Wedding lost escrita por Kris Loyal


Capítulo 4
Capítulo 4 – Qual era o problema dela?


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI



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Foi visivelmente cansativo. Peeta passou quase uma hora batendo na porta, pedindo para que ela abrisse e pudessem conversar. Não houve retorno, mas a insistência do loiro era até admirável.

“Culpa.”  Pensou, Katniss. Não devia ser nada além de culpa.

“...você não precisa ficar preso a esse casamento infeliz” Lembrou-se do trecho da mensagem. Até uma atirada e sem cérebro como aquela loira percebera que ele estava infeliz. Como não perceberia? Está no olhar dele, está no modo irritado que ele faz tudo, está no jeito que ele trata tudo a sua volta.

 Não abriria a porta para ele. Não queria que ele a visse como estava, sentada dentro da banheira seca, a pouca maquiagem que tinha nos olhos borrada pelas lágrimas. Muitas lágrimas.

Queria ser forte o suficiente para simplesmente o encarar e dizer que ele podia contratar um advogado e ela assinaria o divórcio. Queria ter coragem de olhá-lo como se aquilo não a tivesse afetado, mas a verdade é que estava destruída. Arruinada.

Ela não esperava isso de Peeta. Não, não dele. Peeta sempre fora tão sincero com ela, que a morena sempre acreditou que mesmo com seu casamento indo tão mal ele não a trairia daquele jeito, ele chegaria a ela e diria que não valia a pena continuar.

Ela podia esperar isso de Finnick, mas de Peeta não. Não de Peeta.

— Katniss. Você já ficou a noite inteira aí. Pelo amor de Deus, abre essa porta.

 Não iria abrir. Não feriria seu orgulho se mostrando tão destroçada. Não desabaria na frente dele.

— Eu preciso... Preciso falar com você... — sua voz parecia tão mais cansada. Ela se perguntou por que ele estava se importando tanto se estava tão infeliz naquela união.

— Bem, eu vou trabalhar um pouco. Não quero que pense besteira, eu só não consigo ficar mais aqui, sendo que você não deixa nem... — parou, suspirou — Bem, quando eu chegar se você ainda estiver aqui, eu trarei um chaveiro para abrir a porta.

Katniss quase riu ao ouvi-lo resmungar “diabos de porta dura”, lembrando que ele tentou arrombar a porta de madeira reforçada três vezes, o que foi cômico por que ela nem chegou a mexer.

Depois, silêncio. Ele se fora e ela voltou a sentir vontade de chorar. Levantou-se e olhou-se no espelho, tendo uma visão bem lamentável de si mesma: olhos vermelhos e inchados, olheiras muito perceptíveis pela noite sem dormir, lábios machucados de tanto que os mordeu.

Foi até a janela do quarto e ainda conseguiu chegar a tempo de ver o marido sair de casa. Tão encantador em seu terno azul escuro e sua camisa branca. Ela podia, mesmo sem estar perto, sentir o cheiro daquela camisa, o cheiro dele, que nunca saía. Nita dizia que o patrão era o homem mais cheiroso que ela conheceu na vida e Katniss sempre ria e concordava.

Porém quando seu olhar chegou ao rosto dele, ela soube que, assim como ela, Peeta tinha penado essa noite. Ela não queria se sentir alegre por isso, mas não conseguiu segurar o riso pequeno e singelo ao pensar que aquela noite mal dormida estampada no rosto dele tinha sido por ela.

Ele nunca tinha dormido mal por a tal Cash, tinha?

“Na verdade sim, porém fazendo coisas melhores que chorar” sua mente perversa já acusou.

Balançou a cabeça querendo espantar o pensamento. Não queria se torturar mais e nem podia. Na noite anterior, prevendo o que aconteceria, Katniss pediu para que Ryan dormisse na casa da avó, mas ele preferiu dormir na casa do amigo. O loirinho devia estar chegando e Katniss não o deixaria vê-la daquela maneira.

Tomou um banho demorado e estava terminando de se vestir, quando ouviu Ryan gritar.

— Maãe, cheguei.

Desceu as escadas e o encontrou na sala, vendo alguma coisa na tv, enquanto comia algum tipo de biscoito.

— Como foi na casa do Carl?

— Bom mãe. Você sempre pergunta isso.

— Talvez por que eu me interesse por sua vida. — respondeu, juntando os tênis que ele espalhou pelo tapete. — E pode parar de fazer bagunça na sala que a Nita arrumou. Ela não é escrava não.

Foi até a cozinha e encontrou Nita lavando a louça do café.

— Peeta comeu, Nita?

— Bem pouco. Só uma fruta e um pouco de café bem forte. Toda essa louça suja foi o Ryan, que chegou como um leão — ela riu — por algum motivo ele não quis tomar café na casa do amiguinho.

Katniss ensaiou um sorriso e pegou uma maçã das que estavam na cesta.

