Between Lovers escrita por SaaChan


Capítulo 6
Capítulo V




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A semana de Ga Yeong havia sido bastante caótica agora que havia sido encarregada de ajudar no projeto do comercial para a IT Tecnology. Quase não tinha tempo de equilibrar os estudos da faculdade com as tarefas do estágio, constantemente tendo que fazer trabalho extra no fim do expediente. Não se lembrava de ter algum dia saído no horário correto na semana anterior e ainda havia sacrificado sua folga de sexta para digitar todos os slides para a apresentação do projeto que aconteceria na segunda-feira. No sábado, havia ajudado sua So Ra a fazer suas velas aromáticas. A amiga, que cursava química e tinha o desejo de se tornar uma perfumista, complementava sua renda com a venda de alguns produtos que ela mesma fazia. No mesmo dia, havia se encontrado com um corretor de imóveis e visitado alguns apartamentos para alugar. Mesmo que So Ra não se importasse em ter a amiga por perto, queria respeitar sua privacidade. Não gostaria de acordar um dia e dar de cara com algum homem pelado em sua casa – como havia acontecido alguns meses atrás por So Ra ter se esquecido de que não vivia mais sozinha. No domingo, a única coisa que Ga Yeong fez foi limpar a casa, cuidar das unhas e dormir, compensando todo o sono perdido.

Ao chegar à agência na segunda-feira, seus colegas da equipe de publicidade pareciam ansiosos, porém mais confiantes que na semana anterior. Cumprimentou seus superiores antes de se sentar em sua mesa, mas antes mesmo que pudesse guardar sua bolsa, Min Ji se aproximou. Ga Yeong já se sentia saturada apenas de ver a mulher. Durante todo o planejamento do projeto, Min Ji havia se encarregado de infernizar sua vida com prazer. Qualquer sugestão que dava era rejeitada, lhe atribuía as funções mais fúteis e a impedia de ter uma voz ativa na equipe. Estava mais do que claro que ela tentava lhe sabotar e o pior era que o restante da equipe não parecia nenhum um pouco incomodada com isso.

— Onde está a apresentação? – Sequer havia lhe dado um bom dia. “A educação mandou lembranças”, pensou Ga Yeong.

A garota retirou uma pasta de sua bolsa, repassando a mesma para a mulher que folheou o mesmo sem sequer ler com atenção o conteúdo. Devolveu a apresentação e deu à mesma um bloco com novas anotações.

— Descarte e refaça com esse plano até às duas horas. – A boca de Ga Yeong quase foi ao chão. Olhou o relógio, eram meio dia e quinze e ela esperava mesmo que Ga Yeong refizesse um documento todo que levou um dia inteiro do zero em menos de duas horas? Percebendo a expressão de indignação, a mulher a questionou com certo desprezo. – Algum problema?

E com um sorriso dissimulado, Ga Yeong apenas balançou a cabeça em resposta, recebendo o desafio com uma determinação assustadora.

— É claro que não, vou terminá-lo em um instante. – Assim que se viu sozinha, folheou as anotações, percebendo que nada mais eram do que uma variação de suas ideias. – Se ela iria usar minhas ideias, deveria ter aceitado desde o início... – Murmurou. Por sorte havia feito um planejamento de suas próprias ideias assim que as teve e salvo no armazenamento em nuvem, sendo assim só precisaria modificar a apresentação e adicionar os detalhes que estavam diferentes de sua ideia original, o que não levaria mais do que alguns minutos.

Antes que pudesse começar a escrever, no entanto, as anotações haviam desaparecido de sua mesa. Olhou ao redor, confusa e então reparou no homem que estava a poucos centímetros de distância. O mesmo folheava as anotações, concentrado. Mesmo com o ar de seriedade, Hwa Kyung Soo ainda tinha um charme selvagem que o cercava, o que deixava Ga Yeong extasiada. Os cabelos pretos estavam levemente bagunçados e o blazer preto que usava sobre a blusa social da mesma cor contrastava com a pele alva, chamando mais atenção para o rosto esculpido com feições másculas. Ga Yeong não pôde deixar de pensar que o estilo rebelde lhe caía bem, melhor do que a imagem de bom moço que tentava construir.

