Between Lovers escrita por SaaChan


Capítulo 9
Capítulo VIII




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Um copo de café pousou na mesa de Ji Soo. Sentiu o coração disparar de susto pela aproximação sorrateira de Hae Kook, que ria com divertimento de sua reação exagerada. O rapaz puxou uma cadeira atrás de si que pertencia a um colega que havia levantado momentaneamente para ir ao banheiro e se aproximou de si, provavelmente para comentar sobre as pernas de alguma funcionária ou falar sobre o jogo de baseball da noite passada, coisas que normalmente já não faziam parte dos interesses de Ji Soo. Naquele dia em especial, entretanto, seus pensamentos pareciam mais perdidos que o normal. Involuntariamente, pegava-se olhando para a porta que dividia o escritório do departamento com a sala da diretora.

As imagens da noite passada ainda eram vívidas em sua memória, assim como as sensações que os toques da mulher do outro lado da porta causara em seu corpo. Não havia tido tempo para pensar, na verdade, não havia pensado. Um desejo incontrolável havia o arrebatado e o levado a cometer tal pecado. Se seu ganha-pão não estivesse em jogo, teria escolhido não se levantar da cama, não se sentia pronto para encarar a chefe depois da noite louca que tiveram. Até então, evitava qualquer tarefa que precisasse passar pela supervisora como o Diabo fugia da cruz, o que não passou despercebido pelo olhar afiado de Hae Kook para coisas que não são de sua conta.

— Você... Fez alguma coisa com a chefe, não fez? – A pergunta fez Ji Soo arregalar os olhos em surpresa.

Engolindo em seco, o rapaz tropeçou nas palavras, arrancando uma gargalhada de Hae Kook. Mesmo que houvesse tratado por anos sua gagueira, ela sempre reaparecia quando ficava nervoso, seja por raiva, por medo ou surpresa. Hae Kook colocou uma mão sobre o ombro do amigo, tranquilizando-o, mas não sem antes de jogar areia em seus olhos.

— Deve ter vacilado feio para estar tão nervoso. O que foi que você fez? Esqueceu-se de enviar algum contrato? Triturou algum documento por acidente? – Ji Soo pareceu amolecer. As suspeitas de seu colega, afinal, não eram sobre ter passado a noite com sua chefe. Até mesmo ele duvidava que sua mente pudesse estar sã e realmente ter feito tal coisa.

Ji Soo sempre foi um marido fiel e devoto à sua esposa, chegava a ser entediante para seus colegas de trabalho, pelo menos para os rapazes, que o mesmo sequer reparasse em outras mulheres no ambiente de trabalho. Era um dos únicos que não falava sobre mulheres no trabalho, o único outro que não tocava no assunto era um rapaz de outro departamento, solteiro e que a maioria desconfiava que não gostasse do assunto por motivos bem específicos. Sob a insistência do colega, Ji Soo apenas relevou.

— Não foi nada demais, eu posso consertar meu erro depois. – Ji Soo blefou, não pareceu convencer o amigo, mas Hae Kook relevou.

Logo que assunto se findou, o telefone na mesa do rapaz tocou. Assim que atendeu, ouviu a solicitação que o assistente do próprio CEO lhe designava. Deveria ir ao cartório e autenticar algumas cópias de documentos referentes à empresa. Como os documentos eram de extrema valia, era comum que o serviço fosse feito por alguém de confiança ao invés de ser creditado esse serviço ao carteiro. No entanto, precisaria entregar tais documentos autenticados para a diretora depois. Todo o seu plano de evitar contato com a mulher, pelo menos naquele dia, parecia ter ido pelo ralo. Jogou algumas coisas de sua pasta dentro de sua gaveta, sequer se preocupando em esconder o desânimo e então colocou a bolsa tiracolo em seu ombro, abandonando o departamento.

Ji Soo havia gasto quase duas horas apenas na fila do cartório para ser atendido em vinte minutos. Havia perdido o horário de almoço e provavelmente teria uma pilha de relatórios para rever quando voltasse à empresa, mas a sua maior preocupação naquele momento era entregar aquelas cópias autenticadas para a diretora executiva da IT Tecnology. Não sabia o que esperar e isso o apavorava. Lee Seung Ja era conhecida por ser uma chefe bastante “casca grossa”. O que o CEO da empresa, seu irmão mais novo, tinha de boa personalidade, ela herdara de rispidez e péssimo temperamento. Ji Soo não podia negar que o CEO Lee Seung Ri era um ótimo empreendedor, mas confiava que a empresa se mantinha nas rédeas por conta do pulso firme da diretora executiva. Se havia alguém que certamente conseguia colocar ordem na bagunça, era ela. Enquanto o CEO entrava com um recurso mais criativo, Seung Ja era quem se certificava que a empresa andava nos trilhos. Os dois formavam uma equipe formidável.

