Dear You escrita por Maga Clari


Capítulo 4
Parte IV: Veludo em sol #




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Do outro lado da linha, Astória segurava o telefone em choque, chegara a largá-lo pendurado, oscilando entre o vento e a parede, onde a base estava fixada. Em sua casa, aquela era a parede dos artigos dos trouxas, onde podia colecionar todo tipo de coisa, talvez como um museu ou mesmo um altar, seu jeito de homenageá-los, talvez seu jeito de pedir desculpas por tudo que nem era sua culpa.

Entretanto, nunca ninguém tivera o número dela. Os bruxos costumavam se comunicar de outra maneira, então foi uma grande surpresa quando ouviu o ring-ring saindo daquela parede. Com susto e curiosidade, atendera o que rapidamente se tornou-se uma declaração de amor.

“Eu te amo”, dissera ele. A voz inconfundível, o tom sereno e grave, o veludo em sol sustenido. 

— Astória? — ele repetiu, temendo que a ligação tivesse caído. Mal sabia ele que apenas a garota é que havia largado o aparelho pendurado pelos fios da parede — Astória, você está aí?

Daphne, do outro lado, fazia expressão de estímulo, mas Draco devolvia um olhar confuso, apontando para o telefone.

Desistindo finalmente, o garoto desligou, fechando os olhos pelo papel ridículo que fizera. Imaginou que Astória tivesse ouvido e o deixado na linha por maldade. Ressentimento, talvez?

Fora da cabine, a tempestade continuava. Uma coruja-das-neves misturava-se às brumas noturnas e de repente tomou o destino da cabine telefônica. Imaginando ser uma correspondência para ele, Draco tomou coragem para sair enfim de lá. Ao bater a porta atrás de si, a carta veio voando na altura de seu rosto:

 

“Querido você,

Eu te vejo. Mas não do jeito que os outros querem que eu veja. Você é bonito. Você tem sentimentos. Você não quis fazer metade do que fez e a outra metade, Draco, a outra metade sempre foi um pedido de socorro. 

Meu problema nunca foi a família de Pansy, ou a própria Pansy, ou a sua fama de womanizer. Meu problema, Draco, é você me escolher pelos motivos errados. Escrevi cartas de amor para o garoto que eu via através daquele teatro grego que você vivia todos os dias. Escrevi cartas de amor para o meu melhor amigo. Que um dia, sem que fosse planejado, parou de ser meu amigo. Esqueceu ou talvez tenha decidido simplesmente parar de falar comigo.

Hoje tenho algumas teorias sobre isso. Teorias que envolvem algum tipo de carinho e preocupação. Mas seria tudo isso verdade ou coisa da minha cabeça? Você queria me proteger das artes das trevas ou de você mesmo? Ou, ainda pior, do que você estaria se tornando? Você tinha medo, Draco? Tinha medo que a encenação se tornasse real de repente? Tinha medo de ser igual a eles? Tinha medo que não conseguisse manter aquilo por mais tempo ou tinha medo de descobrir do que era capaz de fazer com as próprias mãos?

Draco, quando éramos mais novos, vi essas mesmas mãos colherem flores e pentearem meu cabelo. Se lembra disso? De quando eu chorava por causa daquelas tranças idiotas e você me ajudava a arrumar outro jeito que eu me sentisse mais bonita? Você tinha medo que ao invés de nós em cabelos de garotas suas mãos amarrassem cordas para enforcar bruxos inocentes? Era isso, não era?

Pois diferente de você, meu medo era outro, Draco. Era pânico em descobrir que você teria desistido da própria vida e se entregasse. Que se perdesse de si mesmo. Que amarrasse as cordas no próprio pescoço. Eu via isso acontecer em meus pesadelos. Queria poder salvá-lo, mas você não deixava. Me afastava o tempo todo. Pelo menos, que você fez me deixou orgulhosa. Eu quis te abraçar, sabe. Quis te dar um beijo ali mesmo. Quis chorar em seus ombros, junto contigo, queria que fôssemos os dois embora para bem longe daqui. Que formássemos uma família, uma nova existência. Entretanto, sabia também não ser o momento. Eu ainda tinha quinze anos e você dezessete.

Talvez um dia você tenha acesso às cartas daquela época. Deixo-o com esta única, só por enquanto. Não tenho coragem de falar tudo isso pessoalmente, sou uma covarde da sonserina. Não aguentaria ver a mentira em seus olhos caso dissesse corresponder a mim. Ouvi sim o eu te amo na ligação. Entretanto, confesso ter medo de acreditar. Preciso de grandes gestos, Draco.

Sinceramente,

Astória Greengrass. Sua melhor amiga de sempre. Sua amiga que te ama. "


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