Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri


Capítulo 7
Surpresas de Aniversário




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O Natal se aproximava e com ele, o aniversário de Maxine.

Certa manhã em meados de dezembro, Hogwarts acordou coberta com mais de um metro de neve. O lago congelou e os gêmeos Weasley receberam castigo por terem enfeitiçado várias bolas de neve fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia e quicarem na parte de trás do seu turbante. As poucas corujas que conseguiam se orientar no céu tempestuoso para entregar correspondência tinham de ser tratadas por Hagrid para recuperar a saúde antes de voltarem a voar.

Maxine passou a ter grande respeito pelo Prof. Snape, o qual, por sua vez, passou a demonstrar a grande predileção que tinha por ela, orgulhando-se de seu talento em Poções, suas ótimas notas nessa e em outras disciplinas. Max sabia que ele era um pouco odiado por outros alunos e que implicava especialmente com Harry por algum motivo desconhecido, mas ela não se importava com nada disso. Ela sabia que o professor era um homem bom.

A partir disso, ela começou a ter cuidado para não ser pega. Não reagia de primeira aos insultos que destilavam a ela, pelo contrário, deixava passar dias sem fazê-los pagar, com azarações ou outras formas divertidas, como poções e animais irritáveis. Quase toda semana tomava chá com a Profa. Minerva, e quando o natal se aproximou, e Maxine se inscreveu para passar o natal no castelo, a professora a chamou para tomar chá especial no seu aniversário, algo que Max aceitou prontamente.

Era o seu primeiro aniversário fora do Orfanato. Pelo menos, o primeiro que importava.

As masmorras eram especialmente frias naquela época do ano, o Salão Comunal estava sempre quente graças às lareiras enormes da Sonserina, mas nos corredores ela passava correndo de um lado a outro com Theo, em busca de abrigo imediato. Em uma das aulas de poções, na sala terrivelmente fria de Snape, ela tremia próxima ao caldeirão, atrás de aconchego, e não pôde deixar de se irritar ao escutar mais uma provocação de Draco:

― Tenho tanta pena – disse Draco – dessas pessoas que têm que passar o Natal em Hogwarts porque a família não as quer em casa.

Draco e os dois Goridiotas começaram a rir. Max revirou os olhos, voltando a atenção à poção com Theo. Aquilo estava muito mais frequente, desde que soube da derrota da Sonserina no jogo, Draco insistia em atrapalhar Harry, provocando-o além do limite e insinuando justamente a falta de família dele. Naquele momento, Draco abria a boca para falar mais alguma coisa, quando Max lançou um olhar gélido a ele, que engoliu em seco e ficou calado.

Ainda achava estranho o fato de Draco a respeitar, não tratá-la mal como aos outros que nem os colegas da casa, mas era o que ele fazia na maioria das vezes. Tal estado de silêncio perdurou por pouco tempo, até o fim da aula. Ao saírem da masmorra, um tronco de pinheiro bloqueava seus caminhos, Max foi a primeira a passar com Theo, ignorando a presença de Draco, e cumprimentando Hagrid, o guarda-caça da escola, tentando avançar com a árvore.

― Olá, Hagrid.

― Ah, olá Max. Como vai?

― Muito bem, e você?

― Também estou bem, deveria dar uma passada no Salão Principal e ver como está lindo. – Ele disse tentando passar a árvore e bufou.

― Vou sim, Hagrid.

― Oi, Rúbeo, quer ajuda? – perguntou Rony, metendo a cabeça por entre os ramos.

― Não, estou bem, obrigado, Rony.

― Você se importaria de sair do caminho? – Ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles e Max se virou novamente, contorcendo a boca em desgosto.

― Max, não se envolva. – Theo tentou puxá-la, mas Max continuou onde estava.

― Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? – Draco continuou – Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana de Rúbeo deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada

― Cala a boca Draco!

Max gritou ao mesmo tempo em que Rony avançou para Draco.

― WEASLEY! – Era Snape.

Rony largou a frente das vestes de Draco.

― Ele foi provocado, Prof. Snape – explicou Hagrid, deixando aparecer por trás da árvore a cara peluda.

― É professor, Draco ofendeu a família dele. – Max completou sob os acenos de concordância de Harry e Hagrid.

― Seja por que for, brigar é contra o regulamento de Hogwarts – disse Snape, insinuante. – Cinco pontos a menos para Grifinória, Weasley, e dê graças a Deus por não ser mais. Agora, vamos andando, todos vocês.

Draco, Crabbe e Goyle passaram pela árvore com brutalidade, espalhando folhas para todo lado com sorrisos nos rostos, e o sorriso de Draco aumentou ao passar por ela. Theo soltou um suspiro, já sabia o que aconteceria; Max correr atrás de Draco, irritada.

― Qual o seu problema, Draco?!

― Não tenho problema algum.

― Pare de perturbar os outros!

― Ele estava pedindo por isso. – Max tomou a frente de Draco, impedindo sua passagem.

