Jamais engane um duque escrita por Miss Sant


Capítulo 24
Capitulo 24


Notas iniciais do capítulo

Estamos nos aproximando do fim galera!



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Há uma semana Lilian vivia um pesadelo. Acordou todos os dias daquela semana esquecendo-se da existência do homem no quarto ao lado, até perceber que às 7 enquanto estava na mesa do café da manhã, ele estava enfim, subindo para o seu quarto após uma noitada qualquer. Por Deus! Ele não era seu marido, apenas dividiam uma casa. Ela se perguntou quanto tempo mais aguentaria, Gabriel não lhe dirigia a palavra e nem ela a ela, era um inferno viver com uma presença constante sobrecarregando a energia da sua casa.

Uma manhã atípica havia começado, isso porque seu marido resolveu juntar-se a ela no café da manhã. Ela se aproximava da mesa quando notou a presença masculina, em resposta apenas ergueu as sobrancelhas, ele a respondeu com um grande e falso sorriso. Gabriel sempre tivera esse tipo de riso de depreciação cafajeste?

— Vejo que permanecem velhos hábitos, ainda acorda cedo para o café.

— Por que iria mudar? – respondeu Lilian sentando a mesa.

— Não sei, alguns anos se passaram, pessoas mudam.

— Não tanto quanto você, imagino, com essa toda essa nova personalidade eu diria que só faltou mudar a própria face Gabriel.

— Não gosta do que vê?

— Não vejo o suficiente para julgar.

— Sentiu minha falta Lilian?

Ela estacou, não com a pergunta, mas com o modo como fora feita, como se ele quisesse uma resposta honesta, como se temesse o que receberia, a emoção cintilou no olhar de Gabriel por dois segundos e se foi dando lugar a arrogância. Ela não se dobraria por ele.

— Ora, imensamente querido, não sabe o quanto eu chorei sua ausência. Acredita que certa noite foi necessário um barco para entrar no meu quarto? Quase me afogo em minhas próprias lágrimas.

— Seja honesta, ao menos uma vez na sua vida.

— Acho que fez um favor a nós dois estando fora Gabriel, e não vejo razão para o seu retorno, além da obvia que é atormentar a minha vida numa torpe tentativa de vingança.

Lilian alcançou um bolinho doce e o colocou em seu prato, recostando-se na cadeira em frente a seu marido.

— Vingança?

— Eu não sei, eu claramente não sei nada mais sobre você, além de agora você ter um imenso repertorio em libertinagens, então...

— Ora Lilian, não perderia o meu tempo com isso, como disse pretendo retornar a sociedade e as minhas obrigações enquanto duque, o que me nos leva direto às suas obrigações como duquesa.

Herdeiro, herdeiro, herdeiro. Essa era a única palavra que surgia na mente de Lilian quando Gabriel falou de suas obrigações como duquesa. Ele achava que ela se deitaria com ele, para lhe produzir um belo herdeiro? Ela podia sentir a comida retornando pelo lugar onde havia entrado. Seu rosto certamente havia perdido a cor, e como ela era, infelizmente, muito expressiva, Gabriel percebeu.

— Acalme-se mulher! – ele gesticulou para alguém atrás dela, e uma bandeja com uma pilha de cartas. Seu alívio foi palpável. E Gabriel obviamente notou, pois gargalhou e disse:

— O que achou eu diria? Por Deus Lilian, não tenho intenção alguma de lhe exigir um herdeiro, estou mais que contente com a situação em que me encontro agora.

— Bom, então quais são as obrigações de que estamos falando?

— Preciso que seja minha esposa nesses eventos, já aceitei todos por nós. Lembre-se de sorrir, você }é uma esposa que está muito feliz, pois seu marido retornou.

— Se deseja passar a imagem de casal feliz talvez não devesse sair todas as noites, as pessoas comentam.

— Não comentando em minha frente... Enfim, estou de saída.

— Gabriel, antes que vá, sugiro que mande uma carta para sua mãe.

Gabriel ficou imóvel, o corpo virado para se retirar da mesa.

— Não tenho nada a dizer a duquesa a viúva.

E saiu.

*****

Eles foram a dezenas de compromissos públicos, Gabriel a arrastara para todos os eventos possíveis, chegou ao ponto de Lilian repousar o champanhe gelado em suas bochechas para aplacar a dor nos músculos de tanto forçar uma risada. Mas isso nem de longe era o que a incomodava mais. Não, o que realmente incomodava Lilian era o fato dela se sentir como um fantoche, uma esposa troféu condescendente, sem expectativas além de honrar, respeitar e ser fiel ao seu marido infiel, desleal e com toda certeza desrespeitoso.