— Provavelmente ela não queria admitir você que é melhor do que ela. – Comentou, tirando Ga Yeong de seus devaneios. Ficou confusa com as palavras do homem à sua frente até entender que o mesmo respondia sua fala anterior. O mesmo lhe devolveu as anotações, cruzando os braços sobre o peito com um meio sorriso – Você faz muitas pessoas se sentirem ameaçadas, senhorita Cha. Bom... Você faz as pessoas sentirem alguma coisa...

“Sentirem o que?”, Ga Yeong se perguntou mentalmente, porém o rapaz não completou sua resposta, deixando a menina intrigada. O olhar de Kyung Soo queimava sobre si, analisando-a de cima abaixo, deixando-a desajeitada, mas possuía um estranho magnetismo que a impossibilitava de desviar o olhar. Era como se faíscas pudessem ser vistas nas íris negras como ônix que deixavam Ga Yeong um pouco mais quente do que o normal. Questionou-se sobre quem poderia ter desligado o ar condicionado. O meio sorriso característico surgiu no rosto masculino antes que ele deixasse o recinto. Ga Yeong só então percebeu que havia se esquecido de respirar. Colocou uma mão sobre o peito, percebendo-o acelerado. Era apenas impressão sua ou Hwa Kyung Soo estava dando em cima dela? Talvez estivesse imaginando coisas ou interpretando errado o estranho comportamento do chefe. Olhou ao redor, agora percebendo que ninguém mais prestava atenção na mesma e puxou um livro de sua bolsa. “A Arte da Sedução” era como um guia para a mulher. Deixou-o de lado por um instante, prometendo-se que leria o livro assim que estivesse disponível.

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Son Oh Joon olhou para o papel na mesa e depois para o treinador do time. Arqueou uma sobrancelha, os braços cruzados sobre o peito como se desafiasse o homem à sua frente. O papel à frente era um demonstrativo do desempenho acadêmico rapaz. Apesar da maior parte das matérias ter uma pontuação mediana, o suficiente para passar de ano, a nota destacada em vermelho em matemática destoava drasticamente do restante. No ano anterior, havia ficado em recuperação e precisou sacrificar algumas semanas de suas férias para estudar e refazer a prova. Mesmo que o boletim que seu treinador o mostrava não contasse como uma avaliação oficial, ainda assim demonstrava como estava indo nas aulas. Agora estava arriscado a ficar de recuperação na matéria novamente e com isso poderia acabar perdendo sua posição como capitão no time, ou pior, acabar sendo suspenso como jogador até que suas notas melhorassem.

— Qual é, treinador, essas notas nem são oficiais, não pode me suspender do time por conta disso. Falta pelo menos um mês para a semana de avaliação, até lá minhas notas podem melhorar. – Tentou argumentar.

— Você disse a mesma coisa no ano passado, Oh Joon, e mesmo assim acabou ficando em recuperação.

— Mas eu consegui passar do mesmo modo. – O rapaz suspirou, tentando convencer o treinador a não suspendê-lo. – Não pode me tirar do time... Daqui a poucas semanas vamos ter os jogos municipais!

— Lamento, garoto. Eu tentei conversar com a diretoria, mas regras são regras. Pra permanecer no time, você precisa aumentar as suas notas. Até lá, você segue suspenso até segunda ordem. – Son Oh Joon sabia que seu treinador deveria estar tão frustrado quanto o mesmo. A realidade era que seu o rapaz causaria um grande desfalque no time e ele era um como um ás na manga, um último recurso que sempre virava o jogo ao seu favor.

