Suddenly You escrita por Little Alice


Capítulo 5
Kiss me beneath the milky twilight


Notas iniciais do capítulo

Oi, todo mundo! Como vocês estão?

Este capítulo é inspirado e tem como música tema “Kiss me”, da banda Sixpence None The Richer. Vocês podem ouvir pelo link: https://youtu.be/hII0JXUJNDo

Boa leitura :)



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Kiss me
Beneath the milky twilight
Lead me
Out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and
Make the fireflies dance
Silver moon sparkling
So, kiss me
(Kiss Me ― Sixpence None The Richer)

 

Elas estavam lindas, absolutamente deslumbrantes. Com um sorriso de satisfação, Victoire terminou o penteado de Mabelle e ambas se encararam no espelho da penteadeira. A prima usava um vestido preto, curto e de brilhantes, enquanto ela optara por um azul-bebê, longo, de alcinhas finas e fenda lateral. A garota mal podia acreditar que iria ao baile com Ted, todas as vezes que pensava naquilo, sentia um friozinho bom na barriga e a ponta dos dedos formigarem. Parecia que estava prestes a viver o seu próprio conto de fadas e, de fato, pouco se importava se aquilo soava brega ou clichê. Nada no mundo poderia estragar aquela sensação de felicidade e de certeza que a invadia naquela noite formidável de baile. Não havia lugar melhor para se estar do que no presente. Ainda sorrindo, virou-se para Dominique, que estava deitada na cama da irmã, com fones no ouvido, enquanto as esperava. Ela também usava um vestido preto, porém um pouco mais simples que o de Mabelle, e não dispensara os tênis Converse. Aquilo era tão a cara de Dominique, pensou.

― Estamos prontas! ― disse.

Ela tirou os fones do ouvido, desligou o walkman e suspirou:

― Finalmente, hein! Vocês demoram um século, eu quase terminei de ouvir o álbum do Ramones aqui... Vamos descer?

― Tem certeza de que não quer que eu faça um penteado em você? ― insistiu Victoire, cujo sonho era fazer alguns cachos no cabelo curto da irmã. Naquela noite, enquanto se arrumavam juntas, Dominique permitiu que ela fizesse sua maquiagem, mas nada além.

― Não temos tempo ― recusou.

Victoire se sentou ao lado da irmã e pegou sua mão. Por alguma razão, sentia que um dia ela pediria sua ajuda, só que o momento ainda não havia chegado. Supunha que teria que se contentar com aquilo por enquanto.

― Tudo bem, você já está linda, embora uns cachos não cairiam nada mal ― riu, colocando uma mecha do cabelo de Dominique para trás. ― A deixariam ainda mais bonita. Hoje é uma noite especial para mim e para a Mabelle e queria que fosse para você também. Queria que tivesse convidado a garota dos seus sonhos, mas, como infelizmente não aconteceu, quem sabe vocês não consigam dançar juntas ao menos uma vez?

― Mesmo que eu tivesse tido coragem de chamá-la, não sei se seria uma boa ideia. Você sabe, as pessoas não entendem isso muito bem. Porém, acho que poderíamos lidar com uma dança, uma dança meio que entre amigas.

― Um dia você não terá que se preocupar com as pessoas ― prometeu Mabelle. Ela entendia bem sobre aquilo, vivendo com suas duas mães e vendo-as lutarem diariamente para serem aceitas. Mas um dia aquela luta acabaria.

Dominique sorriu. Elas ouviram uma batida na porta e, em seguida, Gui colocou a cabeça para dentro. Um fato não muito curioso: ele usava smoking. Aquele era um baile aberto ao público, afinal. O objetivo era arrecadar o maior número possível de fundos, assim, não só os estudantes poderiam participar, mas também pais, amigos e conhecidos. Quem desejasse. Gui e Fleur dificilmente recusariam a oportunidade de ir a uma festa com as filhas. Aquilo era um pouco mortificante e vergonhoso, ter os dois como companheiros, mas não havia nada que elas pudessem fazer a respeito. Eles já tinham até deixado Louis na casa dos avós paternos.

― Meninas, vocês estão prontas?

― Sim! ― as três responderam ao mesmo tempo.

Cinco minutos depois, estavam no andar debaixo. Victoire se certificou de descer as escadas bem lentamente, como se estivesse em um filme de romance adolescente. De certa forma, ela estava vivendo algo parecido e até se permitiu imaginar uma música tocando ao fundo. Notou o olhar de Ted naquele instante, um tantinho embasbacado. Ele usava um smoking preto e, para a surpresa dela, voltara com o tom azul nos cabelos. Victoire teve certeza que o olhar embasbacado era recíproco. Ela também estava hipnotizada. Parando diante dele, os dois se encararam com um sorriso tímido e Ted colocou uma rosa branca em seu pulso.     