Após uma pequena interação com Nicholas e Caroline em um baile, ela soube que precisava visitar o orfanato, e que Nicholas estava se mantendo o mais longe possível dela em respeito aos boatos que poderiam envenenar os ouvidos de Gabriel. Como se fizesse alguma diferença, o duque tiraria suas próprias conclusões.

— O que não significa dizer que não podemos evitar um derramamento de sangue. – Caroline atestou após seu irmão sair discretamente.

— Ora, Gabriel não chegaria a tanto, não me restam dúvidas de que ele não deseja defender nada a meu respeito, muito menos se importa com ele.

— Um homem de orgulho ferido é o pior dos animais, é como se eles vestissem a capa da ignorância eterna. Escute o que lhe digo, é melhor evitar as visitas a nossa casa.

— Bem, eu preciso visitar as crianças, saber como andam os negócios.

— Conte a ele, não é algo que precisa se esconder para fazer.

— Não quero dar a ele a satisfação de saber onde ou com quem estou. Ah, não me olhe assim, jurei que não envolverei Nicholas.

— Bem, não está de todo errada. Ele por acaso parou de sair à noite?

— O céu deixou de ser azul?

— Lilian, deve me prometer não se deitar com ele, sabe-se lá Deus, que tipo de companhias ele está desfrutando.

Quase um mês depois Lilian estava exausta, cansada até os ossos. Era como se seu marido dissesse, não queria ser duquesa? Então tome uma overdose disso, e vamos oferecer piqueniques, e jantares, e valsar todas as noites, e para coroar o belo clima entre nós, não diremos nenhuma palavra verdadeira na presença de estranhos, e definitivamente não nos falaremos em casa. Gabriel ignorava o fato dela sair todas as manhãs bem cedo, e retornar no fim da tarde, assim como ela costumava ignorar que ele saísse a noite, ou na madrugada, e retornasse no meio do dia, era o que diziam os empregados.

Parte do respeito de Lilian na sociedade vinha do sobrenome da família do seu marido. Era simples, era Lady Kahn, como não respeitar a devotada duquesa que esperou apaixonadamente o retorno de seu marido? Mesmo que ele tivesse retornado com uma amante a tiracolo. Isso a irritava tremendamente. Irritava que dependesse disso para manter seus negócios, irritava que Gabriel estivesse se divertindo, irritava que todos parecessem ter controle de suas vidas menos ela, e principalmente lhe irritava o sorrisinho presunçoso de seu marido, toda vez que ele a via chegar pela tarde e ia até seu quarto perguntar-lhe qual a cor de seu vestido para que pudesse combinar a gravata. Ele a olhava com a satisfação de um carrasco, ele estava administrando sua própria vingança, tirando de Lilian tudo que ela amava. Primeiro tirou a si mesmo, depois a liberdade dela, em seguida sua vaga noção de independência. Argh! Naquela manhã, naquela bendita manhã quando Lilian desejou ter companhia, lembrou-se de Dominic e viu-se mais uma vez como uma tola por não ter aproveitado... Naquela manhã Lilian estava fervendo. Que se danem os boatos e o respeito a Gabriel, ela iria ver seus amigos! Levantou-se abruptamente ignorando a porta que se abria a frente, seu marido chegando da noite. Arrumou-se o mais rápido possível e correu para a casa Hastings.

— Lilian, não deveria estar aqui, principalmente não hoje, não agora, Caroline acaba de sair. – Nicholas entrou na biblioteca passando a mão pelos cabelos e com um olhar de pena para ela.

— Oh, por favor! Não, não me dê esse olhar de pena!

— Parece cansada querida, Gabriel está a mantendo acordada até tarde? – Nick ofereceu um olhar significativo, e isso foi suficiente para pôr um riso sarcástico nos lábios de Lilian.

— Não sou eu a dama a qual Gabriel expõe seus favores.

— Ele... Ora, eu jurei que a essa altura vocês já teriam se resolvido, já faz um mês.

— Nada se revolveu, a única coisa resolvida é que eu cansei. Gabriel nunca me deu satisfações ausente, não me dá presente, e eu realmente não vejo motivo para ofertar o mesmo tratamento a ele.

— Em que você está pensando?

