Between Lovers escrita por SaaChan


Capítulo 5
Capítulo IV




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798750/chapter/5

Han Na segurava o resultado do exame em mãos. O resultado não a surpreendera, mas a deixava frustrada. Era o terceiro resultado negativo para o teste Beta HCG que recebia em menos de dois meses. Tudo o que Han Na queria era apenas engravidar. Outras mulheres conseguiam isso com tanta facilidade e porque ela não? Ela precisava de um filho. Uma criança seria sua garantia a, pelo menos, uma parcela da fortuna de Kyung Soo. No momento em que o rapaz havia a pedido em casamento, o mesmo havia deixado claro que o casório aconteceria apenas com uma condição: separação total de bens. Isso frustrava os planos de Han Na. Sabia que, no momento em que se cassasse com Kyung Soo, era bem provável que viveria no luxo e não precisaria ter acesso à sua fortuna para isso, mas conhecia bem os homens e sabia que poderia ser chutada em qualquer momento. Para se prevenir desse risco, queria pelo menos levar metade de tudo o que o pertencia.

Porém, com essa condição, não possuía garantias e nem teria acesso a tanto dinheiro, a menos, é claro, que tivesse um filho com seu noivo. Poderia ter pelo menos acesso a uma pensão bem gorda, o suficiente para viver da maneira como tanto gostava, cercada de luxo e riquezas. Entretanto, com a descoberta de que possuía endometriose, uma doença uterina que dificultava a concepção, viu esse plano ir por água abaixo. Semanalmente visitava seu médico acerca de sua condição e fazia tratamentos hormonais para tentar engravidar, mas até então nada havia funcionado. Essa frustração a deixava a beira da loucura. Sentia que se fosse em frente com o casamento, Kyung Soo estaria tirando mais benefício de si do que estaria tirando dele. Era bem claro para os dois que o relacionamento não se baseava em sentimentos genuínos de amor, era apenas uma espécie de contrato onde os dois tinham algumas vantagens: para ele, teria uma imagem reformada perante a mídia; para ela, teria uma vida luxuosa do jeito que queria e para ambos, uma companhia onde poderiam desfrutar dos prazeres carnais em tempos vagos. Colocou o exame em sua bolsa, saindo da clínica e pegando um táxi em direção ao centro da cidade.

.

.

.

O clima na empresa parecia mórbido demais, como se houvessem anunciado a morte de Terry Crews e toda a nação estivesse de luto. Alguns pareciam irritados demais, outros desanimados, mas continuavam trabalhando, focados em seus próprios afazeres. Han Na se espreitou para a mesa de Min Ji que não parecia tão diferente do restante. As duas possuíam uma amizade desde que passaram juntas na mesma entrevista. Para Han Na, Min Ji era seus olhos e ouvidos dentro da empresa. Desde que havia se tornado a mulher do CEO, não se via obrigada a trabalhar com a mesmo empenho que o restante da equipe.

— Aconteceu alguma coisa? – Han Na olhou ao redor, conversando num tom baixo com Min Ji. A outra apenas suspirou cansada e frustrada, logo lhe dando maior atenção.

— Nosso cliente favorito nos deu o ar de sua graça hoje. – Han Na sabia bem de quem estavam falando. Lee Seung Ri era bastante conhecido por ser exigente e perfeccionista entre os funcionários. Só havia cruzado com o rapaz uma única vez pelos corredores da empresa e uma vez em um jantar beneficente. Nunca diria que o mesmo era um CEO bem sucedido. Apesar das vestes elegantes, lhe faltava o ar arrogante e presunçoso que a maioria dos ricos possuíam.

— Ele rejeitou a proposta de novo? – A pergunta soava como uma confirmação. Min Ji assentiu, mas a fonte de sua frustração era outra.

— Sim, só que a estagiária falou mais do que deveria e ele pediu para ela ajudar na próxima proposta. – Han Na reconhecia bem o complexo de inferioridade que sua amiga carregava em relação à estagiária.

Cha Se Young havia sido contratada com um currículo invejável e uma carta de recomendação de sua instituição de ensino, uma das universidades de maior prestígio de Seul. Era bem óbvio que Min Ji se sentia ameaçada pela possibilidade da novata tomar seu lugar na empresa. A maneira mais fácil de fazer com que isso não acontecesse era sabotando sua chance de crescer dentro da agência, deixando de delegar funções importantes que a possibilitassem mostrar seu potencial. Dentro da sala de reuniões, a garota terminava de arrumar a mesa e abrir as persianas que cobriam a visão para dentro da sala. Assim que se sentiu ser observada, a garota interrompeu suas ações e olhou diretamente para Han Na. Não soube dizer se estava acanhada, ela apenas fez uma rápida reverência com a cabeça e terminou suas tarefas, fechando a sala.

