Elvenore: A Revolução Das Marés escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 11
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799801/chapter/11

O Porto e o Povo

 

 

Rasdir cavalgava pelo caminho de árvores tropicais torcidas acima de mim, formando um túnel de flores brancas e azuis mais belo do mundo. Na noite anterior eu não fui capaz de enxergar a beleza da mata que interligava o castelo à vila, mas hoje, com a luz azulada que iluminava tudo ao meu redor, eu podia ver como tudo era bem cuidado.

Minha égua acelerava pela trilha, deixando a guarda e Dominic para trás, imagino que sua alegria e excitação seja causada pelo tempo que passou presa nos estábulos reais.

Ela relincha, concordando com o que estava pensando e pula por cima de um tronco logo em seguida. Minhas tranças se desfazem a medida que avançamos em alta velocidade, com o vento morno calejando a minha face.

Meu coração saltitava de felicidade. Por um momento eu senti como se estivesse livre, como se pudesse adentrar a mata e voltar para Elfdale. As ondas, se chocando contra a areia do meu lado direto, me lembrando de que eu estava longe do frio e do gelo da minha terra, uma lembrança recorrente de que estava distante de casa.

— Kyanite! — Escuto Dominic me chamar, mas o ignoro — Vá mais devagar!

Sua ordem fez Rasdir aumenta ainda mais o passo. Meu corpo sacolejava durante o percurso e me permito abrir os braços e confiar em Rasdir. Sentia como se estivesse voando e, se fechasse os olhos, eu realmente sentia o voo. O vento tocava as minhas mãos com ferocidade, esfriando-as ao ponto de congelá-las um pouco. “Tão parecido com Elfdale”, pensei, aquecendo-as com o meu hálito.

— Kyanite! — Dominic resmungou mais uma vez.

Podia escutar os cascos de seu cavalo, minha teimosia queimou dentro de mim.

— Isso é uma aposta? — Ousei, agarrando as rédeas de Rasdir e olhando para trás.

Ele estava perto e me perseguia como um leão persegue uma presa fácil. Seus olhos brilhavam, mas eu não sabia dizer se era o brilho de um desafio recém-lançado ou o ódio que ele sentia por mim.

— Não! — Gritou, agitando as rédeas.

Seu cavalo negro estava na minha cola, resmungando tanto quanto seu dono.

— Não seria se não estivesse me perseguindo — Sorrio, adorava uma boa aposta.

Principalmente quando apostava com Dominic, pois eu sempre ganhava.

— Eu não estou perseguindo você! — Rosnou, fuzilando-me com seus olhos tão azuis como o fundo do oceano — Quero te desacelerar e…

— Ah, o que eu estou ouvindo? — Um sorriso malicioso se formou em meus lábios — Dominic está realmente fugindo de uma aposta? Acho que é o fim do mundo…

— Não sabe com quem está lidando, Kyanite — Sua voz ficou tão grave que a senti ecoando diversas vezes em meu corpo, me marcando para sempre com seu timbre terroso e másculo.

— Sei, sim — Retruquei, enrolando minhas mãos na crina de Rasdir, um sinal de que ela logo teria que acelerar mais — Estou lidando com você, Dominic. O cara que sempre perde!

Olho para trás e me deparo com um sorriso diabolicamente lindo em seu rosto.

Sinto meu corpo aquecer como nunca antes e quase perco o equilíbrio em cima de Rasdir. “O que diabos está errado comigo”, pensei balançando os ombros e balançando as rédeas.

Era o início.

Agora eu percorria o caminho florido com uma velocidade semelhante à da luz, tudo só meu redor era um borrão, exceto o que havia na minha frente. Não faltava muito para chegar na vila e isso significava que eu tinha que manter a velocidade para ganhar de Dominic, que estava a poucos metros atrás de mim, galopando como se sua vida dependesse disso.

— Vamos, garota! — A incentivei dando tapas leves em seu pescoço — Estamos quase chegando e…

Quando olhos para trás não vejo nada remotamente parecido com ele.

Dominic havia desaparecido.

Não vê-lo atrás de mim fez meu coração parar, congelando dentro de mim. Os guardas que nos acompanhavam estavam longes demais, ficaram para trás assim que demos início a partida.

— Dominic! — O chamei, sem diminuir a velocidade, observando todo e qualquer movimento pelo trajeto.

Nada.

Era como se ele tivesse evaporado e seu restos foram levados pelo vento para um lugar distante.

— Dominic!

Nada.

Um silêncio assume a minha alma.

“Por que eu me sentia tão estranhamente devastada?”, pensei ainda passando o olhar pelo caminho “Certamente sentiria falta de sua incapacidade de saber perder”.

