Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 26
Capítulo 26




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A cada dia que passava eu me sentia mais em casa. Morar com Harry era fácil e ele nem precisava fazer todos os esforços que vinha fazendo para que eu me sentisse confortável em seu - agora nosso - apartamento, mas era legal ver esse cuidado todo durante esses dois meses em que dividimos o mesmo teto.

Passamos a maior parte desse tempo grudados em casa, mas essa rotina foi quebrada pela ida dele a uma viagem de final de semana com Draco. Desde que me mudei, essa era minha primeira vez sozinha em casa por mais tempo do que as poucas horas até que eu ou ele chegasse do trabalho, e eu estava empolgada para passar o final de semana inteiro me dividindo entre a cama e o sofá, me familiarizando ainda mais com cada cantinho do ambiente.

O sábado amanheceu ensolarado, apesar do inverno pesado do lado de fora, e eu não fiquei na cama até tão tarde quanto havia planejado. Sem me preocupar em tirar o pijama, comecei o meu dia pouco depois das dez da manhã.

Um café da manhã solitário e uma hora de sofá sem muito o que fazer além de passar os canais da TV, foram o suficiente para eu saber que incluir uma boa companhia nesse fim de semana era uma ideia melhor do que o meu plano inicial. Eu nem precisava pensar para saber qual seria a pessoa perfeita para isso, então aproveitando que já estava com o celular em mãos, precisei apenas discar o número que já sabia de cor e aguardar que Luna me atendesse.

—Hey Gin, como está a nova vida?

—Igual a anterior, mas num apartamento mais legal.

—Já consegue chegar perto da janela?

—Vou trabalhar nisso depois, por enquanto estou me familiarizando com o elevador. E eu achando que essa parte seria fácil porque eu vivia aqui, agora que faz parte da rotina é outra história.

—Você ainda chega lá, amiga.

—Vocês tem alguma coisa para fazer hoje a noite? Harry viajou com o Draco e eu estava pensando em convidá-los para jantar, se vocês estiverem livres.

—Nev vai estar no restaurante, tem um evento grande acontecendo e ele quer cuidar disso pessoalmente, mas Izzie e eu estamos livres.

—Ótimo, então…

O som da campainha tocando interrompeu o que eu ia dizer. Encarei a porta fechada com o cenho franzido, pois eu não estava esperando ninguém a essa hora.

—Espera aí, tem alguém batendo aqui.

Quando abri a porta, eu esperava ver literalmente qualquer outra pessoa parada ali do outro lado, menos a mãe do meu namorado. Lily estava vestida de maneira tão casualmente elegante quanto todas as outras vezes em que nos vimos, a única coisa que traía a calma ensaiada em seu rosto eram os lábios um pouco crispados, como se estar ali não estivesse sendo nada fácil.

—Oh… Oi Lily. Harry não está em casa.

—Eu sei, por isso vim hoje. Na verdade eu gostaria de conversar com você.

Isso era algo que eu esperava ainda menos, foi impossível frear o impulso de estreitar um pouco meus olhos em sua direção, reflexo de toda a desconfiança que aquela visita trazia.

—Ok. - Sinalizei pedindo um minuto e coloquei novamente o celular no ouvido. - Luna, eu te ligo mais tarde para combinarmos.

—Não desliga Gin! Por favor deixa eu ouvir essa conversa, nunca te pedi nada! - Minha amiga falou em tom de súplica e eu precisei me esforçar muito para não rir.

Encerrei a chamada e acenei para que Lily entrasse.

—Fica a vontade. Você quer alguma coisa? - Ofereci por educação e para preencher o silêncio.

Ela caminhou com familiaridade até a poltrona no outro extremo da sala de estar e se sentou antes de me responder.

—Uma água sem gás em temperatura ambiente seria ótimo, por favor.

Não me apressei na tarefa de buscar o copo na cozinha, eu estava nervosa com essa visita e não vi necessidade nenhuma de correr de volta para ela. Olhei para baixo e vi a camiseta velha do Harry em conjunto com o short igualmente antigo e muito revelador que eu tinha usado para dormir, um contraste gritante com a elegância da mulher que enfeitava minha sala de estar nesse momento.

Eu odiava o rumo desses pensamentos, mas Lily conseguia o que pouquíssimas pessoas haviam conseguido até então: me deixar insegura sempre que estava por perto. Mas a situação era diferente agora, porque essa também era a minha casa e eu agiria no meu território com a mesma segurança e familiaridade de quando recebo pessoas com as quais eu sei como agir.

