Nossas línguas brincavam uma com a outra. Passei minhas mãos por toda a extensão de suas costas, e pude senti-la arrepiar-se com o contato. Recolhi-as com receio de que não estivesse gostando, afinal.. o lugar já estava frio, e eu era ainda mais frio...

De repente Nanda me afastou com as mãos e virou o rosto para o outro lado.

Edward POV

“ATCHIIIIM!”

Ela olhou novamente em minha direção.

“Er... me desculpe.. eu...” E se virou novamente “Atchiiim!!”

“Vem... está ficando muito frio... você pode pegar uma gripe...” A puxei pelo braço, a levantando da areia.

Ela ainda estava meio tonta. Eu podia facilmente carregá-la até em casa, mas sabia que ela se negaria...

Ela ainda não havia falado nada sobre o beijo... O que será que pensava?

Fomos andando... Ela estava muito fraca para ir para casa andando, e também não queria ser carregada, a única saída que encontrei era procurarmos por um lugar para ficarmos até que a chuva passasse.

Avistei uma gruta a alguns metros dali, apressei nossos passos para que ela não se molhasse mais.

Logo chegamos à gruta... Estava seca, ótimo!

Coloquei-a sentada em um canto que julguei ser o mais quente. Tirei meu sobretudo, o torcendo e depois o esticando sobre uma pedra que estava ali. Ele era bem grande e serviria para cobrir Nanda quando secasse.

Olhei para ela... Nenhuma palavra... nada... o que será que estava pensando? Mas algo me preocupava... ela não tinha uma expressão nada boa. Seus olhos estavam semi-cerrados. Cheguei perto dela e toquei em seu rosto. Ela ardia em febre...

Nanda POV

Eu sentia o gosto de água salgada em minha boca... mas também sentia um gosto diferente.. e esse, era maravilhoso. Será que eu havia morrido?

Estava caindo uma chuva torrencial, mas eu não ligava, eu somente admirava a escultura pintada pelos deuses à minha frente.

Seus cabelos estavam molhados, e alguns fios caiam espalhados pelo seu belo rosto.

Ele me encantava de certa forma que... peraí?! Ele havia me salvo? Por que??

“E... Edw..ard?!”

“Shhhhh... Calma!”

Calma? Como cama?! O que ele queria ali? Ele queria me salvar para poder me negar outra vez? Para se arrepender novamente?

“Edward.. eu.... er. Sai!” Foi só o que eu consegui dizer. Me levantei rapidamente, mas uma forte tontura me atingiu e eu caí... mas não na areia, e sim nos braços de Edward.. nos braços do homem que eu amava...

“Calma Nanda... Calma... Nanda.. er.. Por que fez aquilo?”

“Eu.. eu queria testar a sensação de... de não ter que me preocupar com mais nada...”

Era verdade... Nada... E por um momento eu desfrutei dessa sensação... enquanto eu caia.. pena ser uma sensação momentânea. Abaixei meu olhar.

“Nanda... fugir não vai adiantar...”

Como ele podia me dizer aquilo? Não havia sido só eu que tinha fugido de algo ali...

“E como tem tanta certeza Edward? Você parece o tipo que foge ao menor sinal de insegurança...”

“Eu...” Ele pareceu refletir sobre o que eu havia falado. Ótimo! Eu o havia deixado sem resposta!

“Er.. eu tenho! Porque.. eu não vou mais fugir!”

Agora quem havia ficado sem respostas foi eu. Mal tive tempo para pensar no que dizer e ele colou seus lábios nos meus. A mesma sensação de antes... êxtase.. paixão... desejo...e... peraí? Formigamento no nariz não entrava nessa lista...!

O afastei rapidamente prevendo o que ia acontecer.

“ATCHIIIIM!”

Logo depois de espirrar me virei novamente para encará-lo me desculpando. Era tão sexy espirrar bem nessas horas... *sarcasmo*. Mas tive que me virar novamente logo em seguida, por causa de outro espirro.

“Vem... está ficando muito frio... você pode pegar uma gripe...” Ele disse me puxando, e eu não mostrei resistência.. eu ainda estava sob efeito do seu beijo.. É mesmo... o beijo... O que ele estava fazendo? Brincando comigo?? Será que ele queria me usar só porque já sabia dos meus sentimentos?? Não... ele não faria isso... Eu não agüentaria...

Edward começou a me guiar em direção de algo que parecia um tipo de caverna rochosa, entre as pedras da praia, mais ao centro do lugar. Cheguei mais perto e pude notar que era uma gruta, uma linda gruta por sinal. Ele me colocou sentada e foi para o outro lado, desabotoando o sobretudo.

Abaixei meu olhar; eu não me sentia muito bem, estava muito calor, o que provocava certa ardência em meus olhos, que os deixava pesados. Eu parecia estar queimando.

Edward me lançou um olhar cheio de preocupação e aquilo me alegrou por um momento. Ele começou a vir na minha direção e eu já não conseguia manter meus olhos completamente abertos.

Ele tocou meu rosto com ma palma de sua mão gélida, e por um momento me senti aliviada com o tremor que aquele toque me proporcionou.

“Nanda..?”

