Immortals: O Livro da Magia escrita por Ariri


Capítulo 6
Voos, amizades, brigas e lições


Notas iniciais do capítulo

Eiii, consegui um tempo livre nesse sábado e trouxe o capítulo novo.
Ele terá um ritmo um pouco mais acelerado porque estamos fazendo uma passagem de tempo mais dinâmica, e provavelmente alguns dos próximos seguirão o mesmo ritmo - mas não será para sempre.
Sem mais delongas, vamos para a leitura!



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Uma coisa tinha saído de boa em ter ido para a Enfermaria.

Tinha ganhado doces infinitos da profa. Minerva, de Theo e da mãe de Draco – que enviou para ela bombons caseiros maravilhosos.

Tinha passado o resto da sexta na Enfermaria e foi liberada apenas após o almoço do sábado, pois a Madame Pomfrey insistiu sem parar para que ela se alimentasse corretamente antes que saísse, mesmo com seus protestos e a declaração de que estava perfeitamente bem.  Pelo menos não havia sido tão entediante, já que Theo e Draco foram visita-la na noite anterior e depois do café da manhã, mesmo que na primeira vez ela estivesse mergulhada demais no sono para percebê-los.

― Como assim ele não vai fazer nada? – Draco gritou estridente, e continuou mesmo após a repreensão de Theo – Aquela louca te feriu, ela deveria ter sido expulsa imediatamente desse castelo!

― Draco, está tudo bem. – Maxine se adiantou para silenciar o amigo antes que Madame Pomfrey os expulsasse dali – Ela é meio louca...

―Exatamente! – Draco exclamou. – Ela é um risco para você e para todos os outros.

― Odeio dizer isso, mas concordo com o Draco. – Theo disse baixinho, do outro lado de Maxine, que deu de ombros – Ferir um aluno não deveria ter uma desculpa.

― Está tudo bem. – Ambos lançaram a ela um olhar de incredulidade – Juro, foi só um arranhão, nem doeu e já estou bem.

Ela repetia várias vezes, mesmo que não estivesse tudo bem. Maxine teve uma noite terrível depois do que aconteceu, com imagens assustadoras e as sombras que a perseguiam pareciam ter aproveitado aquilo para se aproximarem ainda mais dela, e sussurravam súplicas em seu ouvido de forma incessante. Ela sabia que tinha a ver com o encontro com aquela professora, e realmente não queria entender o que havia sido tudo aquilo.

A profa. Minerva também foi visita-la naquela manhã, acompanhada pelo prof. Dumbledore, que se manteve afastado com um sorriso bondoso enquanto Minerva se sentava ao lado dela e segurava sua mão com carinho ao começar o discurso obviamente já pronto.

― A profa. Trelawney é um vidente. Quando ela faz uma profecia, costuma ficar fora de si, e infelizmente aconteceu com você ao lado dela. Mas ela não quis te fazer mal e provavelmente nem se lembra do que fez ou o que falou.

― Era sobre mim? – Maxine perguntou, atenta a todas as reações de Minerva, que havia apertado sua mão com ainda mais força – Eu não entendi muito bem o que ela disse, mas era sobre mim?

― Não, com certeza não. Profecias são algo aleatório, o alvo da profecia dela pode nem ter nascido ainda, pode estar do outro lado do planeta. Não se preocupe com isso, Maxine. Não tem nada a ver com você.

Max queria acreditar nas palavras de Minerva, mas foi difícil quando a própria professora estava desprovida de certeza. Ainda assim, ela não se lembrava de muito da profecia, apenas da parte que tinha certeza, mencionar ela.

“Menina queimada”

Maxine arrepiou ao atravessar o corredor com essa lembrança.

Era pedir demais ter uma vida chata e tranquila naquela escola? Aparentemente sim.

No entanto, Maxine fez seu esforço máximo para não deixar aquilo afetar sua vida. Logo, sua rotina continuou e tudo aquilo ficou para trás como um eco distante; as sombras se afastaram e seus pesadelos voltaram ao normal, nada que não estivesse acostumada.

