grampo em sua cabeça.

— Não sei, Kaori — Yori disse. — Você é muito especial, claro, a melhor caçadora da academia, mas não sei o interesse da senhora Kuran em você.

— Ela disse no convite que conheceu minha mãe antes do meu nascimento, o que você acha?

— Eu acho que, em algum momento, o tratado de paz realmente valia de alguma coisa e vampiros e humanos viviam em paz, sem joguinhos — Yori disse, se afastando um pouco de Kaori para vê-la melhor. — Talvez ela queira conhecer você por causa da sua mãe. Você está muito bonita, K.

— Você acha? — Kaori mordeu o lábio inferior, em dúvida.

— Tenho certeza — ela sorriu. — Vai roubar o coração de algum vampiro desprevenido, com certeza.

— Não deixa o Zero escutar isso — Kaori riu junto com a amiga, abraçando-a.

— Se você ficar com medo, lembre-se de que Klaus estará lá também e pode me ligar a qualquer momento que eu vou correndo.

As duas se abraçaram por mais um tempo até que a campainha tocou no andar de baixo. Trocando olhares confusos, elas desceram as escadas e Yori foi abrir a porta enquanto Kaori passava batom nos lábios. Depois que a porta foi aberta, por um momento a sala ficou em completo silêncio até Kaori virar de frente e dar de cara com Kaname a encarando do outro lado.

Sem entender bem o que estava acontecendo, Yori deu passagem para que ele entrasse, trazendo o vento frio do lado de fora para dentro. Kaori sentiu que podia desmaiar bem ali. Ele estava tão bonito que era dolorido até olhar para ele. Não era justo que algo tão ruim se parecesse tanto com uma coisa tão boa. Ele olhou para ela de cima a baixo e, por um segundo, seus olhos ficaram vermelhos, talvez por causa do sangue dela que ele não tomava há um tempo. Contudo, ele se recompôs rapidamente, tão rápido que Kaori pensou ter apenas imaginado o que havia acontecido.

— Vim buscar você — ele disse, depois de um tempo.

— Ah — Yori exclamou, tímida. — Eu já vou subir. Até mais tarde, amiga.

Elas se despediram e Yori correu escada acima. A caçadora seguiu a amiga com os olhos até ela sumir de vista, mas quando voltou a olhar para o vampiro à sua frente, percebeu que ele não havia tirado os olhos dela, apesar de ainda manter uma distância segura.

— Você não precisava se incomodar — ela disse. — Vindo até aqui.  

— Está surpresa? — ele perguntou.

— Não — ela respondeu. — Sua mãe me informou de que eu poderia ir com você se quisesse.

— Você quer? — ele perguntou.

Kaori sentiu vontade de bater nele, depois sentiu vontade de gritar, perguntando porque diabos ele havia sumido. Ele havia encontrado outra humana? Ela já não era mais suficiente? Depois se odiou por pensar todas essas besteiras, sentiu nojo do que estava se tornando e raiva por ter se acostumado tanto com as mãos dele nela. Ela sentia essas coisas como se não tivesse responsabilidade com outra pessoa, como se Zero não existisse.

Mas mesmo com toda essa raiva acumulada dentro dela, ela se viu dando alguns passos na direção dele e saindo porta afora com o vampiro. Eles dois andaram lado a lado, como dois desconhecidos, sem trocar uma palavra ou qualquer tipo de toque. No momento em que eles chegaram próximo do carro que os levaria para a festa, Kaori se surpreendeu com o fato de que eles não iam sozinhos. Ali em pé, próximo do veículo, havia mais uma vampira.

