Jamais engane um duque escrita por Miss Sant


Capítulo 25
Capitulo 25




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Um desastre pode ser provocado de muitas formas Lilian imaginava, beijar Gabriel anos depois certamente provaria alguns. Nicholas e Dominic não compareceram a festa, e Gabriel permaneceu ao seu lado como sempre sendo lindo e simpático, com seu cheiro a embriagando. Na manhã seguinte, a duquesa adentrou o banco Llyonds Bank, para descobrir que seu marido havia solicitado que toda soma que ela tomasse deveria ser aprovada por ele. Sentindo-se uma criança que fora proibida de brincar num dia ensolarado Lilian estava possessa, e iria recorrer a seus amigos com urgência, pessoas dependiam dela, trabalhavam para ela, como ela deixaria mães e donas de casa sem dinheiro por causa de uma birra de seu marido?

*****

Gabriel dava voltas em sua mente, repassou os últimos momentos com Lilian antes de viajar, a falsa sensação de felicidade brotando em seu peito... Não era irônico que as mulheres em que confiava o tinham enganado? Mentido descaradamente. Com uma necessidade mesquinha de retaliação, ele sentia que precisava que ela viesse até ele, que ela o confrontasse de algum modo, qualquer coisa com ela era melhor do que a elegância e tolerância fingida pela sociedade. Ele definitivamente odiava o silêncio e a ausência de luz nos olhos de sua esposa.

Por dois motivos ele beijou Lilian noite passada, o primeiro e mais obvio, foi para confirmar que ainda a desejava, o segundo para provar suas mentiras, sim, sua esposa estava com raiva e magoada, mas ainda sobrava algo dele nela, um resquício de desejo. Ele não espera que a conversa corresse para algo tão pessoal, não esperava ver uma luz de vulnerabilidade naqueles lindos olhos âmbar. Para seu tormento, mesmo longe, mesmo a machucando propositalmente e se ferindo no processo, ainda assim doía, Gabriel se odiava por ter usada aquelas mulheres e no fundo sabia que provava o gosto amargo da autodestruição, ele não havia se encontrado, estava mais perdido do que nunca e cada vez mais distante da paz que experimentou um dia.

Há algum tempo ele esperava por esse momento, ansiava confrontar seu velho amigo. Como Nicholas ousou não ter dito a ele sobre as investidas de outros homens a sua mulher? Como Nicholas ousou ficar ao lado dela, ser seu amigo depois de testemunhar o que ela foi capaz? Assim, reunindo toda a raiva remanescente ele aguardava Nicholas em sua biblioteca.

— Devo dizer que não sou uma mulher de rodeios vossa graça, e por este motivo lhe direi diretamente que tenho certeza que esta parado nessa biblioteca aguardando falar com meu irmão por todos os motivos errados.

Gabriel ouviu a voz melódica soar atrás dele, e demorou alguns segundos até que se levantasse e associasse a voz a pessoa.

— Lady Caroline! Bom dia. – disse fazendo uma mensura.

— Não tenho certeza de que é um bom dia quando começo tendo que evitar algum tipo de duelo de mentes atrapalhadas.

— Como?

— Motivos errados Lorde Kahn, aparentemente o senhor é cheio deles.

— Aparentemente todos sabem mais o que passa em minha mente do que eu mesmo.

— Não seria adorável? Não é inédito que homens não pensem muito bem, homens que destratam abertamente suas esposas menos ainda.

— Lady Caroline, com todo o respeito devo dizer que está se metendo em algo que não sabe.

— E com todo respeito, eu devo dizer que Lady Lilian, que tem o infortúnio de ser sua esposa, é uma querida amiga, não deixarei que a faça sofrer, entende?

— Não creio que esteja a seu alcance abarcar e evitar todo o sofrimento humano, pessoas sofrem por razões independentes.

— Sim, mas quem somos nós para sermos jurado, juiz e executor da pena alheia?

— E quem somos nós para bagunçar deliberadamente a vida de alguém?

A mulher o olhou como se ele fosse um menino travesso que acabara que ferir o joelho.

— Sim... Vejo que entramos em um território muito filosófico, não é? Queira me acompanhar, Nicholas o espera na sala para um café.

