Suddenly You escrita por Little Alice


Capítulo 4
A dream of you and me together


Notas iniciais do capítulo

Oi, todo mundo! Como vocês estão?

Este capítulo é inspirado e tem como música tema “2 Become 1”, da banda Spice Girls. Vocês podem ouvir pelo link: https://youtu.be/FA5jsa1lR9c

Boa leitura :)



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Candle light and soul forever
a dream of you and me together,
Say you believe it, say you believe it,
Free your mind of doubt and danger,
be for real don't be a stranger,
We can achieve it, we can achieve it
Come a little bit closer baby, get it on, get it on,
'Cause tonight is the night when two become one
(2 Become 1 ― Spice Girls)

 

Na semana que se seguiu, Victoire tentou não pensar no que sentia e no que possivelmente perdera. Tentou não pensar em Ted e Mabelle. Ao invés disso, dedicou-se à organização da feira e do baile beneficente, que ocorreriam no final de semana. Durante todo aquele processo, a garota buscou não se preocupar tanto. Procurou se divertir com a experiência e fazer amizades com os outros integrantes da comissão. De certo modo, estava pondo em prática algo que Ted lhe falara e que ainda martelava em sua cabeça: estava tentando viver o presente. Essa também era uma forma de enxergar o mundo, não? Estar nele, ver e sentir suas sombras e luzes. Agora, lembrava-se da dica que o jurado lhe dera: viver. Apenas isso. Como pudera se esquecer? Por mais que aquilo lhe contasse créditos extracurriculares, Victoire não exigiria a perfeição de si mesma. Nem todas suas ideias dariam certo, seu mural certamente não ficara do jeito que imaginou e contratempos ocorreriam. Havia coisas que estavam além dela. No entanto, ela participou. Vendeu bilhetes para o baile, deu risadas com seus companheiros e produziu cartazes em conjunto.

No sábado de manhã, Victoire acordou bem cedo. Seu pai a levou até a escola, a parte detrás da minivan ocupada por pôsteres, por objetos de decoração que ela passara a noite anterior fazendo e pelo seu mural de boas-vindas. Ela e um pequeno grupo de alunos da comissão ficaram responsáveis pela organização da feira, enquanto os outros cuidariam do baile, que aconteceria só no dia seguinte, mas exigia uma preparação anterior. Foi um dia cansativo, sem dúvida alguma. Victoire arrastara Dionne e Colin para ajudá-la, mesmo que os dois não fizessem parte do comitê. No entanto, toda ajuda naquele momento era válida e muito bem-vinda. Às três horas da tarde, tudo estava em seu devido lugar. Eles estavam prontos para começar. O estacionamento da escola se transformara no que seria uma enorme feira beneficente, e que atrairia toda a população de Hogsmeade e de cidades vizinhas. Ela terminou de pendurar o seu mural na entrada e, descendo as escadas e dando um passo para atrás, analisou o resultado do seu trabalho e do trabalho dos colegas. Parecia incrível.

Enquanto olhava, sentiu alguém cutucar-lhe o ombro. Ela girou o corpo e viu Mabelle, carregando duas fornadas entre os braços.

― Oi. Eu fiz isso para as barraquinhas de comida ― disse, com um sorriso tímido. ― São madalenas com cobertura de chocolate, usei a receita de mamãe.

― De tia Gabrielle?

― Sim. Passei a manhã toda fazendo... tia Fleur me ajudou, é claro. Ficaram bem gostosas e ainda estão muito fresquinhas.

Victoire sorriu. Mabelle não precisava fazer aquilo. Ela estava na barraca do beijo. Era Victoire e Dionne que cuidariam de uma das barraquinhas de doces. Seu pai traria alguns bolos e ela receberia também a doação de outros pais. A contribuição de Mabelle era um bônus. Um bônus muito bem-vindo. A garota achava que entendia o que aquilo significava. 

― Eu queria me desculpar ― disse a prima então, baixinho. ― Eu sinto sua falta.

Victoire não pôde mais resistir e a puxou para um abraço apertado. Mabelle foi pega de surpresa, mas conseguiu equilibrar as madalenas que ainda segurava e riu, com um ar aliviado.

― Eu também sinto sua falta.

― Não quero brigar com você nunca mais, nunca, nunca, nunca mais mesmo. Ainda mais por causa de garotos. Aquelas coisas que eu disse… não eram verdadeiras.

― Tecnicamente, eu sou mesmo virgem. E, às vezes, eu sou mesmo patética ― gargalhou.