As semanas passavam tão rápido que Max não chegava a perceber o que acontecia direito. Era uma ótima aluna, sabia disso, e mesmo com a distância dos colegas de casa em relação à suas origens desconhecidas, Draco e Theo permaneciam ao seu lado. Theo já era alguém a quem poderia clamar como melhor amigo, ou quase isso.

Eles dividiam tudo, conversavam de tudo, compartilhavam lições, doces e gostosuras que Draco recebia de casa e sempre dava um pouco a ela, e Max aprendia sobre quadribol com ele, completamente encantada com a possibilidade de voar. Theo não gostava muito de quadribol, ou da mera ideia de voar, por isso, essa se tornou uma paixão que dividia com Draco. Ele explicava para Maxine nas horas vagas tudo sobre os principais times de quadribol, a liga de jogos, sobre as posições de campo dos jogadores, e treinavam juntos tudo que podiam.

Era praticamente o único momento que tinham juntos, pois Draco ainda andava pra cima e pra baixo com os goridiotas, e sentava-se à mesa com Pansy, Blásio, e Daphne; os primeiros não escondiam o quanto a detestavam e a segunda que parecia querer falar com ela sempre, mas que se afastava sempre que recebia um cutucão da cara de Buldogue.

A única interação que tinham tido foi quando Maxine tinha acabado de voltar da Enfermaria; ela estava entrando no quarto, acabando-se em seu bombom que praticamente explodia de tanto chocolate, quando a loira surgiu da porta dela; agitada, e envergonhada perguntou se Max estava bem.

“Claro”, Maxine respondeu surpresa, ficando ainda mais quando Daphne suspirou de alívio e segurou sua mão com força. “Se precisar de qualquer coisa, é só me falar”

Logo depois as duas haviam voltado ao distanciamento comum.

― Eu não entendo porque somos todos obrigados a ter aula de vôo. E quem não quiser voar ou sequer ter uma vassoura? – Theo reclamava enquanto os dois iam ao campo de vôo.

― Que bom que somos obrigados. – Max retrucou, agarrando o braço do menino e o arrastando mais rápido – Se não fôssemos você não iria comigo e eu ficaria solitária sem você.

Theo revirou os olhos, mas não reclamou quando Maxine o puxou pelos degraus de pedra e até sorriu ao ver o campo de treinamento. Era um dia claro, com uma brisa fresca e a grama ondeava pelas encostas sob seus pés ao caminharem em direção a um gramado plano que havia do lado oposto à Floresta Proibida, cujas árvores balançavam sinistramente a distância.

Eles seguiram os outros alunos da sonserina até as vassouras enfileiradas e Maxine acenou animadamente para Draco, que tagarelava para todos sobre suas habilidades com vassoura – algo que ela achava ligeiramente irritante –, mas parou na mesma hora para acenar para ela. Max calçou as luvas, animada, sem se importar com o azedume de Theo e até mesmo trocou um sorriso com Daphne.

― Ok, eu não entendo o porquê dessa sua animação.

― É a primeira vez que vou voar de vassoura! – Max exclamou, prestando atenção nos grifinórios que se aproximavam e no garoto com a cicatriz que olhava para ela, mas logo desviava o rosto; nem chegou a notar os olhares de desdém direcionados a ela – Como poderia não estar animada?

Theo sorriu para Max, bagunçando seu cabelo, mas qualquer coisa que fosse falar foi interrompido pela chegada da Madame Hooch. Ela tinha cabelos curtos e grisalhos e olhos amarelos como os de um falcão.

― Vamos, o que é que estão esperando? – perguntou com rispidez. – Cada um ao lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.

Maxine olhou para sua vassoura velha e prontamente obedeceu.

― Estiquem a mão direita sobre a vassoura – mandou Madame Hooch diante deles – e digam “Em pé!”.

― EM PÉ! – gritaram todos.