O duque precisaria admitir que Lady Caroline o deixou pensativo, mas não o suficiente para impedir suas as ações seguintes. Gabriel pensou que estava em uma peça cômica, parada aos pés da escada que levava aos quartos na residência Hastings estava sua mulher, com os cabelos bagunçados, uma aparência relaxada e rindo de algo que Nicholas disse atrás dela. Rindo, Lilian ria para Nicholas, um sorriso verdadeiro e digno, ele quase esperou ouvi-la dar uma de suas festivas gargalhadas. Foi instintivo e pura burrice, Gabriel avançou para a escada passando por sua esposa e jogando seu amigo no chão, em um segundo ele desferiu um soco no meio do nariz do marquês, que não tentou se defender, ele apenas olhava aturdido para o amigo.

— Bem é sempre um prazer revê-lo. – Nicholas exalou e se pôs de pé.

— O que faz aqui? – Gabriel ralhou em direção a Lilian que passou por ele e correu com Caroline em direção a Nicholas. Mãos estavam no rosto do marquês e Lilian olhava atentamente para o rosto de Nicholas como uma mãe desesperada.

— A partir desse momento eu não lhe devo nada, muito menos explicações. Por Deus, pegue gelo para seu nariz Nick, não quebrou, mas certamente vai ficar roxo.

— É médica agora?

— Lilian adquiriu alguma experiência com machucados nos últimos tempos, não que você pudesse saber é claro. – Caroline o olhou como se pudesse atirá-lo para fora a qualquer momento.

— Bem, obrigada a vocês dois, por tudo, devo ir, tenho questões urgentes a resolver em vez de ficar aqui e presenciar a birra de um homem adulto. Duque, vou lhe dar um aviso sincero, você detestará fazer de mim sua inimiga, quer fazer um inferno na minha vida? Eu adoro o fogo, querido marido.

Sua esposa saiu após abraçar Nicholas e dar um beijo em Lady Caroline, passando por ele como se nem mesmo valesse a pena olhar em sua direção.

— Bem, eu acho que agora podemos tomar nosso café.

— Pedirei que lhe tragam gelo, e eu realmente não espero ver mais sangue espirado por aí, pelo menos não o seu Nicholas.

— E então Gabriel, é assim que aprendeu a cumprimentar velhos amigos nos tempos que passou fora? Não creio que será bem aceito no clube.

Nicholas se recostou no sofá e aceitou a trouxa com o gelo. Gabriel permanecia de pé.

— Devo pedir desculpas? Por onde devo começar? Desculpa por fazer o mínimo por sua esposa enquanto você estava fora?

— Não sei se permitir que Dominic se aproxime dela é o mínimo.

— Ora, Gabriel, está com ciúmes? Não vejo por que deveria, Lilian se manteve bem mais fiel do que você, sabe-se lá com quantos rabos de saia se meteu após minha pequena visita... E eu não estou julgando, longe de mim opinar sobre a moral alheia, mas entenda que eu me tornei amigo de sua esposa, não consigo relevar.

— Sua maldita visita me amaldiçoou, não estive com mais que duas mulheres.

Seu amigo o olhava aturdido e gargalhou.

— Os boatos diziam o contrário. Para que se dá ao trabalho de manter essas histórias? Eu não entendo...

— E eu não consigo entender, o que você viu nela que o fez mudar de ideia tão rapidamente? A última lembrança que tenho você estava tão decepcionada e raivoso quanto eu. O que eu estou perdendo Nicholas?

— Perspectiva eu acho, se eu fosse apostar eu diria que a mais do Lilian rodeando sua mente.

— Você sempre foi muito observador.

— Sim, e um excelente julgador de caráter. Se quer mudar todos os aspectos de sua vida e se tornar alguém que você mesmo detesta, é um caminho, mas a verdade por mais amarga que seja liberta.

Gabriel refletiu a respeito, tomou uma longa respiração e se jogou em uma cadeira próxima ao amigo.

— Nicholas, qual é a sua opinião a respeito de minha mãe?

A pergunta pegou o marquês desprevenido, e ele trocou o gelo por uma dose de conhaque.

— A duquesa viúva? Os anos só a deixaram mais bonita, como todo o respeito. Afetuosa, horada, justa, ficou ao lado de Lilian em alguns bailes e jantares quando as opiniões ainda eram afiadas.

