Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 27
Epílogo




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Eu mal pisquei e quatro anos se passaram.

Apesar do tanto de coisa que aconteceu nesse meio tempo, parece que foi ontem que Harry e eu passamos aquele primeiro natal na nossa casa, ambos exaustos da mudança corrida que terminamos naquela mesma semana. Um contraste gigantesco com o dia de hoje, em que estamos os dois jogados no sofá sem nada para fazer, depois de voltar do primeiro almoço do ano na casa dos meus pais.

O filme passando na TV, embora tenha sido escolha do Harry, aparentemente não era interessante o suficiente para mantê-lo acordado. Como eu realmente não me interessava tanto assim pelo lobo de Wall Street, aproveitei a respiração lenta dele no meu pescoço enquanto trocava mensagens com Luna.

Izzie, agora aos seis anos, era a irmã mais velha muito orgulhosa do pequeno Ian. Ela continuava sendo meu grudinho, mas já não se importava tanto assim em dividir minha atenção com ele e Rose, filha do Ron e da Mione. Os três quase me enlouqueciam quando decidiam vir passar o dia comigo, mas era gostoso tê-los por perto e vê-los crescer inteligentes e saudáveis.

Se por um lado o tempo aumentou para três a quantidade de festas de aniversário infantis que eu fotografo por ano, por outro ele diminuiu o número de pessoas com as quais eu compartilho as festas que são mais a minha cara.

Hannah e Parvati decidiram tentar ser um casal por volta de três anos atrás. A tentativa funcionou tão bem, que Hannah nem hesitou em dizer sim quando Parvati a convidou para ir com ela para Los Angeles, onde ela teve a oportunidade imperdível para se juntar à equipe de uma revista de moda. Harry e eu as visitamos no ano passado e foi incrível, mas não era a mesma coisa do que tê-las por perto todos os dias.

Olívio mudou de emprego e, consequentemente, de cidade. Ele ainda estava perto o suficiente para nos encontrarmos vez ou outra, mas os happy hours depois do trabalho já não eram mais possíveis.

Collin e Katie eram os únicos que continuavam trabalhando na produção das três capas que nosso grupo inseparável assumiu por anos, porque há um ano eu também decidi que era hora de dar o próximo passo e abri o meu próprio estúdio de ensaios sensuais. Para ter tempo de tirar do papel esse projeto que me acompanhava desde quando comecei a fotografar, precisei abrir mão de duas capas na revista e fiquei apenas com a que eu mais gostava de fazer, que era a feminina mais artística.

No começo eu estava apreensiva, mas estava tudo dando muito certo. Era bom ter mais liberdade no trabalho, poder desenvolver meu próprio estilo e ver meu nome ficando mais e mais conhecido entre mulheres que queriam se ver por um ângulo diferente, ousado.

Essa nova fase me deixou com mais tempo livre também, o que era sempre um bônus. Harry, por outro lado, foi promovido seis meses atrás e nunca esteve tão ocupado na vida. Eu já teria enlouquecido, mas por algum motivo ele adora a correria de colocar as coisas nos eixos agora que assumiu a direção do departamento.

Senti o braço dele se apertar ao meu redor, sinal de que ele estava acordando, e me virei. Afaguei seu cabelo quando ele pressionou o rosto contra o meu colo, esperando que ele se sentisse mais desperto.

—Filme interessante? - Provoquei.

—Muito, ainda bem que eu prestei bastante atenção. Que horas são?

—Umas cinco e pouco, você ainda tem tempo de dormir um pouco mais antes de sairmos.

—A opção de não ir não está disponível, né? - Ele resmungou e fechou os olhos.

—O amigo é seu, então só você pode responder essa pergunta, meu amor. Mas eu espero que não, porque faz quatro anos que eu espero por uma oportunidade de finalmente ver de perto o ex primeiro ministro.

—Draco vai entender, vou dizer pra ele que eu tive um imprevisto horrível.

—Talvez ele entenda, quem não vai entender sou eu.

—Fofoqueira.

—Curiosa! - Corrigi imediatamente. - E além disso, faz muito tempo que não vejo Astoria, vai ser legal reencontrá-la depois do tal ano sabático que ela e Draco tiraram.

Ele abriu a boca para me responder, mas sorriu quando um som que só poderia ser um resmungo, veio da caminha do outro lado da sala.

—Alguém está com fome. - Comentei e me estiquei para olhar.

—Como pode ser tão pontual assim com a hora da comida? Nem precisamos de relógio mais nessa casa, pode olhar aí, são cinco e meia em ponto.

—Pode deixar que eu vou, preciso mesmo começar a me arrumar.

Me desvencilhei do seu abraço e me arrastei para sair do sofá. Antes mesmo de colocar os pés no chão, Lola já tinha alcançado o sofá e estava pulando empolgada, querendo atenção e comida. Me abaixei e a puxei para o meu colo, a empolgação não diminuiu. 

—Eu falei pra gente pegar um gato, eles são moderados e podemos deixar a comida sempre a disposição. - Harry brincou enquanto fazia carinho atrás das orelhas dela.