A vassoura de Max pulou para sua mão no mesmo segundo. Ela sorriu radiante, cutucando Theo para mostrar o que acontecia, notando que a vassoura dele continuava no chão; e que ele parecia nem mesmo se importar com isso ao parabeniza-la com sinceridade. Poucas vassouras fizeram o mesmo que a de Max; A de Neville nem se mexeu e a de Hermione Granger simplesmente se virou no chão – Maxine sorriu convencida, para a irritação de Hermione.

Mais um ponto para ela.

Madame Hooch, em seguida, mostrou-lhes como montar as vassouras sem escorregar pela outra extremidade, e passou pelas fileiras de alunos corrigindo a maneira de segurá-las. Ela corrigiu Draco, dizendo que ele segurava a vassoura errado havia anos, e enquanto o menino ficava vermelho de aborrecimento, Maxine segurou a risada e se concentrou em sua própria tarefa.

― Agora, quando eu apitar, deem um impulso forte com os pés – disse a professora. – Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para a frente. Quando eu apitar... três... dois...

Mas Neville, nervoso, assustado, e com medo que a vassoura o largasse no chão, deu um impulso forte antes mesmo de o apito tocar os lábios de Madame Hooch.

― Volte, menino! – gritou ela, mas Neville subiu como uma rolha que sai sob pressão da garrafa, quatro metros, seis metros.

Max viu a cara de Neville branca de medo espiando para o chão enquanto ganhava altura, viu-o exclamar, escorregar de lado para fora da vassoura e... BUMBA! – um baque surdo, um ruído de fratura e Neville caído de borco na grama, estatelado. Sua vassoura continuou a subir cada vez mais alto e começou a flutuar sem pressa em direção à Floresta Proibida e desapareceu de vista.

Madame Hooch se debruçou sobre Neville, o rosto tão branco quanto o dele.

― Pulso quebrado – Maxine ouviu-a murmurar. – Vamos, menino, levante-se.

Virou-se para o restante da classe.

― Nenhum de vocês vai se mexer enquanto levo este menino ao hospital! Deixem as vassouras onde estão ou vão ser expulsos de Hogwarts antes de poderem dizer “quadribol”. Vamos, querido.

Neville, o rosto manchado de lágrimas, segurando o pulso, saiu mancando em companhia de Madame Hooch, que o abraçava pelos ombros.

Assim que se distanciaram e ficaram fora do campo de audição da classe, Draco caiu na gargalhada.

― Vocês viram a cara dele, o panaca?

Outros alunos da Sonserina fizeram coro, Theo ficou calado como sempre, apesar de ter um sorriso de canto. Max parecia ser a única entre eles a ficar incomodada, e com o olhar ainda na postura tristonha de Neville, ela se pronunciou:

― Cala a boca, Draco.

A buldogue obviamente não poderia perder a chance de provoca-la:

― Uuuu, defendendo o Neville? – zombou Pansy – Nunca pensei que você gostasse de manteiguinhas grifinórias derretidas, Maxine.

Max crispou os lábios, pronta para avançar na menina, mas foi segurada por Theo.

― Olhe! – disse Draco, atirando-se para a frente e recolhendo alguma coisa na grama. – É aquela porcaria que a avó do Neville mandou.

O Lembrol cintilou ao sol quando o garoto o ergueu.

― Me dá isso aqui, Draco – falou Harry em voz baixa.

Todos pararam de conversar para espiar. Draco soltou uma risadinha malvada.

― Acho que vou deixá-la em algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?

― Me dá isso aqui – berrou Harry, mas Draco montara na vassoura e saiu voando.

Ele não mentira, sabia voar bem, e planando ao nível dos ramos mais altos de um carvalho desafiou:

― Venha buscar, Potter!

Harry agarrou a vassoura, pronto para planar:

― Não! – gritou Hermione Granger. – Madame Hooch disse para a gente não se mexer. Vocês vão nos meter numa enrascada.

Harry não lhe deu atenção. Maxine assistiu enquanto o garoto decolava no ar, voando tão bem quanto Draco. Rony puxou um viva de comemoração e Maxine fez o coro, gritando alto para Draco:

― Malfoy, seu idiota! Pare de inventar arte!