— Nick, eu não deixava de me divertir antes de estar casada, não deixei de fazê-lo depois de casada, por que eu devo parar só porque ele voltou?

— Foi Dominic que pôs essas ideias em sua cabeça? Lilian não condene o homem se tornando sua amante, poupe-nos de um velório cheio de mulheres chorosas, você será odiada se privar os salões de Dominic.

— Não estou falando sobre isso, mesmo que eu esteja tentada. Eu apenas não suporto mais Nicholas, um mês com Gabriel e eu acho estaria muito melhor como viúva.

— Bem, talvez não possa providenciar a morte de um duque que acima de tudo é meu amigo, mas pode ser desquitada.

— Como? – A mulher quase pôs o conhaque servido por Nicholas para fora.

— Vamos anular seu casamento!

— Baseado em que?

— Eu posso pensar em uma centena de motivos e aposto que você também.

— Um homem abandonar a esposa e ir explorar a boêmia francesa não é motivo para uma anulação. O parlamento jamais aceitaria, não sei se você recorda, mas as leis não foram feitas pelos homens para que mulheres sejam de alguma forma favorecidas.

— Não pode ser obrigada a permanecer num casamento que não foi consumado, e com um marido incapaz de produzir herdeiros.

— Nós dois sabemos que a consumação foi o que motivou o casamento. E não estou certa da incapacidade reprodutiva de Gabriel.

— Querida, um total de cinco pessoas são detentoras das circunstâncias que envolvem o seu casamento, dessas, quatro jamais ousariam dizer que a duquesa mente. E quanto a perpetuação da linhagem, bem, vou pensar como prosseguir com isso. Seríamos nós contra Gabriel.

— Ele é um duque. Um duque que tardiamente ganhou fama e vive para exibir amantes por aí. Quem acreditaria que Gabriel não honrou suas obrigações?

— Adultério não a livrará dele.

— Não, não o dele, correm soltos os boatos de caso...

— Lilian, você não está pensando... quer dizer, eu faria isso por você, mas eu odiaria, eu realmente não gostaria... – Lilian podia ver o homem a sua frente suando frio.

— Não Nick, não faria isso, tenho muito a perder, o nome do seu amigo me oferece o respeito que preciso para cuidar do orfanato, não posso renunciar a isso.

— Você já desempenhou um papel brilhante para se casar, pode fazer o mesmo para sair desse inferno que Gabriel lhe impõe.

— Ele não teria sua virilidade questionada...

— Então ele deveria se empenhar para produzir um herdeiro.

— Se ele chegar a um passo de mim, eu cravo uma faca nos seus países baixos.

— Certifique-se de dormir com uma faca embaixo do travesseiro, mentira, ele nunca a forçaria.

De fato, não forçaria, mas em algum momento aquilo voltaria para sua mente, ela resistiria se Gabriel parecesse afetivo e disponível? Céus, com o ódio que fervilhava em suas veias, ela seria capaz fatiá-lo.

— Suponhamos que eu levasse essa ideia para frente, imaginando, me iludindo com a falta de um escândalo, como convenceria o parlamento?

— Eu sou um Marquês, Daniel é um Conde, e posso convencer uma dúzia de outros nobres para apoiá-la. Gabriel exerce um certo poder, mas perdeu parte de sua imposição ao deixar a política e as tramoias parlamentares de lado.

— E eu estaria acabada, com uma placa de devolução no pescoço. Imagine as especulações, o duque descobriu o caso dela com o marquês, o duque descobriu que ela não pura e casta...

— Ainda terá minha proteção Lilian.

— O que seria apenas uma confirmação.

— Então nos casamos.

— Gabriel faria um circo.

— Não acabamos de concordar que ele há muito tempo perdeu o direito de indignar-se sobre qualquer coisa a seu respeito?

— Ele jamais ligou para esse direito.

— Então, devemos liberar a casa de campo para daqui a um ano em maio, onde acontecerá nosso casamento?

— Não fale bobagens, eu quero que você seja feliz.

— Há felicidade maior do que se casar com uma amiga tão querida?

— Você merece um casamento com algum amor, certamente deseja mais de uma mulher.

— Não vejo que bem isso lhe trouxe. Olhe, há coisas que eu quero de uma mulher, e não me entenda mal, você é uma beldade, mas não para esses propósitos. Contudo, serve perfeitamente para todos os outros.

— Brilhante, presa a outro casamento onde um homem possui amantes e eu vivo casta e entediada.

