Dear You escrita por Maga Clari


Capítulo 2
Parte II: Beijos na chuva


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Meu tempo anda corrido esses dias, mas juro que respondo os comentários com carinho assim que possível! Beijocas
Ah! Outra coisa: assistam essa cena de A Noviça Rebelde que me trouxe certa inspiração :p

https://www.youtube.com/watch?v=hwK_WOXjfc0



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— Engraçado — Astória disse de repente, analisando seu copo de milkshake como se analisasse um tubo de ensaio — Essas bolinhas parecem estrelas dentro de uma grande massa de nuvens. 

Já havia se passado alguns dias, talvez semanas, desde o encontro selado pelo destino. Draco havia feito o movimento de chamá-la para um lanche na Mansão Malfoy depois de entender que sentia falta dela. Se lhe perguntassem, negaria. Entretanto, era nítido o quanto aquele garoto sofria em silêncio todos os dias.

— Onde está todo mundo? — Astória perguntou de repente, recordando as tardes de verão compartilhadas com outras famílias naquele mesmo lugar.

— Todo mundo quem? Há muito tempo esta Mansão fica vazia, Ast. 

— E seus pais?

— Aposentados.

— Puxa… 

—  É.

Draco não queria que ela visse, mas algo parecia incomodar levemente seus olhos que de cinzas tomavam o formato de poças fundas do que poderíamos chamar simplesmente lágrimas.

— Lembra quando isso aqui ficava cheio de gente?

— E a gente corria pra se esconder no jardim de inverno, não era?

— Nossa, verdade, eu adorava aquele jardim de inverno…

— Olha, talvez esteja meio decaído se comparado às suas memórias, mas ele ainda existe, sabe?

Os olhos de Ast então encontraram os dele, que acenderam-se de repente. Astória era como o fusível que tornava possível existir até quando existir era o que menos queria no momento. Sem controle, reviveu o que costumava sentir sempre que a encontrava. Nas festas de família, nas férias, quando lhe empurravam namoradas, quando lhe empurravam Pansy, por ser de sua idade, embora fossem ambos crianças prometidas cedo demais. Sentia tudo de novo, aquele sentimento secreto e esquisito sempre que fugia com Astória para bem longe do mundo qual nunca pertencera.

Dando um último gole em seu próprio milkshake, Draco pegou a mão dela e correu como uma criança correria atrás de aventuras. Não havia mais ninguém na Mansão aquele dia, e mesmo se tivessem, estariam absortos em seus próprios universos para terem notado a confusão de portas abrindo e fechando, portões e rangidos, e a chuva misturada com neve encharcando vestes, rostos e cabelos. A tudo isso, somaria-se ainda as risadas divertidas de Astória, as imitações sem graça nenhuma de Draco, os beijos, as lembranças, as mãos, as saudades, os suspiros de amor. 

De fundo, a mini cascata como a melhor trilha sonora do mundo,  além do cheiro de rosas perfumando o que um dia havia sido memórias olfativas encontradas na Poção Amortentia. Havia descoberto, finalmente! Era e sempre havia sido o aroma de Astória. O aroma de fugas, de escapes para o onde poderia ser ele mesmo.

— Pensei que isso nunca fosse acontecer — ela disse, os lábios ardentes procurando algum espaço para repousar.

— Por mim já teria acontecido — ele respondeu, brincando com a franja dela — Tinha medo de que não gostasse de mim.

— E teria como?

Draco afastou-se um pouco, os olhos desviaram e no céu encantado viu a constelação aquário se formar.

—  Posso te contar uma coisa, Draco?

— É claro.

—  Escrevi  uma carta de amor pra você. Uma não. Várias. Uma a cada ano que tentei e desisti. Eu… E eu acho que… 

— Ast — ele correu de volta quando percebeu que ela fazia menção de ir-se embora — Não foi nada pessoal. Sabe que a família Parkinson queria prometer Pansy, não sabe?

— Então vocês estão juntos.

— O quê? Nunca! Tudo mudou depois da guerra. Sou o novo indesejável número 1, Ast. O traidor do lado das trevas para o lado de cá, e o lado de lado continua sem confiar em mim. 

— Eu sinto muito. Muito mesmo por isso… Mas… Não posso ser o consolo que você parece estar procurando, Draco. Por muito tempo sonhei que este dia chegasse. Que você ia me amar do mesmo jeito que eu amo você. Só que algo me diz que esse dia ainda não chegou.

Draco tentou balbuciar uma resposta, mas Astória já tinha ido embora antes que seu coração retomasse a batida. E ele temia, ah como temia!, não conseguir voltar a bater nunca mais.


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