Ji Soo tomou o caminho de volta para a empresa, apressando o passo conforme uma fina chuva começava a cair. Por sorte não estava muito longe e a chuva não parecia querer se transformar numa tempestade. Assim que alcançou uma área coberta, percebeu que não havia muitos pingos em seu paletó cinza escuro. Colocou o crachá de volta no pescoço e entrou no edifício, apenas o puxando para acionar a roleta que separava o interior da companhia do saguão de entrada.

Tão logo o rapaz voltou ao escritório, se deparou novamente com o problema que tanto queria evitar. Precisava entregar as cópias para sua chefe. Será que se pedisse com jeitinho para Hae Kook levar para ele talvez o rapaz aceitasse? Sentiu-se um covarde por pensar em delegar sua função por querer evitar a mulher dentro da sala, mas mesmo assim procurou o amigo com os olhos pelo escritório. Aquela criatura sempre estava por ali, mas naquele momento específico parecia que tinha tomado um chá de sumiço.

“Para de palhaçada, Ji Soo! Você só está indo entregar um documento, nada fora do normal”. Mesmo tentando se convencer, em nenhuma das vezes que tinha ido entregar algum documento à diretora, ele havia necessariamente se preocupado em ter passado uma noite quente com a mesma. Respirou fundo, ajeitando a gravata no pescoço antes de dar duas batidas na porta. A voz feminina soou um pouco mais enérgica que o habitual, apesar de ter demorado à responder. Abriu a porta, se deparando com o olhar da diretora que logo se desviou dos seus. Era como se a mulher estivesse esperando-o aparecer em algum momento. Ji Soo se deu conta de que Lee Seung Ja provavelmente estava tão nervosa com aquele momento quanto ele estava. Será que ela estaria se remoendo de culpa como ele estava? Ji Soo era casado e tinha suas contas a prestar, mas até onde estava claro para ele, sua chefe não tinha que jurar fidelidade a ninguém. Talvez ela estivesse se sentindo culpada por ter passado uma noite casual com seu assistente.

Balançou a cabeça, tentando dispersar os pensamentos. Deixou que a porta atrás de si se fechasse e se aproximou da mesa de sua chefe, deixando os documentos sobre ela.

— São as cópias autenticadas do registro do produto novo... – Ji Soo pareceu acanhado aos olhos de Seung Ja. A mesma folheou as cópias e o longo relatório que trazia junto à ele.

— Ok. – Como não houve nenhum outro adendo, o rapaz se preparava para sair quando foi chamado novamente. – Sobre ontem... Eu espero... Que façamos de conta que nada aconteceu.

Ji Soo a fitou, apesar de seu olhar estar fixo em um ponto aleatório no horizonte, a mesma parecia tão tensa, era quase como se suplicasse pela sua concordância. Para o rapaz também não era um episódio do qual se orgulhava, apesar de que, mesmo que não quisesse admitir, não havia sido uma de suas piores experiências. De certa forma, a noite anterior havia lhe proporcionado a chance de resolver suas questões quanto às suas necessidades não resolvidas. Era fato que se sentia um pouco mais leve, mas o peso da culpa não compensava o prazer que havia sentido.

— Tudo bem. Eu também não quero me lembrar de ontem... – A resposta do rapaz atraiu o olhar da chefe. Não soube dizer o sentimento exato que vira em seu rosto, mas talvez estivesse louco em dizer que vira um brilho de mágoa em seus olhos. Preferiu deixar a sala antes que sua mente criasse mais teorias sobre o que se passava na mente da mulher.

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Seung Ri foi atingido por alguma coisa gosmenta assim que entrou em seu escritório. Não soube dizer o que era a substância melosa e verde que o atingira em cheio no rosto, mas tinha um aspecto nojento e um cheiro enjoativo, apesar de parecer que não havia o sujado já que a gosma estava inteira. Fez uma careta, logo encontrando a pessoa por trás daquele ataque brutal. Ji Se Ong deu uma longa e animada gargalhada satisfeito com a traquinagem. Dispôs-se a se esconder atrás de uma das poltronas assim que viu o amigo pegar uma almofada pronto para uma revanche.

— Você está morto agora. – A ameaça de Seung Ri fez com que Se Ong se sentisse orgulhoso pela provocação ter surtido efeito.

