Dear You escrita por Maga Clari


Capítulo 3
Parte III: Não seria legal se fosse você?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente só agora reparei que os capítulos estão crescendo progressivamente hahahaha espero conseguir resolver isso em breve (melhorar os primeiros e tal).
Enquanto isso, a música de hoje é da nossa padroeira das fics, isso mesmo, "The 1" de Taylor Swift



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Draco havia levantado para sua cinzenta e insignificante rotina. Mais um dia sem propósito ou qualquer expectativa, não vivendo, apenas sobrevivendo. Repetindo o que deveria ser a quinquagésima tentativa de “seguir em frente”, como havia lido em alguma das edições do Profeta Diário. Seguir em frente, como o autor dizia, se revelava mais difícil do que pensou que seria. 

Todos os dias, seguir em frente era abrir a janela do quarto, sentir a brisa dos jardins, ouvir o canto dos pássaros, sentir o perfume das flores, caminhar até a despensa e preparar um café. Abrir o jornal, ler um livro, um poema talvez, caminhar ainda com vestes de dormir até o lado de fora, sentar no balanço da varanda, tomar um sol.  Passear sem rumo, comprar alguma coisa no meio do caminho, recordar a vida que costumava ter. De vez em quando, pegava-se questionando se poderia continuar daquele jeito por mais trinta ou quarenta anos. Se teria saída, se poderia arranjar uma esposa, formar uma família. 

— Oh, que barriga linda a sua! — foi a voz de Daphne Greengrass, irmã de Astória, que tirou-lhe os devaneios. Ela conversava animadamente com Pansy, sim, Pansy Parkinson, no meio da Floreios e Borrões.

— Obrigada, querida. Não vejo a hora de conhecer meu menininho!

— Tenho certeza que lhe trará alegria, amiga.

Pansy sorriu e abraçou Daphne, depois de trocarem palavras de despedidas. Mas foi quando trocou olhares com Draco sem querer que seu sangue gelou. Ele a olhava fixamente, sem conseguir acreditar. Era como se enfim houvesse recebido a confirmação de que o tempo passou.

— Draco! — Daphne acenou alegremente, chamando-o para se juntar a elas — Quanto tempo! Como está?

— Ah, oi. — respondeu, meio sem jeito — Do jeito possível, Daph. E vocês? Parabéns pela… barriga, Pansy. 

— Obrigado — sorriu forçosamente, temendo o que poderia se seguir — Conseguimos nos livrar um do outro, afinal.

A tentativa de quebrar a tensão foi infalível. Draco permitiu-se rir da própria infortuna realidade e concordou, brincando com as bochechas da ex-namorada. 

— Meus sinceros votos ao casal, seja lá quem o pai dessa criança seja.

— Draco! — Daphne acertou-lhe um tapa.

— Au! 

— Você não mudou nada mesmo — Pansy sorriu antes de virar-se para andar em direção à fila de pagamento — Espero receber notícias! Por favor, não deixe de escrever. 

E assim seguiu-se o silêncio entre ele e a Greengrass mais velha. Daphne parecia ter pego no ar o que se passava com o antigo colega de turma, porque segurou a mão dele enquanto sorria triste e o olhava com solidariedade. É bem possível que a paixão adolescente de Astória tenha alguma vez chegado a ela e por algum motivo nunca tivera cogitado a possibilidade de sua irmãzinha ter sido correspondida, porque certamente teria tentado ajudar.

— Um dia ainda será a sua vez, sabe? — ela disse de repente.

— Acha mesmo?

— É claro! Um dia você encontrará alguém que te ame sem limites e que você também amará de volta. É só uma questão até encontrá-la. Ah, puxa, não fique assim. Esse não é o Draco que eu conheço. O que acha de uma cerveja por minha conta?

Daphne era uma grande amiga. A única, talvez, que teria perdurado por anos a fio. Saindo da Floreios e Borrões, tomaram o caminho para o Cabeça de Javali, seu bar favorito, e de repente sentiu-se adolescente de novo. Uma cerveja transformou-se em duas, três, até parar em cinco enquanto ria à toa. Daphne contava casos e fofocas do Ministério, onde trabalhava no momento, e Draco a aconselhava por mais que fosse o pior conselheiro do mundo. Em algum ponto, perdeu-se no horário e ao consultar o relógio assustou-se em descobrir que já passava das oito da noite. 

— Talvez seja hora de ir — declarou, envergonhando-se em ter tomado tanto tempo dela. 

— Eu tive uma ideia ainda melhor, sabe. Por que não terminamos a noite com nossos antigos desafios? Faz tempo que deixamos de fazer isso.

— Daphne… Qual é. Somos adultos agora.

— Adultos? — a garota ergueu a sobrancelha — Você nem fez vinte e um ainda!

— Farei mês que vem.

— Que seja. Agora, o senhor irá telefonar para o seu grande amor. Aquele que você gostaria de ver um dia com aquela barriga, igual a de Pansy. Vamos, Draco, estou fazendo isso por sermos amigos. Eu quero te ver feliz. Por favor…

Draco pensou em recusar, mas os olhos de Daphne eram difíceis de contestar. Por isso, levantou-se de súbito e foi até o telefone público da área muggle, na parte de fora do restaurante. Nevava uma chuva fraca, e mal notara a amiga observando-o conversar dentro da cabine. 

Antes que tomasse controle do que dizia, as palavras correram como o rio em dias de tormenta. Um cigarro repousava entre os dedos e a boca e foi quando disse aquelas três palavrinhas que percebeu o erro cometido.

—  Eu te amo, Astória.


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