É, era isso. Perder Dominic significava perder a minha rivalidade, a única consistência na minha vida, já que meu pai, meu porto seguro, estava morto, assim como a minha mãe.

— Céus… — Arfei fazendo Rasdir diminuir a velocidade, não queria mais chegar ao porto, não enquanto não pudesse ver Dominic.

O vento morno da manhã se torna frio, beijando minha face preocupada com sutileza. Aperto o medalhão do meu pai, sentindo as palpitações do meu coração contra a minha pele. O chamo mais uma vez, mas minha voz é levada pela brisa para longe e não recebo nenhuma resposta.

— Não acredito que está com saudades — Uma voz ecoa pela minha carne, arrepiando todos os meus pelos.

Engulo em seco, trincando o maxilar logo em seguida. Seguro as rédeas de Rasdir com força e virando-a para o fim do percurso.

Encaro Dominic em cima de seu garanhão negro, seus cabelos estavam bagunçados pelo vento e junto com seu sorriso presunçoso, ele poderia ser confundido com um deus. Não! Ele poderia ser confundido com um…

— Idiota! — Rosnei indo em sua direção.

— Prefiro o termo vencedor — Falou apoiando sua mão em sua coxa, sem tirar os olhos de mim — Mas acho que idiota serve.

— Você trapaceou! — Rasdir andava devagar, fazendo círculos em volta dele.

— Não foram estipuladas regras, Kyanite — Sua voz é rouca e alegre, uma combinação tão sutil e poderosa que fez o meu corpo tremer.

— Tinha uma trilha. Era só seguir por ela!

— Há um atalho com uma trilha nas margens desse caminho — Ele disse com seu sorriso estupidamente perfeito.

— Ainda conta como trapacear! — Meu corpo aquecia dos pés a cabeça, cada molécula minha urgia para que eu pulasse em cima dele e o socasse.

— Entenda, Kyanite, estou em meu “habitat” — Gesticulou, movimentando seu cavalo para bloquear os círculos que Rasdir trotava, forçando-me a encará-lo — Quando apostávamos em Elfdale você sempre ganhava, pois estava acostumada com tudo ao seu redor — Seu sorriso me enojava assim como o tom presunçoso de sua voz — Sabia todos os atalhos e os melhores caminhos e, consequentemente, sempre ganhava.

— Não é verdade — Ousei, tentando mentir, mas meu sangue élfico me impede — Não é inteiramente verdade.

— Não consegue mentir, Kyanite — Seu sorriso se tornou mais largo e maléfico — E sabe que estou dizendo a verdade.

Bufo, revirando os olhos.

— Agora estamos no meu lar e eu conheço a tudo por aqui com a palma da minha mão… — Não o deixo terminar.

— Revanche.

— O que? — Sua sobrancelha arqueou a medida que me analisava.

— Uma revanche — Repeti, cruzando os braços.

— Está certa do que está pedindo? — Perguntou virando o pescoço para ver a sua cavalaria se aproximar.

— Claro que estou — Retruquei segurando as rédeas e escapando de seu bloqueio — Conheço meu oponente e me conheço. Ganho de você em qualquer lugar e em qualquer aposta.

— Ótimo — Ele estava ao meu lado, com os dois cavalos em paralelo, andando no mesmo ritmo — Bom saber que romperei com suas expectativas…

— Não irá.

Curta e grossa. Estoicamente teimosa como Novak costumava dizer.

O porto de Guenivere era tão vivo quanto a vila, os homens do mar caminhavam pelos tabletes de madeira meio podre das docas com agilidade, levando sacos de alimentos em suas costas e os colocando nos navios e também tirando mercadoria dos navios e as levando até as lojas do porto. Era uma multidão dando início a sua rotina diária.

Havia mulheres também, algumas organizando seus produtos em suas vendas e outras se despedindo de seus maridos, filhos ou acompanhantes. Sorrio ao ver a movimentação e o exagero de barulhos, a vida pulsava ali.

— Porque está sorrindo? — Dominic perguntou descendo de seu cavalo.

— Gosto de animação — Respondi fazendo carinho em Rasdir antes de descer também — A vida brilha aqui, diferentemente do castelo.

Ele revirou os olhos, passando as rédeas de seu garanhão para um soldado.

— Espero que a coleta seja rápida — Resmungou passando sua mão pelos cabelos brilhosos.

— Não pode ao menos ficar um pouco feliz por respirar ar puro e não o ar claustrofóbico do palácio?

— Sinto cheiro de peixe e falta de higiene — Falou arrumando o casaco sobre seus ombros — E gosto da vida no palácio, não a acho nem um pouco claustrofóbica.

— É porque não conhece nada além disso — Bufei, caminhando ao seu lado pela madeira meio ensopada do porto.