― Você é um idiota, Draco Malfoy! – Os olhos deles queimaram.

― E você tem que parar de tomar partido de pessoas que nem mesmo gostam de você! Eles te detestam, não suportam você e vivem falando pelas suas costas o quanto você não presta! – Mesmo surpresa, Max não se deixou vacilar, e manteve o queixo erguido – Você é da Sonserina, Max! Os outros não suportam a gente e nós nos mantemos unidos! Você é a única que não percebeu ainda que eles só te suportam, e que nós somos seus verdadeiros amigos!

― Todos me detestam na Sonserina, Draco.

― Eu não. Mas você ainda não percebeu isso.

Draco desviou dela e voltou a andar. Theo voltou até ela, e segurou sua mão.

― Ele está certo, você sabe né. – Max deu de ombros, deixando-se ser conduzida pelo amigo. – A Granger pode até gostar de você, mas os outros não.

― Não é verdade.

― Qual é a necessidade que você tem de defender esse Potter? – Max, constrangida, desviou o olhar para os quadros da parede – Ele não ta nem aí pra você, Max. Mas Draco está, eu também sou seu amigo. Até mesmo Daphne, da forma torta dela, tenta se aproximar de você. Podemos não ser muitos, mas somos verdadeiros. Somos sua casa.

― Devo ignorar as merdas que o Draco fala?

― O Potter sabe se virar, deixe-o lidar com isso. Você não é santa para ficar defendendo o mundo inteiro, eu até entendo que proteja a Granger, mas o resto não. Poupe seu fôlego para quando realmente importar, e aí sim, você será ouvida.

Max suspirou ao chegarem na Sala Comunal, e aquelas palavras a seguiram por todo o dia, e também o dia seguinte. Antes de partir, Draco foi até ela pedindo desculpas, e Max aceitou sinceramente, desejando feliz natal ao amigo. Daphne se despediu dela com um forte abraço, dizendo que no ano seguinte a convidaria para passarem as festas juntas, e com um sorriso, ela aceitou o convite prévio.

Ela passou as férias só com Theo, o que foi uma grande diferença de seus natais no orfanato, e mesmo assim, não se sentiu solitária. Tinham a sala Comunal toda para eles, se divertia comendo quantos doces queria, jogavam xadrez bruxo, discutiam sobre quadribol, e rolavam na neve juntos.

Quando o dia 21 amanheceu, Max nem mesmo saiu do quarto na maior parte do dia, pois não conseguiu evitar ficar lendo repetidamente a carta da mãe, as palavras do pai, a fotografia delas duas. Queria saber mais, queria mais pistas de quem eles eram, mas a Madre havia dito para ela não contar a ninguém sobre isso, portanto, tinha que se contentar com a carta, o que era ainda mais doloroso do que quando nada sabia deles. A única coisa que a tirou do torpor em que estava foi quando chegou a hora do chá com Minerva.

Maxine atravessou os corredores bem agasalhada, nervosa. Haviam poucos estudantes no Castelo, e Max começava a acreditar que talvez não tenha sido uma boa escolha passar o Natal ali, mesmo que estivesse ávida por algo diferente das rotinas do Orfanato.

A essa altura, no Princesa Cordelia, ela teria começado as férias, e o casarão estaria passando por um grande mutirão de limpeza para as festas de Inverno que aconteciam na praça próxima, e isso incluía banho caprichado em todas as crianças. Irmã Nora teria feito um bolo de chocolate com cerejas especialmente para Max, e a acordaria antes dos outros para que fossem até a cozinha e ficassem ali, comendo bolo, tomando chocolate quente, e jogando cartas, apenas elas duas.

Também era a época em que as gripes começavam, e as freiras enlouqueciam para cuidar de tantas crianças doentes e evitar que agravassem para uma Pneumonia. Muitas não tinham essa sorte, então também era uma época de tristeza, apreensão e dor. O Natal para Max era uma época de perdas. Por isso escolheu ficar em Hogwarts, se libertar apenas uma vez desse costume. Mesmo que sentisse falta da Irmã Nora.

― Entre, Max. – A voz da profa. Minerva ecoou por trás da porta, não muito depois de Maxine ter batido; ela obedeceu e entrou, e quando seus olhos se adaptaram à luminosidade da sala, seu coração acelerou e seus olhos lacrimejaram – Feliz aniversário!

O escritório da professora estava alegremente decorado com alguns balões, confetes e uma faixa pintada de verde e prata com o nome dela. No centro da mesa em que tomavam chá, estava um bolo pequeno em formato de anel, com uma pesada cobertura de chantilly e geleia, morangos e amoras salpicados por cima e onze velas coloridas o circulavam. Espalhados na mesa ao lado dele, tinham Scones, pequenos sanduíches e pratinhos com Crumbles, além de vasilhas cheias de doces variados e uma jarra com cerveja amanteigada.

