— Honestamente, gostaria de dizer que eu acho essa ideia péssima, o que é bem sua cara — Troi falou fitando-o e dando de ombros logo em seguida. Eles estavam dentro de um carro de polícia e estavam sendo levados para a prisão por tentativa de roubo já que eles ativaram o alarme dentro do banco em que estavam.

— Como você mesmo disse, meus planos são mais insanos — Pedro respondeu fitando-o sorrindo, a porta se abriu e um homem com roupa de policial os mandou sair. Eles estavam com algemas em suas mãos e em suas pernas, o que dificultava a movimentação, além das vendas em seus rostos. Assim que entraram na prisão eles foram soltos e tiverem de entregar seus pertences para o cara que os guarda e entrega as roupas que devem ser usadas na prisão — Você sabia que o laranja dessa roupa não é um laranja verdadeiro? — Pedro perguntou assim que recebeu as roupas fitando o homem guardar seus pertences em uma gaveta.

— Essa é nova, cai fora moleque — O homem falou fazendo um sinal com a mão para que Pedro seguisse o caminho. Pedro ficou sério e foi para o banheiro trocar de roupa e entregou para o homem — Obrigado — Ele falou assim que recebeu a roupa, Pedro fez um sinal com a cabeça e seguiu para onde Troi e Robson estariam.

— Mas que pergunta idiota foi essa!? — Troi exclamou assim que Pedro chegou ao lado dos dois.

— Com o tempo ele responderá corretamente e quando responder corretamente nós conseguiremos sair daqui — Pedro falou indo para o refeitório para pegar uma bandeja para pôr comida, Troi o seguiu até a mesa assim como Robson.

— Tá, mas quem é o prisioneiro 88? — Troi perguntou fitando Pedro que fez um gesto com o dedo indicativo apontando para um homem de cabelos brancos e magro.

— Por que você acha que esse homem seria necessário para nossa equipe? — Robson perguntou e colocou mais uma colher de comida dentro de sua boca.

— Necessário não, ele é eficiente. Você verá o que ele faz quando chegar a hora, até lá permaneçam calmos e ajam como prisioneiros, quando acontecer eu vou desafia-lo e quando eu o derrotar nós vamos sair daqui.

— Quando o que acontecer!? — Troi perguntou e Pedro sorriu dando mais um gole em seu suco — Mantendo o clima misterioso, claro, por que não? — Troi berrou sentando-se sério na cadeira e o sinal tocou, agora eles deveriam ir para suas celas. As selas eram separadas por números que também eram escritos nas suas roupas, Pedro era o prisioneiro 37, Robson o prisioneiro 53 e Troi o de número 69. Ambos tiveram de dividir as celas com outro prisioneiro que continha os mesmos números na camisa.

— Quem fica na cama de cima? — Pedro perguntou assim que chegou em sua cela. O seu companheiro estava encostado na parede e parecia espera-lo. Era um homem magro e tinha cara de durão, assim que Pedro perguntou ele se aproximou dele.

— Eu vou querer o que você quiser, gosto de uma boa briga — Ele falou em tom de autoridade, Pedro riu e colocou uma mão no ombro dele que ajoelhou com a dor assim que Pedro colocou força — Eu costumo ser legal com os outros, mas quem me trata mal eu tratarei da mesma forma então não venha com essa de ser superior para cima de mim, entendeu? — Falou sério e o homem acenou com a cabeça positivamente suspirando assim que Pedro parou de machucá-lo — Agora é sério, prefere a beliche de cima ou a de baixo? — Perguntou sorrindo apontando para a cama com o polegar.

— Fala aí mano, tudo beleza? — Robson falou assim que entrou em sua sela e viu o homem gordo e careca deitado na cama de baixo lendo um livro. O homem apenas o fitou por um segundo e voltou a atenção para o livro que estava em mãos — Vai ficar na cama de baixo, certo. Bem, boa noite para você — Falou subindo na cama para a beliche de cima — Tem algum livro aí que eu possa ler? — Perguntou posicionando o corpo na cama de forma que conseguisse ver o homem. O homem pegou um livro e entregou para Robson — Valeu! — Agradeceu e subiu em sua cama para ler o livro, arregalando os olhos assim que começou a lê-lo.

— Acho que é aqui — Troi falou e engoliu em seco assim que entrou na cela, havia um homem grande lá sentado na cadeira. Troi ficou calado e tentou subir na cama para não alertar o homem.

— Já vai dormir? — O homem falou sem fita-lo, Troi engoliu em seco e desceu a escada da cama para o caso do homem se virar e ver que ele gostaria de dormir na cama de cima, mas para a sorte dele o homem pouco se importava com isso. O homem basicamente não se importava com nada que acontecia por ali.

— Eu não tenho mais nada a fazer então acho que sim — Respondeu. O homem afastou a cadeira ficando de um lado da mesa para que Troi conseguisse ver o que havia em cima dela.

— Estava jogando o desafio das oito damas, mas já que você está aqui que tal algumas partidas de xadrez? — Perguntou fitando-o então colocou mais um peão no jogo e bateu as palmas — Consegui! De novo — Comentou.

— Por mim tudo bem, mas não será fácil ganhar de mim — Troi falou sorrindo em direção a mesa que o homem estava sentado.

— Se você ganhar eu mato você — Ele falou sério fitando Troi com um olhar esmagador fazendo-o engolir em seco. O homem riu fazendo Troi ficar com uma face de dúvida — Estou brincando, quanto maior o desafio melhor, mas eu vou avisando que já treinei muitas vezes com outros jogadores então eu também serei um bom oponente — Falou fazendo um gesto para que ele se sentasse na cama.

— Isso sou eu quem decidirei — Falou brincando se sentando na cama pouco depois de mover uma peça começando o jogo. O homem sorriu com o comentário dele e também movimentou uma peça. Enquanto eles descansavam o homem que havia guardado os pertences deles só conseguia pensar em uma coisa: Que cor teria uma roupa se essa for fosse feita de laranja? Ele estava se arrumando para ir para casa com o pente que sempre usava desde que conseguiu o emprego. Um pente laranja que ele achou em sua casa uma vez e nunca descobriu o dono daquela coisa, ele só sabia que o dono possuía cabelos castanho e que seu DNA não estava registrado no banco de dados da polícia.