—Aqui, em temperatura ambiente.

Entreguei o copo para ela e me sentei no sofá de frente para sua poltrona, as pernas cruzadas sobre o assento como eu sempre fazia.

—Obrigada.

Lily bebericou sua água e eu esperei. Quando ela tomou o terceiro gole, ainda sem dizer nada, comecei a suspeitar que ela estivesse tentando ganhar tempo, o que fez minha curiosidade acerca daquela visita aumentar.

—Desculpe aparecer sem avisar, espero que eu não esteja atrapalhando. - Falou por fim. - Eu teria ligado antes, mas não tenho seu telefone e sei que Harry não me passaria.

—Não se preocupe, não faz muito tempo que eu acordei.

Ela deu um pequeno aceno e desviou os olhos de mim rapidamente. Ainda que tenha sido discreto, eu notei quando ela respirou fundo antes de se virar para mim novamente.

—Ginny, eu gostaria de me desculpar por como conduzi nosso último encontro.

Aquela frase pairou entre nós por um momento, eu não conseguia nem esconder quão surpresa eu estava. Eu não podia dizer que conhecia muito da mulher sentada na minha frente, mas vir aqui se desculpar não era algo que eu esperava dela. Por outro lado, se ela estava pensando que só aquela frase seria suficiente, ela também não me conhecia muito bem.

—Foi grosseiro e inconveniente da minha parte e eu espero que você possa considerar meu pedido de desculpas. - Ela concluiu e continuou me olhando com a mesma expressão de antes.

—Eu não sei o que dizer, Lily. - Optei por ser sincera.

—Eu entendo que você talvez esteja magoada com algumas coisas que eu falei, só gostaria que você soubesse que eu reconheço que minha opinião foi precipitada e incorreta. - Lily continuou com seu pedido de desculpas, as palavras saindo num tom perfeitamente estável, como se ela estivesse lendo uma receita de bolos. - Eu consigo ver claramente como você é importante para o Harry e quão feliz ele é desde que vocês se conheceram, e bem, eu quero poder participar da vida do meu filho, quero dizer, da vida de vocês dois agora, sem que isso crie um ambiente desagradável para ninguém.

Se eu não estivesse tão dividida entre a surpresa e a falta de palavras, certamente faria uma piada sobre entender de onde vinha todo aquele tom cavalheiresco do meu namorado.

Lily expôs o motivo da visita e aguardou pacientemente enquanto eu colocava as ideias no lugar. Eu poderia dizer sim ou não para aquela sugestão, mas ambas respostas eram igualmente difíceis. Por um lado, eu não costumava ser leniente com pessoas que julgavam rápido demais, o que era claramente o caso da mulher sentada na minha frente. Por outro lado, no entanto, como você escuta a mãe da pessoa que você ama se desculpando e sugerindo uma convivência pacífica, e nega tal oportunidade?

Harry nunca mencionava os pais além de quando me dizia que estava indo visitá-los, mas eu sentia que se dividir dessa forma não era agradável para ele. Sendo honesta, não era agradável para mim também e se eu pudesse escolher, claro que optaria por um cenário em que eu me sentiria bem vinda e confortável na casa deles, assim como meu namorado se sente com os meus pais. Eu me conformava com o fato de que essa realidade não existia por escolha dos pais dele, mas agora a decisão estava nas minhas mãos e eu não podia negar isso a nós dois.

—Eu estou muito surpresa com tudo isso, Lily.

—Eu compreendo.

Se isso fosse dar certo, esse era o meu momento de deixar meus limites bem claros.

—Eu não estou magoada, eu fiquei brava. Não sou uma criança e sei muito bem reconhecer julgamento disfarçado de opinião quando vejo um. Sua opinião aquele dia não foi apenas precipitada e incorreta, ela foi também não solicitada.

As bochechas dela ficaram levemente coradas quando eu disse isso, mas ela não falou nada.

—Já que estamos tendo essa conversa, é importante que você saiba que eu não costumo ser muito tolerante com pessoas fazendo insinuações sobre mim. Antes de chegarmos a qualquer conclusão aqui, eu já adianto que isso não vai funcionar se eu continuar me sentindo que preciso estar pronta para me explicar ou defender a qualquer momento.

—Meu objetivo com essa aproximação é justamente acabar com essa impressão, Ginny. James e eu reconhecemos que não nos mostramos muito receptivos e isso não foi adequado da nossa parte. Harry pontuou corretamente que nós nem te conhecemos, então eu gostaria de mudar isso e conhecê-la melhor, se você estiver disposta, evidentemente. Tenho certeza de que existem muitas razões pelas quais meu filho te ama, eu gostaria de me familiarizar com algumas delas.

