Toujour Delacour escrita por Maga Clari


Capítulo 3
La petite sirène




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Em algum momento da primavera do ano em que Victoire entrou em Hogwarts pela primeira vez, peguei-me pensando no quanto eu era sortudo por ter uma esposa tão boa para mim da mesma maneira que a minha mãe era para o meu pai e vice-versa. Alguns dos meus amigos de escola precisaram do divórcio e outros não tiveram filhos, ou simplesmente um lar tão bonito e agradável quanto o nosso.

Acontece que depois de Victoire, veio Dominique e eu já estava preparando-me psicologicamente para um batalhão feminino quando Louis finalmente apareceu. Foi uma surpresa encantadora descobrir que eu teria chance de criar um menininho. Un garçon!, como diria Fleur. Naquele ano em questão, Louis já estava na fase dos “porquês” e de aprender palavras novas. A criação bilíngue é engraçada quando um dos pais não fala a língua do outro. Fleur sabia a minha língua, mas eu não sabia a dela. 

Patético, hã?

― Papai, como é que eu digo “estrela do mar” em francês?

― Não sei, pergunte à mamãe.

― Mas a mamãe mandou eu te perguntar.

Levantei os olhos do jornal só para vê-la rir de longe enquanto fritava um peixe fresco na nossa cozinha da varanda.

― Então volta lá e pergunta a ela o que significa “visage de papaye”.

― Papaye tipo papai?

A pergunta fez Fleur rir ainda mais e Louis riu junto mesmo sem entender que a minha tentativa de xingamento family friendly havia sido atirada mar abaixo. E isso se repetiu por toda aquela temporada, por mais que eu tentasse desviar daquela dupla de meliantes.

De qualquer maneira, não é como se eu estivesse odiando. Normalmente os episódios de perguntas acabavam com muitas risadas, brincadeiras e com beijos da mamãe Fleur, se é que vocês me entendem. 

Dominique, ao contrário do irmão, não deu tanto trabalho na fase das perguntas e naquela época parecia especialmente interessada em tudo que envolvesse água. Se eu não fosse muito bom em genética, teria suspeitado que minha esposa havia dado à luz a uma sereia, porque aquela garota passava o dia inteiro nadando e com o corpo todo queimado pelo sol. No fim do dia, a mesma coisa:

― Papai, está doendo! 

― Claro, passando o dia todo no sol.

― Bill! ― Fleur me repreendia, e algumas vezes eu até recebia um tabefe no braço ― Não é assim que se ajuda. Vem, Nikki, deixa mamãe te ajudar com um creme.

E aí, de olhar feio para mim, Fleur ajudava a curar as queimaduras de nossa pequena sereia. 

Dessa vez, quem resolveu perguntar fui eu, morrendo de curiosidade:

― Amor?

― O quê? ― continuou ela a passar o creme em Dominique, que amarrava os cabelos longos com um elástico de cabelo.

― Como se fala “pequena sereia” em francês?


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