― O que você disse? – Pansy perguntou, irritada – Está do lado dos nojentos?

― Você escutou alguma coisa, Theo? – Theo balançou a cabeça em negação, risonho – Deve ter sido um relinchar bem longe, não consigo entender, pois não falo a língua de asnos.

Pansy ficou vermelha de raiva, avançando contra ela, mas Theo se pôs na frente e logo outra coisa chamou a atenção de todos. Harry ia para cima de Draco, mas o loiro percebeu que perderia, e jogou o lembrol para longe. Max ferveu de raiva, não mais assistindo Harry voar atrás do presente de Neville, e sim no loiro que descia convencido, sob os vivas dos goridiotas e outras cobras ridículas.

― Você é idiota Draco?! QUAL ERA A NECESSIDADE DISSO?! – Draco pousou com um olhar arrogante para ela.

― O que eu fiz de mais?!

Max avançou, batendo com o cabo da vassoura na cabeça de Draco, repetidas vezes.

― Isso foi ridículo! Absurdo! Foi o presente do garoto!

― Ah é?! Vai atrás dele! E aproveite fique entre aqueles idiotas, porque nem parece que é uma de nós! Ah, é porque você não é!

― Como se eu quisesse ser igual a um nojento como você! – Max continuava a bater no menino, que tentava se esquivar – Você é ridículo, idiota, traste ambulante!

― E você é uma menina sozinha que não tem ninguém e nem mesmo sabe de onde veio!

― AH SEU TRASGO REMELENTO DESGRAÇADO!

Os aplausos e vivas interromperam seu desfile de insultos, e ao ver Harry descendo com o Lembrol na mão, ela se afastou, indo para longe de Draco e dos outros. Sem esperar pelo retorno da Madame Hooch, ela correu para as masmorras com os olhos marejados, completamente irritada. Ao entrar no Salão Comunal da Sonserina, foi atingida por uma ideia súbita. Correu até o dormitório dos meninos, até o quarto de Draco, abriu o armário dele e pegou todas as roupas, em um grande bolo, correndo de volta para cima.

Encontrou Pirraça no meio das escadas.

― Pirraça, jogue isso no lago para mim?

― RÁ, e porque eu faria isso?!

― Porque amanhã você verá um aluno andando ridiculamente nu pelos corredores.

Isso pareceu ter convencido Pirraça, que com uma risada saiu voando.

Draco não ficou exatamente nu. Ele não apareceu para o jantar naquela noite, e no dia seguinte estava vestido com as roupas de Crabbe ou Goyle, que ficaram ridiculamente enormes nele, que sabia muito bem que tinha sido ela, mas não foi tirar satisfações. Eles ficaram semanas sem se falar, até o dia das bruxas, onde ele apareceu pedindo desculpas e sugerindo ajuda-la em Herbologia e com as lições de voos.

Foi uma reconciliação complicada.

Ela não estava mais disposta a ignorar as falas ridículas de Draco, e passou a ser separada de todos os outros colegas de vez, Theo foi o único que ficou ao seu lado, e Draco pouco a pouco foi se redimindo. Ela também não se envolvia mais nas discussões nem nas brigas dele com Harry; chegou à conclusão que faria melhor para si mesma ficar na dela, e só se envolver quando a envolvia.

Os meses se passaram rápidos, e na tarde do dia das bruxas estava pagando uma detenção pela azaração de vomitar lesmas que lançou a Pansy quando deu uma pausa para ir ao banheiro. Escutou um choro, mas já era tarde demais; Hermione Granger estava ali, chorando copiosamente, terrivelmente arrasada. Max se dividiu sobre o que fazer, ir embora e não se envolver ou ficar e tentar ajudar a menina?

Ela não deixaria uma companheira sofrendo sozinha.

Mesmo que não se suportassem, garotas deveriam ficar do lado uma da outra.

― Ei. – Disse Max aproximando-se lentamente para não a assustar. Hermione olhou para cima com os olhos vermelhos e enxugou os olhos com força.

― Vá embora. – Hermione disse rispidamente, mas Max continuou a avançar e sentou-se ao lado da castanha. – Eu disse vá embora!

