Wedding lost escrita por Kris Loyal


Capítulo 3
Capítulo 03 – Qual era o problema dele?


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Estão bem?
Desculpem pela demora, ok?
Vamos lá!



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Já tinha olhos tão fundos antes?

Peeta se olhava no espelho e era nisso que pensava: desde quando aparentava estar tão acabado assim?

Ele sabia; eram as preocupações. Não com a empresa, com ela ia tudo bem, o problema mesmo era Katniss. Sempre Katniss.

O loiro desabou na cama relembrando que todos os seus problemas tinham a ver com Katniss, desde que a conhecera; na adolescência, na juventude e na vida adulta.

Fosse por preocupação, ciúmes, mágoa ou amor excessivo, Katniss sempre lhe era um maldito problema, ao mesmo tempo em que era uma doce solução.

Ela era, tanto antes quanto agora, como café: é viciante e lhe causa dependência, mas você não deixa. Simplesmente não pode deixar, por que sua vida é melhor com aquele vício desgraçado. Ele lembrou-se de como a morena o magoou quando na adolescência decidiu por aceitar seu pedido de namoro e duas semanas depois dizer-lhe que não o queria mais, pois tinha ouvido falar que “Finn” voltaria. Finnick não voltou. Ela escondeu, mas Peeta sabia que tinha chorado por dias. Três semanas depois Katniss voltou para ele.

 Recordou-se de como o machucou quando Ryan nasceu e ele a ouviu falar a Madge que sempre sonhou em ter um filho e colocar seu nome de Finnick. Ela deu risada depois como se fosse uma bobeira, mas Peeta nunca esqueceu aquilo. Ela olhava para o seu filho pensando que podia ser de outro cara?

Katniss nunca soube que ele tinha ouvido aquela conversa.

Ou quando na primeira discussão que tiveram depois de casados, ele a ouvira sussurrar algo como “Finn nunca falaria comigo desse jeito”, quando virou as costas para sair da sala. Ele queria gritar na cara dela que Finnick, o adorado “Finn” que ela tanto defendia a tinha deixado para trás, que a tinha trocado por uma banda de bar, que ela nunca foi suficiente para fazê-lo ficar, que ele podia hoje até ser um bêbado que bateria nela todas as noites. Queria gritar aquilo tudo na cara dela para magoá-la, para machucá-la do mesmo jeito que ser comparado á aquele cara o machucava, mas não fez nada. Naquela noite, ele foi para seu quarto e se sentiu deprimido, por que o único pensamento que lhe vinha à cabeça era: Por que ele nunca conseguiu o amor daquela mulher? Ele a amava tanto. Fora ele quem a amou e cuidou quando o imundo do Odair a deixou quebrada. Fora ele quem trouxera o sorriso de volta a seus lábios.

Casou-se com ela, teve um filho com ela, levantou uma empresa milionária pelo bem estar dela.

Por que ela não podia simplesmente amá-lo?

E agora o odioso Odair voltara, e trazia com ele o inferno da inquietude em sua mente. Seu casamento já não ia bem desde algum tempo, confessara a si mesmo, e a coisa toda estava para piorar agora que o outro havia voltado, Peeta tinha certeza.

Levantou-se de sua cama e foi ao criado mudo, tomar um pouco de água da jarra de vidro que sempre jazia ali.

Sua cama.

Sim, sua, recordou-se. Já não dividia a cama com Katniss há alguns meses. Foi depois de uma discussão que a deixou tão irritada que ela dormiu no quarto de Ryan. Daquele dia por diante, ela levara todas as suas coisas para o quarto de hóspedes e se alojara lá, sem comunicar, discutir ou protelar. Já faziam mais de quatro meses e seu cheiro até já havia saído do travesseiro ao lado.

Seu celular vibrou com uma mensagem de sua secretária:

“Peeta, a reunião para o comercial da empresa de carne bovina foi adiada. Eles também falaram que as informações que eu lhes mandei por e-mail estavam um pouco dispersas. Que chatos. Quem usa a palavra “dispersas”? Ninguém sabe o que quer dizer, afinal. Você sabe o que quer dizer dispersas? Creio que não. Ou sabe, porque você é encantadoramente nerd.

Poderíamos ir à aquele café hoje a tarde para conversarmos. Sobre esse projeto, é claro. Me responda assim que ver essa mensagem, por que eu sei que você está planejando demorar.

Beijos.

Cash.”