— Ela é insuportável e agora vou ter que trabalhar com ela de igual para igual. – Reclamou mais uma vez. Entretanto, Han Na estava mais instigada sobre a mulher que havia acabado de sair da sala. Acreditava já tê-la visto antes, mas não se lembrava de onde.

.

.

.

— Deveria se envergonhar por deixar uma mulher velha esperando. Eu poderia estar morta quando você chegasse. – Lee Seung Ri não pode deixar de dar uma risada. A senhora Lee Doo Na era sempre bastante dramática. Sequer tinha chegado à casa dos setenta anos e já falava como se fosse enfartar a qualquer momento e deixar esse mundo. A idosa tinha a saúde e a teimosia de um touro, não seria qualquer coisa que a derrubaria.

— É mais fácil a rainha da Inglaterra bater as botas antes da senhora, mãe. – Seung Ri depositou um beijo em sua testa. Ao lado da mãe, sua irmã, Seung Ja, parecia entretida em confirmar alguns compromissos por telefone. Apertou de leve seu ombro em um cumprimento silencioso recebendo um sorriso como resposta. Não demorou muito para que a mulher desligasse o celular e voltasse a atenção para a interação em família. – O momento da refeição é sagrado, não deveria tocar em trabalho enquanto está na mesa.

Seung Ja deu uma risada leve com divertimento. Guardou o aparelho em sua bolsa que estava em uma cadeira ao seu lado e cruzou os dedos sobre a mesa.

— Eu realmente não devo ter nenhuma moral para receber bronca do meu irmão mais novo. – Comentou, tomando um pouco de seu suco. Sua fala havia feito Seung Ri rir.

As duas mulheres haviam aguardado que o rapaz chegasse para almoçarem. Por conta de seu atraso, apenas haviam pedido apenas uma entrada. Assim que Seung Ri se sentou à mesa, ao lado da mãe no lado oposto da mesa em que sua irmã estava, os empregados da casa se adiantaram para servir a família. Tão logo o almoço havia sido servido, o rapaz sentiu falta de um dos integrantes da família.

— Joon Young está na casa do Kyung Joon. – Seung Ja não quis entrar em muitos detalhes. Havia poucas semanas que havia concluído o processo de divórcio com Kyung Joon, mas estavam separados há mais tempo.

O casamento durou longos dezessete anos entre trancos e barrancos, ou melhor, mais barrancos do que trancos até que sua irmã finalmente decidisse pelo divórcio. O que a motivou a isso foram as diversas traições de Kyung Joon. O mesmo sequer se negou a esconder o adultério, pelo contrário, ainda havia a humilhado, sugerindo que apenas havia trocado Seung Ja por um “modelo mais novo”. A nova madrasta de seu filho parecia ter recém saído do ensino médio, tinha apenas vinte e dois anos e um belo par de seios, não muito diferente das outras amantes que tinha tido durante todos aqueles anos. O processo de separação havia sido bastante doloroso e devastador para Seung Ja, além de que a relação abusiva havia destruído boa parte de sua autoestima. Apesar de ter feito quarenta anos recentemente, possuía uma beleza invejável e um corpo estonteante que escondia por detrás de roupas fechadas e entediantes.

Joon Young, o único fruto que considerava positivo de seu relacionamento com Kyung Joon, era mais parecido consigo do que com seu antigo parceiro, tanto fisicamente quanto em personalidade. O rapaz tinha apenas quinze anos e possuía uma beleza notável, era um bom aluno, mas era mais quieto e reservado, até mesmo com sua própria família. Apesar da tamanha semelhança, no entanto, não possuíam o melhor dos relacionamentos. Desde que Kyung Joon havia se mudado, percebeu que não conhecia muito seu próprio filho. Por se manter sempre tão ocupada com o trabalho, havia negligenciado sua função como mãe diversas vezes, o que havia apenas fortalecido os laços de seu filho com o pai. Por consequência, desde o seu divórcio, seu filho se mantinha distante o máximo que podia, mesmo que a guarda do garoto fosse dela. Sentia que Joon Young a culpabilizava pelo fracasso de seu casamento, afinal, se fosse mais presente, provavelmente Kyung Joon não teria procurado suprimir a falta dela em outro relacionamento.

