Elvenore: A Revolução Das Marés escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 35
Capítulo 33




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799801/chapter/35

Aliados Inesperados

Dominic

Nunca em toda a minha vida pensei que sentiria meu estômago revirar daquele jeito, como se tivesse comido muito mais doce do que estou acostumado. Minhas tripas ardiam e se reviravam quando parei na frente daquele portal redonda no meio da clareira, o cheiro de camomila e terra inundavam as minhas narinas, piorando a minha irritação estomacal.

— Ah, cara… Você deve estar de brincadeira… — Casper chiou, lutando contra minha mão em seu punho — Vamos dar meia volta, Dominic…

— Calado! — Sibilei, estressado.

— Vai ver ninguém viu a gente! — Casper se desvencilhou de mim, virando seu cavalo para o lado contrário — Dominic, por favor!

— Eu… Eu preciso dela! — As palavras escaparam pela minha boca, queimando minha garganta a medida que passavam. Engulo em seco, desviando o olhar, havia uma nebulosa água embaçando a minha visão — Ele vai saber o que fazer, Casper.

— Não, não vai! — Havia um tom de descrença na sua voz — Não sei se lembra, mas você não tem amigos. Ninguém gosta de você.

— Você gosta — Retruquei, recuperando a postura.

— Infelizmente eu sou seu melhor amigo, não tenho outra opção — Revirou os olhos, aproximando-se de mim.

— Por favor, Casper — Pedi com toda a sinceridade do meu ser — Preciso de você ao meu lado quando entrar em Elfdale.

Seus olhos encontram os meus, a fraternidade entre nós é inabalável.

— Precisa de mim para não insultar mais elfos do que já fez — Balançou a cabeça, descendo do seu cavalo — E precisa de mim para ser uma pessoa no mínimo decente.

— Não precisa me insultar, só preciso do seu apoio — Bufei quando meus pés tocaram a terra úmida e fofa do desgelo.

— Ah, acredite. Você, meu amigo, precisa dos dois. Vamos antes que eu me arrependa…

Adentramos Elfdale com todos os olhares colados em nossas costas, ninguém parecia satisfeito. Mantenho minha postura reta e uma expressão sóbria no rosto, porém, por outro lado, Casper tremia, não só de frio mas de nervosismo, mas sem ele ao meu lado era capaz de eu sair xingando todos ali… “Ah, Kyanite… O que você fez comigo?”, pensei “Se não fosse ele, eu não daria a mínima se os elfos ficassem com raiva de mim, mas por algum motivo eu quero agradar eles…”.

Bufo, colocando minhas mãos em meu sobretudo.

— A casa dele não fica longe e…

— O que está fazendo aqui, majestade? — A voz séria de Novak ecoa pela neve até onde estávamos — Estão meio longe de casa vocês dois…

Sua pele negra brilhava, mesmo ele usando roupas pesadas que cobriam grande parte de seu corpo. O cabelo negro e cacheado estava preso em uma trança bem-feita, diferentemente das tranças de Kyanite tentava fazer.

— Eu vim para conversar com você, Novak — Tento manter minha voz monótona, mas havia um tom de nervosismo em minha fala — Em particular.

— Entendo — Concordou, apontando delicadamente e com elegância para sua cabana — Venham. Sigam-me.

Aceno com a cabeça, seguindo-o até sua cabana. Ao entrar ele nos entrega uma xícara de chá quente e adocicado, supus que era de camomila e beberiquei com cuidado. Sentados perto da lareira recentemente acessa, criei coragem para falar.

— É sobre Kyanite — Estava tão apreensivo que nem ouvi Casper falando — Precisamos de ajuda.

— Ela está bem? — Novak perguntou, assustado — O que fizeram com a minha menina?! Dominic!

— Casper! — O reprimi, silenciando-o. Viro-me para Novak, havia calma em minha voz — Ela está bem e está viva, Novak. Não se preocupe.

— Eu juro que se tiver machucado ela, Dominic…

— Ela não está mais em Elvenore — Continuei, respirando fundo — Está em Acqua, com sua mãe e está segura, mas está longe de nós.

— O que?!

— Eu sinto muito, Novak…

— Eu aposto que sente, Dominic — Ele se levantou, seus olhos me fuzilavam — Eu sabia que não deveria ter deixado ela ir!

— Novak…

— Calado, Casper! — Rosnei, mas meu amigo foi mais rápido.

— Uma ova, Dominic! Novak, ignore o príncipe por enquanto, ele não sabe do que está falando — O elfo parecia atento a cada palavra que saia da boca de Casper — A verdade é que Dominic gosta muito da Kyanite e está severamente arrependido de ter sido um completo idiota com ela. Agora com ela em Acqua ele se sente culpado e quer tê-la de volta — Repousando sua xícara na mesa que nos separava, Casper se levantou — Precisamos que você vá até Acqua… Temos… O rei tem um espião lá, seu filho Nicholas…

— Casper…

— Dominic teme pela vida de Kyanite e pensou que talvez com você lá, Novak, ela esteja mais segura.

Vejo Novak cair em sua poltrona, em silêncio e pensativo.

— Porque nunca fica calado, Casper?

— Você me trouxe aqui para isso, Dominic. Para você não passar vergonha e para não fazer mais gente odiar você — Retrucou, revirando os olhos — Estou fazendo o meu trabalho.

— Agora Novak vai matar não só eu, mas você também — Queria poder estrangulá-lo, mas ele era meu único amigo… — Olha a cara dele!

— Ele está apenas processando a informação!

— Não! É claro que não! — Levantei-me rapidamente — Ele está pensando nas formas de nos matar sem fazer com que o meu pai descubra!

Havia uma nuvem de medo pairando sobre nós dois.

— Não sei se sabe, mas Novak tinha Kyan como sua filha!

— Ah, cara…

— Da próxima vez que eu mandar você calar a boca, você fecha essa sua matraca!

— Calados! Calem a boca vocês dois! — Novak rosnou, calando-nos — Ache o primeiro barco para lá, Dominic, nem que eu mesmo precise pilotar aquele negócio!

✵ ✵ ♔ ✵ ✵

 

Uma semana se passou desde minha conversa com Novak e para meu pai eu menti, disse a ele que minha ida a Elfdale foi para ver se tudo estava certo e que não notaram a ausência de Kyanite. Nesses sete dias eu mal consegui dormir, toda noite eu sonhava com ela. Com seus cabelos castanhos e macios, com seus olhos verdes que me davam um sentimento de base, porto seguro. Ainda podia sentir seus lábios contra o meu…

Um grunhido escapa de minha boca enquanto caminho pelo porto de Guenivere. Estava completamente coberto, ninguém ali podia ver meus rosto. Para população eu era só mais uma pessoa e não o príncipe de Elvenore. Eu precisava dela mais do que gostaria de admitir!

— Você está atrasado… — Novak resmungou ao me ver.

— Desculpe-me — Eu havia passado a noite em claro pensando nela, rezando para que ela confiasse em Novak o suficiente para entender tudo o que aconteceu e me perdoar.

— Não me espere em menos de uma semana… Pelo que eu ouvi, Kyanite deve estar furiosa com você — Avisou, arrumando a bolsa que carregava atravessada — Ela odeia mentirosos.

— Tudo o que eu fiz foi para o bem dela… Ou, pelo menos, era o que eu achava.

— Eu entendi, filho — Novak suspirou — Não deveria ter deixado ela ir com o seu pai…

Assenti positivamente, olhando para o chão. Eu não aguentava mais essa espera…

— Vá e traga ela de volta, Novak — Havia amargura em minha voz.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Elvenore: A Revolução Das Marés" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.