— Diria que ela jamais cometeu um grande erro na vida?

— Ora Gabriel, é impossível não cometer erros, menores, maiores, erros são erros.

— Então deixe-me contar um pequeno erro que minha mãe esqueceu de mencionar a mim e a meu pai todos esses anos, eu não sou filho legítimo do Duque, e presumo que pela forma como fui criado ele certamente não deveria saber a verdade. Que homem deixaria tudo que tem para um bastardo?

Nicholas de sobrancelhas levantadas e queixo levemente caído, olhou para seu amigo e teve certeza de que ele havia enlouquecido, era impossível.

— Gabriel? Enlouqueceu de vez? É impossível que sua mãe tenha traído seu pai. Quem não comentaria? Um duque ilegítimo é uma fofoca muito boa para não virar uma lenda sussurrada pelos salões, além do mais, a duquesa verdadeiramente amava seu pai, era nítido.

— Ela o enganou, o seduziu com falsos sentimentos, da mesma forma que minha esposa me ludibriou, a diferença é que eu descobri cedo.

— Será um tipo de maldição? Os duques de Kahn estão destinados a serem enganados por lindas mulheres? Já procurou saber dos seus antepassados? Desculpe, não consegui evitar a piada.

— Não consigo me livrar da sensação de que cada pessoa em quem eu confiei e amei estava apenas brincando comigo.

— Você deveria conversar com sua mãe.

— Tenho evitado qualquer lugar que ela estiver.

— Bem, não se pode viver apenas com uma versão da verdade, escolha quem deseja enfrentar. Eu provavelmente não deveria dizer isso, mas tente conversar com sua esposa, sem rodeios, sem ironias, uma conversa honesta, vocês têm muito a dizer uma ao outro e eu estou cansado de ouvir.

Quando Gabriel lhe deu as costas, o marquês afundou-se no sofá e rezou, a quem quer que estivesse ouvindo – já que ele tinha parado de acreditar em uma ajuda celestial há algum tempo –, que seus amigos conseguissem ter uma conversa decente e sem nenhuma interrupção, eram tantas meias verdades no caminho, que ele resolveu rezar uma segunda vez. Então lembrou-se de que Lilian o havia pedido um endereço mais cedo, que ele oferecera muito relutante. Deveria, portanto rezar uma terceira vez, céus o maior libertino de Londres convertido ao clérigo.

******

Lilian estava prestes a cometer uma loucura e alguém deveria detê-la. Era isso, sua vida tinha virado um desastre de grandes proporções e esse era o seu derradeiro fim. Ela voluntariamente colocou em risco sua vida, sua saúde e sua reputação, mas em sua defesa ela poderia dizer que seu sangue estava fervendo. Gabriel se envolveu em tudo, atrapalhou tudo, ele a deixou sem opções coerentes, restava a ela apenas apelar para a beira da insanidade. Ela esperou por ele, seu marido poderia ter impedido isso se lhe restasse alguma decência e ele tivesse ido para a casa, mas não, já passava da hora do jantar e ele só poderia estar em um lugar, se divertindo enquanto ela estava presa.

E por esse motivo, de madrugada e vestindo calças, ela estava rastejando como uma ladra após subornar um ou dois funcionários do apartamento da senhorita Serena La Viere. A que ponto havia chegado..., mas precisava saber, precisava ter certeza e para enfim arrancar aquele maldito infeliz do seu coração, e fazer o que ela tivesse que fazer, sem nenhum resquício de arrependimento e colocar Gabriel para fora de sua vida.

Ela chegou à porta do quarto de Serena, e viu que estava entre aberta, nem mesmo tinha o pudor de preservar sua intimidade dos funcionários. Lilian estudou suas possibilidades.

1. Empurrar a porta e aplaudir a cena.

2. Andar silenciosamente até eles e derramar uma jarra de água.

3. Fazer um escândalo.

Ela queria todas as alternativas, e ainda poderia pensar em mais, porém, seus olhos finalmente focaram na cena que se passava pela fresta. E ela viu, um homem forte, cabelos parecidos com os de seu marido, dando prazer a uma mulher que não era ela. Mais do que isso ela ouviu sussurros apaixonados em italiano, engasgos de prazer... céus ela poderia vomitar.