― Foi mal, não escutei, quando quero fico um pouco surda. – Hermione bufou, olhando para longe – O que houve?

― Nada.

― Eu entendo, eu também sinto vontade de chorar por nada muitas vezes. Tipo, ah meu Deus, olhe esse belo nada diante de mim, me emociona tanto, o que é isso? Lágrimas! Sim, é o mais belo e triste nada que já vi.

― Você é louca?! – Max riu e virando para o lado, encontrou Hermione olhando incrédula para ela – Do que está falando?

― Compartilhando sua tristeza pelo nada, está chorando por isso, não é? – Hermione bufou uma risada mínima, involuntária, e voltou a enxugar os olhos – O que aconteceu? Nunca imaginei que a encontraria assim, você é sempre tão... Hermione.

Hermione bufou, raspando a unha no chão.

― Pelo visto eu ser sempre tão Hermione faz com que ninguém goste de mim. – A menina soltou um soluço e Max a observou.

― Quem disse isso?

― Não precisam dizer isso. Ninguém gosta de mim mesmo. Todos ficam rindo de mim pelas costas, Rony disse que sou um pesadelo...

― Rony é um idiota. Todas as pessoas nesse castelo são idiotas.

― Idiotas que me odeiam.

Max riu sarcasticamente e se virou de frente para Hermione.

― Nananinanão. Eles odeiam a mim, você só é um pouco chata que lembra a eles o quanto são inferiores.

― Até você me acha chata! – Hermione voltou a chorar, a voz em um tom sofredor.

― Eu ME acho chata, como não acharia você? As melhores pessoas que conheço são chatas. – Hermione riu fraco mais uma vez – Mione, eu sei que não somos próximas, e eu sou Sonserina e você provavelmente me detesta por isso...

― E porque você quer provar que é melhor do que eu.

― Porque eu sou, mas depois discutimos isso. – Ela estendeu a mão para calar a menina que ria novamente, e que apesar de ainda soluçar, já não chorava mais – Você é fantástica, é a pessoa mais inteligente que eu conheço e tem um ótimo coração. Não se deixe abalar por quem te renega, as melhores pessoas do mundo, as mais inteligentes, incomodavam os outros.

― É?

― Freddy Mercury foi um homem solitário. David Bowie é estranho demais para os padrões idiotas que ainda existem. Einstein foi um louco que ninguém suportava, Copérnico e Da Vinci, pelos deuses, nem preciso falar deles, não é?!

Hermione a olhou curiosamente, com o cenho franzido.

― Como conhece eles?

― Como não conheceria?

― Você é bruxa.

― Eu cresci no mundo trouxa, como você. – Ela empurrou o ombro de Hermione e voltou a falar após soltar um suspiro – Não se importe com quem se incomoda com você, eles não conhecem a verdadeira Hermione, e são um bando de babacas desprezíveis. Você vale mais do que todos eles juntos.

Hermione balançou a cabeça e a abraçou de supetão, surpreendendo Max. Ao se afastarem, Hermione tinha um sorriso mínimo no rosto.

― Obrigada por isso.

― Não precisa agradecer. – Max se levantou, batendo na roupa – Vamos?

― Vou ficar aqui mais um pouco, pensar nas coisas que me disse.

― Certo, nesse caso, só saia quando estiver pronta para enfrentar esse mundo de queixo erguido e um foda-se nos lábios.

― MAX! – Hermione a reprimiu, mas ria ao fazer isso.

Max sorria ao acenar em despedida e saindo de lá, correu para as masmorras com o coração mais leve, uma alegria boa no peito. Ela se lembrou daquele dia por semanas; Hermione começou a andar com Harry e Rony, e mesmo que não tivessem virado melhores amigas – mas eram quase isso –, ela e Hermione passaram a se tratar muitíssimo bem, frequentemente sentando-se para conversar – embora ainda discutissem e competissem bastante entre si –, o que aumentou ainda mais o desgosto dos colegas da Sonserina.

