Wicked Love. escrita por Beatriz


Capítulo 10
Capítulo 10: Maya.




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O dia dos namorados de Maya não teve nada de especialmente relevante durante o dia. Ela estava irritadiça, pois queria se inteirar da situação do aumento de renegados pelas ruas da Transilvânia. Ela não havia esquecido do dia em que conheceu seus mais novos amigos, Mine, Yuri e Leone, e reencontrou seu antigo amigo, Evan, quando Rido, o vice-diretor, havia advertido os alunos de que eles deviam ficar trancados em seus dormitórios devido a um número preocupante de renegados que estava se aproximando da academia.

Após esse dia, uma semana já havia se passado, mas muitos vampiros pareciam com os nervos a flor da pele pela escola. Maya percebeu que todos pareciam tensos e havia entreouvido conversas entre os guardas da preocupação que eles tinham de que um ataque de renegados fosse inevitável. O que a irritava era que ninguém falava nada para ela ou para qualquer outro aluno. Sempre que Maya perguntava algo para algum superior, recebia a mesma resposta: “não se preocupe com nada, não há perigo algum”. É claro que havia algum perigo e isso estava implícito no semblante da maioria dos vampiros.

Durante essa semana até o dia dos namorados, Maya mal teve qualquer contato com a mãe e com o pai, o que foi mais uma situação que deixou a vampira intrigada, pois, mesmo quando ainda não era aluna da Academia dos Vampiros, seu pai apenas sumia assim quando tinha coisas muito sérias para resolver. E agora ele estava sempre ocupado assim como sua mãe quando ela ligava. Os criados da mansão Sakamaki sempre inventaram as piores mentiras quando se tratava de mentir para ela, pois tinham medo da menina retaliá-los, mas Maya sabia que, provavelmente, só estavam seguindo ordens, então não discutiu, apenas aceitou o que eles falavam.

Outra pessoa que Maya quase não teve contato foi seu irmão, Luke. Mas pelo menos com ele, ela sabia o que estava acontecendo. Luke e a irmã se falavam diariamente por mensagens já que não podia se ver sempre para não acabarem revelando o fato de que Luke é um vampiro e isso causasse a expulsão do menino da escola. Ele havia dito para Maya, em um dessas trocas de mensagens, que os caçadores estavam muito estranhos, principalmente o diretor, que ele parecia muito preocupado, mas Luke não sabia dizer com o que. O relato do irmão atiçou ainda mais a curiosidade de Maya e fez ela ter certeza de que algo muito errado estava acontecendo.

Luke também disse algo mais que chamou a atenção da irmã. Ele já havia falado para ela sobre o fato da turma dele estar sem professor de esgrima e quem estava suprindo essa falta era uma aluna caçadora, uma tal de Kaori Ozu, alguém que Luke aparentemente gostava muito. Porém, na manhã do dia dos namorados, Luke disse que ficou sabendo da chegada de três caçadores novos, um para ser o professor de esgrima, outro, criança, que ficaria na mesma sala de Luke, e mais uma que o menino não soube precisar qual seria a sua função na academia. Os três eram irmãos, segundo Luke, e, no áudio que mandou para Maya, ele parecia raivoso e enciumado. Por um momento, Maya pensou que fosse porque a tal Kaori iria parar de dar aulas para seu irmão e ele gostava demais dela para aceitar o professor novo. Primeira paixão, Luke?, ela pensou enquanto digitava uma resposta para o irmão.

Contudo, Luke frustrou as ideias de Maya quando revelou que o motivo de seu incômodo era porque o novo menino, o caçador que teria aulas com ele, era considerado um caçador excepcional para sua idade (a mesma de Luke) e o irmão de Maya não queria ficar em segundo lugar de jeito nenhum. Ele era tão ambicioso quanto a irmã quando se tratava de ser o melhor em tudo o que fazia. Maya tentou assegurar o irmão de que ninguém roubaria seu lugar, mas aparentemente não surtiu muito efeito no menino que estava morrendo de ansiedade.

Depois que eles pararam de se falar, Maya se recostou em sua cama, sem conseguir dormir, pensando que os caçadores aparentemente não estavam recrutando apenas um novo professor e um aluno novo, mas também uma força extra caso fosse necessário. A vampira pensou na situação por um instante. Tanto os caçadores quanto os vampiros estavam se preparando para algo. Ela precisava descobrir para o que.

O sol ainda brilhava no céu quando ela atirou suas cobertas para o lado e saiu de seu quarto. O dormitório estava silêncio e ela pensou em chamar Leone e Mine para ficarem com ela, mas desistiu da ideia, passando reto pelo quarto das amigas. Ela saiu do dormitório e caminhou até o refeitório, onde, surpreendentemente, havia tanto comida quanto sangue àquela hora da manhã. Mas ela não pegou nenhum dos dois, apenas serviu uma dose considerável de uísque em um copo e saiu dali para o terceiro andar da escola.

A academia toda estava enfeitada para o dia dos namorados e Maya ignorou a maior parte dos enfeites enquanto caminhava pelo corredor onde se encontrava a sala de Cordelia. Até o presente momento, ela ainda não havia se encontrado com a vampira e não estava nem um pouco ansiosa para que isso acontecesse. Enquanto ela pudesse evitar a outra vampira, melhor para ela. Porém, passando em frente a porta de mármore branco, Maya não pôde ignora os ruídos que vinham lá de dentro.

 Ela tomou o último gole de uísque em seu copo, deixou o mesmo no parapeito de uma janela ali perto e se aproximou da porta. Maya empurrou um pouco a porta que estava apenas parcialmente encostada e teve uma visão de dentro do escritório um tanto quanto nojenta, considerando a aversão que ela sentiu por Cordelia.

A vampira de cabelos lilás estava montada em Rido Kuran enquanto o vampiro estava sentado em um sofá, com a cabeça jogada para trás, deixando que Cordelia tomasse seu sangue ao seu bel prazer. Maya fez uma careta diante da cena. O quadril de Cordelia subia e descia. Eles estavam trepando. Ah, que ótimo, pensou Maya, se arrependendo do momento em que teve a brilhante ideia de se levantar de sua cama.

Em alguns segundos, ela deu as costas para a cena, disposta a esquecer aquilo o mais rápido possível, mas ela foi vista por Rido no momento em que seus cabelos escuros balançaram na frente da fresta aberta enquanto ela se afastava dali. Ele comentou com Cordelia, que achando aquilo muito interessante, disse para ele ir atrás dela enquanto ela se ajeitava – ou seja, apenas colocava a calcinha no lugar certo.

Antes que pudesse se afastar o suficiente, Rido surgiu como a visão do inferno na frente de Maya, impedindo sua passagem. Ela cambaleou para trás, tentando ficar o mais longe possível do vampiro. A ereção ainda era visível entre as pernas do Kuran, mas aquilo não parecia constrange-lo. Maya sentiu vontade de vomitar. Não era novidade para ninguém que ela não gostava de qualquer membro da família Kuran, mas antipatia por Rido era mais forte que por qualquer outro, até por Kaname.

— Você por aqui, princesa? — ele perguntou, olhando fundo nos olhos dela. Maya franziu o nariz.

— O tédio leva as pessoas à lugares desagradáveis — ela disse, sarcástica.

Ignorando a fala da vampira, Rido se aproximou mais, fazendo Maya dar um passo para trás.

— Você podia ter se juntado à nós dois — ele disse, sussurrando. — Eu ia adorar foder a filha e a ex-mulher do Sakamaki ao mesmo tempo.

Sem pensar muito, Maya ergueu uma mão e acertou um tapa tão forte no rosto do Kuran que ele cambaleou para trás, rindo. Maya não era nenhuma puritana e comentários como esse não a surpreendiam nem um pouco, mas ela odiava Rido em um nível que tornou impossível seu auto controle. Ela queria mata-lo bem ali, mas sabia que não teria um destino agradável se o fizesse então escolheu extravasar sua raiva através do tapa. Quando Rido recobrou a compostura, os olhos de cores diferentes brilhando com o desafio que Maya era, a voz de Cordelia se fez ouvir no corredor silencioso.

— Que surpresa, Maya! — ela estava apoiada no batente da porta, sorrindo aquele sorriso psicopata. — Pode ir, Rido.