A perseguição só se findou depois que pelo menos três almofadas acertaram a cabeça de Se Ong. Os dois rapazes se jogaram nas poltronas de couro da sala de Seung Ri, rindo como dois adolescentes. Se Ong alcançou uma das latinhas de cerveja que havia trago sorrateiramente para o escritório e um saco de batatinhas, abrindo-a sem muito cuidado. Uma parte do conteúdo caiu sobre a mesinha de centro. Sob o olhar intimidador de Seung Ri, o rapaz logo tratou de limpar o farelo e jogá-lo dentro de uma lixeira que tinha por perto.

— Afinal, o que era aquela gosma que você jogou em mim? – Seung Ri se serviu de uma das cervejas sobre a mesinha. Ainda estava gelada, o que indicava que o amigo tinha chegado há pouco tempo.

Slime.— A sobrancelha arqueada de Seung Ri demonstrava que ele entenderia mais fácil um cachorro latindo do que o significado daquela palavra. – É uma massinha feita de cola, tinta e sei-lá-mais-que. As crianças adoram, roubei de uma quando estava vindo pra cá.

Seung Ri balançou a cabeça, Se Ong não tinha muito jeito, era como uma criança travessa uma parte do tempo, na outra parte restante tinha o perfil da maioria dos filhos de ricaços: mulherengo e festeiro. Ainda que uma amizade verdadeira parecesse ser impossível de crescer entre duas pessoas tão diferentes, como água e vinho, Seung Ri havia se tornado um bom amigo de Se Ong ainda na faculdade. Os dois dividiram um dormitório por um tempo e com a convivência aprenderam a apreciar a companhia um do outro. Enquanto Seung Ri era a pessoa que mantinha as coisas em ordem e a seriedade em relação às responsabilidades, Se Ong era a pessoa que descontraía o ambiente acadêmico com seu jeito brincalhão.

— Eu vim aqui para te tirar da sua caverna, mas fiquei surpreso por não te ver no escritório. – Era normal que Se Ong visitasse Seung Ri em seu escritório. Sempre que podia, o amigo tentava afastá-lo um pouco do trabalho, uma vez que o rapaz era quase um workaholic.

— Apareceu uma pessoa interessada em alugar a casa do meu pai, então eu fui me encontrar com ela. – Respondeu, o que também explicava o porquê estava vestido de maneira tão informal. Seung Ri sempre preferia se vestir confortavelmente, muito raramente se vestia com roupas de marcas, apenas quando trabalhava na empresa.

Entretanto, o que havia chamado a atenção de Se Ong era a tal pessoa com a qual seu amigo havia se encontrado. Era como se o alerta na cabeça do rapaz houvesse soado com força, principalmente ao ver um sorriso discreto surgir nos lábios de Seung Ri que parecia ter divagado por alguns segundos enquanto tratava de tirar o conjunto social da proteção. Se Ong se aproximou de Seung Ri, colocando um braço sobre seus ombros com bastante intimidade.

— Ela, hein... E era tão importante assim que você precisasse se encontrar pessoalmente com sua futura inquilina ao invés de deixar que o corretor de imóveis cuidasse do assunto pra você? – Se Ong apertou a bochecha de Seung Ri que logo afastou sua mão de seu rosto.

— Está imaginando coisas aonde não tem. – Seung Ri estalou a língua, se livrando do braço do amigo. – Eu queria cuidar pessoalmente do contrato da casa e você sabe por qual motivo.

Se Ong sabia bem o quão ligado seu amigo era à sua família, principalmente ao pai. Seung Ri tinha um cuidado extremo e uma intensa dedicação com todos os projetos e bens do falecido, cujo qual nunca chegou a conhecer. Não seria diferente quanto à antiga casa em que havia crescido. Provavelmente ele queria ter certeza de que a nova locatária cuidaria bem da casa em que vivera boa parte de sua infância.

— Mas ela é bonita, pelo menos? – Provocou.

— Sabe que eu não me prendo à beleza. – Seung Ri respondeu de maneira bem direta, tirando o moletom que usava. Vestia apenas uma camiseta simples e separou a blusa social do conjunto, logo a vestindo.

— Então ela deve ser bem feia... – Se Ong falou em um tom jocoso, jogando uma batatinha na boca.

— Ela é bonita... Muito bonita... – Seung Ri respondeu, logo prendendo a atenção do amigo. Sabendo que o mesmo não iria deixá-lo quieto sobre isso, acabou confessando seus pensamentos. – É só... Que ela é diferente de todas as mulheres que conheci até agora. Foi a única pessoa que realmente entendeu o que eu queria, que conseguiu traduzir a emoção que eu queria buscar com o projeto do meu pai... Mas não só isso, ela é uma mulher tão simples, não parece ter qualquer tipo de ganância. Na verdade, ela é uma pessoa bem gentil. Ela transparece um sentimento que eu achava que não existia mais...