—Pode até ser, mas eles fazem isso? - Desafiei enquanto nossa filhote me cobria de amor em formato de lambidas.

Fui até a cozinha, onde ficava seu pote de comida, e o enchi de ração. Nossa cachorra faminta não se importou quando voltei para a sala e a deixei sozinha comendo. Harry agora estava sentado em uma pose largada no sofá ao invés de deitado, o celular nas mãos.

—Meu pai acabou de mandar mensagem convidando pra uma festa surpresa pra minha mãe, daqui duas semanas. Vou dizer que vamos, tudo bem?

—Sim, pode confirmar.

Eu e meus sogros nunca tínhamos nos tornado melhores amigos e eu duvidava que isso um dia aconteceria, mas desde o dia em que Lily Potter chegou na minha porta para pedir desculpas, a relação entre nós era amigável e respeitosa. Funcionava e era suficiente para mim.

Meus pais, por outro lado, não poderiam ser mais íntimos do Harry. Ele continuava sendo uma presença muito querida na minha casa, e felizmente hoje eu sentia que isso era apenas apreço e admiração por ele, não uma comparação comigo. Eles até se mostravam super orgulhosos do sucesso do meu estúdio fotográfico, minha mãe inclusive fez um bolo comemorativo quando tive minha primeira cliente.

—Vou tomar banho e começar a me arrumar. - Anunciei, já a caminho do quarto.

Tínhamos tempo, então não me apressei na tarefa de fazer uma maquiagem leve. Harry era muito mais rápido do que eu, então ele já estava de banho tomado, vestido e de volta à sala quando terminei de secar os cabelos e abri o guarda-roupas para procurar algo para vestir.

Estávamos no auge do inverno, mas isso não fazia diferença quando o evento aconteceria dentro de uma mansão devidamente aquecida. Deixando de lado as calças e camisas, decidi aproveitar o conforto térmico e abri meu guarda roupa de verão, cujas peças expressavam muito melhor quem eu sou.

Uma olhada rápida por cima e um vestido em particular me chamou a atenção. Puxei o tecido pink e o olhei por um segundo, fazia muito tempo que eu não o vestia, mas era perfeito. Fora que a peça me trazia memórias afetivas muito gostosas e pareciam sempre acender um lado do meu namorado de que eu particularmente gostava, principalmente quando voltávamos para casa.

Sem mais delongas, passei a peça pela cabeça e a ajeitei para que caísse corretamente em meu corpo. Calcei o sapato que tinha escolhido e com as mãos segurando o tecido no lugar, fui até a sala:

—Fecha aqui pra mim, por favor?

Era a frase mais casual do mundo, mas aliada àquele vestido pink, tinha o poder de arrancar  dele um sorriso interessado.. E de mim também, para ser bem honesta. Ele se levantou e parou atrás de mim, dessa vez muito mais próximo do que aquele primeiro dia na minha sala, e definitivamente sem se importar em encostar em mim mais do que a tarefa requeria.

—Você sabe que eu tenho uma tara especial por você nesse vestido, não sabe garota?

—Estou contando com isso quando voltarmos para casa, Potter.

Ele fechou os braços ao meu redor e puxou meu corpo contra o seu, agora completamente grudado nas minhas costas. Tombei a cabeça para o lado e aproveitei seu beijo no meu pescoço.

—Pode apostar que eu vou. - Mais um beijo e ele se afastou. - Vamos? Eu já conferi e a Lola tem tudo que precisa para passar essas três ou quatro horas sozinha.

Vesti o sobretudo bege que me protegeria do frio até entrarmos no carro, e saí na frente dele. Antes de passar pela porta também, Harry me deu um tapa na bunda que me fez rir. Com meu melhor olhar malicioso, olhei para ele por cima do ombro:

—Quem te viu e quem te vê, cara de Oxford.

—Eu não era o melhor da minha turma a toa, garota.

Ele guardou as chaves no bolso e ajeitou o próprio casaco enquanto o elevador não chegava, mas assim que as portas se abriram ele deixou de lado o que estava fazendo e segurou a minha mão. Fazia tempo que eu não ficava mais nervosa dentro desse elevador, mas Harry mantinha o hábito mesmo assim, me mostrando que era nas pequenas coisas que mora o essencial e que opostos podem ser perfeitos juntos.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais uma história. Eu gosto e não gosto de terminar histórias, porque por um lado é ótimo ver esse trabalho concluído, mas por outro eu fico com saudade dos personagens que me acompanharam por tantos meses.
Espero que vocês tenham gostado da conclusão da história desse casal, e que tenham aproveitado a jornada deles tanto quanto eu gostei de escrevê-la.
Quero agradecer muito muito muito a todos que acompanharam a história, e principalmente àqueles que sempre me deixavam um recadinho nos comentários. Escrever é muito bom e é uma coisa que ue faço pra mim antes de tudo, mas vocês não imaginam como comentários motivam e inspiram. Então obrigada mesmo!
Nunca é tarde para vocês me dizerem o que acharam, espero ver a carinha de vocês nos comentários pra gente se despedir de Contraste decentemente.
Beijos e até mais, talvez a gente se veja em breve para mais uma história, quem sabe?



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