O vampiro obedeceu como o cachorrinho que era, dando as costas para Maya sem tirar o sorriso insolente do rosto. Quando os olhos de Maya encontraram os de Cordelia, a vampira mais velha limpou o canto da boca que estava suja com o sangue do Kuran.

— Não posso dizer o mesmo a você — Maya disse.

— Você sabe que é feio ficar espiando as pessoas? — Cordelia deu uma risadinha. — Sua mãe não te deu educação?

— Ela estava ocupada demais me falando umas verdades sobre você para me ensinar sobre isso — Maya rebateu, irônica.

— Ah, sim. Estava ocupada demais fodendo com o meu marido para prestar atenção na filinha vagabunda dela — a voz de Cordelia pareceu tremer, mas Maya não teve certeza.

— Marido esse que você não foi suficiente para mantê-lo consigo, não é? — Maya riu, recostando-se à parede atrás de si de braços cruzados. — A inveja é uma coisa feia, Cordelia. Não te deram educação?

Por causa da velocidade fora do comum que todo vampiro tinha, Cordelia se colocou na frente de Maya em um piscar de olhos. Os olhos verdes da vampira, tão parecidos com os de Laito, encararam a vampira mais nova com tanto ódio que Maya, se fosse qualquer outra pessoa, teria temido pela própria vida. Mas ela não tinha medo de Cordelia, nunca teve, então encarou aqueles olhos verdes de igual para igual.

— Cuidado com o que você fala, garota — Cordelia disse. — Se eu acabar te matando, tenho gente o suficiente ao meu lado para não ser responsabilizada por isso. Nem o seu pai vai poder fazer algo.

— Isso é uma ameaça? — Maya empinou o queixo, o que fez Cordelia cerrar os punhos.

— É bom você não esquecer que essa escola é minha e eu posso te esmagar aqui dentro como um inseto.

— Tenta — Maya sorriu. — Manda o otário do seu filho fazer seu trabalho sujo.

Ela se precipitou para a frente, empurrando Cordelia com o ombro, e saindo de perto da vampira. Maya não sabia se Cordelia entenderia que ela estava falando de Laito, mas Cordelia não era burra, então Maya saiu dali triunfante. Enquanto pegava o elevador, pensou que, para um primeiro encontro em todos esses anos, não havia sido tão ruim. Ela nem havia atirado a vampira pela janela. Sua mãe ficaria orgulhosa do seu auto controle.

Deixando a vampira de lado, Maya voltou para o seu quarto, onde ficou até o horário em que deveria se arrumar para a festa. Ela tomou um banho bem demorado, aproveitando a água quente, e depois colocou o vestido que havia escolhido para aquele dia, deixando seus cabelos escuros soltos. Sentindo-se satisfeita com seu reflexo no espelho, ela saiu do quarto mais uma vez, encontrando-se com Mine e Leone no corredor.

As meninas estavam muito animadas para festa, pensando em todas os vampiros com quem ficariam naquela noite. As duas estavam muito bonitas em seus vestidos e só se afastaram de Maya quando disseram que iam buscar Yuri e Evan e a encontrariam já no salão. Quando Maya estava saindo do dormitório, acabou uma ouvindo uma conversa nem um pouco discreta de Ruka e Rima, que estavam juntas com aquela vampira estranha seguidora do Kaname, Seiren. As duas estavam falando sobre a estranha aparição de uma caçadora na escola hoje e como Kaname parecia incomodado com isso. Disseram que ele tomou a frente na conversa, parecendo com raiva e preocupado ao mesmo tempo com a humana.

Maya não pode conter uma risadinha enquanto se afastava das vampiras. Não seria surpresa nenhuma para Maya se Kaname fosse hipócrita ao ponto de estar comendo (nos dois sentidos) uma humana que estava correndo atrás dele até ali agora. O que seria surpreendente de verdade para ela seria alguém ter aceitado aquele cara. Mas era como sua mãe sempre falava: quem vê cara não vê coração. E Kaname tinha um rostinho bonito.

A noite estava muito bonita e Maya respirou fundo o ar frio, esquecendo-se de suas preocupações. Ela queria se divertir naquela noite e não deixaria absolutamente estragar seus planos. Dentro do salão de festas, Maya se surpreendeu com a produção. A luz estava baixa e a pista de dança estava cheia e a música alta, muitos vampiros caminhavam para lá e para cá com taças de sangue na mão, flertavam e outros se beijavam pelos cantos. Maya sorriu, se sentindo em casa ali. As festas que os vampiros costumavam dar eram sempre as melhores.

Ela olhou ao redor, enxergando Shu e Subaru sentados em um sofá, cercados de vampiras que disputavam a atenção deles, mas que não conseguiam nada. Do outro lado do salão, Reiji estava acompanhado daquela professora bonita. Como era mesmo o nome dela? Ah, Mikami Saito. Isso. Como eles estavam se entendendo com aquela música ensurdecedora era um mistério para Maya. Olhando um pouco mais, ela encontrou Kanato em outro sofá, tomando o sangue de alguma vampira. Aquilo surpreendeu Maya de verdade, considerando o encontro nada legal que ela teve com o meio-irmão que o fez parecer uma criancinha assustada. Por um momento, ela havia esquecido que ele podia ser tão sádico quanto Laito e Ayato. Em um momento, ele virou o rosto na direção dela, os olhos lilases brilhando no escuro enquanto o sangue da vampira que estava debaixo dele escorria por seu pescoço. E a festa estava só começando. Ótimo.

Maya não encontrou Laito em lugar nenhum, nem Ayato, mas não se importou com isso. Ela tinha mais o que fazer. Antes que pudesse procurar por Leone, Mine, Yuri e Evan, ela foi surpreendida por um vampiro que colocou uma taça de sangue na sua frente, perguntando se ela gostaria de dançar com ele. Era um aluno que ela ainda não tinha tido o prazer de conhecer, mas teria agora. Ela pegou a taça da mão dele e o acompanhou até a pista de dança, onde os dois começaram a dançar. Ela se esfregando nele e ele nela com a música eletrônica que saia pelas caixas de som. Quando Maya tomou o sangue de sua taça, um pouco do líquido acabou escorrendo pelo canto de seus lábios, o que fez o vampiro lamber ali, subindo pelo queixo de Maya até seu lábio inferior. Eles não se beijaram, mas isso surpreendeu Maya o suficiente para ela querer provocar aquele menino até ele implorar para leva-la para cama.

Mas no meio da dança algo chamou a atenção de Maya. Ela passou uma mão pela nuca do vampiro, o puxando para perto. Ele segurou em sua cintura e ela olhou por cima de seu ombro. Alguns passos de distância, ela viu Ayato também dançando, mas com uma vampira de cabelos azuis. Ele olhava diretamente na direção dela e Maya sorriu para ele, gostando da intensidade daquele olhar.

Maya acabou trocando de lugar com o vampiro com quem estava dançando, ficando de costas para ele e de frente para Ayato. Ela começou a dançar com mais sensualidade, erguendo a saia de seu vestido curto, deixando a mostra suas pernas. Ela olhava diretamente para Ayato enquanto deixava o outro vampiro tocar seu corpo onde bem entendesse. O semblante de Ayato estava sério enquanto a observava. Quando o vampiro desconhecido segurou os cabelos de Maya e puxou sua cabeça para trás, expondo o pescoço dela para suas presas, Maya pensou em se afastar, pois não estava nem um pouco a fim de ter seu sangue tomado por um vampiro qualquer, mas seus planos foram interrompidos quando o menino foi empurrado bruscamente para trás. O “sai fora” que ela ouviu logo depois a fez sorrir.

Maya ajeitou os cabelos, escondendo novamente o pescoço, e olhou para Ayato que agora estava bem a sua frente.

— Ciúmes não combina com você, Ayato — ela disse, sorrindo.

— Tsc — Ayato virou o rosto um pouco para o lado com aquela expressão de poucos amigos, mas sem tirar os olhos de Maya. — Como se eu sentisse ciúmes de você.

— E o que foi isso então? — ela colocou dois dedos no abdômen de Ayato e foi caminhando com ele até chegar em seu peito. — Cuidado de irmão? — ela falou essa última frase com o rosto bem próximo do de Ayato.