— Oh... Parece que nosso querido Seung Ri está apaixonado...

— Não seja ridículo. Eu muito mal a encontrei duas ou três vezes por ai. – Seung Ri deu de ombros, colocando a gravata em seu pescoço. – Sou velho demais pra acreditar em amor à primeira vista.

— Mas não quer dizer que não exista... – Se Ong fingiu um ar indiferente. – O jeitinho que você fala dessa mulher entrega o sentimento, amigão. Porque não chama ela pra sair? Assim você vai ter bastante tempo pra conhecer ela e se arrepender por ter ficado fissurado nessa garota tão de cara.

Apesar do tom brincalhão de Se Ong, a proposta era verdadeira e fazia Seung Ri ponderar se era realmente uma boa ideia. A impressão que tinha quando conversava com Park Ga Young era a de que a mesma não se sentia confortável com ele, muito provavelmente por conta das suas posições em relação ao trabalho e agora em relação ao contrato de locação. Em seu trabalho, Seung Ri era um cliente VIP enquanto Ga Yeong era uma estagiária; fora daquele ambiente, Seung Ri era o senhorio e Ga Yeong era a inquilina de sua casa. Ele podia entender o quanto podia ser desconfortável para a mulher manter contato com ele, afinal, se surgisse algum problema entre os dois, poderia se sentir ameaçada sobre seu trabalho e sua moradia. Assim que revelou seu pensamento para o amigo, viu Se Ong refletir sobre o assunto – o que era algo bem incomum para Seung Ri.

— Mas então você poderia mostrar para ela que não é esse tipo de pessoa, que faz esse estilo vingativo. – “Pelo menos não a maior parte do tempo”, pensou Seung Ri se lembrando do evento de algumas horas mais cedo com a noiva do CEO da CS Publicity.

A ideia em si não era ruim. Seung Ri queria poder mostrar que não era o tipo de pessoa que usaria da sua posição para deixar outra pessoa desconfortável, era algo que considerava deplorável, mesmo sendo bastante recorrente entre as pessoas de sua classe. Era exatamente por esse motivo que evitava construir relações com algumas empresas, porque isso feria seus valores. A questão em si era como colocaria essa ideia em prática, já que não sabia como a mulher poderia se sentir com uma aproximação mais direta de sua parte. Se Ong colocou uma mão suja de farelos em seu ombro.

— Enfim, eu sei que você vai dar um jeito. Ninguém resiste a essa personalidade cativante que você tem. – Apesar do tom irônico, Se Ong parecia bem honesto quanto ao comentário. Os dois rapazes se encararam por longos segundos até que Seung Ri tirou sua mão suja de seu ombro.

— Seu porco...

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Oh Joon coçou a cabeça com o lápis na ponta que tinha a borracha. Estava frustrado e o motivo não era nem por causa da extensa lista de exercícios com cálculos para dar e vender, mas sim por conta de sua “professora”. Todas as suas tentativas de aproximação haviam falhado pelo simples fato de que aquela garota parecia ser mais burra que uma porta. Se tratando de toda aquela porcaria de matéria, Ga In era extremamente inteligente, mas socialmente não entendia uma indireta que fosse. Oh Joon começava a se perguntar se ela realmente não entendia suas cantadas ou se apenas fingia que não havia entendido. Isso apenas feria o seu ego, nenhuma garota agia de tal forma perto dele, exceto Cha Ga In.

— Você fez essa questão errada, era pra isolar primeiro a incógnita e depois dividir por cem. – Ga In usou uma borracha para apagar o cálculo feito.

— Isso é realmente importante agora? – Oh Joon suspirou com um ar cansado.

— Sim, é recorrente essa função ser usada nas provas do seu ano...

— Não estou falando disso. – O rapaz tentou alcançar a mão da menina, mas a mesma se recolheu um pouco incomodada. – Eu estou tentando chamar a sua atenção o dia inteiro. Trouxe um suco pra você, joguei indireta, até fingi que estava interessado nisso tudo e eu detesto matemática, mas você simplesmente ignorou todos os meus esforços.

— Eu não ignorei, eu só não percebi que queria ser meu amigo. – Ga In foi bastante categórica, deixando de lado o material escolar por um instante – Entretanto, eu reservo esse horário apenas para dar aula e também não tenho interesse em ter mais amigos.

