Elvenore: A Revolução Das Marés escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 12
Capítulo 11




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O Tilintar de Espadas

 

Eu e Dominic chegamos no castelo depois do café da manha e todos os outros residentes pareciam ocupados, então Phyx e o valete do príncipe prepararam um pequeno banquete para nós na orla da praia. Enquanto organizavam tudo, eu me sentei na areia, com as pernas coladas ao meu peito, observando as ondas se aproximarem e se afastarem de mim.

Dominic tinha sido cruel e, se eu estivesse no lugar de Skander, teria socado-o até o príncipe desmaiar. Achei que depois de vê-lo ligeiramente feliz quando ganhou a aposta, ele poderia ser mais gentil ou educado, mas me lembrei com quem eu estava lidando.

Dominic Dragomir foi criado para ser o servo mais leal do rei Evander e ele faria tudo para ter a aprovação de seu pai.

— Aceita algo para comer, milady? — Phyx perguntou tocando meu ombro de leve e apontando com a cabeça para o príncipe — Desculpa.

— Está tudo bem — Murmurei, sorrindo de leve — Prefiro ser chamada de milady por alguns minutos do que perder a única amiga que tenho aqui.

— O que há, milady? — Ela tentou sorri, mas seu rosto demonstrava o contrário.

— Nada, Phyx… — A mentira ardia na minha garganta — É com Dominic. Não precisa se preocupar e…

— Não vai comer nada antes de treinar? — Ele gritou, servindo-se com seu quinto pedaço de torta de maçã que seu valete trouxe.

— Não estou com fome — Resmunguei, levantando-me.

— Não quero ninguém desmaiando — Falou, virando-se — Principalmente você.

Sinto meu cenho se franzir sozinho.

— Venha — Pediu mostrando um prato cheio de pão, queijo e torta.

Meu coração aperta, queria brigar com ele, falar que não deveria ter dito aquilo para Skander, mas eu sabia muito bem que ele não ia se importar. Suspiro, lidar com Dominic sempre me deixava terrivelmente cansada. Me aproximo da mesa e como o pão escuro com queijo, observando ele devorar a torta.

— Quer que eu busque outra, majestade? — Seu valete perguntou assim que ele terminou o último pedaço.

— Não precisa — Falou, olhando para mim.

— Pode ficar com o pedaço que deixou para mim — Disse, terminando o sanduíche.

— Não vai querer provar? — Indagou, encarando-me — É a melhor de toda Elvenore.

— Já disse que não estou com fome — Sibilei, cansada.

— O que há com você? — Suspirou, cruzando os braços — Parecia feliz no porto…

— Você se importa comigo agora?

Um sorriso de escárnio surgiu em seus lábios.

— Ah, lembrei, eu sou insignificante — Cuspi as palavras como se fosse veneno.

Me afasto pisando fundo na areia pegando a primeira espada disponível.

— Kyanite — Chamou, fazendo eu revirar os olhos.

— Vamos treinar ou não?

Vejo Dominic perder sua postura militar por um segundo, embainhando sua espada logo em seguida. Determinado como sempre, mas havia um pingo de tristeza em seu olhar. Respiro fundo e tento manter a arma em minhas mãos reta, apenas para falhar miseravelmente. Assumo, odiava luta de espadas, pois o peso era demais para os meus braços treinados para lidar com flechas e arco.

— Está brava comigo por conta de Skander? — Indagou, assumindo uma posição de defesa.

— Me poupe, Dominic — Avancei e escutei o tilintar dos metais, ele havia bloqueado o meu ataque com maestria.

— Está óbvio que é isso — Falou entrelaçando sua espada com a minha atirando-a para longe — Não tem músculo o suficiente para segurar a espada.

— Você não me deu chance nem tempo para isso — Retruquei.

— Não vou ser mole com você, Kyanite — Ele se aproxima de mim — Talvez deva perguntar para o capitão Valir, tenho certeza que irá mais devagar com você… — Sua voz se tornou fria e cortante como um trovão — Aquele mulherengo desgraçado…

Rolo pela areia morna, escapando de seu olhar, lhe dando uma rasteira e pegando a minha espada.

— Talvez devesse cuidar da sua vida — Digo, ficando ereta e confiante por ter derrubado o príncipe.

Ele bufou, usando sua arma para se levantar.

— Sabe, Kyanite, às vezes esqueço a sua habilidade de ser extremamente chata.