― Não é não, eu é que sou.

As duas sorriram uma para outra. Victoire sentia o coração muito mais leve, era como ter uma parte de si mesma de volta.  

― Ted me convidou para o baile ― contou Mabelle.

― Ah, é? ― A garota tentou esconder sua decepção. Não esperava, não queria que Ted o fizesse, mas supunha que teria que lidar com aquilo. Não seria justo se opor a felicidade dos dois, seria? Não era egoísta a esse ponto. Nunca foi, percebeu. No fim, por mais que doesse, não os impediria de ficarem juntos, se assim desejassem.

― Mas eu não aceitei ― completou. ― Não poderia fazê-lo depois de perceber que você gosta dele.

― Eu não…

― Gosta sim. E, bom, no fim é de você que ele gosta também.

― Ele convidou você, não eu.

― Só porque achou que eu esperava por isso. Ele não queria me magoar, nem queria que eu fosse sozinha ao baile. Ted é realmente um rapaz adorável, mas acho que ainda precisa aprender a se colocar em primeiro lugar, a ser fiel às próprias vontades. Foi o que eu disse para ele, disse que ele deveria criar coragem e que deveria convidar alguém que goste de verdade. Então, se minha intuição estiver mesmo certa, você pode esperar por um convite dele nas próximas horas ― piscou.

― E você? ― perguntou Victoire, antes que Mabelle se retirasse.

― Eu? Eu não vou morrer se tiver que ir sozinha. De todo modo, estou pensando em convidar o Greg. Sei que não gosta dele, mas ele é um cara legal de verdade. Ele não é bom na escola, mas isso não significa que não tenha planos futuros. Semana passada, fomos a um show de stand-up e foi muito divertido. É isso o que ele quer fazer: stand-up. Eu também vou ajudá-lo com algumas disciplinas, Greg quer muito se formar para, enfim, começar a vida dele.

Sorrindo, Victoire deu outro abraço na prima antes de se afastarem. Naquele momento, jurou a si mesma que não interferiria mais na vida dos outros. Que deixaria Mabelle ser feliz do jeito dela. Não havia outra maneira, afinal. Cada um precisava escolher o próprio caminho. Além disso, precisava admitir, não era tão boa assim no ramo casamenteiro, o sucesso envolvendo o professor Longbottom e a enfermeira Abbott foi apenas um caso fortuito.

No fim, a feira não poderia ter sido mais fantástica e divertida. Victoire sentiu-se contagiada com toda aquela alegria, riso fácil, música e apresentações de dança. Crianças corriam por todos os lados, brincavam no pula-pula, pintavam os seus rostos com tatuagens coloridas e, então, vinham até sua barriquinha de doces, os olhos cheios de desejo. Ted apareceu já quase no final. Ela sentiu o coração disparar um pouquinho, lembrando-se do que Mabelle havia lhe dito. Ele a convidaria? Seria possível? Ele gostava mesmo dela? Como que para provar a teoria de Mabelle, Ted comprou vinte libras em doces. Ele sempre fora uma formiguinha, mas aquilo era um pouco demais, não?

Tudo terminou por volta das nove horas da noite. Victoire conseguiu vender quase todos os doces, e as madalenas de Mabelle fizeram um grande sucesso. Claro que fariam, a receita de tia Gabrielle era mesmo única. Junto dos outros membros da comissão e de alguns funcionários, Victoire reorganizou o estacionamento da escola, agora vazio e escuro. Ted, Mabelle, Dionne e Colin ficaram para ajudar. Era tarde, realmente tarde, quando enfim foram liberados. Ela sentia os pés um pouco doloridos, mas nada demais. Nada que pudesse desfazer o seu bom humor.

― O que você fez com todos aqueles doces? ― perguntou, enquanto arrumava as coisas no porta-malas do carro. Ela conseguira carona com Ted, enquanto Mabelle voltaria para casa com Dionne. Poderiam ter ido juntas, mas suspeitou que a prima queria lhes dar um pouco de privacidade. ― Não comeu todos, comeu?

― Não ― riu. ― Eu teria diabetes ou coisa do tipo se tivesse comido tudo sozinho. Dividi com um grupo de crianças que estavam brincando no pula-pula.

Victoire sorriu. Aquele era Ted sendo Ted. De novo.

― Ei, você não quer dirigir? ― perguntou, surpreendendo-a.

― Não sei se é uma boa ideia, Ted. Eu sou horrível na direção, existe um motivo para eu não ter passado no teste ― disse, já abrindo a porta do passageiro.