Apesar do tom inflexível, era difícil duvidar da veracidade de suas palavras. No estilo Lily Potter de ser, ela parecia estar sendo sincera quando dizia tudo aquilo.

—Eu não espero que vocês concordem com absolutamente tudo sobre a minha vida, assim como eu certamente não concordo com tudo na de vocês. Mas eu também gostaria de ter uma convivência pacífica e agradável com os pais do meu namorado, então acredito que se concordarmos em aceitar e respeitar as diferenças, podemos tentar começar outra vez e nos conhecermos melhor, porque eu também não conheço vocês.

Como se para mostras que as surpresas não acabavam por aí, ela sorriu para mim. Um sorriso natural e espontâneo que a deixou com um ar mais jovial e certamente mais bonita.

—Ótimo, nós certamente podemos fazer isso. - Ela pousou as mãos sobre os joelhos num gesto muito satisfeito consigo mesma, como se tivesse concluído com sucesso uma tarefa de extrema importância. - Agora o que você diria de almoçarmos juntas? Não costumo vir a Londres com frequência, então gosto de aproveitar as ocasiões. - Sugeriu de modo prático, o tom inflexível presente outra vez.

E eu achando que teria tempo de digerir tudo que aconteceu antes de partir para encontros casuais com a sogra com quem até uma hora atrás eu nem falava.

—Hmm por que não, só preciso de um momento para me arrumar.

Ao invés de abrir o guarda-roupas, a primeira coisa que fiz quando fechei a porta que me isolava em meu quarto, foi olhar meu celular. O aparelho estava cheio de notificações de Luna desesperada querendo saber o que Lily queria. Respondi um grande resumo da nossa conversa, para o qual ela basicamente só respondeu emojis, e me apressei na missão de trocar de roupas.

Lily continuava me aguardando com a mesma postura reta, como se eu tivesse levado dois minutos ao invés de vinte para reaparecer em sua frente. Ela aguardou com paciência enquanto eu fechava a porta e ficou em silêncio ao meu lado pelos três primeiros andares que o elevador desceu, então se manifestou:

—Você tem medo de elevadores? - Pelo seu tom não era exatamente uma pergunta, mais uma constatação.

—De altura.

Olhei ao meu redor para entender o que havia denunciado tão claramente meu desconforto.

—James tem medo de elevador, conheço a postura rígida. - Ela explicou, depois voltou a ficar em silêncio.

Parei na calçada do lado de fora do prédio e esperei Lily me dizer aonde iríamos, mas ao invés disso ela falou:

—Estou aberta a sugestões, não tenho nenhum lugar específico em mente.

E eu não tinha em mente nenhum lugar que fosse servir uma água sem gás em temperatura ambiente, sem antes dar risada. Mas se ela queria minha sugestão, então era o que teria.

—Tem um lugar que eu gosto muito, a essa hora eles devem estar bem tranquilos e será fácil conseguirmos uma mesa.

—Perfeito, vamos até lá então. Podemos pegar o meu carro, está estacionado na esquina.

Só não fizemos todo o percurso em silêncio, porque eu precisei indicar o caminho. Felizmente, não levamos mais do que dez minutos para passar pelas portas do bar moderno que eu escolhi para o nosso almoço. Eu não achava que Lily estava acostumada a comer em bares, mas ela queria conhecer o meu mundo, então que fosse bem vinda a ele.

Haviam apenas algumas mesas ocupadas e garçons andando entre elas, fazendo com que o ambiente pudesse ser facilmente confundido com um restaurante qualquer, não fossem as TVs que a essa hora ainda estavam desligadas, e as três ou quatro pessoas sentadas no balcão do bar com seus copos de cerveja nas mãos. Se minha sogra não gostou da escolha, escondeu muito bem.

Fomos guiadas até uma mesa perto da janela e nos concentramos nos cardápios em nossa frente pelos próximos minutos.

—Algo em específico que você gostaria de sugerir? - Ela me perguntou depois de ler todas as opções.

—Eles são famosos pelas carnes diferentes que fazem. Se você gosta de cordeiro, eu indico a primeira opção dos pratos principais.

Enquanto ela relia o prato que indiquei, o garçom que nos atenderia chegou. Antes que eu tivesse a chance de olhar para o seu rosto, ele me cumprimentou:

—E ai Gin, tudo bem?