Não soube dizer se aquilo era exatamente uma rejeição, perguntou-se onde exatamente estava rolando aquela falha na comunicação. Não queria dizer de forma tão clara que queria sair com aquela garota. Na verdade, realmente não tinha interesse em Ga In, mas a aposta que fizera o colocava numa corda bamba. Não queria ter sua reputação manchada e ter que cumprir o castigo por não conseguir conquistar a dama de ferro.

— Eu não quero ser seu amigo, eu quero ser seu namorado. Eu gosto de você. – Não era verdade, mas era o que precisava dizer. – Quero sair com você.

As sobrancelhas da menina franziram-se ao ponto em que parecia analisa-lo. Para Ga In, na realidade, estava tentando entender as motivações do rapaz para simplesmente ter gostado dela. Até onde se lembrava, os dois sequer haviam trocado algumas palavras até o dia anterior. O que poderia ter feito o rapaz simplesmente se sentir atraído por ela? A conta simplesmente não batia para ela, era como se faltasse algum elemento naquela equação. O sinal soou quebrando o silêncio que havia se instalado no local. A menina apenas guardou seu material em sua mochila evitando o contato visual com o rapaz que havia acabado de se declarar para ela.

— Acabamos por hoje. Amanhã retornaremos no mesmo exercício que paramos. – Ga In pronunciou. – Você pode tentar fazer os outros exercícios em casa.

— Você não vai me responder? – Oh Joon começava a se irritar pela mania de se desviar do assunto da garota. – Eu pedi pra sair com você.

O rapaz observou a garota brincar com a pulseira que usava assim como da primeira vez em que se conheceram. Seu olhar focava-se em qualquer outro ponto que não fosse seu rosto. Não queria que o tiro saísse pela culatra ao pressionar a garota com uma resposta, mas manter a calma e ser gentil não era bem seu ponto forte. A verdade era que estava começando a se irritar quanto ao comportamento esquivo da garota.

— Eu o responderei quando tiver certeza. – Foi a única coisa que a garota respondeu antes de sair da sala.

Bom, não era uma rejeição... Aparentemente. A verdade era que estava pisando em ovos com aquela garota e não sabia interpretar os sinais que a mesma dava. Ela era extremamente honesta por um lado, mas completamente misteriosa por outro. Era diferente da maioria das garotas com quem havia saído até então e honestamente não sabia como reagir à mesma. Vendo-se sozinho na sala, juntou seu material e se preparava para abandonar a sala quando uma figura familiar apareceu no batente da porta.

O rapaz suspirou, massageando o pescoço levemente dolorido. Mun Seo era um rapaz um tanto magro, não usava roupas que o destacassem e era bastante reservado, diferente de Oh Joon que era mais atlético e naturalmente chamava a atenção por sua personalidade forte e pela boa aparência. Era um mistério para quem olhasse de fora como duas pessoas tão diferentes podiam se dar tão bem e serem amigos. E como em qualquer amizade, as divergências de pensamentos causava atritos. Desde que Oh Joon havia aceitado a aposta de seu colega de time, Mun Seo havia se tornado distante. Ele não concordava com aquele tipo de coisa, uma aposta que poderia machucar os sentimentos de alguém que nunca havia feito nada para o mesmo. Uma aposta que poderia machucar até mais pessoas do que apenas aquela garota.

— Você realmente vai seguir em frente com isso, não é? – Mun Seo pareceu mais afirmar do que perguntar.

— Eu não vou ir tão a fundo nisso. Se eu aparecer por ai com ela já é o suficiente para o pessoal achar que está rolando alguma coisa e me deixar em paz.

— Inacreditável... – Um sorriso descrente surgiu no rosto de Mun Seo. Antes que se afastasse, Oh Joon envolveu seu pulso, o impedindo de ir embora.

— Seo...

— Você é sempre assim: você mesmo em primeiro lugar, e se alguém se machucar no meio do caminho, azar o dela. – O rapaz libertou seu pulso do aperto do outro. – Você me cansa...

Oh Joon observou o rapaz desaparecer de sua vista na medida em que os corredores se enchiam de alunos. O som do baque ao socar a parede fez com que as pessoas ao seu redor prestassem mais atenção em si. Como se o problema da aposta já não fosse o suficiente, agora estava em uma situação complicada com a única pessoa que realmente tinha consideração naquele lugar. “Eu e meu ego estupidamente gigante”, pensou consigo mesmo. Mesmo vendo que poderia perder uma pessoa importante para si, ainda estava num empasse quanto à sua imagem pela qual tanto prezava. Era o momento para Oh Joon colocar na balança o que era mais valioso para si: sua relação com Mun Seo ou a imagem que construíra e que o colocava como uma pessoa acima das outras?


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