Ódio borbulhou em suas veias, e com a força desse sentimento ela esperou. Esperou até que os gemidos ficassem mais altos, esperou até o momento antes do clímax. Pararia o show no ápice do segundo ato, que ele amolecesse na hora dentro dela. Gabriel saberia que ela não era burra, e que tinha total conhecimento de sua amante fiel, ora, se ele se metia em seus assuntos, ela se meteria nos dele.

Empurrou a porta com a perna e ouviu um baque. Em seguida, soaram entonações de surpresa.

— Não se preocupem em interromper o ato por mim, vim apenas avisar-lhe duque, que deve arranjar outro lugar ou outra amante para sua diversão, pois eu te importunarei até que devolva tudo o que é meu!

— Oh, duquesa, creio que há um engano. – A mulher loira soava ofegante enquanto se erguia na cama.

— Não sou um duque, senhora.

O homem levantou a cabeça dos ombros de Serena. Sim, ele não era seu marido, Cristo ela estava constrangida.

— Fico mais feliz em saber que ele também levou um par de chifres.

— Por favor, permita-me apresentá-la, de modo inapropriado é claro, meu marido.

— Marido? Estou confusa.

— O duque e eu somos de fato bons amigos. Ele me ajudou com os papéis do meu casamento.

— Vocês nunca...

— Não! Nunca! Eu amo muito o meu marido, e acredito que há muitas coisas que a senhora não saiba sobre o comportamento de seu marido.

— Se não é aqui que ele passa suas noites, onde?

— Eu não sei, vossa graça.

— Oh, perdoe-me.

— Uma mulher apaixonada faz loucuras.

— Isso não é uma loucura de paixão.

— Parecia bastante ciumenta.

— Estava indignada. Gabriel interferiu em destinos que ele desconhece.

— O duque gostaria que pensasse que temos um caso, mas de fato nunca tivemos.

— Estou mortificada. Venha tomar um chá qualquer dia desses, adoraria conversar sobre as suas peças. Agora, se me dão licença.

— Duquesa, se me permite um comentário.

Lilian pensou que não poderia negar, ela interrompeu a mulher em um momento muito íntimo, ela poderia fazer quantos comentários quisesse.

— Diria que certas atitudes passionais são compartilhadas pelo casal. Deveriam conversar honestamente, passei muito tempo separada do meu marido por razões que não eram boas o suficiente para tanto.

Lilian apenas sacudiu a cabeça e virou-se para sair, quando ouviu a voz grave do homem gritar.

— Até onde me consta saber, Lorde Kahn passa suas noites exercitando-se, mas de outro modo.

                                                                                   *****

Ela estava tendo um dia de surpresas, nada mais a surpreenderia naquele dia. Lilian estava implorando por normalidade, uma cama macia e uma generosa taça de vinho. Dois já foram, ela iria atrás daquela deliciosa taça de vinho. Lilian vagou pela casa descalça até a biblioteca com um objetivo na cabeça, ela entrou, localizou o decanter e girou a taça na mão, servindo tanto vinho quanto coube.

— Não é estranho como o vinho nos aproxima?

Lilian emitiu um som entre um soluço, um engasgo e um grito, antes de profanar os ouvidos de Deus com uma maldição.

— Inferno, Gabriel! Quase me faz derramar meu vinho.

Seu marido estava recostado em uma cadeira ao lado da janela, um fio de luz prateada caindo sobre ele.

— Peço perdão por quase fazê-la cometar esse sacrilégio. Também devo pedir perdão por outra coisa.

— Estou ouvindo...

— Não foi proposital seu bloqueio as contas, não há justiça em lhe privar de algo que você cuidou tão bem e que de fato também lhe pertence.

— Então o que aconteceu?

— Meu administrador entendeu que o meu desconhecimento significava desconfiança, e pediu que seu acesso fosse restrito para minha segurança.

— Como ele é preocupado, adorável.

— Ele está temporariamente suspenso do cargo, provavelmente dispensado, gostaria da sua opinião sobre isso.

— Gostaria?

— Sim, eu pensei o seguinte, devo permitir que meu administrador insulte, desconfie e espalhe inverdades sobre a minha duquesa? Quero dizer, a função dele deve ser restrita ao dinheiro e propriedades, não a minha vida pessoal.