No fundo, Seung Ja acreditava nisso também, mesmo que Seung Ri, o único que realmente a apoiou durante todos os momentos difíceis lhe apontasse o contrário. Sua mãe, mesmo que nunca tenha gostado realmente de seu ex-marido, havia sido contra o divórcio. Para ela era um ultraje uma mulher se divorciar, era como se houvesse falhado no dever de ser uma esposa. Seus filhos sabiam bem como sua opinião antiquada não era incomum na sociedade em que viviam, mas ainda assim isso trazia alguns conflitos entre as duas mulheres. Sobrava, na maioria das vezes, a função de acalentar os ânimos exaltados para o irmão mais novo. No entanto, não era apenas Seung Ja que era alvo dos comentários impertinentes de sua mãe. A idosa pescou um pedaço do filé mignon em seu prato, voltando-se para o caçula da família Lee.

— Arranjei um encontro para você com a filha mais nova de um amigo da família. Você o conhece, ele é o diretor executivo da Monarch Company. – Anunciou. Não havia muita surpresa nisso, já que era frequente que a matriarca da família arranjasse esses encontros.

Seung Ri evitou revirar os olhos. Sua mãe insistia que deveria se casar, uma vez que “estava passando da idade de se estabelecer com alguém”. Periodicamente, lhe arrumava alguns encontros com mulheres, a maioria filhas de grandes empresários, e o desfecho era sempre o mesmo: sentia-se frustrado por sempre encontrar mulheres com pensamentos bem fúteis. Talvez fosse um pensamento um tanto ingênuo de sua parte, mas gostaria de conhecer uma pessoa que pensasse em algo mais além do que a junção de duas grandes fortunas. Não que fosse um romântico incorrigível, mas queria se envolver com alguém por quem realmente nutrisse um sentimento e esperava ser correspondido. Costumava ir aos encontros por consideração à mãe e era cortês com as pretendentes, mas até então nunca havia tido interesse por qualquer uma das mulheres com quem havia se encontrado. Tendo percebido a insatisfação do rapaz, a idosa logo se adiantou com o mesmo discurso que o filho já conhecia de cor.

— Você precisa se casar, já tem trinta anos. Se não se casar logo, quando terá filhos? – Doo Na questionou, ranzinza. – Quero morrer depois de ver meus netos.

— Desse jeito, você magoa os sentimentos do Joon Young... – Brincou. A idosa se reiterou. Tinha um grande afeto por seu único neto e isso era inegável, mas tinha preocupação por ser mal compreendida pelo recente divórcio de sua filha. Seung Ri tomou a mão de sua mãe, agora falando com mais seriedade, apesar do tom de voz ameno. – Eu irei para esse encontro, mas não espere nada mais do que apenas isso de mim.

Apesar de não estar satisfeita com a resposta, a idosa não entrou em uma discussão. Após o almoço, os filhos da família Lee se despediram de sua mãe, uma vez que precisavam voltar às suas atribuições na empresa. Decidiram retornar no carro de Seung Ja, uma vez que iriam para o mesmo destino, deixando o carro de Seung Ri aos cuidados de seu motorista.

— Sabe que a mamãe não vai sossegar até te ver casado... – Seung Ja parecia mais relaxada após deixar a mansão da família. Durante o almoço quase havia entrado em uma nova discussão com a matriarca, mas Seung Ri havia se adiantado para acalmar as duas.

— Eu ficaria surpreso se ela desistisse da ideia. – Comentou com certo humor. – A senhora Doo Na é teimosa demais. Não é atoa que vocês brigam tanto, são muito parecidas.

Sentiu que Seung Ja lhe estapeava com os olhos, mas não ouviu uma objeção sobre isso. Ambas as mulheres eram muito fiéis aos seus pensamentos, por isso frequentemente se chocavam quando discordavam de alguma coisa.

— De qualquer maneira, mas não vai machucar ir à esse encontro. A pessoa com quem me encontrarei também vai estar dispondo do tempo dela para isso, além de que não é muito educado cancelar ou deixar a pessoa esperando. – Para Seung Ri já havia se tornado um costume nos últimos tempos. Sempre era cortês quando rejeitava as pretendentes.

— Não querendo dar uma de intrometida como a mamãe, mas me pergunto quando alguma mulher atrairá seu interesse. – Seung Ja confessou. Ainda que defendesse os interesses do irmão mais novo, ainda assim ficava curiosa sobre isso.