 Peeta se arrependia amargamente por não tê-la tratado formalmente desde seu primeiro dia de trabalho. Ele tinha contratado Cash para fazer um favor a um grande amigo, e ela era até legal, mas desde que se divorciou há dois anos, está desesperadamente desesperada para se casar de novo. No começo, só o que incomodava era o modo como ela o tratava, como se fosse amiga íntima dele, na frente de outros funcionários. Isso o irritava, mas ele nunca disse nada, para evitar, pelo menos naquele momento, um constrangimento. Depois do divórcio tudo ficou pior, pois de algum jeito ela soube algo sobre o casamento do chefe estar mal e agora sempre que podia lançava-lhe flertes velados.

Cashmere era bonita, loira e alta, com belos olhos claros, mas Peeta tinha em mente que, se um dia fosse trair Katniss ou deixá-la por outra pessoa, com certeza não seria por alguém como Cashmere que conseguia transformar uma simples mensagem de aviso em um texto de 92 duas palavras.

“tudo bem, Cash. Só não se atrase, okay?

Duas horas.

P.”

A mensagem de resposta chegou meio minuto depois.

“Duas em ponto, chefinho.”

O loiro suspirou e enfim saiu do quarto. Já era hora do almoço, pois ele tinha dormido até muito mais tarde aquele dia. Era sua folga e o que menos queria era levantar cedo, encontrar Katniss e lhe dar a oportunidade de falar sobre a volta do Odair.

Desceu as escadas devagar, se sentindo doído por ter feito tantas flexões antes de se deitar na noite anterior. Tomara esse hábito depois que se casou: quando se estressava muito, fazia exercícios físicos ou corria. Pelo menos lhe dava bons resultados no corpo.

Nita já preparava a mesa na sala de jantar e lhe chamou atenção a quantidade de pratos sobre mesa.

— Só um prato? Onde estão Katniss e Ryan?

— Ryan almoçou cedo para ir para um treino de basquete com os amigos, senhor. E dona Katniss, não almoçou e disse que não almoçaria agora. Ela foi em direção ao estúdio de dança, lá em baixo.

Katniss sempre gostou de dançar. Logo quando começaram a namorar e Peeta conheceu esse lado dançarino dela, lhe encantava qualquer movimento corporal que ela fazia. Lembrou-se de que a tempos não a via dançar.

— Ela ainda dança com frequência, Nita?

— Sim senhor, na maioria das tardes. Quando o senhor está na empresa. 

Peeta almoçou rapidamente, sem sentir o gosto da comida. Seus pensamentos estavam longe e o silêncio da sala de jantar não o ajudava a voltar-se ao seu tempo, ali naquela mesa, naquela casa.

Quando terminou, desceu pela escada lateral da casa. Ela era de vidro fumê e ele sorriu ao lembrar o quanto Katniss gostou daquela escada. Quando o primeiro lance acabou, ele se viu parado na galeria que havia ali. O piso nessa parte também era de vidro fumê e dali de cima, conseguia observar Katniss na sala de vidro à frente. Aquele cômodo de dança tinha dado trabalho para ser construído por ser cercado por um vidro que por fora, era quase transparente, dando uma clara visão do que acontece lá dentro, enquanto que do lado de dentro as paredes eram cobertas de espelhos que refletia a imagem de quem estava dentro.

O loiro perdeu as contas de quantas vezes sentava-se nessa mesma escada e a observava dançar, sem que ela nem imaginasse que ele estava ali. Isso acontecia quando eles discutiam e ele queria parar para pensar. Vê-la ali, tranquila em seu mundo, o fazia tentar entender o que estava dando errado.

Ficou ali, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Queria salvar seu casamento, queria dizer a Katniss que a amava e que ficar brigado com ela por tanto tempo o estava matando, além de estar matando tudo ao redor dele: sua relação com seu filho, com seus amigos, com sua sogra, com sua cunhada... Mas depois percebeu, magoado, que todas as vezes em que algo ruim acontecia na relação deles era ele quem concertava. Era ele quem pedia desculpas, era ele quem a agradava com um jantar ou coisa assim, era ele quem apaziguava a tempestade. Katniss nunca movia um dedo para melhorar sua situação com o marido.

Talvez isso fosse um sinal desde o início. Um sinal de que ela não se importava, que não tenta amenizar as coisas por que queria que ficassem insustentáveis para que ela possa ir embora sem se sentir culpada. Ele sempre tentava melhorar as coisas por que a amava, ele sabia. Se era seu amor por ela que o motivava, observar que ela não tinha motivação só podia dizer que ela não o amava mais. Ou nunca o amou.

Parou de pensar nisso. Olhou-a e se sentiu tão mal. Ele se sentiria tão destroçado se ouvisse isso dela... Que nunca o amou, que não quer esse casamento, que foi tudo um erro e que ela nunca deixou, nem por um minuto, de preferir o Odair.