— Doutor Peeta não parecia muito bem quando saiu. — comentou, esperando poder ajudar se a patroa desabafasse, mas ela só desconversou.

— Isso é lixo, Nita? Eu vou levar lá para fora.

Antes que a ajudante de meia idade pudesse dizer qualquer outra coisa, Katniss já estava na frente de casa, se dirigindo ao lugar onde havia coleta de lixo.

Ao abrir o portão, Katniss olhou para a casa vizinha e percebeu a movimentação.  Com mais alguns minutos de observação, ela percebeu que alguém estava se mudando para a casa que tinha ficado três anos fechada.

Não que não fosse nítido que alguém viria: toda semana pessoas entravam e arrumavam alguma coisa quebrada. Porém naquele dia, ao que parece, os novos vizinhos estavam chegando.

Carregando uma caixa pesada para dentro da casa, havia uma senhora, que já aparentava ter seus setenta anos, mas que ainda sorria parecendo interiormente juvenil. Seus cabelos brancos lhe chegavam abaixo dos ombros e ela não os prendia, deixando-os cair em uma bagunça alegre por suas costas.

No meio do caminho até a porta, a idosa repousou a caixa no chão, em claro sinal de cansaço. Em instantes, Katniss se viu andando ao encontro dela, para ajudá-la a carregar.

— Acho que posso ajudar. — pegou a caixa, antes mesmo de se apresentar e ouviu a risada cansada da senhora.

— Eu pensei que não viria mais. Estava ali me olhando como uma boba. — Katniss olhou para ela e era totalmente engraçado que aquela idosa falasse com ela como se a conhecesse há tempos.

Colocando a caixa no chão da sala, Katniss se endireitou para se apresentar:

— Sou Katniss. Sou sua vizinha, eu acho. Bem, a senhora vai morar aqui, não vai?

— Vou. — riu — É um prazer pequena Katniss. Eu sou Mags.

— Mags. — Katniss repetiu e sorriu. Aquele nome tinha um som tão alegre em seus lábios.

Segundos depois e passos descendo a escada chamou a atenção das duas, que se viraram, até que viram dois rapazes, um que aparentava ter não mais que vinte e dois anos e outro mais jovem, com aproximadamente dezessete.

— Já está tudo lá em cima, Vó. Amanhã Loreen e mamãe virão ajudá-la a organizar.  

— Tudo bem, querido. Obrigada aos dois. Agora podem ir fazer qualquer coisa divertida que jovens fazem. Estou com minha nova vizinha Katniss e ela tomará um café comigo. Claro, se acharmos as xícaras.

Katniss sorriu e observou os dois garotos beijarem Mags no rosto, antes de saírem apressados pela porta.

— Muito bem, vamos procurá-las.

A mais nova tentou argumentar que não estava com fome e que não precisariam mexer em tudo à procura de duas xícaras, mas a velhinha era insistente e não se deixou levar por nada.

— Aqui. Duas xícaras. Não são as melhores que eu tenho, mas vão servir. Me ajude com a chaleira que está naquela caixa. Vou pegar o pó e o açúcar. Você toma com açúcar ou com adoçante, meu bem?

— Açúcar mesmo.

Quinze minutos depois e ambas estavam sentadas na bancada da cozinha, tomando o café quente. Katniss observou que devia ter tomado um desses antes, pois estava lhe fazendo muito bem.

— Onde está seu marido? — começou Mags — Ah, ele é um doce.

— A senhora conhece Peeta?

— Oh, sim. Ele estava por aqui em quase todas as vezes em que estive aqui antes de me mudar. Você sabe, fechando negócio, arrumando o que estava fora do lugar...

— Sim, sim. A casa estava fechada há muito tempo.

— Ele não comentou com você? — perguntou, olhando-a direto nos olhos.

— Não. Deve ter esquecido.

— Pode ser. — Mags parou e a observou. Passou seus olhos por todo o rosto da mulher jovem a sua frente como se a analisasse antes de falar — Você não me parece nada bem, criança.

Katniss baixou os olhos e passou o dedo pela superfície da xícara. Tomou mais um gole do café e encarou a senhora. Encarou, encarou, até que de repente, explodiu.

— Não, eu não estou mesmo bem. Não estou nada bem. Meu casamento vai mal há três anos, eu não sei o que fazer quanto a essa situação nem o que foi que eu fiz para que ficasse desse jeito. Meu filho não tem relação nenhuma com o pai e tem dificuldade até de cumprimentá-lo. Minha irmã está feliz com o noivado dela, o que deveria me deixar contente, porém eu ando me odiando por estar morrendo de inveja dela. Minha prima passa na minha cara que é feliz no casamento dela com aquele grandão sem cérebro do Gloss, por que ela ouviu fuxicos de que a minha união conjugal está como o Titanic no dia do naufrágio. Meu ex voltou de não sei onde diabos e me atormenta que isso possa incomodar Peeta de alguma forma, aliás , Peeta esse que está me traindo com uma vaca loira.