Sem responder, ele segurou o pulso dela com força, puxando-a para caminhar junto de si. Eles nem precisaram abrir caminho pela p0ista de dança, pois Ayato podia andar tão rápido quanto Maya e, em segundos, eles se encontravam em um local fechado por uma cortina e ainda mais mal iluminado que o resto da festa. Provavelmente, esse era um dos lugares que os vampiros estavam usando para transar. Tinha até mesmo um sofá em um dos cantos.

Antes que Maya pudesse falar alguma coisa, Ayato a jugou contra uma parede e a surpreendeu com um beijo. Nada que Ayato fazia dava tempo para Maya pensar em suas atitudes, ela a fazia seguir os comandos dele. Ele a beijou com força, pressionando seu corpo contra o dela, e segurou a parte de trás de suas coxas, a puxando para cima. Ela entrelaçou as pernas no quadril do ruivo, segurando-o pela nunca. Ela não fez qualquer movimento para parar o beijo. Se você está no inferno, tem que abraçar o capeta, afinal de contas.

 A língua dele deslizou sobre a dela enquanto ele pressionava as costas de Maya na parede, subindo uma de suas mãos para o meio das pernas dela. Ele pressionou ali, sentindo que a calcinha dela começava a ficar molhada.

— Você é uma desgraça — ele disse contra os lábios dela. Maya estremeceu.

— As meninas que você come por aí já falaram o quão cavalheiro você é? — ela rebateu, ofegante.

Ayato levou a mão até a bunda de Maya, onde usou sua força para arrancar a calcinha dela até o pedaço de renda ficar pendurada em uma de suas coxas. Ele a levou até o sofá de veludo preto que havia ali e a deitou sem qualquer gentileza, se colocando entre as pernas da garota. Enquanto ele beijava o pescoço dela, segurando as mãos da menina acima da sua cabeça, ela encarou o teto, a visão turva de desejo, pensando que diabos estava acontecendo, mas também pensando porque ele demorou a tomar essa atitude.

— Eu meio que te odeio — Ayato sussurrou.

— Meio? — ela sussurrou de volta.

— Fica quieta.

Ele a beijou mais uma vez antes de descer o rosto para o pescoço de Maya e abrir a boca, expondo suas presas para mordê-la. Porém, antes que Ayato pudesse tomar o sangue dela, algo vibrou no sofá de forma insistente. O barulho fez Ayato parar um momento. A vibração continuou mais algumas vezes até parar e uma luz iluminar o teto.

Era o celular de Maya que havia escorregado do bolso de seu vestido e estava anunciando uma ligação perdida. A vampira pensou em ignorar e Aayato pensou o mesmo, mas, quando ele aproximou novamente as presas do pescoço dela, a vibração recomeceu.

— Que porra é essa? — ele perguntou, olhando para o aparelho irritante entre eles.

Maya revirou os olhos enquanto se precipitava para cima. Ayato ficou de pé, deixando que Maya pegasse o celular. Ela franziu o cenho, com raiva pela interrupção, e viu que havia duas ligações perdidas e algumas mensagens de Luke. Ele dizia nas mensagens que estava com um problema, que seu estoque de bolsas de sangue havia acabado mais cedo naquela manhã e que ele não quis incomodar Maya, pedindo para ela levar mais para ele, mas agora ele estava faminto no meio da festa do dia dos namorados dos caçadores, cercado de humanos e ele precisava urgentemente que ela fosse até lá levando mais sangue antes que alguma besteira acontecesse.

— Droga, Luke — ela disse, arrancando o que restava de sua calcinha antes de ficar de pé.

— O que esse pirralho quer? — Aayato perguntou, com raiva, observando as costas de Maya. — Deixa ele para lá.

— Diferente de você, eu me importo com meu irmão — ela disse, atirando a calcinha no colo de Ayato. — Tenta não sentir muito a minha falta enquanto eu estiver fora.

— O que você vai fazer? — ele perguntou.

— Uma visitinha aos caçadores — Maya sorriu.

— Maluca — Ayato balançou a cabeça de um lado para o outro.

— X —

Antes de ir até o irmão, Maya passou em seu quarto e colocou uma calcinha nova assim como um sobretudo escuro, pois a noite tinha ficado mais fria. Ela retocou a maquiagem e arrumou os cabelos, pegando sua espada e saindo do quarto logo depois. O prédio da escola estava vazio, mas Maya ainda assim caminhou sorrateiramente pelos corredores até o refeitório, onde encheu uma mochila com várias bolsas de sangue.

Enquanto a festa continuava no salão, ela deixou a escola, sem prestar muita atenção se poderia estar sendo seguida ou não. Ela tentou se concentrar em como faria para entrar na Academia dos Caçadores sem ser vista para não ter que pensar no que tinha acabado de acontecer entre ela e Ayato. Ela não sentia raiva de Luke por ter atrapalhado o momento, estava até um pouco aliviada que isso tivesse acontecido porque, caramba, era o Ayato. E ela nem havia bebido nada, iria transar com ele por livre e espontânea vontade. Estava ficando louca.

Maya atravessou a floresta, sentindo o salto de seu sapato afundando na grama a cada passo e a mochila pesando em suas costas. Quando ela chegou ao portão de entrada da escola dos caçadores, viu que a segurança estava bem negligenciada, pois não havia guarda nenhum ali. Ela forçou duas barras do portão até se alargarem o suficiente para que ela conseguisse passar e tomou um susto, tendo que levar uma mão à boca para abafar um grito, quando viu Luke ajoelhado no chão ao lado de dois caçadores, provavelmente os guardas que estava cuidando do portão. O menino estava com os olhos brilhantes e as presas visíveis, mas aparentemente não havia tomado o sangue de ninguém, apenas deixou os guardas inconscientes.

— Ficou maluco?! — Maya disse em um sussurro gritado, se aproximando do irmão.

Ela o ajudou a ficar de pé. Luke estava tremendo um pouco. Por ele ser ainda muito novo, tinha um pouco de dificuldades para lidar com sua sede de sangue. Se Maya tivesse demorado um pouco mais para chegar, talvez ele tivesse tomado o sangue de algum daqueles dois caçadores.

— Eu tive que desacordá-los — o menino se explicou. — Ou eles veriam você.

— Você sabe o que eu quero dizer, Luke Sakamaki — Maya franziu o cenho para o irmão. — Você ia tomar o sangue deles.

— Mas não tomei — o menino rebateu.

— Mas ia — Maya tirou a mochila dos ombros e se agachou par abrir o zíper. — Está querendo enganar quem?

Ela tirou dali uma bolsa de sangue e jogou para o irmão que a no ar. Os olhos dele brilharam mais intensamente e Luke abraçou a irmã com força. Maya sorriu e retribuiu o abraço. Ela havia sentido muitas saudades daquele moleque.

— Senti sua falta — ela sussurrou no ouvido do menino.

— Eu também — ele sussurrou de volta. — É estranho ficar tão longe assim de você, da mamãe e do papai.

— Ossos do ofício, irmãozinho.

Um momento se passou enquanto eles continuavam abraçados. Maya apertando o irmão contra si sem perceber.

— Maya? — ele chamou sua atenção.

— Hum?

— Você vai quebrar meus ossos — ele disse, rindo com um pouco de dificuldade.

— Ah — ela sorriu, finalizando o abraço. — Desculpe.

Ela ficou de pé, alisando a roupa, e observou enquanto Luke abria a bolsa de sangue e virava a abertura na boca, tomando o líquido escuro com avidez.

— Você salvou a minha vida — ele disse quando afastou a bolsa de sangue dos lábios.

— E a sua vaga na academia também — ela lembrou, jogando uma mecha de cabelo para trás. — Vê se me liga antes que o sangue acabe de novo. Acho que esse dura uma semana ou mais se você economizar um pouco.

— Pode deixar. Isso não vai mais acontecer — ele virou a bolsa de sangue mais uma vez. — Eu estava faminto. Quase fui lá na Academia dos Vampiros ou para casa. Tem muitos caçadores juntos hoje nessa festa de dia dos namorados, fiquei com medo de não conseguir me controlar.