Pansy começou mais um desfile de insultos, chamando-a de Traidora de Sangue, que ela era suja por confraternizar com sangue ruins, e então Max, extremamente indignada quando soube o significado desse insulto, lançou uma bela azaração de vomitar lesmas que aprendera em seus estudos avulsos.

Pansy não hesitou em correr até o prof. Snape com Crabbe e Goyle, e ela conseguiu mais uma detenção de limpar a sala de Poções durante todo o fim de semana. O que significava que perderia a primeira partida de quadribol do ano, a primeira do apanhador mais jovem da história de Hogwarts e talvez, do quadribol inteiro. Isso a deixou especialmente irritada.

Na primeira parte da manhã, Snape a acompanhou, corrigindo os deveres e trabalhos, sem dar atenção a ela. Max por sua vez, não parava de resmungar alto, fazendo barulho desnecessário, enquanto Snape fingia não ouvir. Até ela jogar os vidros de qualquer forma dentro do armário e quase quebrar seus preciosos e valiosos ingredientes:

― O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Snape vociferou, levantando da mesa.

― O QUE VOCÊ MANDOU! TA ACHANDO RUIM?! – Max se virou de uma vez, gritando mais alto ainda.

― QUER LEVAR DETENÇÃO MOCINHA?! – Snape bateu na mesa, irritado.

― OLHA SÓ, EU JÁ TO EM UMA PELA IDIOTA DA CARA-DE-BULDOGUE ME DEDURAR!

― VOCÊ A AZAROU!

Max riu sarcasticamente e vociferou:

― ELA COMEÇOU!

― NÃO IMPORTA SE ELA COMEÇOU... – Snape começou a andar até ela, decidido, mas parou assim que ela abriu a boca para interrompê-lo.

― ELA ME CHAMOU DE TRAIDORA DE SANGUE! – Snape parou, o rosto impassível, mas o olhar que dizia algo mais – ELA BASICAMENTE CHAMOU A HERMIONE DE SANGUE-RUIM E ME CHAMOU DE TRAIDORA DE SANGUE! ELA INSULTOU A HERMIONE POR CAUSA DE UM RIDICULO IDEAL DE SANGUE!

― Você não deve se importar com essas coisas, você é mais esperta do que isso, é uma sonserina. – Snape disse em tom régio, mas Max já tinha libertado sua angústia.

― EU NÃO ME IMPORTO QUE ELA ME CHAME DE ORFÃ, DE MESTIÇA OU TRAIDORA NOJENTA OU QUALQUER COISA QUE INVENTE, MAS NÃO ACEITAREI QUE CHAME MINHA AMIGA DE UM TERMO PERJORATIVO COMO ESSE!

― Você está certa.

― SE VOCÊ TOMA... Espera, o quê?

Maxine olhou boquiaberta para o professor, que deu a volta, a capa preta girando com o movimento e se sentou novamente, e apoiando o queixo na mão, olhou fixamente para ela.

― Você está certa. Há muito tempo conheci um rapaz, como você. Ele tinha uma amiga nascida trouxa como você, e apesar de nunca a destratar, compactuava com esse tipo de atitude, ele não se pronunciava, ele se deixava levar por esse tipo de mentalidade. – Max não deixou de perceber o tom depressivo na voz do professor e se aproximou cautelosamente – Ele perdeu essa amizade um dia, não por chama-la desse termo, mas por esse acontecimento ter despertado essa amiga ao que ele fazia, que ele não a defendia e não se posicionava contra essa injustiça e preconceito, que compactuava com aqueles que tinham esse ideal. Que ele era como os outros.

Snape voltou a olhá-la, intensamente, com tanto escondido e com tanta aprovação que Maxine se viu desnorteada.

― Srta. Snow, ganhará dez pontos à Sonserina pela força de caráter demonstrada.

Maxine se jogou no chão, de pernas cruzadas, sentindo as lágrimas irromperem de seus olhos.

― Srta. Snow... você está chorando?

― Não... – Ela tentou enxugar as lágrimas que agora eram de raiva por sua fraqueza – Sim... Isso é ridículo! Absurdo! Porque eu sou da Sonserina?!