—Oi Fred, não sabia que você já tinha voltado de férias. Tudo bem e você?

—Tudo ótimo, cadê o nosso rapaz?

—Harry está viajando, mas aqui está a mãe dele. - Apontei a mulher em minha frente, que olhava com atenção a nossa interação, e ele se virou para ela.

—Ah sim, esses olhos não escondem o fato. Muito prazer.

—O prazer é meu. - Lily sorriu para ele, mas não esticou o assunto.

—Já sabem o que vão pedir?

—Eu vou querer o especial do dia e um chá gelado, por favor. Lily?

—Vou experimentar o cordeiro, e para beber uma água com gás, gelo e limão, por favor.

Fred terminou de anotar nossos pedidos, apanhou os cardápios e saiu. Quando Lily e eu ficamos sozinhas e sem nenhuma desculpa para preencher o silêncio, não tivemos nenhuma opção a não ser olhar nossas próprias mãos por um momento.

—Imagino que você também tenha aconselhado o cordeiro ao Harry? É a carne preferida dele.

—Na verdade foi isso o que o Harry me aconselhou quando me trouxe aqui pela primeira vez, eu não conhecia esse lugar até então. É um dos bares preferidos dele.

Depois de um "oh" muito discreto, ela olhou em volta como se precisasse avaliar o lugar por outro ângulo agora que sabia que de alguma forma isso dizia alguma coisa sobre o filho dela.

—Eu só sou mais sociável, então normalmente é o meu nome que todo mundo aprende. - Continuei o assunto para facilitar a interação.

—Eu já reparei isso. Que você é muito sociável, quero dizer. Imagino que seja uma ótima característica na sua profissão, não? Eu nunca fui fotografada profissionalmente, mas não imagino fotógrafos carrancudos conseguindo bons resultados nem de pessoas vestidas.

Eu não sabia se era essa a intenção, mas a frase soou engraçada e eu não consegui segurar o riso. Impressionante como até para mostrar que estavam tentando uma convivência pacífica, Lily e os meus pais escolhiam começar pelo mesmo assunto.

—É importante sim. Mesmo antes, quando eu fotografava pessoas vestidas, era muito mais fácil deixar o ambiente confortável quando somos sorridentes, tratamos a pessoa pelo nome, damos um apelido para elas nos chamarem ao invés de um sobrenome, por exemplo.

Nossas bebidas chegaram antes que o assunto se estendesse e ficamos em silêncio por um momento.

—Onde você cresceu, Ginny?

—Em Bishop's Stortford, meus pais moram lá até hoje. E você?

—Em New Hampshire. Faz tempo que você se mudou para Londres?

Quando Lily disse que gostaria de me conhecer, ela realmente queria dizer isso. Passamos todo o período do nosso almoço, sobremesa e até tomamos um chá enquanto falávamos das nossas comidas preferidas, viagens preferidas, programas de TV preferidos e outras daquelas informações aleatórias que compõem uma pessoa. Umas três ou quatro vezes até rimos juntas.

Algumas boas horas já tinham passado quando ela estacionou novamente na frente do meu prédio e desligou o carro, mas não tirou o cinto de segurança.

—Você gostaria de subir para um chá ou beber alguma coisa?

—Não obrigada, eu já vou para casa. - Lily se virou brevemente no banco para conseguir me encarar. - Ginny, James insistiu muito para vir comigo fazer essa visita, mas como só eu estava presente no desastre que foi a nossa última conversa, achei melhor vir sozinha hoje. Em todo o caso, eu gostaria de reafirmar que ele também envia seus sinceros pedidos de desculpas por como nossa relação começou.

—Tudo bem Lily, você pode dizer a ele tudo o que conversamos aqui hoje, tudo o que eu disse certamente inclui vocês dois.

—Me desculpa mais uma vez, Ginny. Eu já disse isso, mas preciso repetir que eu reconheço o quanto fomos injustos e intolerantes com você.

—Tudo bem Lily, já esclarecemos nossas opiniões sobre isso e acredito que podemos deixar isso para trás agora.

Ela assentiu e me lançou um meio sorriso.

—Eu estou muito feliz por termos passado essa tarde juntas, foi um dia muito agradável. James e eu gostaríamos de já deixar o convite para você e Harry nos visitarem quando quiserem, as portas estão abertas. Ele costumava ficar para dormir e passar o final de semana quando vinha nos ver, queremos que você se sinta a vontade para fazer o mesmo.

