Até você chegar escrita por Little Alice


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Querida Callie,

Eu nem sei por onde começar, mas espero que esta história te encontre em um bom momento ― em caso negativo, espero ao menos que esta história te proporcione um bom momento em meio ao caos das nossas vidas. Você esperava que eu fosse sua amiga secreta? Sim? Não? Bom, quero que saiba que fiquei muito feliz em ter tirado você e amei cada coisinha que pediu no formulário. Tanto que precisei pensar em uma maneira de uni-las, porque eu realmente queria trazer todas elas para essa fanfic que é só sua. Então temos fake dating e temos uma personagem meio desastrada (ou muito). Quanto à fantasia... bom, eu não sou muito boa com isso, a minha imaginação tende a ser bem limitada nesse sentido, o que é uma pena, lido melhor com a realidade do mundo. Por isso pensei em uma Soulmate AU para preencher essa lacuna mais fantasiosa, além disso, trouxe algumas referências a mitos gregos e tentei criar um ar de contos de fadas em alguns momentos. O universo Soulmate é um pouco diferente por aqui, porque a maioria dos prompts que vejo pela internet acaba entrando em conflito com o trope do fake dating. Tive que achar uma alternativa para que as duas coisas pudessem coexistir. Espero que não tenha ficado confuso, espero que ao longo da história você compreenda como tudo funciona. O romance histórico é o meu toque pessoal, como alguém que ama Jane Austen e Julia Quinn. De modo geral, a fanfic segue a lógica da maioria dos romances históricos, mas por causa do Soulmate AU algumas coisas mudam, isso ficará claro durante a leitura. Não sei se você está habituada a ler romances históricos; se não estiver, não tem problema, colocarei nas notas qualquer informação mais específica e que possa gerar dúvidas.
Sobre a escolha do ship, quando vi que saí com “Willow”, esse foi o primeiro casal que me veio à mente e fiquei muito feliz por você ter colocado Scorose entre as suas opções. É um ship que gosto muito, que combinava com a música e com a ideia geral da fic que se desenrolou na minha cabeça (por pertencerem a famílias opostas, numa dinâmica bem Romeu e Julieta). Espero que não fique decepcionada com a minha escolha, se eu pudesse eu teria feito uma para cada ship. Ao longo desses meses, li várias histórias suas para tentar entender o que você gostava (desculpa ser fantasminha, mas eu não podia me revelar, porém ainda quero comentar as fics que li). Acho que, no fim, isso acabou me deixando mais ansiosa, porque você é tão talentosa, escreve tão bem e com tanta delicadeza... a minha responsabilidade aumentou muito. Você é maravilhosa demais, Callie! De verdade! Desejo apenas que possa gostar desse pequeno e singelo mimo e que o seu coração fique quentinho lendo (é uma história bem docinha e romântica, às vezes um tantinho brega). Cada detalhe desta fic foi pensado com muito carinho, tentei considerar você e alguns gostos pessoais seus. Só me desculpa pela bíblia, ok? Acho que me empolguei demais. Sabe quando você perde o limite e só abraça o caos? Pois então. Não se sinta obrigada a comentar em todos os capítulos, eu fico plenamente feliz com um comentário no final se você preferir assim, penso que pode ser mais tranquilo para você. Te desejo tudo de bom e, claro, uma boa leitura!

Da sua amiga secreta,
Little Alice

P.S.: Antes de me despedir, eu montei uma playlist para esta fic, coloquei muitas músicas da Taylor Swift, algumas que eu gosto e outras de cantores e de bandas que você curte. Se quiser, pode conferir pelo link: https://tinyurl.com/atevocechegar ❤



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Como em muitas outras histórias, esta começa com uma garota que acreditava. Rose Jean Weasley, a sétima neta dos barões de Gryffindor, sempre acreditou que um dia encontraria aquele tipo de amor místico e especial, ao qual os próprios deuses de um Olimpo decadente destinavam aos homens ― e acreditava, de todo coração, que o acharia com relativa facilidade, ainda em seus anos dourados. Podia-se dizer até que fantasiava com aquele momento, com o instante em que os seus olhos cruzariam com o da sua alma gêmea e todas as estrelas do universo se alinhariam e desceriam sobre eles, unindo-os em um brilho etéreo e na certeza de que aquilo seria para sempre. Fora assim com todos da sua família: com os seus avós, com os seus tios, com os seus pais e, agora, com os seus primos mais velhos.

