Ismael colidira contra o chão violentamente. Jacob ainda tentava processar o ocorrido, quando Seihim sem pena alguma desceu do ar e acertava violentamente o cavaleiro de Animal.

Seus punhos estavam envolvidos pelo cosmo das trevas e ele fazia a armadura do mascote de Seth trincar como se fosse feita de madeira. Por conta da pressão do ataque, o guerreiro egípcio adentrava cada vez mais no solo, incrédulo pela súbita reviravolta na luta. 

—-- AHH! – gritou Seihim atingindo o peito do cavaleiro com toda a sua força.

O punho dele fumegou em chamas negras e o golpe a queima roupa ergueu um pilar de energia e uma cratera se abriu com Ismael em seu fundo. O cavaleiro de Animal estava com os olhos arregalados e um imenso buraco em seu peito. 

—-- Quem é esse, Seihim? – pensava Jacob assustado. – Ele não pode ser humano...

—-- Tinha razão mestre... – pensava Seihim. – Agora, eu posso lutar e proteger Athena!...Hm?

Uma luz emergiu da cratera e de repente Ismael surgira diante dos olhos de Seihim. O cavaleiro de Seth expeliu mais chamas que engoliram o cavaleiro de unicórnio sem deixar quaisquer vestígios.

—-- Há,Há,Há... – comemorou ele. – EU sabia que tinha sido sorte!

—-- Sorte de quem? – disse Seihim atrás dele.

—-- Impossível... Você quase morreu em minhas mãos, como pode ter tanta força?

—-- Por que finalmente eu aceitei ser, quem eu verdadeiramente sou... – disse o unicórnio novamente elevando o seu poder. – E prepare-se para cair, Ismael de Animal....

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Os deuses egípcios continuam a correr o mais rápido que podiam para atravessar a próxima casa: Câncer. Seth estava animado e Hórus estranhava aquela alegria toda.

—-- Por que está tão sorridente? Não há ainda um cavaleiro de ouro de câncer! – disse o Deus falcão.

—-- Eu estou sentindo o sangue do meu servo correr rapidamente! Ele deve estar se divertindo muito... – dizia Seth orgulhoso. – Hm?

De repente o corpo cósmico de Seth fora tocado. Ele começou a elevar o seu poder divino e viu que se tratava do seu servo.

—-- O que você quer Ismael?

—-- Lorde Seth... – dizia ele com um temor na voz. – Eu encontrei um guerreiro terrível e...

—-- Não me diga que você está perdendo e veio chorando como um cão abandonado?

Nesse momento a fúria de Seth criou uma pequena tempestade e um raio caíra abrindo um buraco na casa de Gêmeos. Os deuses menores ficaram apavorados.

—-- Por favor Lorde Seth! Libere-me a minha verdadeira forma... EU juro que se me deixar usar todo o meu poder, eu varrerei não só esse inimigo do qual estou falando, mas me unirei a sua guarda e matarei todos os cavaleiros de Athena!...

—-- Hum... – disse Seth abrindo a mão e formando uma esfera de energia que se assemelhava a uma pequena tempestade. – Se você falhar... Eu juro que o lançarei a parte mais profunda do Duat, me entendeu?

E cessou de estimular sua cosmo energia e lançou a esfera para o ar. Hórus ficou revoltado e Seth não lhe dera atenção, apenas voltou a correr e repôs o mesmo sorriso triunfante em seu rosto.

—-- Ele é louco... Se o cavaleiro de Animal receber todo o seu poder... – pensava Hórus suando frio.

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Seihim se preparava para investir contra Ismael, quando de repente a esfera que Seth lançara caiu na mão do seu mascote.

—--Obrigado milorde... – comemorou Ismael. – Você poderia ter morrido com menos dor, unicórnio! Mas infelizmente, você não só condenou a si mesmo, mas todo o santuário que você tanto ama!...

—-- CALE-SE!!! – gritou Seihim investindo contra ele.

Ismael sorriu e vendo o cavaleiro vir na sua direção, ele pegou a esfera de energia com as duas mãos e empurrou-a contra o peito. A energia adentrou o seu corpo como se fosse sua alma e de repente um poder absurdo tomou o lugar.

Seihim sentiu o ar ficar pesado e foi lançado ao chão como se a gravidade tivesse aumentado drasticamente. O mesmo aconteceu com Jacob e ambos ficaram assustados com a tamanha quantidade de energia liberada por Ismael agora.

—-- O que é isso? – perguntou Jacob.

—-- Por que ele ficou tão forte?