— Não se arrisque — Maya bagunçou os cabelos escuros do irmão. — A mata está cheia de renegados e eu nunca te deixaria com fome.

Luke balançou a cabeça, continuando a beber o sangue, e Maya se distraiu observando o irmão se alimentar. Ela ficou tão concentrada em Luke, tentando descobrir se ele havia mudado em alguma coisa nesses dias em que os dois não se viram, que ela não percebeu que alguém estava se aproximando até ser tarde demais.

As coisas aconteceram rápido demais. Em um momento, Maya estava observando o irmão tomando o sangue da bolsa que havia trazido e no outro uma menina desgrenhada e descalça se meteu entre os dois, empurrando Luke bruscamente para trás de si. Maya deu um pulo para trás, desembainhado sua espada no ato. A menina desconhecida ficou entre ela e Luke, impedindo que Maya visse o irmão.

Maya teria considerado a menina uma ameaça até perceber que era uma caçadora humana e poderia lidar com ela em um piscar de olhos antes que ela fosse dar com a língua  nos dentes para alguém. Atrás da menina, Luke estava com os olhos arregalados e a bolsa havia caído de sua mão com a surpresa. Ele reconheceu os cabelos de Kaori, sua professora e amiga, antes mesmo que alguém falasse alguma coisa. Sabia que estava muito encrencado, pois Kaori podia ser muito dura quando queria.

— Afaste-se dele, vampira! — ela disse em alto e bom som. — Como você ousa atacar um caçador dentro da nossa escola?

Antes de partir para a agressão, Maya pensou que devia, primeiramente, dar um jeito de manter o segredo do irmão em segurança.

— Calma, caçadora — Maya disse, recobrando a postura. — Vocês caçadores adoram tirar conclusões precipitadas de tudo. Não é nada disso que você está pensando.

— Kaori-san! — Luke se precipitou para frente, segurando o braço de Kaori, mas ela apenas o empurrou com força para trás.

— Se afasta, Luke. Eu ligo com ela — ela olhou nos olhos de Maya. — Como você conseguiu passar pela segurança?

Antes que Maya pudesse responder, Kaori viu os guardas caídos no chão, desacordados. Rapidamente ela ligou dois mais dois, se agachando rapidamente para pegar uma das armas de fogo do cinto de um deles. Ela destravou o objeto e apontou para Maya.

— O que você fez com eles? Os matou? — ela quase gritou.

— Bom, é claro que não, caçadora — Maya revirou os olhos, embainhando sua espada novamente. Ela não tentaria fazer nada com aquela menina. Pelo menos não agora. — Eles estão apenas desmaiados. E, bom, sou Maya Sakamaki, nem os guardas do meu pai me detinham, que dirá essa porcaria que vocês chamam de seguranças — Maya olhou com desprezo para os homens no chão, tomando para si a culpa de tê-los deixado naquele estado. — Não foi difícil passar por eles, se você quer saber.

— Sakamaki? — Maya percebeu que a mão da caçadora que segurava a arma apontada para ela vacilou um pouco. — Você é a filha do rei?

— A própria — Maya sorriu.

Parecendo um pouco atordoada, a caçadora piscou algumas vezes e abaixou a arma. Ela olhou para trás de si, observando Luke pelo canto dos olhos. Ela ainda não havia percebido a bolsa de sangue aberta no chão e a mochila.

— Vamos, Luke — ela chamou. — Saia de perto dela.

Maya observou a caçadora por um tempo enquanto seu irmão decidia entre obedecer a menina e bater o pé para ficar ali. Luke havia chamado a menina de Kaori, então Maya percebeu que esse era o nome dela. Como ela havia visto quando Kaori chegou, a caçadora estava uma bagunça: os cabelos estavam um pouco bagunçados, havia apenas uma sombra de batom em seus lábios e seu rímel estava borrado. Além dela estar descalça, com os saltos na mão que não segurava a arma.

Ela veio por trás de Luke, então Maya imaginou que a caçadora havia saído do meio daquelas árvores que estavam atrás deles e ficavam na propriedade da escola dos caçadores. Maya imaginou que ou ela estava se descabelando por algum menino que não corresp0ondeu seus sentimentos ou estava trepando com algum menino no meio do mato. Além disso, a caçadora estava com um cheiro estranho. Maya franziu o cenho diante disso. Ela conhecia aquele cheiro, não tão bem (ainda bem!), mas não tinha dúvidas de que pertencia a Kaname. O sangue de um puro-sangue podia ser reconhecido há quilômetros de distância por outro vampiro.

Maya ergueu uma sobrancelha. Por que aquela menina nervosinha estava com o cheiro do sangue de Kaname? Uma lembrança passou pela mente de Maya. A conversa entre Rima, Ruka e Seiren sobre a humana que deixou Kaname estranho, mas o pensamento não foi completado, pois a voz de Kaori se fez ouvir de novo.

— Luke! — ela chamou novamente o menino que ainda parecia dividido entre ir e ficar. — Vamos. Agora!

— Não! — Maya olhou de relance para o irmão. Ele parecia paralisado com medo de ser descoberto. A caçadora olhou para Maya, desviando a atenção do pequeno vampiro. — Como eu estava dizendo, estava apenas conversando com o garoto. Você pode nos deixar a sós para a conversa continuar, por favor?

— Você só pode achar que eu sou louca sugerindo uma coisa dessas — Kaori franziu as sobrancelhas para a vampira. — O que você poderia querer com uma criança humana? Não confio em você, Maya Sakamaki. Já escutei coisas a seu respeito, todos nós sabemos que você é problema — Kaori se aproximou mais da vampira, encostando a arma engatilhada em seu peito. — É melhor você ir embora.

— Eu nunca o machucaria — Maya disse. O cheiro da menina estava mais forte agora. O rosto de Kaname passou por sua mente e Maya ficou aborrecida por não saber porque aquela menina cheirava a ele. — Abaixa essa arma. Você já está me irritando.

— Vai embora — Kaori disse outra vez, se virando para Luke. — Vem, Luke. Está tudo bem — ela segurou a mão do menino, o puxando consigo, mas ele não deu nenhum passo atrás da mais velha. Kaori olhou confusa para ele. — Luke? — ela chamou. — O que você tem? Vem comigo. Ela não vai te machucar.

Maya grunhiu, revelando suas presas. Ela parecia prestes a atacar Kaori. Aquela caçadora estava a tirando do sério.

— Ele não vai com você! — Maya exclamou.

— Quem você pensa que é para decidir se ele vai ou fica?! — Kaori gritou dessa vez.

— Kaori-san! — a voz de Luke pegou as duas de surpresa. Kaori olhou para ele, o menino parecia prestes a chorar. — Para com isso. Ela é minha irmã.

— O que? — Kaori franziu o cenho.

Luke soltou a mão da de Kaori e se agachou, pegando a bolsa de sangue no chão. Ele não conseguia olhar nos olhos da caçadora e seu lábio inferior tremia, mas ele foi corajoso o suficiente para ficar de frente para ela e estender a bolsa de sangue para que ela visse e ligasse os pontos. Kaori demorou um pouco, mas viu a boca meio suja de Luke e a bolsa em suas mãos e entendeu. Ele era um vampiro também.

Maya aproveitou a hesitação e a distração da caçadora e desarmou a mesma, tirando a arma de suas mãos. A vampira levou o antebraço até o pescoço de Kaori e a prendeu contra uma árvore.

— Escuta aqui, garota, o sonho do meu irmão é ser caçador — Maya vociferou, cheia de raiva. Kaori gemeu, sentindo falta de ar com o aperto do braço da vampira. — Minha mãe o escondeu dos jornalistas e o matriculou com um sobrenome falso para esconder sua identidade. Tudo isso porque ela sabia que ele não seria aceito aqui se soubesse a verdade sobre ele — ela apertou mais um pouco o pescoço de Kaori, a forçando a olhar em seus olhos. — Se você abrir a boca e estragar esse sonho dele ou se algo acontecer com ele por ser um vampiro, vou saber que vai ser sua culpa e eu mesma mato você!