Seung Ri deu um leve sorriso, absorto em pensamentos. Procurou no bolso de seu blazer o papel que envolvia o café que havia recebido da mulher com quem havia esbarrado algumas horas mais cedo. Em um garrancho de quem provavelmente havia escrito com pressa, havia o nome Cha Se Young. A gentileza e a timidez da mulher eram algo que a tornavam adorável à primeira vista. Quando a mesma traduziu o sentimento que procurava para o seu projeto, isso o atraiu e soube imediatamente que precisava de alguém como ela na equipe que produziria a propaganda de seu material. Entretanto, também se pegava pensando no quão intrigante era a mulher que havia lhe acertado com as portas giratórias.

— Quem sabe? – Refletiu enquanto brincava com o pedaço de papel em mãos. – Talvez isso aconteça mais cedo do que você pense...

.

.

.

— Rapaz... Um zumbi parece mais vivo do que você... – Do Ji Soo sentiu cheiro de café antes de alguém se apoiar em seus ombros. Para se aproximar com tanta intimidade, sabia que era Hae Kook, seu colega de trabalho.

Ji Soo trazia uma pilha de contratos revisados para serem assinados pela diretora executiva que ainda não tinha voltado. Seu trabalho como assistente pessoal era bastante corrido e cansativo, colocava-o como uma espécie de garoto de entregas, levando e trazendo documentos a cada minuto, marcando compromissos na agenda de sua chefe, entre outras tarefas. Até algumas semanas atrás, Ji Soo não tinha muitos problemas quanto às suas funções, mas desde que sua esposa, Do Mi Nah, havia dado a luz à filha do casal, a rotina da família havia o desgastado enquanto tentava equilibrar suas responsabilidades de pai com a rotina profissional. Embora sua esposa fosse quem tomava conta da criança pela maior parte do tempo, por conta do período de amamentação, ainda assim auxiliava a esposa com os cuidados com o bebê, muitas vezes interrompendo o sono pela madrugada para alimentar, limpar e aninhar sua filha e no dia seguinte precisando acordar cedo para trabalhar.

— Eu não dormi muito bem ontem... – Ji Soo admitiu, parecendo um pouco mal humorado, diferente do habitual. Antes que pudesse falar algo mais, Hae Kook comentou com certo humor malicioso.

— E não parece que perdeu o sono fazendo... Bom... Você sabe o quê. – O mesmo bebericou de seu café o olhando com divertimento.

Para Ji Soo, o que mais o frustrava além da rotina cansativa era a ausência de intimidade entre o casal. Desde que sua esposa havia entrado no terceiro trimestre de gravidez até o momento atual, não haviam tido oportunidade para uma relação mais íntima. O puerpério para Do Mi Nah estava se mostrando um período difícil e sua recuperação do parto seguia-se mais lenta que o esperado, o que frustrava Ji Soo quanto às suas necessidades.

— Eu não vou comentar sobre a minha intimidade com você. – Ji Soo se desviou do assunto.

Isso apenas fez com que Hae Kook risse com divertimento. Sendo um homem solteiro com vinte e dois anos, o rapaz gostava de aproveitar bem seu tempo livre indo à boates e visitando a cama de diversas mulheres, o que significava que a vida de pai de família de Ji Soo, que era apenas três anos mais velho, era quase um entretenimento para o mesmo. Queria evitar casamento e filhos o máximo que pudesse, gostava de viver daquele modo. Seguiram em uma conversa trivial enquanto voltavam para o departamento financeiro ao mesmo tempo em que a diretora executiva se aproximava pelos corredores. Usava um terninho na cor castanho escuro sob um sobretudo preto um tanto sem graça e os cabelos presos num coque severo. Enquanto passava pelos corredores, os empregados a cumprimentaram com polidez. A mesma sumiu em sua sala, como normalmente fazia. Ao contrário da fama de simpático e benevolente do CEO da IT Tecnology, a diretora executiva era colocada como uma chefe bastante rígida e antipática. Mesmo que nunca houvesse abusado de sua autoridade com os funcionários, muitos acabavam andando na corda bamba com a mesma por ser bastante exigente quanto à qualidade do serviço de seus subordinados.

— Essa mulher me dá arrepios. – Comentou Hae Kook fazendo uma careta. – Tem um corpo incrível, mas é arrepiante. – Ji Soo franziu o cenho quanto ao comentário do amigo. Percebendo o estranhamento do rapaz, ficou tentado em provoca-lo. – Ah, qual é, não me diga que nunca reparou naquele corpão?