—-- Ficar forte? – repetiu o egípcio em ironia. – EU sou uma das criaturas mais poderosas desde a época mitológica... O mestre Seth reteve parte do meu poder por que eu poderia destruir esse mundo caso não controlasse mina força... 

—-- O quê?! – exclamaram juntos os guerreiros.

—-- Se preparem para se tornarem pó, junto com este vilarejo! – disse ele abrindo os braços.

Ismael começou a liberar uma grande tempestade de areia que se misturava a relâmpagos. Jacob e Seihim tentavam se por de pé, mas pouco podiam ver. 

—-- Seihim, vamos atacar com tudo! – disse Jacob elevando o seu cosmo também.

—-- Certo!...

—-- Trovão Aurora!

—-- GALOPE DO CAVALO DA MORTE!!! – gritou Seihim socando o ar.

—-- Isso tudo é inútil! TEMPESTADE DO CAOS!!!...

Um grande tornado se formou ao redor de Ismael. A areia se misturava aos relâmpagos e começava a tomar tudo ao seu redor. A tempestade de gelo e o tiro de energia negra não resistiram por muito tempo e o ataque acabou acertando os dois guerreiros que giravam dentro da massa de energia.

Quando tudo acabou, o vilarejo havia sumido. Parecia que toda aquela área sempre fora um grande deserto. Ismael sorriu triunfantemente ainda mais quando viu os corpos dos cavaleiros que o humilharam quase cobertos pela areia.

—-- Zombem de mim, agora! – disse ele pisando na cabeça de Seihim. – Onde está o seu grande poder, unicórnio? Sumiu? Acabou? O.k... Vou acabar com sua lamentável vergonha, agora mesmo...

O animal ergueu seu dedo indicador e novamente o vento começou a girar, mas de repente o dedo dele foi acometido de uma energia elétrica que o fez se virar indignado. Quem poderia ser?

A névoa de areia ainda era densa, mas ele podia ver que se tratava de outro cavaleiro. Mas este, não trajava uma armadura de bronze, mas sim dourada. Ele caminhava seriamente na direção do guerreiro egípcio, a ponto de despir-se de sua capa e arrancar o elmo com os chifres de sua constelação guardiã. 

—-- Um cavaleiro de Ouro? – indagou Ismael com certa admiração. – Não deveria estar defendendo sua casa zodiacal, guerreiro?

—-- Eu não preciso ficar lá esperando inimigos que não possuem condições de chegar até lá... – disse o cavaleiro com seus cabelos prateados sendo balançados com o vento.

—-- Então você subestima tanto o poder de Seth que desceu de sua casa só pra acabar logo com seus inimigos?...Interessante... Qual é o seu nome, cavaleiro?

O dourado desaparecera e logo em seguida reapareceu tentando socar o rosto do Animal pelo lado esquerdo, mas fora surpreendido pela cortina de areia que surgira para defendê-lo. 

—-- Creio que você tenha visto o que eu fiz com esses dois? Você vai mesmo se aproximar de mim tão descuidadamente? 

O dourado recuou ainda mudo e começou a elevar a sua cosmo energia dourada. Animal ficou olhando seus olhos azuis sérios e resolveu atacar. O dourado conseguiu bloquear seu soco e depois uma série de outros golpes. Ele tentou revidar, mas a todo momento a cortina de areia protegia o mascote de Seth.

—-- É inútil! No combate corpo-a-corpo você não tem chance comigo! – disse ele liberando uma rajada de tempestade de areia.

O cavaleiro de ouro cruzou os braços, mas foi impossível enxergar através do ataque, até que ele recebera um ataque direto em sua barriga e depois uma sequência de outros golpes que o impulsionaram no ar. 

—-- Infelizmente terei de mata-lo antes de saber o seu nome... – riu Ismael. – Tempestade do Caos!

E com um gancho no ar, mais uma vez o tornado de areia e relâmpagos se formou tomando completamente o cavaleiro de ouro. Ismael deu as costas com um sorriso vitorioso, mas o acúmulo de cosmo energia o fez se virar.

Ele viu luzes roxeadas bruxuleando pelo tornado de areia e de repente o cavaleiro de ouro surgira dentro de uma esfera de energia elétrica, intacto. Apenas com um pouco de sangue correndo do canto da boca.

—-- Impossível... Meu ataque não lhe fez dano algum?

—-- Realmente, você merece saber o meu nome! – disse o dourado limpando o sangue. – Eu sou o guardião da casa de Capricórnio! Éden de Capricórnio!

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3 meses antes...