— Chega, Maya! — Luke puxou o outro braço da irmã. — Não machuca ela. Para com isso! — ele olhou para Kaori que o encarava. — Ela é boa comigo. Nunca me faria mal, não é, Kaori-san?

Com dificuldade, Kaori balançou a cabeça, concordando com a fala do menino. Hesitante, Maya soltou a menina que quase desabou no chão.

— Vamos ter que conversar, Luke — Kaori disse, sem expressão. — Preciso ter certeza de que os outros caçadores estão seguros com você aqui.

— Eu nunca machuquei ninguém, Kaori-san! — a voz do menino parecia desesperada para que Kaori acreditasse nele. Os olhos castanhos dela estavam frios, sem expressão. — Quando esse sangue acabar — ele apontou para a mochila que jazia esquecida no chão. —, eu vou atrás de Maya ou vou até a minha casa buscar mais. Ou me alimento de algum animal na floresta — ele começou a chorar. — Mas, por favor, não diga para o diretor me mandar embora! Os caçadores são parte de mim também e, assim como protejo minha família — ele olhou para Maya e depois olhou de volta para Kaori. —, protejo vocês também.

O menino fungou e limpou os olhos, mas não conseguiu impedir que as lágrimas continuassem caindo. Ele estava na corda bamba. Se Kaori decidisse que não era seguro para os outros caçadores ficarem juntos com Luke, o diretor Kaien levaria em consideração a opinião dela. E se Zero ficasse sabendo, ele moveria céus e terra até Luke ser expulso.

Kaori observou o vampiro por um tempo, sentindo seu coração se quebrar de novo pela segunda vez no dia. Ela sentiu uma lágrima solitária escorrendo por sua bochecha fria, mas a limpou antes que Maya visse. Ela nunca se sentiu tão rodeada de vampiros como estava agora. Para onde ela olhava parecia que havia algum: Kaname, os amigos dele, Maya e agora Luke. Ela estava se sentindo mais perdida que nunca, mas amava Luke como se ele fosse o irmão que ela nunca teve. Ela se agachou e o abraçou, surpreendendo-o.

— Seu segredo está seguro comigo — ela segurou o rosto do menino com as duas mãos e limpou suas bochechas. — Tudo bem, não chore.

Luke balançou a cabeça, acreditando nela, e Kaori ficou de pé, encarando Maya. A vampira imaginou que Kaori fosse xingá-la ou expulsá-la de novo dali, mas, Kaori fez diferente, ela se curvou, fazendo uma reverência respeitosa na frente de Maya. A boca de Maya formou um pequeno “o”, mas ela logo recobrou a postura, como se aquilo não fosse nada demais.

— Não se preocupe com ele — Kaori disse, recobrando a postura. — Lhe dou a minha palavra de que ele ficará bem aqui.

Desconcertada com a demonstração de respeito da caçadora, Maya assumiu a olhou com superioridade, erguendo o queixo.

— Realmente espero que fique tudo bem por aqui — ela caminhou até Luke. — Bom, tenho que ir, antes que alguém perceba a minha ausência naquela festa idiota.

Luke assentiu, abraçando a irmã, e Maya deu um beijo na testa do menino antes de se afastar.

— Eu me chamo Kaori Ozu — a caçadora disse enquanto Maya passava novamente pelas barras do portão que ela havia alargado.

— Maya Sakamaki — ela disse, ajeitando as barras como se não fossem feitas de aço reforçado. — Eu fico te devendo essa, caçadora.

Maya deu uma piscadinha para Kaori e, em um piscar de olhos, sumiu por entre as árvores, enquanto os guardas aos pés de Kaori começavam a acordar. Ela despachou Luke depois que ele assumiu a culpa pelos desmaios, mandando-o esconder a mochila antes que alguém a visse. Ele saiu correndo e Kaori ficou ali, com a cara mais inocente do mundo, pensando em uma desculpa boa o suficiente para explicar o porquê deles terem caído desacordados no chão.

— X —

Maya se sentiu subitamente muito cansada daquela noite e dos acontecimentos. Ela pensou seriamente, enquanto andava entre as árvores, se seria uma boa ideia voltar para festa. Talvez a segurança de seu quarto fosse melhor que fazer mais alguma besteira. Ela suspirou, pensando que não queria ter que encarar Ayato e mais nenhum de seus outros meio irmãos.

Enquanto seu salto afundava na grama, ela pensou que estava feliz por tudo ter dado certo no final com a caçadora e seu irmão. Apesar de parecer um pouco chatinha, Kaori devia cumprir com sua palavra. Pelo menos Luke havia dito que ela era boa com ela. Isso já era o suficiente. Maya podia até pensar em ser amiga da garota se ela de fato tratasse seu irmão bem.

No meio da caminhada, Maya parou bruscamente, sentindo que era seguida. Não podia ser Kaori, pois ela não sentiu mais o cheiro do sangue de Kaname (e isso era algo que ela tiraria a limpo com o vampiro quando o encontrasse). A vampira olhou ao redor cautelosamente, sem mover um músculo. Por ser vampira sua visão era perfeita e ela não demorou para perceber que estava sendo seguida por três renegados.

Eles nem fizeram questão de se esconderem. Eram burros como uma porta. Atacavam primeiro, pensavam nas consequências depois (ou nem pensavam). Maya virou de frente para eles quando os três se revelaram por completo. Eram três homens, dois mais velhos e um adolescente. As presas estavam aparentes e suas bocas salivavam. Era repugnante. Os olhos pretos com a pupila vermelha eram medonhos. Maya nunca gostou deles apesar de saber exatamente como era tê-los em si.

Maya desembainhou a espada, xingando mentalmente a sua falta de sorte. De todos os momentos em que ela podia ter encontrado um renegado, tinha que ser justamente aquele? Ela estava exausta e havia percebido que estava com fome. Daria qualquer coisa por sangue fresco, uma massagem nos pés e uma cama macia. Não tinha tempo para três renegados agora.

— Olá, meninos — ela disse, não muito preocupada. — Escolheram uma péssima hora para me encontrarem, devo dizer.

A grande maioria dos renegados não tinha qualquer consciência. Não eram como Yuri que, sendo metade renegado, agia como uma pessoa normal, então tentar conversar com um deles era perda de tempo.

Os três atacaram Maya ao mesmo tempo, as bocas tão abertas que pareciam prestes a rasgar no meio. A vampira se esquivou dos ataques o melhor que pôde. O fato dela não ter dormido durante o dia e nem ter comido nada até agora estava cobrando seu preço. Ninguém vive só de bebida alcóolica e um copinho de sangue. Enquanto ela começou a lutar corpo a corpo com um dos renegados, os outros tentavam encontrar uma brecha nos ataques dela para subjugá-la, mas Maya estava cansada e não burra. Ela não deixaria um trio daquela ter vantagem sobre ela.

Ela deu um mortal, se afastando o suficiente dos renegados para colocar seu poder em prática. Maya colocou sua espada na horizontal em frente ao seu rosto e deslizou o dedo indicador e o médio pela lâmina do início ao final, dizendo “liberação de almas”. Em questão de segundos, seus olhos ficaram como os de um renegado e várias marcas na cor vermelha apareceram em seu corpo.

— Vocês estão me atrasando — ela disse, com um sorrisinho sarcástico. — E estão me tirando do sério também. O que não é muito esperto, considerando que eu faço coisas muito ruins quando fico com raiva.

Maya se colocou em posição de ataque. O poder dela permitia que o usuário pegasse para si a alma e o poder de seu alvo. Nesse caso, ela só queria a alma daqueles renegados nojentos para adicionar a sua coleção. Depois de falar a liberação de almas, ela disse o número três e três almas, que já haviam sido roubadas por ela, se materializaram ao seu redor como uma fumaça preta e roxa que envolveram tanto ela quanto os renegados, tornando-a praticamente invisível para aqueles três.

Mesmo não tendo muita consciência, os renegados pareceram hesitar e Maya usou isso a seu favor. Ela fez um corte em si mesma, em sua mão, e usando seu sangue naquela lâmina, atacou os três renegados, os cortando e pegando para si a alma de cada um deles. Quando a fumaça se dispersou, Maya observou aquelas três coisas horrendas caídas no chão, secas como uma uva passa. Ela sorriu, sentindo a cabeça girar um pouco. Havia sido fácil. Mas aquele dia estava cobrando seu preço e Maya caiu de joelhos no chão entre os renegados que havia matado. Seus olhos voltaram ao normal e as marcas sumiram, levando com elas a consciência da vampira. A última coisa que Maya viu antes de tudo ficar escuro, foi um par de olhos verdes brilhantes a encarando entre as árvores.