— Ora, Dominic poderia lhe visitar se assim desejasse, ou poderíamos viver os dois com energia sexual acumulada, sempre teremos comentários inteligentes e mãos hábeis a disposição.

— Argh! Por Deus, não projete essa imagem em minha mente.

— Ficando tentada?

— Ficando enjoada.

— Eu já posso ver Lilian, chás da tarde, muito vinho, conversas para assustar o maior dos libertinos. Você seria minha marquesa perfeita.

— Por que eu não o conheci antes? Um baile antes e eu teria me apaixonado por você.

— E seríamos felizes para sempre.

— Certamente, mas ao invés disso, eu aceitei me sujeitar a um homem que exclui felicidade ou paz do seu vocabulário.

— Então, posso seguir com os preparativos para a anulação?

Lilian sentiu se estômago pesar, um peso terrível e contraditório. Ela sentia que estava travando uma batalha que certamente perderia. Sentia-se como um velho comandante já derrotado insistindo que os deuses lhe enviariam o socorro necessário, a incrível capacidade de ser forte e imortal, derrotar todos os seus inimigos e vencer a guerra. A esperança era uma maldição. Lilian compreendia aquilo. Agora por exemplo, ela imaginava a possibilidade do amanhã, e se amanhã acordasse com um Gabriel diferente? Mais tolerável, amistoso, alguém com quem ela pudesse conversar e amar... Seu rosto se perdeu ao vislumbrar aquilo, amor, infinita maldição, um resquício do pior tipo de prisão.

— Percebo que não posso. Me alegraria muito ver você e Gabriel felizes, criando seus rebentos... Percebo que alguma ideia disso ainda passa pela sua mente.

— É uma ilusão tola. É engraçado como nos apegamos ao que poderia ter sido não acha? Amamos o futuro porque ele ainda não aconteceu, porque simplesmente amamos a possibilidade de que tudo seja perfeito.

— É um belo conforto, a suposição ajuda tanto quanto uma boa dose de conhaque, mas não dura Lily, uma hora acordamos, e encarar a realidade é de fato mais assustador.

— Quem partiu seu coração Nick?

— A vida.

Seu amigo olhou para o restante do conhaque em seu copo, e balançou o líquido, como se pudesse fazê-lo durar uma eternidade, como se com a força do seu olhar, o líquido brotasse e enchesse novamente o copo, infinitamente, como um rio. Um riso de amargura lhe cobriu o rosto e Nick sorveu a dose inteira. 

*****

Já passava da hora do jantar  quando Lilian se despediu de Nick, certamente surgiriam comentários, mas não era seu nobre marido que subitamente não ligava para o decoro? Então ela se deu esse ar de liberdade, estava no paraíso e em questão de segundos encontrou-se perdida no limbo novamente. Ao chegar em casa a duquesa foi recebida pelo marido de pé na porta, elegantemente vestido, Gabriel tinha uma carranca em sua cara, e ela realmente não deseja saber o motivo, mas ele se apressou em contar a ela.

— Recebi a visita do meu administrador essa tarde.

— É por isso que parece tão irritado? O homem te acordou do seu sono restaurador?

— Poucas coisas me deixariam mais acordado do que um desvio de 10 mil libras da minha conta pessoal.

— Um desvio? Impossível! Eu mesma chequei...

Gabriel apenas ergueu as sobrancelhas e olhou para Lilian, ele estava sugerindo que ela o tinha roubado?

— O que está sugerindo?

— Nada, estou apenas esperando uma explicação plausível para o gasto de uma soma tão considerável anualmente por quase três anos.

Ela pensou que esse era um bom momento para seu marido saber como ela usou o tempo em sua ausência, era um bom momento para a verdade, ela inspirou profundamente achando que poderia explicar que ela dirigia um orfanato e tinha funcionários e cuidava da educação de crianças e achava que seus professores mereciam ser bem remunerados e seus pequenos hospedes deveriam ter o melhor acesso que ela poderia lhes dar. Ela realmente se imaginou dizendo isso, e olhando para Gabriel, ela teve a realização de que ele não merecia aquele pedaço dela. Não quando ele a acusava de Deus sabe o que.

— O curioso é o que tive que ouvir do administrador, o homem sugeriu que eu perguntasse ao Marquês de Hastings sobre a reforma em sua casa de campo já que minha esposa foi lá tantas vezes nos últimos verões, ou talvez devesse adentrar uma das galerias de Lorde Faulkner. Ele disse, e devo acrescentar com muita ironia as seguintes palavras "a duquesa desfrutou tanto das atenções do artista amante, eu digo, amante das artes, que ela certamente investiu em alguma arte." O que me diz Lilian?