O homem tirou de seu bolso um papel e o entregou. Percebeu que se tratava de um panfleto sobre reforço de matemática. Um aluno da turma avançada, aparentemente, estava dando aulas de matemática para alunos que estavam com dificuldades. Olhou para o treinador com uma sobrancelha arqueada, quase como se dissesse “você realmente não espera que eu me inscreva para essa bobagem, certo?”. A expressão de seu treinador, entretanto, não denotava qualquer pingo de brincadeira.

— Algumas semanas de reforço não irão te matar, acredite em mim. – Ele garantiu, o que não fez a insatisfação de Oh Joon sumir. – Você precisa de ajuda com a matéria, então se inscreva e se você tirar uma acima de oito nas avaliações, eu tiro a sua suspensão.

Suspenso. A palavra ecoava na cabeça de Oh Joon enquanto o mesmo guardava seu uniforme em seu armário no vestiário ao final do treino, o último que participaria naquele trimestre até que obtivesse os resultados de sua avaliação trimestral. Seus colegas estavam ao seu redor, alguns ainda com o uniforme do time, outros prontos para entrar debaixo do chuveiro. O clima de abate dominava à todos, com a saída do capitão, pegavam-se perguntando quem assumiria a sua função até que o mesmo estivesse apto à voltar para o time. Todos estavam à par de sua conversa com o treinador, uma vez que o próprio Son Oh Joon havia contado todos os detalhes.

— O treinador sugeriu que eu fizesse algumas aulas de reforço com um cara da turma avançada, Park Ga Nam, algo assim.

Quase que automaticamente o humor do time mudou, deixando Oh Joon confuso. Alguns rapazes até deram risada e se acotovelaram, como se soubessem se uma grande fofoca que o capitão não estava por dentro. O rapaz catou uma blusa perdida em seu armário e jogou na cabeça de um de seus colegas, incomodado pelos burburinhos.

— Eu quero entender qual é a piada. – Disse, visivelmente mal humorado.

— É Park Ga In, acho que todos a conhecem... Todos, exceto você. – Respondeu o rapaz atingido pela peça de roupa, jogando-o de volta para Oh Joon. – É a garota com a maior nota da escola, praticamente um computador humano. Soube que ela ganhou boa parte das competições de matemática no fundamental.

— Não sabia que se interessavam tanto por matemática. – Oh Joon zombou.

— Pela oportunidade de colocar minhas mãos dentro da blusa da Ga In, matemática seria minha matéria preferida. – Brincou com malicia. O ânimo dos rapazes logo se exaltaram. Oh Joon logo entendeu o motivo de tanta agitação entre os colegas de time. A tal Ga In, ou qualquer que fosse seu nome, deveria ser realmente bonita para deixar seus colegas tão animados. – Acredito que ela não esteja namorando.

— Eu era da sala dela no ano passado. – Um dos alunos novatos que havia entrado no time à pouco tempo se pronunciou. Ele falava de maneira formal com os outros alunos que eram pelo menos um ou dois anos mais velhos. – Ela recebia muitas propostas, mas nunca namorou com ninguém. O apelido dela era Dama de Ferro porque era muito certinha com os estudos, nunca saía com ninguém.

— Então provavelmente nem o Oh Joon teria chance. – O dono camisa nove riu com humor, provocando o time a implicar com o capitão. Oh Joon tinha uma fama de rebelde e mulherengo, vivia em festas nas horas vagas e saía até mesmo com mulheres universitárias. Ser provocado sobre não ter chances quanto à uma garota qualquer feria seu orgulho.

— Está confundindo as bolas, Mané! É mais fácil que chova canivetes do que eu ser rejeitado por uma garota qualquer. – Respondeu com confiança, ainda assim os ânimos da equipe pareciam ainda mais exaltados que antes.

— Que tal uma aposta, então? – Sugeriu o camisa nove com um sorriso presunçoso nos lábios. – Te dou um mês para conquistar a Dama de Ferro.