— X —

Maya abriu os olhos. Ela viu pernas bem torneadas em uma calça escura e sapatos sociais. Ela fechou os olhos novamente.

Maya abriu os olhos. Dessa vez ela ouviu uma risadinha e sentiu uma mão gelada em sua coxa nua. Seus olhos fecharam novamente.

Pela terceira vez, Maya abriu os olhos. Agora ela sentiu um cheiro estranho, mas familiar. Ela conhecia aquele cheiro, mas não o reconheceu.

— Acordada, vadia?

A voz deveria ser familiar também, mas ela não conseguiu fazer sua mente funcionar. Não sabia quem estava falando.

— Não? — a voz deu uma risadinha de novo. — Não tem problema, você vai acordar daqui a pouco de qualquer jeito.

Maya caiu na escuridão de novo, nos braços de algum desconhecido que ela não fazia a menor ideia de quem era.

Quando Maya acordou de novo, dessa vez consciente de tudo, ela demorou um pouco para perceber onde estava e como estava. Devagar, ela abriu os olhos, recobrando o foco de sua visão. O teto branco abobado a fez franzir o cenho. Que lugar era aquele? Sentindo sua cabeça girar um pouco, ela virou o rosto para o lado, se deparando com os vitrais nas janelas com imagens de santo.

Ela percebeu, não sem alguma surpresa, que estava em uma igreja. Quando seus olhos encontraram a imagem de Jesus Cristo crucificado, que sempre ficava próximo ao altar nesses lugares, o coração de Maya deu um pulo em seu peito. Por que diabos ela estava em uma igreja era um mistério e ela não estava nem um pouco a fim de continuar ali.

Maya tentou se lembrar do que havia acontecido depois que matara os renegados, mas não conseguia recordar. Tudo estava um branco em sua mente. Ela tentou se sentar onde quer que estivesse deitada, mas não conseguiu, algo a forçava a ficar deitada. A vampira ergueu um pouco a cabeça, olhando para seus pés. Estavam amarrados. Ergueu a cabeça, olhando para seus pulsos, também estavam amarrados.

— Mas que porra...?

Sua voz se perdeu no silêncio da igreja. Seu coração ainda estava muito acelerado e ela não conseguia pensar direito, mas sabia que quem quer que tivesse feito com ela não podia ser boa coisa. Ela fez força para se soltar, mas era como se seu corpo se recusasse a obedecer. Estava fraca demais. Como isso havia acontecido?

— Ora, ora.

Ao som daquela voz que ela conhecia tão bem, Maya virou o rosto para o lado, na direção da porta. Foi quando ela percebeu que estava deitada justamente no altar da igreja, onde o padre rezava as missas. À sua frente, próximo a porta de entrada e saída, estava Laito, com seus olhos brilhantes, sorriso insolente e sede de sangue. Maya não gostou do olhar no rosto dele e sentiu medo – mesmo que nunca fosse admitir isso nem para si mesma.

— Boa noite, vadia — Laito disse, se aproximando mais.

— O que você fez comigo, seu psicopata?! — ela gritou. — Me solta agora!

— A Elizabeth devia ter ensinado você a não aceitar nada de estranhos — ele disse, dando uma risadinha. — Às vezes, esses estranhos colocam coisas ruins na sua bebida.

Maya arregalou os olhos, pensando na bebida que aquele vampiro desconhecido havia dado a ela na festa. Como fora burra! Por que havia bebido aquilo? Mas também como ela poderia adivinhar que Laito tentaria algo? Burra, burra, burra.

— Você pagou aquele menino para me dar aquela bebida, não foi? — ela perguntou, sentindo agora mais raiva que medo.

— Você é idiota ou ingênua, Maya? — ele deu uma risadinha. — Talvez seja os dois? É claro que sim — Laito disse. Sua voz parecia estar por todos os cantos da igreja.

Isso não podia estar acontecendo, ela pensou. Não agora, não assim e não nesse lugar. Não que ela fosse religiosa ou qualquer coisa do tipo, mas ela não sabia em qual igreja eles estavam. E se fosse no meio da cidade? Maya sabia que Laito era maluco o suficiente para leva-la para uma igreja que ainda funciona hoje em dia. Se algum humano chegasse e visse algo assim, ela amarrada ao altar, drogada, com um vampiro sádico pronto para fazer o que quisesse com ela, provavelmente eles estariam em maus lençóis ou Laito mataria o humano para que ele não espalhasse nada para ninguém, o que também não seria nada bom. Eles podia ser presos por atentado ao puder (seria a segunda vez para Maya), o pai dela a mataria, Laito podia ser expulso da escola. Tantos finais e nenhum bom.

— Você está me escutando, seu idiota? — Maya gritava a plenos pulmões. — Eu não sei o que você pensa que está fazendo, mas isso vai acabar mal. Vou matar você, Laito. Eu juro que vou. Se você fizer qualquer coisa contra mim. ESTÁ ME OUVINDO, SEU DESGRAÇADO?!

Laito gemeu, o que a fez se calar. Mas não era um gemido de prazer e sim de triunfo. Ela não havia percebido o quão próximo ele estava até seu olhar encontrar o dele pairando acima dela. Ela estava vermelha de raiva, ele estava vermelho de excitação. Ele era louco, pensou Maya. Era a única explicação. Maya se sentiu tremer da cabeça aos pés. Ela estava suficientemente fraca para ele mata-la com a maior facilidade do mundo. Se ele quisesse se vingar dela ou de Karlheinz ou de quem quer que fosse, esse era o momento perfeito.

— Eu acho que você está merecendo uma lição — ele colocou uma mão na perna de Maya, deslizando até a sua coxa. Maya estremeceu. — O que você acha, vadia?

— O que você vai fazer? — ela tentou se erguer, forçando as cordas em seu pulso. — Me matar?

— Matar? — Laito riu, jogando a cabeça para trás. Quando voltou a encará-la, seu rosto estava mortalmente sério. — Vou fazer pior — ele se inclinou na direção dela, deixando seu rosto a centímetros do rosto de Maya. — Eu pensei: por que não tirar dela aquilo que um vampiro tem de mais importante? Nós só damos isso a quem nós queremos. O que aconteceria se eu tirasse a força de você enquanto você está à minha disposição?

— Como se eu fosse me submeter a você! — Maya rosnou.

A raiva dela apenas servia para excitar mais Laito. Maya podia ver isso no rosto dele, nas bochechas rosadas e no sorriso embriagado em seus lábios.

— Eu não preciso que você faça, eu posso simplesmente te obrigar a fazer o que eu quiser — ele tirou a mão da coxa dela e segurou seu pescoço, apertando-o.

Laito abaixou o rosto, passando a língua pelo espaço livre no pescoço de Maya. Ela forçou mais uma vez as cordas que a seguravam, mas não conseguiu se soltar.  Laito conseguia sentir o desespero dela e isso apenas o incentivava mais. Ah, Maya, como você é obediente, ele pensou. Está fazendo exatamente o que eu quero.

— Você ia dar seu sangue para o meu irmão, não ia? — ele sussurrou no ouvido dela.

— Para quem eu dou ou deixo de dar meu sangue é problema meu — ela disse com um pouco de dificuldade.

Ele riu, soltando o pescoço dela.

— Eu acho que a partir de hoje você vai querer dar apenas para uma pessoa — Laito subiu no altar junto com Maya, ficando entre as pernas dela.

— Vai sonhando!

— Está com raiva de mim? — ele perguntou, aproximando o rosto de novo dela, quase ronronando. — Eu gosto de como seus olhos faíscam quando está com raiva de mim. Brilham tão vermelhos quanto eu imagino que seja seu sangue.

— Vai se foder, Laito!