Éden caminhava tranquilamente pelo jardim sagrado do santuário de Athena. Ele tinha boas lembranças da sua infância, quando constantemente ele invadia aquele espaço para poder visitar o seu primeiro amor: Ária.

Mas ele não tinha tempo para lembranças. Saori Kido – A verdadeira reencarnação de Athena o convocara subitamente. O cavaleiro de Órion não fazia a menor ideia do porque estava sendo chamado, mas só saberia mesmo quando estivesse cara a cara com a Deusa da Guerra. 

O Grande Mestre veio recebê-lo e Éden se ajoelhou em sinal de respeito. O papa se virou e caminhando, indicava o caminho certo para os aposentos, os quais, nenhum cavaleiro teria a permissão de ir.

E depois de poucos minutos, lá estava ela. Sentada, gozando de sua majestade. Um sorriso gentil e doce como o de Ária, era impossível não comparar as duas.

—-- Éden, filho de Marte! – cumprimentou-lhe a Deusa.

—-- Em que posso servir-lhe, Athena!

—-- Eu recebi os relatórios da primeira amazona dourada – Shaina de Serpentário! Ele me disse como estás progredindo  em seu treinamento e domínio de seu cosmo...

—-- Shaina-san é uma ótima mestra! – dizia o garoto que evitava encarar Saori.

—-- O motivo deu tê-lo chamado aqui, é muito simples, mas também muito sério. Por conta da batalha contra Marte, tivemos muitas perdas e isso inclusive a guarda mais forte do santuário: os cavaleiros de Ouro.

—-- Eu sinto muito, Athena! Eu imploro o seu perdão pelos erros de meu pai...

—-- Obrigada Éden, mas eu acho que você poderá compensar os erros de Marte! – disse ela sorrindo.

—-- O quê? – disse ele vendo um brilho dourado acima de sua cabeça.

O jovem cavaleiro de bronze ficou pasmo. Ele vira a urna da armadura de capricórnio flutuando sobre a sua cabeça. O pavor foi tanto que ele chegou a se por de pé de tamanha surpresa e encarava o sorriso de Athena, buscando uma resposta.

—-- Eu quero que vista essa armadura, Éden! Tudo prova como você tem competência para isso...

—-- Eu? Tornar-me um cavaleiro de Ouro?

—-- Sim... Assim como Sônia! – disse Saori sentindo um desconforto em mencionar a irmã de Éden. – Essa é a prova que eu confio e estimo a sua pessoa, Éden! Não posso culpa-lo ou negar suas habilidades em virtudes dos pecados de Marte! Além de tudo...

—-- Hm? – disse o rapaz ao ver Saori emanar o seu cosmo puro.

Saori tinha um cosmo dourado. Era imenso e poderoso, mas era manso. A ponto de fazer o coração do cavaleiro de Órion esquecer as suas batidas aceleradas de nervosismo e voltar a bater calmamente.

Foi então que ele a viu. Ária no mesmo lugar, com a mesma postura. Até o modo de segurar o seu cetro era igual. Nesse momento, Éden teve vontade de chorar, de correr para abraça-la, mas não era ela. Ária não estava mais aqui. 

—-- E finalmente você vai poder cumprir a sua promessa, Éden! A promessa que fizera a Ária, de proteger o mundo que ela morreu tentando proteger...

Éden respirou fundo e assentiu. De repente a armadura de Capricórnio começou a reagir e a urna se abriu. A armadura despedaçou-se e foi vestindo o príncipe até ele estar completamente revestido como um dourado.

—-- Mas não pense que seu treinamento acabou! Hoje seu poder ainda está abaixo dos cavaleiros de Ouro mais antigos! Mas eu creio que você os alcançará e até os superará em breve...

—-- Sim Athena! – disse ele se curvando novamente.

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—-- Sinta o poder de um cavaleiro de Ouro! – disse Éden elevando o seu poder dentro da esfera. – DESVATAÇÃO DE ÓRION!

—-- O quê? – disse Ismael sem entender.

A esfera elétrica começou a se expandir e Ismael não teve outra escolha a não ser parar o ataque com as mãos. Éden elevava o seu cosmo e empurrava o seu poder com todas as suas forças para frente, até que Ismael foi jogado contra o chão e começou a ser prensado por tal poder.

A energia explodira e um pilar de energia elétrica subiu ao céu. Mais uma cratera se abriu e no fundo dela, o cavaleiro de Animal estava intacto, mas sua armadura fumegava. 

—-- Maldito cavaleiro de Capricórnio! Isso doeu pra caramba!