— Só fala isso porque foi o primeiro a atingir o chão — Reviro os olhos, desviando de seu ataque — Achei que fosse melhor do que isso, Dominic… Sempre se gabou tanto.

Um sorriso pretensioso tomou conta de seus lábios. Dominic é tão divinamente belo quando sorri que, quando avançou com a espada de novo, eu mal consegui escapar da lâmina, que faz um corte superficial na minha maçã do rosto direita.

— Falo apenas o que sei, Kyanite — Apontou a ponta da espada para mim — O corte é só um aviso.

— Você é engraçado — A adrenalina da luta fervilhava em mim, me deixando viva e estoicamente ousada ou, como meu pai costumava dizer, estupidamente presunçosa.

— Um elogio saindo de sua boca, Kyanite — Ele avança na minha direção, escapando por pouco das minhas estocadas até parar a centímetros de distância do meu rosto, bloqueando a minha espada com a dele — Acho que estou sonhando.

— Não foi… Uh! — O empurro para longe com um chute em seu quadril, que o faz se ajoelhar na areia, me dando tempo o suficiente para mirar minha espada em sua jugular — Não foi um elogio.

— Como não? — Seus olhos eram felinos como os de Evangeline quando errava o talher.

— É engraçado, pois se gaba mesmo perdendo para mim — Aponto para o corte que sangrava suavemente — Isso que fez é pouco comparado ao que poderia ter feito com o seu pescoço se eu fosse tão cruel quanto você.

— Então é isso que pensa de mim? — Ele se levantou, aproximando-se de mim a passos curtos e precisos, ignorando completamente a lâmina em sua garganta — Que eu sou cruel?

— Eu… — Me engasgo nas minhas palavras.

Dominic avançava na minha direção como um puma avança em um cervo. Me sinto devastadoramente desprotegida quando sua mão agarra a espada, librando o caminho até mim. Seus olhos azuis-escuros encaravam os meus como se pudesse ler todos os meus pensamentos.

Suspirei dando dois passos vacilantes para trás. A força magnética do príncipe apenas se expandia e eu me sentia perdida no meio dela. Queria pegar a espada e o afastar com ela, mas algo em mim não funcionava direito.

— Kyanite — Meu nome saindo de sua boca parecia um feitiço, me despertando do torpor.

Agarro uma adaga que guardava na minha bota e avanço, mas ele segura o meu braço antes de pudesse machucá-lo. Um gemido de dor escapa de meus lábios quando Dominic vira a minha mão. A corrente de dor que corre pelo meu corpo faz eu me movimentar, largando a espada e o socando com a mão agora livre.

Ele desvia, soltando meu braço, me dando espaço para me movimentar. O chuto no abdômen, o afastando. Seus braços envolvem a minha cintura, me impedindo de correr. Acerto com força suas costelas com meu cotovelo, várias vezes e mesmo assim ele não me solta. Jogo minha cabeça para trás, acertando sua cara, fazendo ele urrar de dor, caindo na areia molhada, me levando junto com ele.

Rolamos pela areia até que ele para em cima de mim, agarrando meus punhos e me imobilizando.

— Sim! — Exclamei, encarando-o — Sim, acho você cruel!

— Você não me conhece — Ele sibilou.

Uma onda fraca nos atinge, molhando-me por completo.

— Está certo! Não o conheço — Falei, tentando me soltar e falhando miseravelmente — Mas tudo o que mostrou até agora, principalmente quando falou da mãe de Skander, me diz que é uma pessoa cruel.

— Ah, por favor! — Rosnou, saindo de cima de mim, sentando-se na areia molhada — Skander não tem sentimentos, Kyanite. — Ele passa as mãos por seus cabelos molhados pelo suor — Não sei o que ele falou para você quando dançaram, mas ele tem um coração de pedra…

— Parece alguém que eu conheço — Resmunguei, sentando-me.

— Eu não sou nem um pouco parecido com ele— Ele murmura, passando a mão pelo pescoço — Da próxima vez que encontrar com o seu “querido” pescador, pergunte a ele sobre Aysel — Dominic se levanta, sem me olhar — Se ele for sincero, entenderá a diferença entre nós dois.

— Dominic… — Tento chamá-lo, mas ele simplesmente me ignora, pegando nossas espadas, guardando-as e seguindo para o castelo.

— Suas aulas, de agora em diante, serão com Farlan — “Aquilo é tristeza em sua voz?”, pensei.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele tinha sumido, deixando-me sozinha na praia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!



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