—Obrigada e agradeça ao James por mim, vou falar com o Harry quando ele chegar e arranjamos algo em breve. Eu também tive uma tarde muito agradável, obrigada por me deixar em casa.

—Foi um prazer. Nos vemos em breve, eu espero?

—Claro.

Nos despedimos com um beijo no rosto e eu desci do carro. Dessa vez eu nem me lembrei de ficar nervosa enquanto o elevador subia os nove andares necessários, minha cabeça estava muito ocupada com as reviravoltas do dia de hoje. Ontem mesmo eu riria de qualquer pessoa que me dissesse que eu passaria uma tarde agradável com a mãe do Harry, sentadas em um bar perto de casa.

Joguei meu casaco e cachecol na poltrona ao lado do sofá, e me sentei para ligar para Luna. Depois dos acontecimentos do dia, eu precisava contar tudo para alguém que entenderia todas as minhas gírias.

Minha amiga provavelmente estava sentada do lado do telefone, pois atendeu no primeiro toque. Contei tudo a ela sem poupar detalhes, desde a hora em que abri a porta de manhã até quando cheguei novamente em casa. Ao final dos mais de trinta minutos de conversa, confirmamos que ela e Izzie ainda viriam jantar comigo e desliguei para começar a me preparar para receber minhas visitas.

Antes de levantar do sofá, recebi uma mensagem do Harry:

"Oi Gin. Como está sendo seu dia?"

Só quando vi seu nome nas notificações me lembrei que não tínhamos nos falado ainda hoje, o que era um hábito diário quando eu ou ele viajamos. Eu queria muito contar tudo a ele pessoalmente, mas não consegui me segurar:

"Oi gato. Nada demais, fui almoçar com a sua mãe e Luna vem jantar comigo. E o seu?"

Cliquei no botão de enviar e aguardei com a conversa aberta. Antes de conseguir ficar ansiosa por sua resposta, ele enviou "?", seguido de uma ligação.

—Oi Potter. - Atendi de imediato.

—Você quis dizer a sua mãe e escreveu errado, não foi?

—Não, eu quis dizer a sua mãe mesmo, e tenho certeza de que escrevi corretamente. Mas nem tente perguntar, eu ainda estou tentando entender também.

Assim como fiz com Luna, contei a ele o que tinha acontecido. Harry ficou tão surpreso quanto eu fiquei no início daquele dia, mas eu podia ouvir a satisfação e certo alívio em sua voz. Talvez ele também não esperasse isso dos próprios pais, pois não era um lado deles que um dia precisou conhecer, mas eu podia ver como ele estava feliz por esse lado existir.

—Uau, eu não sei nem o que dizer. - Foi seu último comentário ao final da minha narrativa. - Mas e o que você acha desse convite deles, você gostaria de ir passar o final de semana na casa deles? Não precisa se sentir forçada a aceitar, Gin.

—Acho que não custa tentar, não é? Eu nunca me imaginei dizendo que tive um almoço agradável com a sua mãe, e aqui estou eu dizendo exatamente isso.

—Então podemos organizar isso para quando eu voltar.

Antes que eu pudesse responder, ouvi a voz alta do Draco dizer que estava pronto.

—Gin, eu preciso ir agora. Draco finalmente terminou de se arrumar para a gente poder sair.

—Tudo bem gato, divirtam-se os dois e manda um beijo pra ele. Falo com você a noite.

—Beijos, garota.

O resto da tarde me deu tempo para preparar um jantar saudável para a Izzie e alguma coisa menos saudável, mas certamente mais gostosa, para Luna e eu. Elas sempre se atrasavam um pouco, então também tive tempo para um banho e um episódio reprisado de Friends antes da campainha tocar.

O meu sábado que começou pacato e se transformou num dia surpreendente, terminou com muito abraço de criança, conversas com a minha melhor amiga e, mais a noite, uma ligação rápida de boa noite do cara mais incrível do mundo. Depois de apagar as luzes, durante aqueles minutos de conversa comigo mesma antes de dormir, encontrei dentro de mim aquela satisfação que só dias perfeitos te trazem.


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Notas finais do capítulo

Agora finalmente tudo está no devido lugar, com todo mundo convivendo pacífica e respeitosamente. Quem mais sentiu a tensão desse encontro no início do capítulo? Mas no fim tudo deu certo.
Esse foi o útimo capítulo de Contraste, mas nos vemos em duas semanas para o epílogo.
Não deixem de me dizer o que vocês estão achando da história.
Beijos e até lá.



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