— Ele não é um amigo, não é mesmo?

— Não, ele não é.

Lilian não percebeu o momento que seu marido se aproximou dela, Gabriel a tinha muito próxima de seu corpo e ela automaticamente se recostou na estante de livros atrás dela. Com a taça de vinho entre eles, e sua garganta muito seca de repente, ela se serviu de um grande gole e olhou para Gabriel que estava sorrindo.

— Então duquesa, o que devo fazer? Demitimos o homem?

— Há algo que tenha dito a ele quando executou essa pequena suspensão?

— Ah sim, eu não lhe contei! – ele passou um dedo pela clavícula de Lilian e jogou o monte de seus cabelos para trás.

— Veja bem, ao sair da casa do meu querido amigo, o marquês de Hastings, que a propósito, você estava certa, não quebrou o nariz.

— Fico feliz de estar certa. – Nada estava acontecendo, seu marido estava parado a sua frente, conversando sobre um assunto sério e seu corpo tremia em antecipação.

— Como eu ia dizendo, eu fui ao banco com o senhor Joseph,

— Senhor Joseph?

— Sim, o administrador, está se perdendo em uma história tão importante Lilian? Onde esta sua concentração?

Gabriel continuou a deslizar o dedo por uma clavícula e outra, e por vezes esbarrava distraidamente no vale entre seus seios. Ele estava tentando seduzi-la?

— Como eu ia dizendo, fui ao banco e dei uma ordem explicita de que jamais questionassem sua autoridade. Acho que usei as palavras "Jamais devem questionar a minha plena confiança na integridade da mulher que escolhi como minha duquesa", talvez tenha falado alto demais, peço perdão se houver um ou outro comentário.

— Achei que não nos importássemos com comentários.

— Não, mas acho que me importo com a verdade, com algum nível dela que seja, então eu gostaria muito que pudesse me dizer alguma coisa, qualquer coisa verdadeira desses anos ausentes.

Parecia a oportunidade perfeita, era o destino entregando a ela a faca e o queijo, mas Lilian não tinha o mínimo apetite. Ele lhe pediu uma, qualquer uma verdade e havia tantas mentiras entre eles que ela escolheu a mais fácil, a mais simples.

— Eu investi tempo e dinheiro em um orfanato, que eu prefiro chamar de uma casa de acolhimento educacional, as crianças são bem-educadas e temos professoras, mulheres que sociedade fez questão de virar as costas por cometer um deslize e coisas do tipo. Muitos meninos juntos, em algum momento desavenças são inevitáveis então, foi assim que eu desenvolvi um talento médico genuíno de desvendar membros quebrados e aliviar algumas dores.

Os olhos de Gabriel estavam surpresos e divertidos, até que ele ficou sério e os abaixou, enlaçou um braço na cintura de Lilian e recostou o queixo na testa da esposa. Ele limpou a garganta como se tivesse algo muito importante para ser dito.

— A primeira coisa que fiz ao chegar em Paris foi evitar tudo aquilo que me desse uma breve noção da minha vida anterior, eu não pretendia voltar Lilian, não era só você, eu precisava ser alguém irreconhecível porque eu não sou quem digo ser. De toda forma eu me encontrei com uma ou duas mulheres e invariável, todas as vezes você voltava em minha mente. Devo pedir que me perdoe por insultá-la dessa forma.

Lilian respirava profundamente, ela não tinha imaginado aquele momento diversas vezes? O que viria agora? Não era essa a sensação em seu sonho, não esperava esse peso em seu coração, esse bolo em sua garganta impedindo-a de engolir. Ela poderia parar aquilo ali, empurrá-lo e sair, palavras, era apenas isso que ele oferecia, nada significativo, nada em que ela pudesse se agarrar, e não seria estupida de confiar duas vezes. Por outro lado, ele não estava oferecendo nada além de uma conversa, dois poderia jogar esse jogo, ela queria sentir Gabriel de novo, ela precisava, seu corpo estava gritando por ele, desesperado para sentir cada centímetro dele nela mais uma vez. Por essa razão, ela disse:

— É irônico, certamente engraçado, ouvir do homem que defendeu com unhas e dentes o valor da fidelidade matrimonial, contar para sua esposa sobre as mulheres que ele teve antes dela. Aprendeu muito bem vossa graça, fidelidade é uma escolha.