—-- Minha devastação não fez um arranhão sequer... – pensou Éden trincando os dentes de raiva. – Esse é o meu ataque mais poderoso!...

—-- PRESTE ATENÇÃO EM MIM, QUANDO ESTIVER FALANDO COM VOCÊ!!! – gritou o Animal rente ao rosto dele.

E Éden levou mais um murro que o lançou com violência no mar de terra. O mascote de Seth ainda lançara tempestades ao redor do lugar onde o cavaleiro caíra e delas saíram poderosos relâmpagos que castigavam Éden.

Ismael conseguiu ver pela cortina de poeira que Éden se levantava e estava bastante ferido. Ele começou a elevar o seu cosmo se preparando para o ataque final.

—-- Que decepção, cavaleiro de Ouro! Você é muito fraco... Você mais parece um cavaleiro de bronze vestindo uma armadura de ouro...

—-- Hm? – disse Éden lembrando-se de algo. – Realmente! Eu a todo o momento estou lutando como se eu ainda fosse o Éden de Órion- O jovem príncipe e filho de Marte. Eu não posso mais viver de passado. Eu sou Éden de Capricórnio agora! – pensou ele.

—-- O quê?! – disse o egípcio ao ver Éden queimando o seu cosmo que reluzia diferentemente. – Um cosmo dourado...

—-- AHHHH!!!! – bradava Éden invocando nuvens de chuva. – Eu sou o mesmo Éden de antes, mas eu também sou um novo Éden agora! Eu sou uma nova pessoa, mas também não posso ignorar o que fui antes... E com isso vou criar um novo Éden! – pensava ele.

—-- SEJA LÁ O QUE FOR QUE ESTEJA TRAMANDO, EU NÃO VOU PERMITIR!!! TEMPESTADE DO CAOS!

Éden ergueu o braço direito e os relâmpagos das tempestades começaram a serem atraídos para a sua mão. Éden fechou o seu punho e se preparou para a tempestade de areia que vinha na sua direção.

—-- Por você, Athena! Por você Ária!.... – disse ele cortando o ar verticalmente com sua mão. – THUNDER EXCALIBUR!

Um feixe de luz eletrificado voou pelo ar em alta velocidade e zunindo, cortou a tempestade de areia que se desfez e voou na direção de Ismael. O guerreiro Egípcio tentou se defender, mas a lâmina de Éden lhe acertara em cheio. Ela se decompôs em vários feixes menores que cortavam e eletrocutavam o inimigo, causando uma dor infernal.

O Cavaleiro de Animal caiu de joelhos com sua armadura destruída e ele com vários ferimentos graves pelo corpo. Em seu rosto ainda estava estampado o terror e conforme caía, ele evitava encarar Éden com vergonha.

—-- Perdoe-me Lorde Seth... – sussurrou ele antes de cair no chão.

Éden encarou o seu inimigo no chão seriamente, também viu Seihim e Jacob desacordados e soterrados sob areia. Ele simplesmente virou as costas e se foi.

********************

—-- Éden! – chamada Athena ao ver o seu cavaleiro indo embora.

—-- O que houve, Athena?

—-- Com essa armadura apenas. Você é o cavaleiro de Órion usando a armadura de Capricórnio... – disse Saori segurando o braço direito do rapaz. – Tem algo que eu quero lhe dar que só os cavaleiros de Capricórnio podem ter...

O rapaz ficou maravilhado quando Athena começou a queimar o seu cosmo novamente e ele sentiu o seu braço esquentar e logo em seguida ser tomado por uma luz dourada.

—-- O que foi isso?

—-- Excalibur! – disse Athena com um sorriso no rosto. – Uma espada que pode cortar qualquer coisa! Dada ao cavaleiro mais fiel...

—-- Cavaleiro mais fiel? – repetiu ele confuso. – Mas como sabe que eu...

—-- Eu amo esse mundo, assim como Ária também amava... Eu sei que você daria sua vida para proteger o mundo que ela amou... Estou certa, Éden?

********************

Éden caminhava de volta ao santuário. Ele encarava as estrelas com certo saudosismo, até que ele viu uma flor em meio a todo aquele rastro de destruição. Seus olhos encheram d’agua com a saudade de que sentia de seu amor. Ele abriu o punho esquerdo e mais uma vez encarava os pedaços de um brinco que pertencera a Ária.

Ele levou-os para perto de seu coração e encarando novamente a mesma flor, ele sabia que Athena estava certa. Ele daria a sua vida para proteger o mundo que Ária amava. Mesmo que isso significasse proteger outra deusa que não fosse a deusa de seu coração.