Quando era pequena, Rose costumava ouvi-los contando suas histórias. Como narrativas de ninar, que embalavam todos os seus sonhos mais secretos. Ela ainda se lembrava dos cobertores quentinhos, do cheiro do leite com chocolate, do barulho da chuva lá fora e da voz suave de sua avó ou de sua mãe, compartilhando suas memórias sagradas. Não havia motivos para acreditar que não encontraria sua alma gêmea também, mesmo que vivessem em um mundo em crise, cada vez mais solitário e triste. Rose tinha certeza que seria agraciada com a sorte da família Weasley, não existiam pessoas em toda a Inglaterra do século XIX que merecessem mais do que eles, simplesmente porque se amavam. Eles exalavam amor. Eram a própria definição daquele sentimento tão raro e não apenas no sentido romântico. As estrelas gostavam deles por isso.

Mas, aparentemente, não gostavam de Rose.

Ela precisou admitir isso para si mesma quando, depois da sua quinta temporada em Londres¹, viu-se novamente sozinha, sem qualquer vislumbre de que o universo havia lhe reservado alguém notável, que fizesse o seu mundo parar momentaneamente. Rose nunca gostou da ideia de ter que participar das temporadas londrinas ― a verdade era que a jovem não era propriamente uma exímia dama da sociedade, era desajeitada, não sabia dançar com coordenação, possuía uma evidente predisposição a cometer acidentes estúpidos, ainda mais quando estava enfiada naqueles vestidos sufocantes de festa, e não conseguia manter conversas minimamente interessantes com desconhecidos ―, mas pensou que valeria o sacrifício se encontrasse sua alma gêmea entre os salões de baile e entre os passeios no Hyde Park². Não era assim para a maioria das pessoas entre vinte e vinte e seis anos de idade? Ao menos, para as pessoas que tinham uma alma gêmea. Rose, no entanto, passou por sua primeira, por sua segunda e por sua terceira temporada sem que nada acontecesse. Sem que aquele momento fantasiado por ela, durante tantas noites, se realizasse. Sem viver as histórias que os seus familiares lhe contaram.

Aqueles foram os seus anos dourados, quando as chances eram infinitamente maiores, quando o tempo estava de fato a favor dos apaixonados. Quando ainda era possível ler os sonetos ou assistir às peças de Shakespeare e acreditar que eram reais, que podia-se duvidar dos astros, do calor do sol, e até mesmo da verdade, mas não do amor. Nunca do amor. Contudo, Rose atravessou seus anos áureos como num sopro e, então, começou a adentrar os seus anos cinzentos. Agora, aos vinte e seis anos, já era considerada um caso quase perdido. No início, fora difícil aceitar que talvez fosse a regra e não a exceção de um mundo tão fragmentado e caótico, que talvez a sorte de sua família não tivesse lhe alcançado e que tivesse sido abandonada pelos deuses como todas as outras criaturas vãs do universo. Talvez o seu destino não fosse os Campos Elíseos³, afinal, mas os Campos de Asfódelos⁴. Rose precisou percorrer um longo caminho até que pudesse ressignificar muitas coisas em sua vida. Precisou ressignificar sua ideia de amor romântico, suas ambições e o próprio conceito que tinha de si mesma. Entendeu que tanto o amor quanto os sonhos poderiam nascer em solos áridos e que não precisava esperar que os astros lhe indicassem o seu destino. Ela mesma poderia construí-lo.

Acontece que, como em muitas outras histórias, esta também não ocorre do modo como os seus protagonistas esperam ou almejam e todas as novas convicções de Rose Jean Weasley estavam prestes a ruir com a chegada de um rapaz que nunca sequer acreditou em amores místicos.


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Notas finais do capítulo

¹Caso não estejam muitos familiarizados, as temporadas sociais de Londres surgiram para divertir a alta sociedade inglesa com bailes, teatros e outros, durante o período em que os nobres eram convidados (convidados, não necessariamente obrigados, pois podiam enviar representantes) a comparecer à Câmera dos Lordes. Para isso, permaneciam na capital com suas famílias. Por reunir muitas pessoas da nobreza ou pessoas bem relacionadas e com dinheiro no mesmo lugar, era um momento muito propício para acordos matrimoniais. Na realidade desta fanfic, o que eles buscam é, primeiramente, suas almas gêmeas; não encontrando, casamentos entre almas únicas podem ser considerados normalmente.
²Hyde Park: famoso parque em Londres, localizado na região central.
³Campos Elíseos: o paraíso na mitologia grega, um lugar no Reino de Hades dedicado aos heróis e às pessoas que foram virtuosas em vida.
⁴Campos de Asfódelos: lugar no Reino de Hades para todas as pessoas que não foram nem boas, nem más, que foram irrelevantes ou medíocres.


Olá, tudo mundo! O que vocês acharam dessa pequena introdução? Me digam nos comentários.

Beijos e até a próxima :*