― Você voltou com o azul ― comentou, passando os dedos pelos cabelos dele. Ela os bagunçou um pouquinho apenas porque gostava de vê-los assim.

― Bom, alguém uma vez me disse que, se eu me sentisse melhor assim, então deveria voltar. Foi o que fiz, segui o conselho dela.

― Essa pessoa deve ser muito sábia ― brincou.

― Ela nem imagina o quanto. ― Eles acompanharam os outros e, assim que chegaram ao jardim, Ted jogou as chaves do carro para Victoire.

― Você quer que eu dirija?

Ted assentiu, caminhado para o banco do passageiro. Pela segunda vez em dois dias, a garota ocupou o lugar do motorista. Mabelle e Dominique foram com Gui e Fleur, de modo que Victoire não precisou se preocupar tanto. Era só ela e Ted. Poderia errar, mas não errou. Manteve-se firme na direção, não ultrapassou nenhum sinal, deu seta sempre que necessário e soube estacionar corretamente. Sentia-se um tanto vitoriosa. Seu próprio coração estava exultante, enquanto andava em direção à festa, seus sapatos de salto ressoando pelo caminho do estacionamento.

O tema do baile beneficente daquele ano era Titanic. Todo o ginásio da escola fora decorado de modo que parecessem que estavam em um navio naufragado, bem no fundo do oceano. Victoire achava um tema de muito mau-gosto. Era sobre uma tragédia real, por Deus! Entretanto, desde que o filme fora lançado, Titanic estava em alta e todas as meninas, e alguns meninos, votaram naquela temática somente porque gostavam muito do Leonardo DiCaprio. Ela dava graças a Deus por não ter ficado responsável pela decoração do baile, apenas da feira. Por mais que estivesse tentando ser mais flexível com as coisas, Victoire ainda era Victoire e surtaria se aquilo se relacionasse ao seu nome de alguma forma. Tudo tinha um limite, certo?

Mas, apesar da decoração obviamente cafona e questionável do baile, a menina se divertiu. Suas amizades próximas, seus respectivos companheiros, Ted e ela dançaram em grupo. Dançaram todas as músicas que faziam sucesso na época e também todas aquelas que fizeram sucesso em outras décadas. E, porque o DJ parecia ser realmente fã, incontáveis canções do ABBA. Em determinado momento, Dominique se afastou deles e se juntou aos próprios amigos. Victoire sorriu ao ver a irmã rodopiando com uma menina morena. Era ela. Poderia não ser o suficiente, mas, naquele momento, parecia o bastante para Dominique. Ela estava radiante. Victoire prometeu que não se intrometeria mais na vida dos outros, mas de repente sentiu vontade de fazê-lo, de tentar ajudar a irmã um pouquinho que fosse. No fim, se controlou. O melhor que poderia fazer era dar apoio a Dominique, auxiliando-a a criar coragem, e não fazer as coisas por ela. A irmã tinha o direito de traçar o próprio caminho, de cometer os seus erros e os seus acertos.

Durante todo o baile, Victoire sentiu falta de uma música mais romântica. Demorou um pouco para que acontecesse, mas, quando aconteceu, todo o clima da festa mudou. Os grupos se desfizeram, algumas pessoas saíram da pista e outras voltaram. Ela observou quando os seus pais se levantaram da mesa e se reuniram aos demais, no meio do salão. Tocava Kiss Me, do Sixpence None the Richer, e as luzes estavam mais baixas. Envolveu os braços ao redor do pescoço de Ted e ele a segurou pela cintura. Parecia perfeito. Os dois, daquela maneira. Eles estavam face a face, o rapaz sorria, fazendo com que Victoire também sorrisse. Como nunca percebera o que tinham antes? Esse tempo todo, bem ali, diante dos seus olhos. Naquele momento, tudo o que Victoire queria era poder beijá-lo, assim como a música anunciava, mas criar coragem era difícil. Ela entendia Dominique.

― Vic ― sussurrou Ted, depois de um tempo. Ele parecia sério e um pouco envergonhado. ― Eu… ― limpou a garganta ― E-eu preciso te dizer algo.

Victoire balançou a cabeça, indicando que estava ouvindo. Seu coração bateu mais forte dentro do peito.

― Eu… quero que me prometa que não vai sair correndo ― pediu. ― Mesmo que não… bem, não saia correndo. Eu vou entender se não se sentir da mesma forma.

― Não vou sair correndo ― garantiu. Se fosse o que estava pensando, nunca poderia sair correndo. Ela também queria estar com ele. Mais do que tudo no mundo.

