O Mascarado e a Bruxa de sangue escrita por Mari Mitarashi


Capítulo 4
O filho rebelde


Notas iniciais do capítulo

Jason ainda sofre com a sua morte. Esse trauma e sentimento de abandono serão melhores explorados.

Vocês também são fãs d'Os Foras da Lei? Amo muito essa HQ, ela me fez ser ainda mais fã do capuz vermelho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800134/chapter/4

Jason Todd, ou melhor, Capuz Vermelho, corria pelas ruas escuras de Gothan a toda velocidade fugindo do grupo de heróis que realizavam a patrulha naquela noite. A sua mente trabalhava a todo vapor buscando uma alternativa para escapar dos pirralhos que o seguiam tão confiantes.

O objeto que levava era de extrema importância para o seu contratante, ele não sabia de fato o que exatamente carregava, mas o valor era inestimável. Estava prestes a completar a missão designada, não seria um mero grupo de crianças fantasiadas que iria impedi-lo. 

— Sinto muito crianças, não tenho tempo para brincar com vocês! — Sussurra o mascarado jogando o corpo pro lado. 

O beco escuro acomodou bem o corpo atlético de Jason, as sombras o engoliam junto às vestes escuras, o brilho ansioso no olhar do vilão acompanhava os heróis passarem por ele, sem ao menos pensar que ele estava tão perto. 

Os ruídos dos passos pesados se afastaram rapidamente. 

Jason retirava a máscara vermelha que cobria o seu belo rosto, os olhos escuros do mercenário encararam a máscara em suas mãos, o símbolo esse que fez a sua fama de vilão.

A máscara foi posta dentro de uma mochila preta, escondida estrategicamente para que ninguém a visse, dentro dela, Todd tirou um blusão preto onde substituiu pela sua jaqueta marrom. Ninguém iria reconhecê-lo em roupas civis, aquelas crianças não eram tão inteligentes. Saindo do pequeno esconderijo com o artefato e devidamente disfarçado, ele caminhou pelas docas vazias, concluindo mais um roubo bem sucedido.

 

***

 

 

 

 

— Jason, cara… De onde você tirou essa quinquilharia? — Roy encarava o livro feito de couro de animal largado em cima da mesa do Q.G.

— De uma coleção, sei lá — o mercenário tomava uma xícara de café olhando a tela do computador. — Onde está a cabeça de vento da Kory?

— Dormindo. Hoje o dia foi puxado para ela como heroína, ela salvou sozinha Jump City.

O peso do arqueiro ao lado do sofá vazio, fez Jason encarar o ruivo, aquele olhar queria dizer problemas, e problemas não eram bons.

— Não acho que devíamos permitir que a Kory venha aqui, ela é uma heroína agora. Se descobrirem? — Roy o encarou profundamente.

— A Kory está ciente dos riscos que corre ao vir aqui. Ela não é nenhuma criança 

— Eu sei Jason, mas me preocupo — Harper encostou no corpo do amigo. 

— Kory é cuidadosa, Roy. Fica tranquilo — disse despreocupado, o mercenário terminou o café em um só gole 

Jason fechou o notebook, estava cansado. O roubo havia roubado todas as suas energias, mas o preço que estava recebendo por aquela coisa valeu o trabalho. Delicadamente pegou o livro o colocando dentro de uma caixa de vidro que estava em cima da mesa, a fechando com um código que apenas ele sabia. Aquela coisa iria render muito dinheiro.

— Irei descansar, amanhã tenho que entregar essa belezinha ao contratante.

— Ok, Jason. Irei ficar aqui jogando um pouquinho, caso a insônia não o deixe dormir, pode se juntar a mim.

— Lembrarei disso — Jason riu ao pegar a caixa de vidro a levando ao quarto.

O esconderijo dos foras da lei era modesto, mas possuía seus luxos. Era uma casa grande abandonada na parte velha de Gotham, a residência tinha dezenas de quartos para descanso pessoal e salas de armas onde ele e Roy aguardavam a maior parte do arsenal pessoal.

A porta escancarada do quarto onde uma bela princesa alienígena dormia, encheu a visão dele. Kory estava esparramada como uma criança, vestindo uma calça leve uma blusa que chegava a metade de sua barriga, o semblante calmo no rosto alaranjado não parecia pertencer a uma mulher que poderia destruir uma cidade sozinha com as próprias mãos.

— Dorme bem, Kory — murmurou ao fechar a porta devagar.

A penumbra do corredor o engoliu. 

O quarto de Jason era organizado, a cama sempre estava feita e o chão impecável. O mercenário retirava as roupas pesadas dobrando logo em seguida, o corpo implorava por uma ducha quente e sua cama macia. Os ossos dos ombros estalaram quando ele esticou os braços, o corpo definido caminhou nu até o banheiro dentro do quarto. Rapidamente entrou no box de vidro, a água quente bateu com força em seu couro cabeludo o fazendo relaxar, as costas repletas de cicatrizes encostaram na parede fria. A mente vagueava ao longe para um passado que desejava esquecer, as lembranças dolorosas ainda o perturbavam. Como desejava esquecer tudo aquilo e resetar a sua vida de vez.

— Espero que tenha trago o que eu pedi, Jason.

Os olhos do ex-Robin abriram devagar, dentro do box ao seu lado estava a figura do homem que o atormentava diariamente.

— Sim, está em meu quarto… — Respondeu.

— Excelente, criança humana. Talvez com toda essa eficiência eu possa libertá-lo mais rapidamente de sua dívida.

Jason não disse nada, apenas o observou sair do box. O homem de madeixas rubras estava sequer molhado, suas vestimentas impecáveis destoavam de tudo a volta. O semblante calmo que ele exibia era assustador.

A vontade de chorar apossou nele, o mesmo medo que sentia quando tinha apenas quinze anos voltaram​, o transformando naquele mesmo garotinho assustado que implorava clemência a um psicopata insano. 

Curvado e encolhido debaixo do chuveiro, Jason chorou como uma criança assustada. Todo o seu corpo tremia sem parar, a dor em suas pernas não o deixava levantar-se.

O Jason de 6 anos atrás estava ali.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mascarado e a Bruxa de sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.