Kaori a reconheceu como uma das meninas que estava no grupo de amigos dele e pensou que ela estava muito bonita no vestido que usava, com os cabelos soltos e os cílios maiores do que Kaori pensou ser possível. A vampira não deu atenção a ela, passando um braço pelo braço de Kaname e o guiando para dentro do carro. Quando ela passou pela caçadora para entrar no carro, Kaori lembrou-se que os cabelos que via em sua mente quando procurava por Kaname era da mesma cor dos cabelos dela. Quando os três se acomodaram dentro do carro e a vampira passou uma mão pela coxa de Kaname, Kaori sabia que era a mesma pessoa que vinha vendo. Ela teve que ter muito auto controle para não pedir para o motorista parar o carro e deixá-la bem ali no meio da rua.

Não demorou muito para que eles chegassem à mansão dos Kuran. Kaname ajudou a vampira a sair do carro e Kaori foi ajudada pelo motorista que sorriu para ela, sendo bem gentil. Ela agradeceu quando já estava de pé e olhou para a mansão atrás de si. Era a casa mais bonita que ela já havia visto na vida – e a maior também. A caçadora ficou um tempo admirando a fachada da casa e esqueceu que estava na entrada de carros, onde os motoristas paravam em frente a entrada para os convidados descerem. Ela só saiu de seu êxtase quando um carro buzinou para ela sair do caminho. Envergonhada, ela andou apressada até a entrada.

Felizmente seu nome estava na lista de convidados e ela entrou sem dificuldade. Logo que pôs seus pés dentro do local, foi recebida por um garçom que passava com várias taças contendo um líquido vermelho-escuro. Pensando que fosse vinho, ela pegou uma taça e tomou um gole generoso até sentir o gosto metálico na boca e a ânsia de vomito chegar antes que ela pudesse engolir. Tentando passar despercebida, ela se encolheu em um canto e despejou todo o conteúdo de volta na taça, colocando-a na próxima bandeja que passou. A festa mal tinha começado e ela já estava com náuseas.

— Aconteceu o mesmo comigo — uma voz a fez pular de susto.

Ao lado de Kaori, Klaus estava parado, olhando-a com um ar divertido. Ele ofereceu um copo com água para ela e Kaori tomou tudo de um gole só.

— Não sabia que você havia sido convidada — ele comentou, pegando o copo da mão dela novamente e colocando em outra bandeja.

— Recebi o convite e o vestido ainda agora da Sra. Kuran — ela disse, sentindo-se nauseada. — Também foi uma surpresa para mim.

— Vampiros são cheios de surpresas — ela ajeitou os óculos na ponte do nariz e estendeu o braço para ela. — Vamos dar uma volta.

Kaori aceitou o braço de bom grado e, acompanhada de seu mais novo diretor, eles começaram a andar entre os vampiros. Alguns mais amigáveis cumprimentavam Klaus e, consequentemente, ela também. Kaori mal prestava atenção neles, estava mais curiosa em saber aonde Kaname estava e se estava com aquela vampira.

Alguns minutos mais tarde, Maya e seus irmão chegaram. Alguns vampiros pararam para cochichar entre si e abrir passagem para que os sete passassem. Maya chamava a atenção de todos por quem passava por causa de seu vestido com uma fenda nas pernas e as costas nuas. Ela estava linda, Puro-Sangue de verdade. Kaori acenou para a vampira que pareceu surpresa por um momento ao vê-la ali, mas a cumprimentou erguendo uma taça cheia de sangue.

Kaori só encontrou os olhos de Kaname novamente quando os casais começaram a dançar e Klaus a chamou para uma das danças. Era muito parecido com uma valsa e ela teve um pouco de dificuldade, mas conseguiu acompanhar bem. Kaname estava próximo da escada, no andar de cima, por onde sua mãe provavelmente desceria acompanhada dele. Ele não tirava os olhos dela enquanto ia para lá e para cá com seu diretor. Kaori não sabia o que a expressão no rosto dele queria dizer, mas esperava que ele estivesse tão incomodado quanto ela ficou minutos atrás.