Son Oh Joon encarou o rapaz estender a mão em sua direção, esperando que selasse o acordo. Os restante de seus colegas pareciam tão entretidos quanto estariam se estivessem assistindo à final da copa do mundo. Seu olhar, no entanto, foi atraído para o fundo da sala onde um rapaz um tanto magricelo se recostava na parede. Seu perfil não se encaixava com o perfil atlético da maioria naquele recinto. Mun Seo não fazia parte do time, apenas acompanhava Son Oh Joon como um fiel escudeiro para onde quer que fosse. Já havia se tornado um rosto comum entre os jogadores do time, mesmo que não possuísse uma relação de amizade com os mesmos. O time sequer questionava a sua presença, uma vez que sabiam que Oh Joon prezava bastante pela amizade com o garoto, já que haviam crescido juntos, desde os primeiros anos do fundamental. O olhar de Mun Seo sobre si o fez ponderar sobre a aposta, se deveria ou não aceitar, mas a pressão que os outros faziam sobre si para que aceitasse o fez apertar a mão do camisa nova.

— Ok. – Son Oh Joon respondeu com confiança – Em um mês eu vou fazer a Dama de Ferro ser minha.

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Ga Yeong já havia roído pelo menos três unhas enquanto assistia Min Ji apresentar o projeto com sua ideia. Era a primeira vez que assumia um projeto e por ser algo de grande porte desejava que tudo desse certo e agradasse o cliente. De vez em quando olhava discretamente para o rapaz na cabeceira da mesa, para tentar ver sua expressão. Em pelo menos quatro dessas olhadas, seu olhar havia se cruzado com o do CEO da IT Tecnology, o que havia a deixado no mínimo constrangida. Assim que Min Ji finalizou a apresentação, o rapaz pareceu ponderar acerca do material. Por um minuto achou que o homem fosse novamente rejeitar a proposta, mas surpreendendo a equipe, o mesmo pareceu ter gostado da ideia.

— Parece bom para mim. – O CEO recostou-se de maneira mais confortável na cadeira. – Consigo visualizar o sentimento que procurava nessa proposta... Acredito que podemos confirmar a produção do material.

A equipe parecia comemorar internamente a aprovação do cliente, mas não deixaram transparecer. Mantiveram a imagem profissional frente ao rapaz que havia arrancado algumas noites de sono do grupo. Ga Yeong parecia a mais aliviada e realizada. Além de conseguir visualizar sua folga no final de semana, ainda estava feliz por sua ideia ter sido aceita, mesmo que não tivesse sido creditada pela apresentadora. Após os acertos finais, a reunião se encerrou com um aperto de mãos entre os dois CEOs e uma reverência pela parte da equipe. Assim que deixaram a sala, observaram o cliente e sua equipe abandonar a agência até sumirem pelos elevadores.

— Graças a Buda! – Alguém soltou. O departamento parecia estar mais leve depois disso. Ga Yeong entendia o sentimento, se sentia da mesma forma que os demais.

Kyung Soo se aproximou de seu pessoal, atraindo a atenção de todos.

— Fizeram um bom trabalho, pessoal. Mesmo sendo apenas a primeira parte do trabalho, vocês tiveram que lidar com um cliente realmente exigente, então queria recompensá-los pelo trabalho duro dessas últimas semanas. – Kyung Soo retirou sua carteira do bolso blazer, destacando um cartão sem limites pessoal. – Vou leva-los para jantar com carne de qualidade depois do expediente.

O departamento explodiu em gritos e comemorações. Um sorriso aberto e divertido surgiu nos lábios do homem, tornando-o mais charmoso e simpático. Ga Yeong não pôde deixar de se sentir envolvida por aquela visão. Sentia um leve choque passear por sua espinha e amolecia apenas com a vislumbre de sua imagem. Como Kyung Soo podia fazê-la esquecer de como controlar as próprias pernas apenas estando ali? Como se sentisse que estava sendo observado, o olhar de Ga Yeong encontrou os do rapaz que apenas acenou brevemente com a cabeça antes de desaparecer pelos corredores.

— Céus... – Sentindo suas pernas bambearem, se recostou em sua mesa tentando se recompor – O que foi isso?


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