Meus olhos foram ficando cada vez mais pesados e eu sentia que estava cada vez mais quente. Fui fechando-os lentamente, até que não enxergava mais nada, só pude ouvir um último grito desesperado:

“Nanda.. Fica acordada.. por favor!”

E tudo escureceu de vez.

Edward POV

“Nanda..?”

Ela estava fechando os olhos, pude notar que estava caminhando para a inconsciência.

Senti um enorme aperto no peito, como se ela estivesse sendo novamente arrancada de mim. Ela fechou os olhos por completo e eu senti que o ar que não me era necessário me faltava.

“Nanda.. Fica acordada.. por favor!”

Mas ela já não respondia... seu corpo estava muito quente e ela suava frio. Meu Deus! Hipotermia... E aquelas roupas molhadas coladas ao seu corpo só estavam piorando a situação.

Resolvi tirar-lhe o vestido encharcado. Comecei a puxá-lo pelas beiradas, a apoiei em meu corpo para poder passar o vestido por sua cabeça.

Fiquei deslumbrado com seu corpo. Nem Bella eu havia visto daquela maneira, assim.. somente com suas peças íntimas. Engoli seco e procurei desviar meu olhar. Olhei para sua mão... olhei para sua marca, a mesma marca...

Mas aquilo não tinha explicação.. não.. não tinha... pelo menos uma que fosse lógica...

Nanda tremia de frio, mas suava muito devido a febre alta. Sua pele emanava muito calor, provando que sua temperatura á alcançava níveis alarmantes.

Droga! A temperatura dela não parava de subir!

“Edward... eu.. amo você!” Nanda estava inquieta... ela começava a delirar pela febre, mas mesmo assim senti verdade naquelas palavras proferidas. Um sorriso involuntário e súbito brotou em meus lábios ao ouvir o que dissera.

“Edward.. eu.. ahn.. calor… muito… :(.. Estou.. queimando...” Eu tinha que fazer algo... algo que amenizasse o que ela estava sentindo. Tive uma idéia, mas sabia que no momento em que a pusesse em prática, teria que ter total controle sobre mim mesmo.

Retirei a minha camiseta que ainda estava molhada e aconcheguei Nanda sobre meu peito, passando meus braços ao seu redor. Sua expressão suavizou-se na hora.

Olhei para seu rosto... era tão linda... era como ela... era... idêntica...

“Edward... não me deixe.. não me deixe outra vez...”

Outra vez? Como??

“Aro... nããããoo!”

Aquilo estava me perturbando... Deus! eu teria tanta certeza que era ela.. mas não... não podia ser... eu havia visto o corpo...

Deixei Nanda ali por um momento e fui pegar meu sobretudo. Ele já estava seco. Olhei para fora da gruta e me assustei. Já era bem tarde, nós já estávamos à um bom tempo ali... O sol já estava se pondo. A enrolei em meu sobretudo que já estava quase seco, a abraçando logo em seguida.

Fiquei abraçado à ela até a noite começar a chegar e eu perceber que sua temperatura já estava se normalizando.

O contato com a minha pele fria deve ter feito a temperatura dela baixar. Permiti-me ficar mais um tempo ali, mesmo sem abraçá-la. Ela estava deitada sobre o meu peito, encolhida, parecia somente ressonar tranquilamente.

Meu sobretudo, que era enorme, foi tirado de seu corpo momentaneamente e pude vê-la se arrepiar. Forrei o chão da gruta com ele e a coloquei em cima, a cobrindo com a outra parte. Sentei bem perto dela e a peguei novamente nos braços, coloquei levemente os lábios em seus cabelos, aspirando o aroma delicioso de morangos que vinha deles... era inebriante, me alucinava... e era o mesmo... o mesmo perfume dela.

Percebi que ela começava a se mexer, e de repente, abriu os olhos. Ela levantou-se um pouco, ficando sentada sobre meu sobretudo, e que descobriu um pouco de seu corpo, e só então pareceu perceber como estava, puxando-o logo em seguida para que fosse coberta novamente.

“Mas que merda é essa???”

É... acho que eu devia explicações... Ela me olhava furiosamente, como que se esperando uma resposta. Mas eu não tinha feito por mal, mesmo não podendo negar de que gostei da imagem que havia visto.

“Você estava a beira de ter uma hipotermia. Suas roupas estavam muito molhadas, então tive que tirá-las, ou seu estado se agravaria...”

“Nossa... o jeito que você fala a te parece que é médico...”

Dei uma risada.

“Do que você está rindo? Eu falei alguma coisa errada.. ou engraçada??”

“Não.. não é nada disso... É que me lembrei de uma piada interna...”

“Que seria...”

“Eu já prestei aulas de medicina à distância umas 7 vezes...”

“:o”

“Mas eu tive tempo...”

“Hummm…”

Depois disso ficamos num silêncio constrangedor. Era agora... era a hora de lhe falar tudo que ficara engasgado dentro de minha garganta. Tudo que eu estava sentindo, a explosão de emoções que havia se tornado minha vida depois que ela começou a participar dela .. eu me sentia pronto... pronto para o que quer que viesse...

“Nanda?”

“Sim Edward” Ela me encarava atenta. Aquelas duas lindas ametistas por quais me encantei desde a primeira vez que vi, mesmo sem perceber, mesmo negando me olhavam atentamente, esperando pelo que eu tinha que fazer...

Era agora...