Não iria interferir mais. Não tentaria recuperá-la mais. Se esse casamento fosse continuar teria de ser por interferência dela, por insistência dela e não unicamente sua.  Olhou-a dançar uma música calma mais uma vez.

— Agora vai ser com você, Katniss — murmurou.

Quando olhou o relógio e viu que era uma e meia, decidiu sair de casa afim de não se atrasar para a cafeteria com Cash.

O café não era exatamente luxuoso, mas era totalmente aconchegante. Peeta pediu um café forte e ficou esperando pela loira falante que atrasou dezoito minutos. 

— Me desculpe, Peet. O congestionamento no trânsito nessa cidade não para.

— Cash, não me chame de Peet. É constrangedor.

Ela parecia um pouco tensa, então só assentiu, com um sorriso fraco.

— Então, o que há com a publicidade daqueles caras.

— Na verdade nada, Peet... Peeta. Na verdade, eu queria te ver mesmo. Queria falar com você.

— Está com algum problema, Cash?

A moça começou a rodar o anel de prata que ela usava no anelar, e parecia repassar em sua mente o que iria falar várias vezes.

— Bem, é... É que...

— Fala, Cash. Está me deixando preocupado.

Ela hesitou um pouco mais e depois focou seus olhos azuis nele, ainda um pouco insegura. O que veio a seguir pegou Peeta totalmente de surpresa: Cashmere o beijou.

Ela ainda estava hesitante, mas não afastou seus lábios dos dele aproveitando ao máximo o contato que durou apenas alguns segundos, até que Peeta a afastasse, não bruscamente, mas devagar.

— Cash, — falou baixo — eu sou casado. Você sabe disso.

— Eu sei, eu sei, mas... Mas eu vejo o quanto está infeliz, Peeta. Eu ouço você discutir com sua esposa pelo telefone, uma esposa que nunca foi na sua empresa nesses dois anos que estou trabalhando lá. Ela não se interessa pelos seus interesses, não te entende quando conversam, não te faz sorrir... Por Deus, Peeta! Eu nem sei o nome dela direito, por que você está sempre chateado demais para pronunciar.

Peeta baixou o olhar se sentindo triste pela veracidade das palavras dela. Ele ainda não entendia como tinham chegado naquela situação.

— Isso não muda o fato de que eu sou casado, Cash. — respondeu ele, ainda mais baixo.

— Você pode se divorciar. Eu... Eu — pegou a mão dele na mesa — eu posso te fazer feliz. Eu posso. Sei que posso. Você só precisa deixar.

Um silêncio cercou a mesa e depois do que pareceu anos, Peeta o rompeu:

— Me desculpe, Cash. Eu não posso ajudar você.

Levantou-se da mesa deixando o dinheiro do café que tomou e quando passou pela loira, pousou a mão em seu ombro por alguns poucos segundos, antes de murmurar um “boa sorte” e sair.

Não foi direto para casa. Deu voltas e voltas com o carro e apesar de ser tarde, decidiu ficar sentado em um banco de praça por alguns instantes. Depois que percebeu que tinha deixado o celular em casa, decidiu voltar, pois já estava tarde e Katniss poderia ficar preocupada.

Quando enfim chegou, o silêncio era ensurdecedor. As luzes estavam apagadas e ele achou estranho, pois não cria que a esposa já estivesse dormindo. Quando ascendeu a luz da sala a encontrou, sentada encolhida no sofá, enquanto encarava o celular dele que descansava, no centro da sala.

— Katniss? Está tudo bem?

Ela nada respondeu, apenas continuou olhando o celular fixamente.

— Katniss? — chamou-a novamente, porém foi em vão. Notou que o celular estava destravado e sua tela brilhava. Decidiu pegá-lo e ver o que ela tanto olhava.

“Não quero que fique chateado comigo pelo que aconteceu. Eu gosto de você Peeta, estou apaixonada por você a mais tempo do que comecei a demonstrar. Eu já te disse, você não precisa ficar preso a esse casamento infeliz. Você não merece isso, acredite. E apesar de tudo, beijar você foi a melhor coisa que me aconteceu em meses.

Cash.”

Virou-se para onde Katniss estava, com todas as palavras vindo ao mesmo tempo à sua boca para tentar explicar. Porém nenhuma delas saiu, quando percebeu que ela nem estava mais lá.


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Notas finais do capítulo

Ai gente que dorzinha no coração ashdashduhasd
E agora? Será que confirmaremos a veracidade da frase "nada está tão ruim que não possa piorar"?
Comentem para que eu veja que estão vivossss
Até mais :)



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