— Onde será que Shiro foi? Falando em extensão do edifício. Como será que Black Star, Kid estão dividindo o horário de vigia? – Soul andou pelos corredores enquanto pensava. Ele passou pela porta do acesso principal do edifício – Será que já estão patrulhando lá fora? Vou dá uma olhadinha, e aproveito e pergunto se viram a Shiro – saiu do edifício. 

De repente o albino sentiu algo como instinto para ir em lugar, ele foi seguindo cuidadosamente quando avistou uma luz de uma fogueira. Se aproximou mais até poder ver uma garota sentada olhando as estrelas. – Shiro! – Soul gritou para si, ficou aliviado em encontrá-la. 

— Oi, posso sentar? – O rapaz se aproximou da garota.

— Pode – Ela respondeu.

— Estou sentando – O albino viu a máscara no lado dela – Que raridade, você não está usando a sua máscara – Ele sentou atrás dela de costa, onde deu a liberdade para a garota se escorar nele – Até pouco tempo atrás eu ia dar um sermão para tirar – Soul continuou brincando, ele não sabia como a garota estava pois não tinha olhado para o rosto dela. Ela ainda não tinha pronunciado nada.

— Não consegue dormir, líder? Já está na hora de ir para cama – Soul puxou uma conversa. Continuou o silêncio – São os pesadelos? – Soul fez outra pergunta para tentar fazê-la responder.

— Um pouco – Shiro respondeu, ficou um pouco calada e pensativa até que arrumou coragem e perguntou – Soul, você acha que vai dar certo? Você viu como eles reagiram, realmente vão respeitar um acordo?

— Não tenho dúvidas – Soul afirmou serenamente. Ele percebeu que ela estava cheia de dúvidas. Então começou a perguntar sobre a noite anterior – Como foi o resgate?

— Foi o esperado, mas quase perdemos o controle. Isso me assusta, mais do que aqueles pesadelos. – A líder respondeu enquanto agarrava as suas pernas.

— Não quanto você apareceu ontem de noite no terraço – O comentário do rapaz fez a Shiro dar pequenas risadas – Talvez teria sido melhor eu não ter deixado vocês irem.

— Mas você sabe que mesmo nos impedindo iríamos atrás – Shiro respondeu discordando da ideia. Ela ficou quieta de novo, pensou sobre várias coisas.

— Sabe que estou aqui para escutar. Não sabe?

— Uhum, Soul quando chegamos para resgatar as crianças desse edifício aquelas memórias começaram a repassar na minha cabeça. Sabe, tenho medo que tudo o que passei se repita novamente, não quero perder mais ninguém. Não quero que ninguém da minha família volte para aquela pessoa – A garota disse triste.

— Não se preocupe, vou proteger vocês todos. Eu prometo.

— Mas, quanto tempo você nos protegerá, Soul? Você sabe que não conseguirá proteger todo mundo. E de uma hora para outra terá que voltar para o seu tempo, para o futuro. 

— É por isso que deixarei vocês mais fortes. E isso é uns dos motivos que estou levando vocês para Shibusen, você vai gostar de lá.

— Não acho, não confio em pessoas adultas. Elas mentem muito fácil e acham que somos nós os mentirosos da história e ainda acham que a gente somos bestas que são fáceis de enganar. Os homens pensam isso principalmente, sem te ofender é claro.

— Entendo, mas não acha melhor deixar essas preocupações comigo. Ou você não confia em mim?

— É claro que confio em você.

— Se confia, faz um favor para mim? A senhora não dormiu nada na noite – O rapaz se virou para a líder que quase não caiu por pouco – Vai dormir? Ou você acha que vai ficar bem amanhã sem descanso? 

— Eu sou um lobo. Lembra? Devo ficar atento para tudo.

— E mesmo, vou ver como está a guarda de noite e se você dormir agora, tem alta chance de não sonhar.

— Então vou indo – A garota se levantou.

— Muito bem, seja uma boa menina que vai para a cama dormir.

— Sensei – A garota não gostou do comentário.

— Já sei, e antes que eu esqueça de novo. O motivo de vir aqui além de ver como você está é para pedir desculpa por eles. Sobre o que houve hoje de tarde. Tenha paciência, vai perceber que são boas pessoas.

— Não coloco muita fé nisso. No entanto, como foi o senhor que pediu, vou tentar – A líder pegou a sua máscara e a usou. – Até mais. – Se despediu desaparecendo na escuridão.

— Espero que consiga dormir. Boa noite – Soul apagou a fogueira jogando terra. Quando começou a andar para o edifício escutou um uivo de lobo – Boa noite para você também. Meu caro amigo – Ele entrou sorrindo. Teve uma conversa rápida com o Black Star e Kid do seu tempo sobre a vigia. Foi para o seu quarto já nas altas horas da noite, quando encontrou 4 orbs vermelhas o encarando.

No quarto...

— Papa, você demorou demais – Ser reclamou morrendo de sono.

— Está muito atrasado – A sua irmã reforçou o aviso.

— Vocês deveriam está dormindo faz tempo.

— Mas o senhor sabe que não queremos dormir sozinhos – O caçula pediu indiretamente.

— Vocês não são mais crianças – Soul o olhou com expressão zangada – Só dessa vez. – cedeu  para os seus filhos.

— Obrigado papa – Os dois agradeceram e se aconchegaram, tempos depois ninguém mais estava acordado. 

De manhã...

Soul acordou e sentiu um peso sobre ele, era a perna de Ser sobre o seu abdome e o braço de Maê no seu rosto. Deu um grande suspiro quando reparou a sua condição…

— É por isso que não deveria mais deixar vocês dormir comigo – o rapaz levantou cautelosamente o seu braço para ver o relógio – Que horas são!? Tenho que ajeitar os preparativos para a partida, argh – Vocês babaram em mim de novo. Poxa, vocês estão muito grandinhos para isso – Ele levantou se ajeitando, cobriu os dois com a coberta que tinha saído deles e saiu do cômodo.

 Passou algum tempo, o silêncio virou vários murmúrios e correrias nos corredores. Quando o pai veio acordá-lo.

— Maê acorda, vamos partir já – Soul a chacoalhou tentando acordá-los – Vamos Ser.

— Deixa dormir só mais um pouco – O garotinho encolheu-se mais na coberta.

— Então tá, se querem ficar eu já estou indo.

— Espere – Os dois pediram.

— Apressem-se, suas roupas estão na mesa – O rapaz saiu. Os gêmeos vestiram-se mais ágeis o possíveis, eram as mesmas roupas que os outros vestiam e correram para o portão onde todos estavam reunidos.

— Corre, one-san – Ser correu desesperado no caminho onde pode ver duas pessoas, os dois usavam máscaras – São eles –  o garoto pensou – Rápido, se não vão ficar para trás – Ser parou e repetiu para eles. 

— Vamos Ser – A sua irmã o alcançou e o puxou.