Ji Soo nunca havia reparado, pelo menos não até aquele momento. Nunca havia visto sua chefe com outro olhar, havia uma leve antipatia causada pela relação profissional que possuíam que o cobria de enxerga-la de outra forma, mas não pôde deixar de refletir depois do que amigo disse. De fato, a diretora executiva possuía uma beleza notável, ainda mais para uma mulher com seus quarenta anos. Os quadris largos, a cintura fina, o busto avantajado ainda podiam ser contemplados, mesmo sob roupas tão sem graça e que desvalorizavam seus atributos. O rosto ainda era jovial, mas seu auto cuidado era tão decadente que a fazia aparentar ser mais velha do que realmente era. Ji Soo concluiu que se a mesma se cuidasse de maneira decente, poderia ser considerada ainda mais bonita que a maior parte das funcionárias da empresa. Balançou a cabeça brevemente, se livrando dos pensamentos.

— Você deveria se tratar... – Murmurou antes de deixar o amigo para trás. Pegou o café que o mesmo trazia, ouvindo-o resmungar, e seguiu para o escritório da diretora.

Deu dois toques na porta antes de adentrar a sala, encontrando a diretora em seu telefone. Enquanto retirava seu sobretudo, a mulher parecia discutir ao telefone. Pensou em se virar e sair, mas o gesto silencioso da chefe pedindo para que esperasse o fez hesitar. Deixou a pilha de autorizações sobre a mesa de mogno branco enquanto aguardava que a mesma finalizasse a ligação. A verdade era que Ji Soo não se sentia confortável ouvindo a conversa pessoal de sua chefe. Sabia que a mesma havia se divorciado à pouco tempo, tendo acompanhado algumas de suas conversas particulares por ser seu assistente pessoal, mas nunca havia comentado com outras pessoas sobre tais conversas, nem mesmo com Hae Kook. Frequentemente refletia sobre por que a chefe não se incomodava com sua presença quando falava sobre coisas tão pessoais ao telefone, entretanto nunca pensou num motivo específico. Talvez achasse o rapaz de certa forma tão insignificante que sua presença nem era tão relevante.

— Como assim você mandou o Joon Young de volta? Você disse que iria passar o final de semana com ele! – A mulher parecia bastante irritada, andava de um lado para o outro com uma das mãos em sua cintura. – Ele esperou a semana inteira para viajar com você e agora você o descarta para ficar com a sua namoradinha? – Ji Soo podia ouvir uma voz masculina do outro lado da linha. Mesmo que não conseguisse entender bem, deduziu que fosse seu ex-marido. – Não altere as minhas palavras, eu não deixo meu filho de lado por qualquer coisa como você!

Ji Soo havia conhecido o ex-marido de sua chefe em uma festa beneficente. Suas primeiras impressões sobre o homem era de que o mesmo era bastante inteligente e sacana, o tipo de pessoa que o causava desconforto apenas por se estar perto. Desconfiava que pelo mesmo motivo, sua chefe havia o evitado o máximo que pôde durante o evento com desculpas de que seu ex-companheiro estava conversando com seus próprios amigos para alguns convidados mais intrometidos.

— Você fez uma promessa para ele, imagine como ele deve estar se sentindo agora? – A resposta do homem parecia tê-la deixado incrédula. – Eu não consigo entender como você pode se considerar um pai... – Ela desligou o telefone, passando a mão pelos cabelos enquanto tentava se acalmar.

Ji Soo deixou o copo de café em frente à mulher. Por trabalhar tão próximo à mesma, já conhecia algumas de suas manias e o seu temperamento. Sabia que apenas iria querer beber algo, mesmo que não fosse seu café favorito e se sentaria em sua mesa pedindo a atualização de todas as tarefas que precisava cumprir e as que já foram cumpridas. Como se estivesse tendo um déjà vu, a mulher seguiu fazendo exatamente o percurso que havia imaginado. Seguiu o roteiro, lendo toda sua agenda de compromissos para o final do dia e para o dia seguinte, alertando-a sobre alguns compromissos mais importantes no resto da semana, além de repassar todas as tarefas pendentes e cumpridas. Tendo cumprido sua tarefa, o mesmo foi dispensado de sua sala. Rumou para a porta, mas antes olhando uma última vez para a chefe, percebendo-a mais cansada que o habitual, mas ainda assim resistindo como sempre fazia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Between Lovers" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.