A música só parou quando a aniversariante finalmente apareceu no patamar da escada com seu vestido luxuoso e caríssimo. Todos a aplaudiram enquanto ela descia acompanhada do filho. Quando chegaram ao último degrau, Juri passou de Kaname para o marido, Haruka. Ela estava deslumbrante aos olhos de Kaori.

Juri andou pelo salão, cumprimentando a todos e agradecendo pela presença, quando a música voltou a tocar. Assim que ela chegou próximo dos caçadores, pareceu realmente surpresa que Kaori tivesse de fato comparecido. Ela e o marido se aproximaram com sorrisos no rosto e Kaori sentiu o rosto esquentar até a raiz dos cabelos.

— Klaus! Kaori! — Juri se aproximou, cumprimentando os dois. — Fico tão feliz que vieram!

Klaus beijou a mão da vampira em forma de respeito e falou com o marido dela cordialmente. Kaori não era acostumada com festas desse nível então não sabia muito bem como cumprimentar os vampiros à sua frente. Apenas deu um aperto de mão em cada um que deixou Juri um pouco sem jeito, pois era acostumada com abraços e beijos nas bochechas.

— Ficamos imensamente agradecidos pelo convite, senhora — Klaus disse, quebrando o silêncio.

— Ah, que isso — Juri sorriu. — Em algum momento as partes têm que ceder e voltar a conviver amigavelmente, não é?

— Sim, claro — Klaus respondeu.

Ele e Haruka se envolveram em uma conversa típica de homens e Kaori foi tirada dali por Juri que gostaria de conversar com ela à sós. Do outro lado do salão, Kaname dançava com a vampira de antes e Kaori tentou não olhar na direção deles.

— Então, soube que você veio com meu filho — Juri começou. — Você já o conhece?

— Hã... — Kaori engoliu em seco. — Ah, sim. Escuto muito sobre ele e o vejo mais agora que estou na Academia dos Vampiros.

— Ele é uma graça, não é? — Juri se virou na direção do filho e Kaori foi obrigada a olhá-lo. — Aquela que está com ele é Ruka Souen, uma das moças que estamos torcendo para que ele escolha como noiva em algum momento — ela deu uma risadinha. — Haruka e eu temos duas opções, na verdade. Maya Sakamaki e Ruka. Pessoalmente, eu prefiro Maya por ser Puro-Sangue, mas Haruka gosta tanto de Ruka que seria uma pena decepcioná-lo.

— E o que seu filho acha das opções? — Kaori perguntou, hesitante, voltando a seguir a vampira até o bar, onde as duas se sentaram para continuar a conversa.

— Ah, ele é muito cabeça dura, diz que ainda não pensa em casamento — ela riu, pedindo um drink misturado com sangue. Kaori engoliu a ânsia de vomito e disse que gostaria de algo apenas com álcool de fosse possível. Juri riu dela. — Mas, já disse para ele que ele precisa parar com isso e começar a pensar em seu futuro o quanto antes. Eu quero netos, afinal!

Ela riu e parecia tão feliz que Kaori se forçou a acompanha-la. As bebidas chegaram e Kaori bebeu algo misturado com vodca e morango, não era muito forte e estava até bem gostoso. Quando terminou ela pediu mais um.

— Sinto muito pelo o que aconteceu com seus pais, querida — Juri entrou no assunto do nada, pegando Kaori de surpresa. — Você era bem nova quando aconteceu, não era?

— Eu tinha dez anos — ela respondeu. — Obrigada, mas já faz algum tempo, então estou melhor agora. Você a conhecia bem?

— Aine era como minha melhor amiga — ela sorri. — Digo, tanto quanto uma vampira e uma humana poderiam ser. Ela era incrível — o tom da vampira é pura nostalgia. — e sempre tinha os melhores conselhos, mas seguimos caminhos diferentes quando nos casamos. Ela teve seus problemas para cuidar e eu tive os meus — Juri toma mais um gole de sua bebida e encara Kaori. — Como era mesmo o nome de seu pai?

