O Mascarado e a Bruxa de sangue escrita por Mari Mitarashi


Capítulo 3
O filho obediente


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo não possui tanta ação quanto o outro, gosto de mostrar o quão parecido com o Bruce o Tim Drake é.

A relação de Tim e Bárbara será melhor explorada.



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Tim Drake vasculhava as recentes ocorrências policiais em Gotham, estranhamente o número de roubos a artefatos místicos estava aumentando drasticamente sem explicação alguma. Todos estavam correlacionados com um mercenário em comum, Capuz Vermelho, o mais procurado dos foras da lei. Mas a pergunta principal era, o por que do mercenário roubar objetos que não teriam valor algum para ele. 

— Alguma novidade? — Questiona Oráculo entrando na batcaverna. 

— Não. — Tim respondeu sem tirar os olhos da tela do supercomputador. 

Aquele caso estava consumido Red, nem mesmo Oráculo conseguiu respostas para ele. Não restava outra saída a não ser pedir ajuda a alguém que a muito tempo não se relacionava com a batfamilia. 

— Sinceramente não queria recorrer ao Dick — suspirou o herói cansado. 

Bárbara movimentou a cadeira de rodas para perto do companheiro de equipe, os seus olhos por trás das lentes do óculos olhavam para as imagens dos objetos roubados. Cada um era pertencente a uma região da terra, não havia ligações claras entre eles para explicar o roubo repentino, contudo algo chamou atenção de Bárbara. 

— Talvez não seja necessário — Bárbara disse se colocando mais próximo do companheiro. — Veja — apontou para um objeto específico na tela. — Não é familiar? 

Os olhos cansados de Tim se arregalaram ao ver a cruz característica que Destino utilizava em seus feitiços. Era óbvio que o mago supremo da liga saberia a ligação dos artefatos, como ele foi idiota de não recorrer a entidade. 

— A cruz do Destino! — Exclama o detetive animado. — Red Robin falando. 

Os dois primeiros dedos do detetive vão para a orelha esquerda ativando o comunicador, o seu coração palpitava de ansiedade por uma resposta de algum membro da liga. 

— Mulher maravilha na escuta — a voz suave de Diana soou nos ouvidos de Tim. 

— Preciso que você contate o Sr. Destino, preciso da ajuda dele a respeito de um caso — a voz arrastada saiu com dificuldade da garganta de Drake. 

— Sr. Destino se encontra em missão com Shazam e Zatanna  — informou Diana.

Tim resmungou baixo fitando a tela do computador que já queimava a sua retina, ele girou na cadeira de couro na caverna encarando o uniforme de Jason na vitrine, aquele usado no dia de sua morte e que também que serviu de inspiração para o seu próprio uniforme. 

— Avise-me por favor quando ele retornar. 

O comunicador fora desligado e arrancado da orelha de Tim, as mãos trêmulas passaram por entre os cabelos negros tentando aliviar o cansaço que sentia. Ele estava acabado, passaram quase cinco noites sem dormir investigando aquele caso. O treinamento recebido para situações como aquelas parecia não suprimir a necessidade de seu corpo de desligar, ele não saberia quantas horas a mais aguentaria em pé. 

— Talvez esteja na hora das crianças dormirem — Bárbara pegou a xícara vazia de café a enchendo. — Eu assumo daqui. 

O ex-ajudante tentou contestar Bárbara, mas a mesma olhou de maneira que o fez acatar a ordem. Em passos lentos ele seguia para o elevador da caverna que dava acesso à mansão, os olhos cansados focaram-se pela última vez na imagem de Bárbara sentada na frente do computador lendo os arquivos. 

A luz ofuscante do sol quase cegou Tim quando saiu do elevador, Alfred já o esperava com um sorriso simpático nos lábios. 

— Senhor Drake o seu banho já está pronto. — Informa o mordomo. 

— Obrigado Alfred — Tim agradece retirando a máscara do rosto revelando os olhos bicolores ao mundo. 

A estranha condição genética de Tim sempre foi algo que encantou as pessoas, principalmente as mulheres. A heterocromia herdada de sua mãe era um charme a mais que compunha a sua irresistível personalidade. Donna sempre dizia que aqueles olhos não davam o direito de agir daquela maneira tão sedutora, e ele apenas sorriu debochando do rosto vermelho da amazona. 

Ao abrir a porta do quarto teve a confirmação que nada havia mudado nos dias que permaneceu recluso dentro da caverna, o local estava exatamente do jeito que deixou. As janelas entre abertas permitiam que o vento brincasse com as grossas cortinas esverdeadas, o sol brilhava mais forte em relação ao relógio/elevador. 

Red retirou o restante do uniforme o deixando em cima da cama, os estalos nas juntas aliviava as dores incômodas que o assombravam a dias. As cicatrizes em seu corpo refletiam no enorme espelho localizado perto da cama, ele permitiu avaliar o quão diferente as características corpóreas estavam. Os anos de treinamento árduo ao lado de seu mentor finalmente haviam surtido efeito, os músculos definidos seguiam uma sequência quase perfeita moldando cada membro de forma única. 

— Tenho que agradecer ao Bruce depois — disse rindo. 

Seguindo o caminho para o banheiro em seu quarto, ele percebeu o cheiro crítico dos sais de banho que Alfred provavelmente havia colocado em seu banho. O tempo pode ter passado, mas aquele mordomo o tratava como a mesma criança que pisara na mansão a anos atrás.

Agradecido com o gesto de carinho de Alfred, mergulhou na enorme banheira de mármore branco, os seus músculos relaxaram de imediato com o contato repentino com a água quente, os dedos calejados foram até os ombros massageando a região suavemente. Não poderia mais negar, ele realmente precisava daquilo urgentemente. 

Os minutos foram passando e junto a eles o tédio de Tim surgia, a sua mente se perdia ao detalhes do mármore formando figuras estranhas e confusas. Hora ele via um coelho perseguindo uma cenoura e hora via um samurai lutando com um inimigo. Ele estava delirando pela falta de sono. 

Cansado de permanecer naquele lugar sem fazer absolutamente nada, Drake se levantou da deliciosa água que emergia o seu corpo, o roupão ao lado da banheira fora pego de  imediato e posto contra a sua pele. A água que escorria era sugada pelo tapete felpudo colocado estrategicamente no chão do banheiro. 

Os cabelos escuros estavam jogados para trás dando um ar mais jovial ao detetive, junto aos traços finos, que compunha toda estrutura facial masculina. Tim com toda certeza aparentava menos idade do que tinha, aspecto que o próprio odiava e tentava mascarar de várias maneiras. 

Seguindo o monótono ritual se viu jogado em cima da cama de lençóis brancos, o tecido de linho estava úmido devido aos fios que descansavam sobre ele. Os olhos cansados e atentos viam a xícara de chá repousada sobre o criado-mudo, o vapor do líquido embaçava a lateral do apoio do abajur. 

— Sempre pensando em tudo, Alfred — sussurrou para si. 

 


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