— Você está descobrindo novos jeitos de me insultar — Ele sorri apontando para um caminho mais vazio — Fico feliz que está elaborando sua arte.

— Não estou te insultando, Dominic — Murmurei, observando os marujos que cantavam.

Era uma música conhecida, pois todos no porto a murmuravam. Algumas mulheres cantavam e outros homens batiam seus pés no ritmo. Uma melodia feliz e agitada, dando combustível para rotina difícil de carregar e descarregar navios.

Acabo tão distraída que não percebo Dominic cobrando do primeiro navio.

— Ainda falta metade da dívida do Rainha Marinha — Ele disse para o contador real ao seu lado — O Capitão Guix disse que semana que vem estará com todo o dinheiro.

— Anotado, majestade.

— Entende como cobramos, Kyanite? — Perguntou virando-se para mim.

— Ah, sim… Quer dizer, mais ou menos — Sentia as palavras se contorcendo na minha garganta. Sorrio amarelo, desviando o olhar — Qual é o próximo?

— Bota de Couro — Apontou com a cabeça para um navio de velas azuis-claras.

Assenti assumindo uma postura militar, reta e rígida.

— O que pensa que está fazendo? — Gargalhou baixinho, analisando-me.

— Eu… — Sinto meu rosto corar, o calor se alastrando pelas minhas bochechas.

— Só… — Ele sorri, cruzando os braços — Fique ao meu lado.

Sua voz soou doce e gentil fazendo meu corpo congelar, algo completamente diferente do que estava acostumada.

Por um momento o dia não parecia tão nublado e não era só por conta da cantoria dos homens e mulheres no porto, mas sim pela expressão tranquila de Dominic, ele parecia mais calmo e sereno, como se tudo o que o irritasse estivesse no castelo e aqui, em Guenivere, ele estava livre para respirar um pouco algo puro e vivo.

Livre como eu me senti quando sai escondido do palácio ontem a noite.

O ar fica preso em minhas gargantas quando Dominic segurou a minha mão, de uma forma delicada e cuidadosa, e me ajudou a descer as escadas até o “Bota de Couro”. “Ele está sendo gentil?”, questionei mentalmente “Ou estou ficando louca?”.

Certamente estava enlouquecendo.

 

✵ ✵ ♔ ✵ ✵

 

A cobrança não demorou muito, Dominic era incisivo e direto e ninguém conseguia enganá-lo. Mesmo quando os pescadores usavam das mais diversas artimanhas para conquistar o coração de pedra do príncipe, ele era uma muralha impenetrável, nenhuma súplica ou lágrimas podiam o desestabilizar.

Andávamos lado a lado até o último navio, o Sirena Vermelha.

Ele conversava com os contadores reais, explicando a situação de cada capitão e realizando o cálculo das sobras, fazendo contas tão rápido que me deixou tonta.

Dominic era parecido com o pai, severo e inteligente, mas uma luz diferente brilhou em seu olhar hoje. Acho que no fundo, bem no fundo de seu coração, ele gostava de estar em contato com seus súditos.

— Dominic? — O chamei, terminado de fazer uma trança lateral.

Ele murmurou um sim, ainda escrevendo em sua planilha.

Elevo a cabeça para ver o que escrevia e era mais contas. Suspiro e acelero o passo para não ficar para trás.

— Como faz contas tão rápido?

— Isso é um elogio? — Ele me olha, indiferente.

— Eu… Talvez — Murmuro, encarando a madeira do porto — É só uma dúvida sincera, pois sempre fui péssima em matemática.

— Eu sei — Presunçoso como sempre, mas dessa vez havia um sorriso tímido em seu rosto — Lembra quando nossos pais estavam discutindo um pagamento e você colocou na sua cabeça que as moedas de cobre valiam mais do que a de prata?

Engulo em seco, sentindo o calor da vergonha tomar conta de meu corpo.

Eu tinha dez anos quando isso aconteceu e Dominic, treze. Havia um único e simples sistema monetário em Elvenore baseado em círculos folheados à ouro, prata e cobre. Vinte e quatro moedas de cobre valiam o mesmo que uma de prata e era necessário doze moedas de prata para trocar por uma de ouro. Nesse dia meu pai e o rei Evander estavam negociando como deveriam cobrar das tribos humanas e eu passei o maior mico.

— “Pediremos moedas de prata, pois eles vivem nas margens do Mar Partido e terão acesso às lágrimas de sereias!” — Ele imitou a minha voz desafinada de criança, me encarando com seus olhos noturnos.

Reviro os olhos, tentando esconder a vergonha que se alastrava pelas minhas bochechas.