O rosto dele estava próximo demais dela, a respiração dela estava se misturando a dele e ela não sabia se estava atordoado por causa do que quer que ele tivesse colocando na bebida dela ou por causa dessa aproximação. Ela olhou diretamente nos olhos dele, não querendo se deixar intimidar pelo ruivo, mas ele era bonito demais, intenso demais, maluco demais. E Maya queria que ele se afastasse, queria que ele se aproximasse... Queria que ele fosse para a porcaria do inferno e a deixasse em paz.

Porém, ela queria ir ao inferno com ele. Que ele a levasse até lá e que ela se perdesse nele. Como as coisas haviam chegado a esse ponto? Ela só tinha ido levar sangue ao seu irmão. Como havia vindo parar aqui nesse meio tempo, à mercê de Laito? Que porra a vida, a sorte, o destino tinham contra ela que não deixavam ela ter um segundo de sossego? Se Maya fosse religiosa, teria rezado para algum santo ajuda-la nesse momento. Mas ela não era e nunca nem havia rezado na vida. Se ela tentasse agora, ninguém a escutaria, apenas Laito, e ele riria dela. Diria que ela é uma idiota. E ela é mesmo, pois quem ia querer que um homem como Laito avançasse mais em suas ameaças?

Ela abriu a boca para falar, mas nenhuma palavra saiu. Acima dela, os lábios de Laito sorriram. Ele ergueu o vestido dela, expondo a calcinha preta que ela havia colocado antes de sair de casa. Suas pernas tremeram e ela não conseguia respirar direito com a iminência do que aconteceria.

— E então? Por onde eu devo começar, Maya? — ele sussurrou, esfregando a ponta do nariz no cós da calcinha dela. — Deveria ser por aqui? — ele enfiou um dedo na calcinha dela, puxando um pouco para baixo. — Ou você prefere por cima? O que você quer?

— Eu quero que você pare com isso! — ela gritou.

— Ah! — ele sorriu. — O seu rosto fica tão lindo quando está com raiva. Fique mais e mais e mais. Até você implorar por mim. Posso te contar um segredo? — ele levantou mais o vestido dela, expondo seu abdômen. — Você vai querer mais quando eu terminar.

Os olhos de Maya se encheram de lágrimas quando as presas de Laito afundaram próximas a sua virilha. Mas ela não estava triste pelo o que estava acontecendo, mas porque seu corpo estava agindo completamente ao contrário do que ela queria. Enquanto Laito tomava seu sangue em um lugar intimo como aquele, ela devia sentir repulsa dele, devia lutar com todas as forças para afastá-la, mas o meio de suas pernas ficou quente e ela mordeu o lábio inferior para suprimir um gemido. Ela não poderia dar esse gostinho a Laito, mas se ela tentasse repeli-lo ou se entregasse a ele, o vampiro ficaria satisfeito. Ela não tinha escolha e não tinha jeito certo de agir naquele momento. Ele realmente iria conseguir dela o que quisesse.

Os lábios de Laito desceram para a parte interna da coxa dela, depois para sua panturrilha, e subindo de novo pela outra perna. Em cada um desses lugares ele deixou uma mordida, deixou uma marca de suas presas. Ela cerrou os punhos com força, encarando os vitrais acima deles. As cores dançavam em sua visão e ela não conseguia mais formar nenhum pensamento coerente em sua cabeça. Devia lutar, devia ceder? Não havia resposta certa.

— Está tão quieta, Maya — ele disse, erguendo o rosto do meio das pernas dela. O sangue dela escorria pelo queixo dele, pigando no tecido branco de seu vestido. — Está gostando?

Maya olhou nos olhos dele e eles eram pura luxuria. Laito ergueu o corpo, aproximando o rosto do dela mais uma vez. Ele puxou a alça de seu vestido para baixo, afundando as presas no ombro da menina. Ela fechou os olhos com força quando ele desceu mais o tecido, mordendo próximo do seio dela, e depois foi para o outro lado, repetindo o processo.

— Por que você me odeia tanto? — ela perguntou, reunindo forças de algum lugar muito profundo dentro de si.

— Por que seu sangue é tão bom? — ele respondeu com outra pergunta e olhou nos olhos de novo. — Nós dois gostaríamos de uma resposta para essas perguntas, mas nenhum de nós vamos ter.

Laito abaixou o rosto, puxando o lábio inferior dela com os dentes e mordendo ali também. Quando terminou, ele passou a língua ali, limpando o sangue antes que escorresse pelo rosto da vampira.

— Eu quase desejo que você não estivesse amarrada — ele disse, aproximando a boca do pescoço dela. — Implorando para eu foder você.

— Você nunca vai conseguir nada de mim por livre e espontânea vontade — ela disse, baixinho.

— Eu não teria tanta certeza disso se fosse você.

Laito mordeu o pescoço dela e Maya não conseguiu conter um grunhido. O vampiro riu mentalmente disso e ela se amaldiçoou. O sangue dela escorreu por seu pescoço, passando por sua nuca. Naquele ponto em especifico, ele não parou até ela quase desmaiar.

— Eu realmente quero tomar mais — ele disse, erguendo o rosto acima do dela. — Mas você parece tão fraquinha que eu estou quase sentindo pena — Laito passou o polegar pelos lábios dela, manchando ali com sangue. — O que você quer, vadia?

— Que você vá para o inferno!

Laito riu. A expressão em seu rosto era de puro êxtase.

— Vá até lá comigo, então.

Ele mordeu o outro lado do pescoço dela. Laito fechou os olhos, saboreando o sabor daquele sangue. Ele nunca havia provado um igual aquele. Até agora, até ela. Em seu íntimo, ele sabia que tudo isso mexeria com ela, mas sabia que mexeria consigo também. Ele iria querer mais. Inferno, talvez até procurasse por mais. Ele não se contentaria só com essa vez. O que ele poderia fazer para esse sangue pertencer a ele? Ele teria que pensar em alguma coisa. Maya tinha o espírito muito livre e ele precisava que ela quisesse apenas ele.

A consciência de Maya a traiu e ela mergulhou na escuridão de novo. Na verdade, ela nem lutou para se manter acordada. Sabia que Laito gostava de plateias, principalmente quando se tratava dela, então se ele não tivesse uma, talvez a deixasse em paz. Não foi o melhor plano da vampira, mas ela não conseguia pensar em nenhum melhor naquele momento. Não do jeito que estava.

Quando Laito percebeu, ele parou de tomar o sangue. Não tinha graça com ela desacordada. Ele queria ouvi-la com raiva, ele queria ver aquele rosto o odiando, os lábios dela o xingando, enquanto o corpo dela pedia por mais. Mas ele havia passado um pouco dos limites, se tomasse mais poderia acabar chegando a um ponto crítico. Não era essa a intenção dele. Ele queria vê-la humilhada, assim como ela o havia humilhado no refeitório, dias atrás, quando segurou seu coração nas mãos. E ele havia conseguido. Ele provou para Maya que ela não era páreo para ele. Ele havia vencido.

Devagar, o vampiro desceu do altar. As marcas de suas presas estavam bem visíveis e talvez demorasse para cicatrizarem. Era o que ele queria: marcar território. Laito a desamarrou e sorriu, dando uma última olhada para ela.

— Bons sonhos, vadia.

— X —

A última vez que Maya acordou naquele dia, foi em um sobressalto, lembrando-se do que havia acontecido naquela igreja como se fosse um sonho, mas que na verdade havia sido bem real. Com o coração acelerado, ela viu que não estava mais presa na igreja, mas sim em uma cama muito macia com lençóis brancos.

Maya controlou a própria respiração, suspirando aliviada. Se ela ainda estivesse com Laito, não sabe o que faria. Provavelmente o mataria de verdade, pois estava com ódio do vampiro. Ela voltaria para a escola com a cabeça dele e daria para Cordelia, o que, provavelmente, provocaria a ira da vampira e jogaria toda a merda no ventilador. Mas Maya não se importava, não mais. Ela poderia até não matar Laito, mas se vingaria dele, não importando em quem essa vingança acabaria respingando.

Maya ergueu a parte superior de seu corpo na cama, sentando-se em meio aos lençóis. Antes que ela pudesse se levantar, a porta do quarto foi aberta e Subaru entrou por ali com os cabelos um pouco bagunçados e as bochechas coradas, como se estivesse no frio. Estava muito bonito e a cabeça de Maya estava explodindo de dor, então ela teria que elogia-lo em qualquer outro momento.