― Deixa disso. Você não vai desistir na primeira tentativa, vai? ― Ted jogou as chaves para ela, que as pegou no ar. ― Bom reflexo. Vamos, você está comigo, o trajeto daqui até a sua casa é curto e a essa hora não tem mais ninguém na rua. Vai ser fácil.

― Ok ― aceitou, um pouco a contragosto.

Eles trocaram de lugar. Victoire se sentou no banco do motorista e suspirou, apertando o volante com força. Durante o caminho, quase não conversaram. Victoire se mantinha atenta a direção, ouvindo as orientações de Ted. Mas notou quando ele ligou a rádio na estação romântica e começou a cantarolar uma parte de 2 Become 1, das Spice Girls ― justamente a parte em que o eu lírico desejava que, naquela noite, dois se tornassem um. Victoire quis que aquilo significasse algo. Significava? Era só pensar naquilo e o seu coração saltava, em um ritmo frenético e emocionante. Todas aquelas sensações eram novas para ela, porém, eram genuinamente boas.

Eles saíram do carro em silêncio e Ted a ajudou a organizar todas as coisas na cozinha do Chalé das Conchas.

― Vic? ― chamou-a.

― Sim? ― Ela colocou os pratinhos descartáveis no armário e se virou para encará-lo.

― A esposa de um primo meu é artista plástica ― começou, coçando a nuca. ― Astoria Malfoy, conhece?

Victoire assentiu.

― Bom, ela está procurando uma assistente para os finais de semana e… achei… achei que talvez pudesse se interessar. Você pode não ter ganhado o concurso, embora a participação já seja um feito e tanto, mas acredito que trabalhar no ateliê de uma artista renomada contaria alguns pontos a seu favor. Beauxbatons não poderia resistir a isso, poderia?

― Claro que não. ― Victoire mal podia acreditar naquilo. Ela sentiu seus olhos arderem e precisou se controlar para não chorar.

Ted lhe entregou um cartão de visitas.

― Não é nada garantido, você ainda vai precisar ligar e fazer uma entrevista, mas eu tenho fé em você, Vic. Realmente tenho.

A garota encarou o cartão em suas mãos. O ateliê da Sra. Malfoy ficava na cidade vizinha, em Wiltshire, o que significava que Victoire precisaria tirar sua carteira. Seu pai poderia levá-la, mas teria muito mais autonomia se simplesmente pudesse dirigir por si mesma. Agora entendia porque Ted não queria que ela desistisse daquilo.

― Muito obrigada. De verdade. Muito obrigada por ter se lembrado de mim, significa muito mesmo.

― O que mais eu poderia fazer? ― Ted parecia envergonhado. Ele era tão bonitinho envergonhado, e Victoire quis rir ao se dar conta daquele fato. Ela guardou o cartão no bolso da calça com cuidado e abriu o congelador, tirando um pote de sorvete de lá. Pegando duas colheres na gaveta, entregou uma a Ted e se sentou no balcão. Ele a acompanhou.

― Espero que ainda haja um espaço aí para mais um doce ― riu, cutucando-o nas costelas.

― Sempre há.

Ela sorriu para Ted, que sorriu de volta. Aquela troca era simplesmente inevitável entre os dois.

― Obrigada ― disse, novamente.

Por um momento, ficaram calados. Aquela parecia uma noite perfeita. Perfeita para uma pintura. Apenas os dois, sentados no balcão da cozinha, enquanto dividiam um pote de sorvete, um sentimento de ternura e gratidão dançando no ar. Mas Victoire não a pintaria. Não, ela preferia vivê-la e guardá-la em seu coração.

― Vic? ― chamou Ted outra vez.

― Sim? ― repetiu a dinâmica.

― Você tem um par para o baile de amanhã?

O seu coração falhou, as suas mãos começaram a suar e um milhão de borboletas invadiram o seu estômago. De repente, sentiu vontade de gritar e de dançar. Porém, se conteve e respondeu, o mais firme possível:

― Não.

― Quer ir comigo? Eu posso, você sabe, usar um smoking e essas coisas cafonas…

Ela sorriu e, então, riu um pouco.

― Eu quero. Quero sim.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Me digam nos comentários. Finalmente as coisas estão dando certo para a Victoire, né? Ela e a Mabelle se acertaram e o Ted a convidou para o baile. Ah, e Victoire como assistente da Astoria já é meu novo headcanon absoluto rs.

Beijos e até a próxima :*



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