— Quem te contava essas mentiras? — Questionou colocando as mãos nos bolsos de seu casaco — Sereias não choram.

— Minha… — Sinto o aperto familiar tomar conta de meu peito, saudade de alguém que eu mal me lembrava — Minha mãe.

Minha garganta trava, não consegui nem dar “bom-dia” para uma senhora que passou do meu lado. Meu coração pareceu gelar, caindo até o meu estômago. Eu me sentia tão mal toda vez que falava sobre a minha mãe apesar de não me lembrar dela.

Respiro fundo e ergo a cabeça, encarando as velas cor de sangue do Sirena Vermelha, o maior devedor. Não podia ser fraca, não na frente de Dominic e certamente não na frente de todos os marujos que carregavam o navio com suprimentos.

 

— Desejo falar com o capitão Valir — Dominic se pronunciou cortando o silêncio entre nós.

— Sim, majestade — Um dos marujos falou, sumindo dentro da embarcação.

Observo tudo ao meu redor para esquecer as lembranças opacas de minha primeira infância. O céu começava a se abrir, deixando a luz quente do sol ultrapassar pelas nuvens pesadas e cinzas. Os raios solares tocam a minha pele com cuidado, a aquecendo como um abraço amigável. Fecho os olhos e ergo a cabeça, em Elfdale raramente o sol fazia isso, ele normalmente vivia escondido por conta das nuvens de neve.

— Nós vamos pagar você — Uma voz conhecida urrou, despertando-me dos meus devaneios — A pesca do mês passado foi fraca, mas tenho esperanças de esse mês… Kyanite?

Perco o fôlego observando Skander se aproximar de mim. Seu cabelo castanho claro estava preso em um rabo de cavalo, mostrando duas argolas prateadas que levava em sua orelha direita.

Ele sorri, repousando as mãos na cintura quando parou na nossa frente.

— Você conhece ele? — Dominic sibilou, ficando praticamente colado em mim.

— Eu… Bem, de certa forma sim — Odiei a mim mesma por não conseguir mentir.

— É claro que me conhece, elfa — Skander falou sem deixar de sair — Dançamos a noite toda!

Escuto as luvas de Dominic chiarem, ele tinha fechado suas mãos em um punho tão cerrado que me pergunto se o couro resistiria a suas unhas.

Mordo o lábio inferior depois de suspirar, precisava tomar todo o cuidado do mundo para não dedurar o que Phyx fez por mim ou sabe-se lá o que Dominic ou o próprio rei Evander poderiam fazer.

— Não dançamos a noite toda — Retruquei, fuzilando-o com o olhar — Estava com uma acompanhante e esqueceu de me avisar.

— Delilah? — Indagou arqueando a sobrancelha — Eu e ela não somos mais nada.

— Tenho minhas dúvidas.

Dominic pigarreia, cortando a conversa. Seu rosto estava tão nebuloso que, assim que o olhei, senti minha pele esfriar.

— Sua dívida — Sua voz era tão sombria quanto as profundezas do oceano — Vinte e quatro moedas de bronze e doze de prata.

Escuto Skander bufar.

— Já disse que mês passado foi fraco — Resmungou, desviando seu olhar e encarando o príncipe — Daqui duas semanas terei seu dinheiro, majestade.

— Está falando com um nobre, Skander — Dominic alertou, engolindo em seco logo em seguida — Não esqueça que também tenho ótimos contatos.

— Não preciso de contados, Dominic — Sibilou, aproximando-se do príncipe até parar perigosamente perto dele — Diferentemente de você, majestade, sou eu quem lido com os meus problemas e se realmente quer me ameaçar, ao menos tente chegar ao meu nível.

A tensão era palpável, mesmo com Dominic estando inexpressivo como sempre. Ele sempre foi assim, excelente em esconder o que realmente sentia, mesmo estando face a face com seu inimigo, uma habilidade por mim invejada.

— Para um homem do mar, você fala com muita estupidez — Dominic retrucou, indiferente — Achei que para ser capitão precisasse ser ao menos um pouco mais inteligente.

Skander se cala, me olhando de soslaio.

— Não ouse…

— Ah, me lembrei. Está devendo até sua mãe para a coroa — Um sorriso diabolicamente perigoso assume os lábios de Dominic — Verdade, você não tem mãe…

Por um momento me esqueço de respirar, observando Skander dar um passo para trás e Dominic explicar a situação do Sirena Vermelha para o contador real. Skander era como eu…

— Você tem esse mês e só — O príncipe avisou, me olhando logo em seguida — Vamos ou vai atrasar para sua aula.

Apenas assenti, caminhando ao seu lado para longe do porto. Olho para trás e Skander Valir não estava mais ali.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Elvenore: A Revolução Das Marés" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.