Quando parou, a morena teve que respirar três vezes para recuperar o fôlego que gastou falando todas aquelas palavras sem pausa alguma. Depois disso se sentiu envergonhada. Aquela mulher tinha se tornado sua vizinha há menos de uma hora e ela já estava despejando seus problemas sobre ela, como se sua vida pessoal fosse um livro aberto.

— Me desculpa, Mags... Eu não quis... Eu só estava muito cheia, guardando tudo isso pra mim. Quer dizer, nem à Madge eu tenho dito essas coisas e ela é o mais próximo que eu tenho de uma amiga... Bem, vamos esquecer tudo isso — tentou sorrir — me fale sobre você.

Mags continuava calada, a analisando do mesmo modo que ficou quando ela começou seu monólogo. Depois de vários segundos de silêncio, a senhora se pronunciou:

— Sobre o seu casamento... O que mudou?

Katniss olhou para ela como que querendo entender onde ela queria chegar. A idosa fez um sinal para que ela falasse.

— Bem... Antes ele não tinha dinheiro, hoje tem. Antes conversava comigo, hoje não mais. Antes só discutia comigo quando havia mesmo uma razão, hoje eu nem sei por que brigamos tanto. Antes Peeta era mais carinhoso, mais... Amável comigo, mas hoje ele só chega perto de mim quando estamos em público, o que é uma hipocrisia total. Antes...

— Tá, okay, já chega. — Interrompeu a idosa — Até agora você só falou do que mudou em Peeta. Quero que fale em que você mudou.

Ouve silêncio por algum tempo. Depois, com voz baixa Katniss começou:

— Bem, eu... Eu não reclamava tanto naquela época. Não era tão estressada e, aliás, eu nem sei por que ando tão irritada o tempo todo. Eu sorria mais antes, e brincava com ele e Ryan como se fossemos crianças — sorriu — nós jogávamos futebol no jardim e depois eu sempre acabava brigando com Ryan por jogar a bola nas flores e quebrá-las. Peeta só ria. Eu o abraçava sempre que ele chegava do trabalho e ele estava quase sempre animado a contar o que fez por lá, a não ser nos dias em que ele tinha problemas com campanhas importantes. Bem, agora ele não precisa mais de abraços meus, pois já vem abraçado de lá. — completou com amargura.

— Hum. Sobre seu filho, qual o problema dele com Peeta?

— Não sei. Ryan é muito apegado a mim e acho que como Peeta se afastou de mim ele...

— Ele se afastou do pai. — completou Mags — Entendo.

— Sobre a traição de Peeta, você tem mesmo certeza?

— Antes não tivesse. — riu tristemente — Ela mandou uma mensagem para ele dizendo que “beijá-lo foi a melhor coisa que aconteceu a ela em meses”.

— Hum. — murmurou Mags, depois ficou em silêncio.

 — Eu acho que vou... — Katniss começou quando pensou que ela não diria mais nada.

— O que você fez, Katniss? Digo, depois que viu a mensagem.

— Nada. Me tranquei no quarto como uma idiota e fiquei chorando lá até hoje de manhã. Patético, eu sei.

— Sim, com certeza patético. Mas não foi a pior escolha, pelo menos. — ela parou um pouco antes de continuar — Veja bem, você não terá mais problemas com sua irmã e o noivo, nem com sua prima e muito menos com seu ex e só precisará fazer uma coisa: arrumar essa bagunça de casamento.

Katniss abriu a boca para falar, mas foi interrompida pela senhora que levantou o indicador, parando-a e insistindo em falar firme:

— Não quero que comece de novo a apresentar suas lamúrias sobre como seu casamento está um fiasco, Katniss. Eu só quero me responda uma coisa: Você ainda o ama? Seja sincera, não minta para mim nem para si mesma.

A morena desviou o olhar dela e se sentiu envergonhada por saber a resposta. Se sentiu humilhada por si mesma ao perceber que mesmo sendo traída a resposta era sim. Mas não iria deixar que aquela vergonha a fizesse mentir para Mags ou para quem quer que fosse. Enfrentaria aquilo tudo sem enganar a si mesma ou a ninguém, como devia ter feito há muito tempo. Por isso quando levantou os olhos e encarou Mags, teve segurança quando balançou a cabeça em sinal positivo.   

— Ótimo. — sorriu a idosa — Então vamos salvar esse Titanic antes que ele naufrague. — Mags não conseguiu ver esperança no olhar de Katniss, então pegou sua mão firmemente antes de falar convicta — Não se preocupe, vamos salvar seu casamento, querida.


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Notas finais do capítulo

Ai gente quem mais amou a Mags além de mim? ashuhdusahds
Nos próximos capítulos se iniciam as "ações salvadoras de casamento" apresentada por Mags e vamos ver se vai dar certo com esse casal complicado...
Espero vocês nos comentários !!
Bye ;)



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