— Heron — ela respondeu.

— Heron, isso. Ouvi dizer que era um bom homem e que amava muito Aine.

— Eles foram felizes — Kaori sorriu, triste.

Pensar em seus pais sempre era como um soco no estômago. A morte deles ainda era uma ferida aberto, mesmo depois de tanto tempo. Contudo, era bom conversar com alguém que os admirava tanto quanto Kaori. A conversa foi interrompida quando anunciaram que a aniversariante e o marido deveriam dançar juntos. Porém, antes de sair, Juri disse:

— Você se parece muito com ela — a vampira apoiou seu copo na mesa e colocou uma mão em cima da mão de Kaori que repousava em seu colo. — Espero que possamos ser boas amigas também, querida.

Ela deu as costas para a caçadora, mas antes que partisse, Kaori segurou sua mão, fazendo a vampira virar para ela.

— Muito obrigada pelo convite e pelo vestido, nem sei como agradecer.

— Considere como um presente — a vampira riu, mostrando seus dentes incrivelmente brancos. — Até mais.

O casal dançou junto e Kaori os observou por um tempo até sentir a necessidade de ficar um pouco sozinha e fugir daquela multidão. Ela se informou aonde ficava o banheiro e seguiu até lá, subindo uma escada, mas entrou em um cômodo completamente diferente. A casa era tão grande que tudo parecia um labirinto e ela não ficou surpresa quando percebeu que havia se perdido.

Kaori olhou ao redor e viu que estava em um quarto. Felizmente era uma suíte e ela seguiu para o banheiro e bebeu um pouco de água da torneira, sua garganta estava seca. Ela ficou um tempo se olhando no espelho, se perguntando se seria uma boa ideia sair de fininho e voltar para a academia. Ela estava tão absorta em seus próprios pensamentos que não percebeu a porta abrir e fechar novamente e alguém entrando dentro do quarto junto com ela.

A caçadora só percebeu que havia mais alguém ali quando saiu do banheiro e viu Kaname parado no quarto, tão surpresa em vê-la quanto ela estava em vê-lo. Os dois ficaram um tempo se encarando até o silêncio se tornar insuportável e Kaori limpar a garganta.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, na defensiva.

— Eu que devia lhe perguntar isso. Esse é o meu quarto — o vampiro respondeu.

Kaori se sentiu uma idiota. Claro que era o quarto dele, por que não seria? A sorte nunca estava a favor dela e sempre que queria se livrar de Kaname ele ressurgia do inferno para atormentá-la. Ela realmente precisava de umas férias bem longas, deveria ir para um lugar bem distante onde o vampiro não poderia encontrá-la. Porém, ela duvidava que pudesse existir tal lugar.

— Eu estava procurando o banheiro e acabei entrando aqui por engano — ela disse, se dirigindo à porta. — Já estou de saída.

Ela abriu a porta, mas antes que pudesse sair, a mão de Kaname entrou em seu campo de visão e fechou a porta antes que a caçadora pudesse passar por ela. Kaori ficou imóvel, de costas para ele. Ela sentiu quando ele abaixou a cabeça o suficiente para encostar o rosto no topo da cabeça dela. Kaname inspirou o cheiro dela, uma mistura de lavanda com lilases. Naquele minuto ele se arrependeu amargamente de ter ficado tão longe dela nos dias que passaram.

Kaname se afastou um pouco para que ela pudesse virar de frente para ele, o que foi feito. Kaori agora podia sentir a respiração dele em seu rosto. E ela se sentia tão fora de si mesma que teve que lutar contra o impulso de beijá-lo ali mesmo, com todos aqueles convidados no andar debaixo, com os pais dele imaginando que um dia ele casaria com uma de duas vampiras quando tudo o que ele queria estava ali, em sua frente.