A profa. Minerva sorria, ansiosa, esperando pela reação de Max, que não conseguia demonstrar nada. Era simplesmente tão... incomum. Nunca havia imaginado que alguém se daria o trabalho de preparar aquilo tudo para ela, e tinha plena certeza de que preparar festinhas para alunos órfãos, não era um hábito de professores.

Maxine olhou para a professora, sentindo as lágrimas se derramarem de seus olhos e soltou um soluço involuntário.

Em um instante, Minerva estava ali, abraçando-a sem jeito e dando tapinhas em suas costas. Maxine se agarrou à professora, afundando o rosto molhado em suas vestes cor de esmeralda e continuou a chorar. Sem saber o porquê.

― Me desculpe. Achei que você gostaria...

― Eu amei! – Maxine interrompeu Minerva, afastando-se o suficiente para olhar para ela, rindo de forma abafada por culpa do catarro que escorria de seu nariz – Eu só... nunca tive isso!

― Uma festa? – Minerva perguntou cautelosamente, segurando os ombros de Maxine, que assentiu em confirmação – Mas...

― Às vezes temos festas em conjunto, as freiras esperam para fazer o aniversário de todas do mesmo mês. Mas ninguém nasceu perto de mim, e a época de Natal é muito cheia para que fizessem algo só pra mim. A Irmã Nora me fazia um bolo e só. – Maxine relatou sem pesar, porque já era algo natural para ela, uma verdade que havia aceitado, mesmo que a face de Minerva se tornasse ainda mais pesada – E bem, meus pais devem ter me feito uma festa, mas...

Abruptamente, Minerva se ajoelhou para ficar na altura de Max e a abraçou com força, sem hesitação. Maxine se afundou no conforto daquele abraço, já sem chorar, apenas sorrindo. As duas continuaram como estavam por alguns minutos, e Minerva já dava tapinhas novamente em seu braço quando se afastaram.

― Venha, você vai adorar o bolo, é uma receita de minha mãe.

Maxine assentiu e seguiu Minerva. Ao invés das outras vezes, as duas se acomodaram no sofá e comeram juntas, enquanto Maxine narrava partes de sua infância e Minerva acabou contando de sua vida, de seus irmãos, sobrinhos e sua mãe, de quem sentia muita falta.

Max perdeu a conta das horas em que ficou ali, sabia que já tinha passado do jantar, e estava empanturrada de tanto açúcar, quase adormecida no conforto do sofá de Minerva, que tocava um disco de Blues em sua vitrola enquanto falava sobre os artistas que Maxine deveria conhecer para uma boa educação musical e sobre como música era extremamente desvalorizada no mundo mágico.

Maxine já mal escutava quando Minerva parou de falar e se virou, olhando para ela com um sorriso.

― Eu tenho um presente para você.

Com isso, Maxine despertou; ela se endireitou no sofá, jogando as pernas para fora enquanto a profa. Minerva se levantava e ia até o armário por trás de sua mesa. Ela parecia temerosa ao abri-lo e tirar uma caixa quadrada cinzenta dali de dentro, e respirou fundo algumas vezes com o olhar fixo na embalagem antes de se virar novamente para Max e ir até ela com um sorriso hesitante.

Minerva se sentou ao lado de Maxine e estendeu a caixa, enfeitada com um único laço preto. Era pequena, do tamanho da palma da mão, e ao apanhá-la, Max ouviu o tilintar de corrente por dentro. Curiosa, a abriu e pela segunda vez no dia, se viu sem fala.

Uma corrente de prata com um pingente redondo do mesmo material, só que envelhecido. Era pequeno, e alguns riscos mostravam que já havia sido bastante usado, mas era absurdamente lindo, com arabescos desenhados em ao redor de sua borda enquanto o centro era liso. Max o pegou com cuidado, com medo de arranhá-lo, e percebeu um botão quase imperceptível na lateral; com um toque seguro, o pingente se abriu e Maxine percebeu surpresa que Minerva havia dado a ela, um relicário.

― Você disse que tem uma foto de sua mãe e que tem medo de perde-la. – Minerva começou a falar, observando Maxine manusear fascinada o relicário – Acredito que ela gostaria de estar com você, sempre, e que você também gostaria de ter sua mãe sempre com você. – Max tirou os olhos do relicário e mais uma vez emocionada, encontrou os olhos bondosos de Minerva – É magicamente encantado para que a foto caiba dentro e mostre a pessoa desejada...

― Eu não posso aceitar.

― Claro que pode. É importante para mim que fique com isso, mas caso não queira...

Minerva se calou.

Outra vez, Maxine se jogou em um abraço choroso.

― Obrigada. Muito obrigada.

Ela sentiu o toque de Minerva massageando suas costas e a acomodando em seus braços.

― Eu que agradeço, Maxine. Não tem ideia do quanto agradeço.


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Notas finais do capítulo

É isso aí. Esse capítulo é um dos meus favoritos e está guardadinho no meu coração.
O próximo vem em seguida, porque dividi em dois esse de natal para que não ficasse muito longo e espero que gostem bastante deles
Comentem, beijos!



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