Ela contrariou a necessidade que borbulhava dentro dela e colocou distância entre eles. Lilian bebeu até o último gole do vinho e posicionou a taça com um estampido pouco audível do vidro sobre a madeira, já que a voz de seu marido trovejou.

— Achei que fidelidade independia de amor, como você disse? Algo como, está relacionado a não ter desejo por mais ninguém. Talvez ambos tenhamos pecado nisso, eu pela execução, você pelo desejo.

Cristo, eram lágrimas que estavam brotando dos olhos dela?

— Está tentando me convencer que não existem pecadores aqui? Devemos ser absolvidos?

— Não, estou apenas testando as águas. – Gabriel se colocou entre suas pernas e Lilian sentou-se na mesa. – É fácil amar Lilian, difícil é perdoar, compreender e permanecer.

— O que quer Gabriel?

— Você. Nem que seja apenas por hoje, antes de negar, ouça minha proposta.

— Não parece que tenho outra opção.

— Pensei, que se quer entrar nesse acordo que envolve desejo mútuo pelo que posso notar, deveria lhe oferecer alguma igualdade, por mais que isso me deixe com muita raiva.

— Igualdade? Quanto da França resta em você?

Gabriel se aproximou de sua boca puxando seu lábio inferior entre os dentes, suas mãos subiam e desciam por suas coxas quando ele a beijou e a puxou contra ele. Duro e sem fôlego, seu marido sussurrou para ela.

— Se quiser, se desejar estar com outro homem nem que seja apenas por raiva e com certeza para fazer com que eu me sinta perto da morte, eu não vou impedi-la.

— E como seria isso? Devo lhe avisar?

— Está mesmo cogitando ir para a cama de outro homem?

— Ah marido, uma imensidão de ideias passa pela minha mente. Devo compartilhá-las ou seria muito para o seu pobre coração?

Gabriel parou de beijar o pescoço de sua esposa quando ela abriu sua calça.

— Acho eu poderia trazer um homem para a minha cama, talvez dois, você seria um deles, convidado por pura educação é claro.

Lilian pensou que talvez estivesse indo longe, muito longe, mais aquele dia era uma grande alucinação com grandes surpresas, e não era como se isso fosse acontecer. Ela já tinha ouvido falar de festas onde homens estavam com mais de uma mulher, os artistas na casa de Dominic pintavam isso de diversas formas, com calor, com melancolia, com formas cruas, com sombras, não era nada que Gabriel já não tenha tido notícias, e ela queria se divertir.

Ela passou a mão pelo membro de seu marido e o acariciou lentamente, enquanto ele alcançava a abertura de sua camisola e a deixava exposta.

— Fale mais, estou curioso sobre a minha participação nesse encontro.

Gabriel ajoelhou-se entre suas pernas e beijou a parte interna de suas coxas lentamente.

— Acho que você poderia continuar a fazer exatamente o que está prestes a fazer. E então esse outro homem poderia cuidar dos meus seios, afinal você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo.

— Inferno, não acho que me sentiria confortável de outro homem tê-la assim.

Ela ofegou quando Gabriel a cobriu com a boca, ela a beijava sem nenhuma hesitação, a chupava e mordiscava como se dependesse do prazer daquilo tanto quanto ela. Lilian estava muito perto de sentir a explosão deliciosa de que se lembrava, muito perto de gritar o nome de seu marido enquanto cavalgava em sua boca atrás do seu prazer...

Uma batida, eles não escutaram uma batida na porta. No momento seguinte a biblioteca foi preenchida por um estrondo de alguém empurrando a porta e por uma voz muito familiar. Gabriel deu um pulo e subiu as calças enquanto cobri-a do que quer que viesse atrás dele. Então era assim que pagava pelos seus feitos? Lilian interrompeu um casal em seu momento de glória e ela seria interrompida também??

— Ora, então é por isso que depois de três anos a minha filha não se dignou a trazer seu marido até mim? Mantendo-o ocupado querida? Se é assim que anda passando os dias em três anos de casada eu esperava no mínimo dois netos.

— Mamãe...

 


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