― O que quer dizer com isso? – Snape não se levantou, mas não a interrompeu.

― Todo mundo diz que meu lugar não é lá, que sou errada, suja. E todos são tão preconceituosos, tipo, só quem pertence a Sonserina é sangue puro, não é? De grandes famílias bruxas e toda essa baboseira?! Se sentem superiores aos outros, e tipo, eu sei que sou superior a todos eles – Max imaginou ter escutado uma risada, mas como fungava, creditou isso a uma confusão – mas não dessa forma, não assim. Eles são babacas. Meu lugar não é aqui, o chapéu errou, não errou?

Ela olhou para o Prof. Snape, que a olhava ternamente, com um curvar desconhecido nos lábios. Ele não mudou a expressão compassiva ao dizer:

― O chapéu não erra, Srta. Snow. Não se deixe levar por esses estereótipos que os outros seguem. – Max abriu a boca para contestar, mas Snape ergueu a palma para calá-la e continuou – Nós temos ambição, mas isso não é algo ruim, ambição pode ser qualquer coisa desde governar o mundo até se tornar uma especialista em trestálios. Você é inteligente e astuta, determinada em alcançar seus sonhos e objetivos. Você não confia cegamente em qualquer um, você sabe que devem provar seu valor antes que conquista-la.

― Sim, mas...

― Muito bons e grandes bruxos foram sonserinos. O grande Merlim foi da nossa casa, o diretor de Hogwarts Finelius, e muitos outros. Pare de se preocupar com o que acha que tem que ser, não se importe em como seus colegas agem, faça seu próprio legado como Sonserina, alguém que mudará essa ideia que muitos têm de nossa casa. Você faz seu próprio destino.

Max olhava espantada para o professor, a admiração crescente a cada palavra dele. De alguma forma, as palavras dele a atingiram, a tocaram no fundo de sua alma e renovaram suas forças para se tornar essa pessoa a quem ele tinha mencionado. Ela poderia fazer isso, poderia ser uma grande bruxa que não seguiria cegamente os outros. Ser sonserina não significa ser injusta ou babaca ou preconceituosa, significava ser uma bruxa astuta que lutaria pelo que acreditava das formas como lhe convinham, como seus pais.

Snape se levantou, guardando os pergaminhos e se aprontou para sair da sala.

― Ainda está de detenção, no fim do dia quero tudo limpo e inteiro. Na próxima vez que quiser defender alguém, aja como uma Sonserina e não seja pega. Se gabar de detenções é coisa de grifinórios burros.

― Sim, professor. – Snape abriu a porta da sala, mas antes que ele saísse, ela se levantou e o chamou – O senhor esqueceu alguém.

― Como? – Snape olhou por cima do ombro para ela.

― Você falou de grandes bruxos e se esqueceu de você. – Snape entreabriu a boca, surpreso – Você é como eles professor.

Snape nada disse, e ainda se recuperando, saiu da sala, trancando-a lá dentro. Max respirou fundo, limpou as lágrimas e foi inundada por uma dose forte de novas forças. Mesmo ciente de estar perdendo o quadribol, ela arrumar a sala com alegria e determinação.

Tudo seria diferente a partir dali.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Aprovam a amizade Hermione e Max? E o discurso do Snape? Confesso que ele é um dos meus personagens preferidos, mesmo o odiando - como o Draco. Não sei, ele é tão cinza, não podemos chamá-lo de herói e de alguém bom, mas também não podemos apagar tudo que ele fez e que ele tinha sim um coração bom.
É aquilo né, os personagens nem heróis nem vilões que tanto amamos!
Essa nova relação dos dois será muito importante para Maxine, mas vem muito mais por aí.
Favoritem, deem notas, comentem por favor, não sou movida a comentários, mas além de trazerem engajamento, eles me dão alegria em escrever mesmo quando estou muito cheia.

Não prometo postar na próxima semana, a mudança está uma loucura ainda e ainda tenho uma vida para cuidar. Mas não passo de 15 dias, prometo.



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