— Acho que deveria trocar de administrador, ele oferta suas opiniões abertamente como uma matrona fofoqueira, imagine o que ele não diria a respeito de seus investimentos?

Lilian passou por Gabriel e o deixou espumando na sala, seguiu escada acima em direção ao seu quarto e mal tinha fechado a porta quando seu marido passou por ela como um raio.

— Que diabos? Por acaso lhe dei permissão para entrar em meu quarto?

— Você ousou ter um amante enquanto eu estava fora? Mais de um amante?

— Achou que eu morreria esperando por você?

— Lilian, não me teste!

— Ou o que? Não está interessado na verdade milorde, está preso somente àquilo que pensa ser verdade, há tantas coisas a se considerar, tantas coisas que desconhece Gabriel.

— Então me conte! – ele gritou – Estou lhe dando a oportunidade de me contar verdade!

— Sobre o que? Suposta infidelidade ou suposto roubo?

— Sobre tudo, todos os enganos, me conte uma verdade Lilian.

Seria bobagem dizer que as palavras não a atingiram, elas tiveram um efeito retumbante. Dizer tudo a seu marido seria um grande alívio, mas a história não era dela para contar, não deveria partir dela, era simples, de toda a forma ele precisaria perdoá-la pelo primeiro engano, independente da autoria. Talvez por isso, por desejar que Gabriel não tivesse mais uma pedra a colocar na relação deles, e que ela não tivesse que sustentar mais um papel e envolver outras pessoas. Talvez por isso, mesmo estando louca para machucar o ego de seu marido, para jogar na cara dele que teve tantos amantes quanto ele,  ela deixou outras palavras saírem.

— Diferente de você, eu não trouxe amantes para minha cama, apesar disso devo confessar que talvez meus laços tenham sido mais fortes, consegui bons amigos, sim, alguns deles tem a infelicidade de terem nascido homens, um deles a infelicidade de ser seu amigo. Mas não Gabriel, não há essa mancha na sua vida enquanto meu marido.

— É difícil para acreditar que Dominic Faulkner pode ser apenas seu amigo.

— Acredite não foi por falta de tentativa, de ambos devo acrescentar, mas para a minha eterna consternação e lamento nada aconteceu, porque eu não consegui, não achei justo descontar em alguém.

— E admite assim, tranquilamente que teve intenção de me trair?

— O que é pior? Intenção ou consumação? Não sei, me parece ridículo discutir isso com o homem que foi detentor de ambos.

— Lilian eu...

— Não, não desejo saber, nada, justificativas, resumos, pinceladas de suas amantes, não me interessa.

— Represento tão pouco que nem mesmo liga?

— Eu representei o suficiente para me trair não foi? Não venha me falar em consideração Gabriel.

— Você me iludiu, me enganou, me roubou!

— O amor de sua vida ou seu dinheiro? Para um homem com tantas poses e que diz ter se encontrado você parece muito perdido, talvez devesse voltar e ver se acha algo que te prenda.

Seu marido a olhou com se ele estivesse divido, engasgado, lotado de meias verdades e palavras não ditas. Quando ele se aproximou dela, e ficou a centímetros de sua boca, ela sentiu o maldito coração acelerar. Ele a traiu, você sabe que ele a traiu e vem transtornando sua mente e sua vida da pior maneira possível, como pode ainda o desejar? Pare de ser estupida! Mas parecia certo, quando Gabriel enlaçou sua cintura e escovou seus lábios nos dela, e ela sentiu seu corpo tremer, e sua boca afundar na dela, lábios se abrindo, línguas se encontrando, calor e o frio no estômago da excitação. Ela se afastou, ou ele, ou ambos, pondo um fim nessa insanidade, Gabriel tinha um olhar estranho em seu rosto, como se tivesse descoberto algo que não queria, uma verdade que odiasse.

— É bom saber que serei o último homem que você beijará pelo resto de sua longa vida. Arrume-se temos uma festa para ir, e eu preciso encontrar alguns de seus amigos, talvez dar-lhes um lembrete físico para ficar longe da minha esposa.

— Isso vale para você?

— O que quer dizer?

— Devo dar um lembrete físico a sua amante? Serei a última mulher que você beijará pelo resto da sua, talvez não tão longa vida?

 

 


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