— Minha cabeça está me matando — ela disse enquanto ele fechava a porta atrás de si.

— Você está fraca — Subaru se aproximou da cama e se sentou de frente para ela. — O que aquele desgraçado fez com você?

Ele entregou uma bolsa de sangue para Maya e ela o pegou, tomando avidamente logo em seguida, como Luke havia feito na Academia dos Caçadores. Isso parecia ter acontecido há muito tempo e não há apenas algumas horas. Ela até havia feito algum tipo de amizade com uma caçadora bonita de cabelos castanhos, olhos furiosos, com o cheiro do Kaname. Como era mesmo o nome dela? Depois dos eventos da noite, Maya havia esquecido. Karin? Kiyomi? Não. Mas era algo com K, ela tinha certeza.

Enquanto tomava o sangue, Maya olhou nos olhos de Subaru e se perguntou como ele sabia que ela estivera com Laito e que ele havia a deixado naquelas condições, mas não era tão difícil assim de deduzir isso, era? Laito vinha perseguindo Maya desde que ela chegou. Então, era meio obvio.

— Ele não fez nada — ela mentiu quando o sangue acabou. — Eu estou bem. Sério.

Maya tentou ficar de pé, jogando as cobertas para o lado, mas sua cabeça girou e ela apenas conseguiu cair sentada no colchão de novo sob os olhos atentos de Subaru. Ela estava se sentindo ridícula. O que quer que Laito tivesse dado para ela, era forte.

— Que merda! — Maya exclamou.

— Toma mais — ele estendeu outra bolsa de sangue para ela. — Vai fazer você se sentir melhor.

— Eu vou ficar melhor quando tomar um banho e tirar esse cheiro de mim — ela rebateu, mas aceitou a bolsa de sangue e voltou a tomar.

— Bem — ele ficou de pé. —, vamos para o banheiro então.

Antes que Maya pudesse falar qualquer coisa, ele a pegou no colo, o que a fez rir de surpresa.

— Eu tenho pernas, sabia? — disse, enquanto jogava a bolsa de sangue no lixo. — Quero mais uma.

Ele a deixou dentro do banheiro com gentileza, como o cavalheiro que era, e saiu do quarto para pegar o que ela havia pedido. Maya aproveitou o tempo sozinha para tirar suas roupas. O vestido da festa estava todo manchado com seu sangue, mas pelo menos as marcas de mordidas já haviam sumido. Enquanto se olhava no espelho, tentou não pensar em Laito e nem em tudo o que havia acontecido. Mas se lembrou da festa de dia dos namorados e como aquela dança com o desconhecido pago por Laito e o beijo com Ayato pareciam ter acontecido em outra vida.

Quando Subaru retornou, trazia consigo mais quatro bolsinhas e Maya estava nua, entrando na banheira cheia com água morna. O vampiro entrou no banheiro e a viu daquele jeito, mas ela não parecia nem um pouco desconfortável. Ele entregou mais um saquinho para ela enquanto Maya sentava na banheira e deixou os outros em cima da pia.

— Vou esperar você no quarto — ele disse, se virando para ir embora.

— Não — Maya segurou o pulso pálido do menino, fazendo-o ficar parado no mesmo lugar. — Eu gostaria que você ficasse.

Ela estava fraca, mas teve força suficiente para puxar Subaru para a banheira junto com ela, com roupa e tudo. Ele caiu na água, espalhando gotas por todos os cantos, em um silêncio assustado, enquanto Maya dava uma risadinha. Os olhos dele estavam arregalados com olhou para ela, mas logo sua expressão passou de susto para raiva. De onde aqueles meninos tiravam tantos motivos para sentirem raiva era um mistério para a vampira.

— Você é louca?! — Subaru exclamou, tentando se levantar, mas Maya passou uma perna por cima dele, impedindo-o.

— Fica aqui comigo — ela pediu, tomando de sua bolsa de sangue.

— Você podia ter pedido, como uma pessoa normal — ele disse, se ajeitando na banheira. — Eu teria pelo menos tirado a roupa — ele ainda estava emburrado e ela riu.

— Tanto faz. Pega, toma esses dois — ela jogou duas bolsas de sangue para ele.

— Mas são para você — ele disse, olhando para a mão dela estendida.

— Eu gostaria que você bebesse comigo enquanto me faz companhia. Então, pega logo.

Ele obedeceu e pegou a bolsa de sangue, tomando seu conteúdo em goles rápidos logo em seguida. Quando ele terminou, jogou a bolsa no chão e Maya o surpreendeu quando subiu em seu colo, espalhando mais água pelo banheiro.

— Desculpe, mas eu preciso disso — ela disse e mordeu o pescoço dele antes que Subaru pudesse dizer qualquer coisa.

— Maya... — ele disse o nome dela, meio em um gemido, meio em uma exclamação de surpresa.

Ela continuou tomando, sem se importar muito com o que o vampiro estava falando. Subaru segurou a cintura dela com força, como se estivesse tentando se controlar. Maya sabia que estava fazendo algo que estava excitando a ambos, mas não ligava.

— Maya, eu... — ele arquejou e ela sentiu um volume crescente entre as pernas dele, onde sua intimidade tocava a calça jeans do menino.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Maya rasgou a blusa de Subaru e ele entendeu aquilo como uma confirmação de que ela queria a mesma coisa que ele. O vampiro a segurou contra si, erguendo um pouco os quadris dela, enquanto deu um jeito de abaixar sua calça. Depois sentou-se novamente na banheira, com Maya ainda em seu colo, e a posicionou em cima de seu pênis, fazendo os dois gemerem baixinho no silêncio do banheiro.

Maya parou de tomar o sangue humano que havia em Subaru e o beijou, sem pensar muito nas consequências daquilo. Ela deslizou Subaru para dentro de si e começou um movimento de subir e descer constante. Ele a segurou com mais força contra si, gemendo entre os beijos e depois descendo seus lábios para beijar o ombro e pescoço dela. Um momento depois, ela sentiu as presas dele roçarem sua pele. Ela se arrepiou, mas não fez qualquer movimento para afastá-lo.

— Vai em frente — ela disse, percebendo a hesitação do vampiro.

— Mas... — ele sabia que se tomasse o sangue dela depois dela ter tomado o dele, seria um caminho sem volta.

— Eu não tomei o sue sangue — ela avisou, encostando a cabeça no ombro dele enquanto diminuía o movimento de seu quadril. — Tomei o sangue humano que você havia tomado. Não vamos ficar ligados.

Ela voltou a subir e descer e Subaru beijou o ombro dela, passando suas presas pelo local. Maya mordeu o lábio inferior, esperando que ele a mordesse logo. E quando o fez, ela gemeu um pouco mais alto do que esperava, segurando os cabelos do vampiro com força. De alguma forma, ele conseguiu ajuda-la com os movimentos, tirando as presas do ombro da menina, ele as afundou em seu pescoço. Os dois sentiram que ele estava quase chegando ao orgasmo, mas ela não parou de se movimentar. A vampira chupou o pescoço de Subaru, fazendo-o jogar a cabeça para traz em um misto de prazer e êxtase. Ele gozou, segurando com força a cintura dela, e quando os movimentos de Maya pararam, os dois ficaram na mesma posição, em um silêncio confortável, com Subaru apenas fazendo carinho nas costas de Maya. Essa era a melhor forma dela lidar com a situação? Não, mas quem entende a mente de um vampiro?

Alguns segundos depois, Subaru tirou Maya gentilmente de seu colo e recebeu um grunhido de desaprovação em resposta, mas ela saiu mesmo assim. Ela terminou o banho e ele teve que tomar outro. Quando terminaram, secaram-se e deitaram na cama de Subaru sem roupa.

— Vou dormir aqui — ela avisou.

— Eu não esperava que você fosse embora — ele disse.

O sol já estava nascendo no céu e Maya estava cansada demais para dizer qualquer outra coisa. Então, apenas sorriu e fechou os olhos, deixando-se dormir o que ela não havia dormido no dia anterior.     


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