— Por favor, Kaname — ela disse, com a respiração um pouco entrecortada. — Tem muita gente lá embaixo. Muitos vampiros. De alguma forma eles sente seu cheiro em mim então é melhor que...

— Por que você se importa tanto? — ele a interrompeu.

O hálito dele cheirava a álcool e Kaori percebeu que, no pouco tempo em que eles passaram separados na festa, Kaname já havia bebido o suficiente para fazer alguma besteira. Elaa raiva de antes voltar com força e empurrou Kaname para trás, fazendo o vampiro se afastar. Já estava há tanto tempo acumulando raiva dele que não conseguiu impedir que sua voz saísse mais alta que o normal.

— Você quer que todo mundo descubra?! — ela quase gritou. — Acha que seus pais iam adorar saber que o filho deles está ligado à uma humana? Que toma o sangue dela quase diariamente?

— Talvez eu esteja cansado de esconder — ele respondeu no mesmo tom dela. — Que eles descubram, e daí?! Quer saber a verdade? O que eu penso? Não me importo que descubram, não me importa o que podem pensar. Porque eu nunca quis nada nessa minha vida miserável como eu quero você, entende?!

Um segundo de silêncio se passou antes que Kaori erguesse uma mão e batesse no rosto de Kaname com toda a força que tinha. O vampiro virou o rosto de lado com a força do tapa, surpreso.

— Como você tem coragem de me dizer isso depois de passar dias transando com outra?! — talvez alguém tenha a escutado, pois ela realmente gritou. — Eu passei todos aqueles dias me sentindo um lixo porque eu sinto tudo o que você sente e eu sinto de um jeito que odeio. Porque não quero me sentir assim em relação à você! E além dessa merda de sentimento, ainda tenho que conviver com o fato de que estou nisso tudo, afundada até o pescoço, mentindo para todos que eu amo, por sua culpa!

— SE EU NÃO ESTIVESSE NA FLORESTA NAQUELE DIA VOCÊ TERIA MORRIDO! — ele rebateu.

— ENTÃO ME DEIXASSE MORRER!

Os gritos pareciam reverberar pelo quarto. Algo foi ouvido no andar debaixo por alguns amigos de Kaname, principalmente por Senri. Dentro do quarto, os dois ficaram em silêncio, encarando-se. Era idiotice brigar por causa disso, mas Kaname sabia que ela tinha razão. Se ele não houvesse se envolvido no destino dela, Kaori estaria morta. Mas como ele poderia deixá-la morrer? Como ele poderia não salvá-la? Como poderia não se apaixonar por ela no momento em que pôs os olhos nela naquele dia?

Antes que ela falasse qualquer coisa, Kaname cruzou a distância entre eles e segurou o rosto dela entre as mãos. Ele a beijou, mas Kaori resistiu e o afastou novamente, tentando se livrar dele. Era ingenuidade pensar que conseguiria. O vampiro a segurou com força contra a parede, ainda segurando o rosto dela, ele a beijou de novo.

Dessa vez Kaori segurou o terno dele com força entre os dedos, amarrotando o tecido caro, mas não o empurrou mais. Apesar de odiá-lo naquele momento, ela ainda o queria tanto que cada toque dele em sua pele era mais uma parte dela que se rendia à ele.

Em comparação com a delicadeza dela, Kaname parecia faminto. Por ela ou por seu sangue, Kaori não sabia responder. Ela sentiu o gosto do álcool e sangue na boca dele e depois suas presas aumentando de tamanho. O corpo da caçadora tremeu internamente. Se ele tentasse a morder, ela teria forças para afastá-lo? Porém, apesar das presas aparentes e dos olhos vermelhos brilhantes, quando ele se afastou, não a mordeu.

— Você não imagina o quanto foi difícil passar todo esse tempo sem ir até você — ele sussurrou. — Eu fiz um monte de besteira para não ir até você, para tentar te proteger...

— Odeio você — Kaori sussurrou de volta.

— Você sabe que isso é mentira.


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