― Alguns dias atrás, Mabelle me aconselhou a convidar alguém especial para o baile. Eu fiz isso, convidei você. Convidei alguém especial, alguém que realmente gosto, não só como... não só como amiga, mas... Como eu posso te dizer isso? Eu…

Victoire abriu um sorriso luminoso, que transbordava. Sabia o que Ted queria dizer, por mais atrapalhado que soasse, e era sua vez de ser destemida. Por isso, aproximou-se mais, e erguendo-se nas pontas dos pés, o beijou delicadamente. Ele pareceu surpreso com o gesto, mas logo o sentiu sorrir entre os seus lábios. Aprofundando o beijo, Ted a trouxe um pouquinho mais para perto, enlaçando sua cintura com força, e Victoire deixou os dedos correrem pelos fios macios do cabelo dele. Parecia um sonho bom, mas era muito, muito real. Se beijaram até o último acorde da canção e, quando se soltaram, era difícil dizer qual dos dois parecia mais feliz.

― Você me beijou ― disse ele.

― Você também ― riu. ― Então, o que queria me dizer mesmo?

― Que eu sempre quis poder te beijar ― respondeu, com um gracejo. ― Ok, não exatamente com essas palavras… Eu queria dizer que gosto de você e já faz um tempo. Um tempo realmente longo.

― Eu também gosto de você, Ted ― admitiu. ― Não tinha percebido isso antes, mas agora…

― … Você percebeu ― completou, selando seus lábios rapidamente, apenas para ter certeza que a garota não fugiria ou que aquilo não era uma fantasia.

― Acho que esse sentimento sempre esteve aqui dentro, mas adormecido. De todo modo, eu nunca imaginei que você pudesse gostar de mim dessa maneira.

― Como não? Eu te dei vários sinais.

― Que sinais?

― Por que acha que eu estava sempre enfiado na sua casa?

― Porque somos amigos, porque você gosta da minha família e porque costumávamos ser vizinhos.

― Bom, sim, mas eu passava muito tempo com vocês, muito além do que é socialmente recomendado. Eu amo a sua companhia, esta é a verdade. Talvez eu seja um viciado em você? Talvez. Mas me sinto melhor, e muito mais feliz, ao seu lado. Não sei se poderia me sentir assim por outro alguém. ― Com um suspiro, ele continuou: ― Por que acha que fui atrás de você naquele último show d’As Esquisitonas?

― Porque o meu pai pediu para que me vigiasse e cuidasse de mim. Ele não confiava no Logan.

― Acredita mesmo que eu teria ido por causa disso? Por que o seu pai me pediu? Meu Deus, Vic! Eu estava morrendo de ciúmes de você e o Sr. Weasley apenas me deu um pretexto para ir àquele show idiota e ver o que estava acontecendo, ver se estava tudo bem. Eu também não confiava no Logan, por motivos bastante tendenciosos... o julgava muito mal. Não me orgulho nada disso, admito, mas vê-la saindo com aquele cara foi bem torturante.

― Hum…

― Eu te dei um livro de poesias românticas no dia de São Valentim e escrevi uma dedicatória: “Espero que pense em mim enquanto estiver lendo”.

― Eu gosto de poesias românticas e você sabia disso. Não achei que houvesse qualquer intenção por detrás disso.

― Victoire!

― O quê?! Os seus sinais são péssimos!

― Eles não são péssimos, você que é péssima em ler sinais ― gargalhou.

― Talvez seja um pouco das duas coisas. O bom é que agora não precisamos mais disso.

― Não, não precisamos ― sorriu.

― Você não acha uma péssima ideia começar um namoro neste momento, considerando que, se tudo ocorrer como o planejado, daqui a uns dez meses eu não estarei mais aqui, na Inglaterra? ― quis saber. Não queria pensar naquilo, embora aquele tópico não pudesse ser ignorado de fato: a horrível fatalidade de que perderam muito tempo e que, agora, lhes sobrava muito pouco para aproveitarem juntos.

― Isso é algo para o Ted e para a Victoire do futuro se preocuparem ― falou, traçando o contorno do rosto dela com as pontas dos dedos. ― Por enquanto, nós temos o hoje. Temos este baile, esta noite e um ao outro. Além disso, dizem que o Eurotúnel é bem eficiente e rápido. 

Dizendo isso, Ted a beijou outra vez. Naquele instante, enquanto ouvia os seus corações batendo em sincronia, sob as luzes fracas e coloridas da festa e em meio a tantos outros casais, que dançavam lentamente, Victoire se sentiu parte integral do mundo. Ela estava nele. Enxergava o amor. Vivia o presente. E o que era o futuro, diante daquilo tudo? Diante de tanta beleza e contentamento? De certa forma, era como se estivesse construindo sua própria obra de arte. Como se sua vida, de repente, tivesse se transformado em uma.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Me digam nos comentários. Acho que é uma fanfic até que aceitável, embora um pouco aleatória, e espero não ter decepcionando nenhum fã de Clueless com essa minha versão. No início, a Victoire brincou de ser casamenteira... e, no fim, a Mabelle meio que foi a casamenteira de Victoire e Ted HAHAHA. Enfim, muito obrigada a quem leu até aqui ♥

Beijos e até a próxima :*



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