— Queria falar com Gilbert.

Essa voz era familiar, as vestimentas também. Ninguém mais usaria uma calça legging verde limão fosforescente embutida a uma meia saia da mesma cor de amarra na lateral da cintura, junto a uma blusa floreada e a uma bota cano curto salto quinze. Carla, a secretária da agência de Gilbert, levantou os olhos fitando a mulher dos pés a cabeça, até chegar a mesma conclusão que chegara antes apenas ouvindo sua voz de pato.

Carla levava cabelos e olhos levemente castanhos e uma altura invejável para qualquer mulher, não extremamente alta, e nem poderia ser chamada de baixa. Era bonita e inteligente e com certeza muito elegante.

— Bom dia senhorita Teri, sinto muito, mas o senhor Grissom não se encontra na agência. Ele está de folga esta semana. – Carla então pode reparar mais em sua face enquanto fingia olhar em seus olhos, a maquiagem era forte, o batom cor vinho e tinha glitter em sua sombra escura em uma cor que nem mesmo Carla conseguiu definir.

— Mas como, ele não me avisou nada.  – Disse indignada.

Carla somente se resignou a fazer um gesto com os ombros, como se não pudesse fazer nada. E não podia.

— Gris não sai das capas das revistas. – Chegou Sandra, uma das funcionárias da agência rindo com uma revista na mão indo em direção a Carla, porém quando viu Teri ali, fechou o sorriso na hora.

Sandra tinha estatura média, porém curvilínea, cabelos longos e cacheados, olhos tão negros que davam mais inveja que olhos claros, e um bom humor que quase ninguém conseguia arrancar.

“Mas ele e essa lambisgóia não tinham terminado?”. Sandra pensou assim que a viu na recepção da agência.

— Como assim nas capas das revistas? – Teri perguntou desentendida. – Um novo filme? – Disse orgulhosa do que seu ex-futuro-atual-namorado, pelo menos em seus pensamentos, estava fazendo.

— A senhorita não sabe? – Sandra sorriu, mas foi censurada por Carla.

— Estive viajando por este mês, voltei hoje e vim direto ver Gris. – Ela então parou de falar quando percebeu que dava explicações demais. - Sabe do que? – Teri franziu o cenho.

— Nada não.  – Carla disse aproximando-se de Sandra e lhe arrancando a revista da mão.

— Dê-me. – Teri ordenou a Carla.

Carla hesitou, mas se conformou. Uma hora ou outra Teri iria ver, isto estava em todos os noticiários. Ademais eles nem estavam mais juntos. A única coisa que queria evitar era um escândalo na porta da empresa.

Teri pegou a revista de fofocas e pode ver estampada na capa Gilbert beijando uma morena de maneira cinematográfica.  Surgiu nela uma pontada de ciúmes, e sem nem ler a chamada da revista fitou as moças: - Gris está fazendo um filme romântico?

— Bem, não é um filme. – Carla falou quase sem coragem.

Teri então voltou a revista e leu a chamada da revista, e pode sentir uma palpitada mais rápida em seu coração. Como Gilbert pode? Trocá-la por uma fã? Porém no momento havia de esconder seu sentimento para não fazer papel de tola e manter-se por cima. Jogando a revista sobre o balcão disse com desdém:

— Logo ele se cansa dessa aí e corre para meus braços. – Deu os ombros se retirando do local.

Quando se sentou no carro e colocou a chave de ignição, desistiu de dar a partida no carro. Seus pensamentos perderam-se no ar.

E se não fosse passageiro?

Não poderia. Gilbert nunca se apaixonou por ninguém, por que seria logo por ela? Com certeza não havia nada. Pelo menos era isto que ela esperava.

Desistindo destes pensamentos que iam de lugar algum para lugar nenhum, deu a partida no carro e dirigiu até o prédio de Gilbert. Provavelmente estava descansando em casa, se não estivesse na casa daquela... Bem, Teri não tinha uma palavra para defini-la ainda.

— Olá. – Disse Teri ao aproximar-se do porteiro do prédio de Gilbert. – Sou uma amiga de Gilbert Grissom, o número do apartamento é o...

— Ele não está. – Disse simples, interrompendo-a. – Ele está viajando, creio que ficará um bom tempo fora, já que ele e aquela morena que vem muito aqui ultimamente carregaram bem o carro. – Ele então deu os ombros voltando a jogar paciência no computador que ficava na portaria.

Teri bufou, e saiu irritada sem ao menos despedir-se. Iria fazer algumas pesquisas, logo saberia onde está Gilbert. E teria uma decisão a tomar: Ir atrás ou esperar ele voltar?

Dirigir até sua casa era uma tortura, queria chegar logo e o engarrafamento não deixava. Quando finalmente chegou, tirou as malas do carro, pois havia vindo direto do aeroporto a agência disposta a perdoar tudo que Gilbert havia lhe feito e recomeçar. Não só pelo amor, mas também pelo interesse de estar ao lado de um artista famoso, e este fato lhe ajudar de algum modo em sua carreira.

E também por amor. Talvez.

Chegando em casa, após organizar tudo e abrir as janelas, sentou-se à mesa de seu escritório e ligou o notebook. Pesquisou por Gilbert e a tal fã que logo descobriu que era Sara. Em suas pesquisas ainda descobriu que as fãs estavam mais irritadas com Sara do que estavam com ela mesma quando tinha relacionamento com Gilbert. E isso era bom para Teri.

— Uma semana de relacionamento e ele já a leva para viajar?

Teri achou esse fato um tanto estranho já que ela e Gilbert em anos de relacionamento viajaram poucas vezes e nunca para Cancun. Não havia nada sobre Tulum na internet, de algum modo ninguém ainda descobrira. A única coisa que sabiam era de uma viagem para Cancun, e se dependesse de Gilbert assim continuaria. 

Outro ponto positivo achado por Teri, é que Sara era brasileira, e uma pesquisa mais profunda sobre Sara Sidle, mostrou que ela tinha intensões para voltar ao Brasil. O fato de ser um provável caso passageiro a animou muito.