The Chosen Ones — Chapter One. escrita por Beatriz


Capítulo 6
Gaara: o ataque à Vila da Folha.




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Eu a reconheci no momento em que coloquei meus olhos nela no portão de entrada da Vila da Folha. Eu sabia que era seu rosto por baixo da máscara Anbu, lembrava-me de cada detalhe deste rosto que me assombrou por tanto tempo. Porém, assim como a reconheci, eu também percebi o desconforto dela quando me viu. Naquele momento, eu sabia que precisaria agir com cautela e manter uma distância segura até conseguir finalmente falar com ela. Mas eu não consegui. E ainda teve aquela garota de cabelos rosa que resolveu, por acaso, se meter na minha vida. No momento em que ela falou sobre Akemi senti uma raiva tão grande que foi quase impossível me conter para não mata-la. Akemi é um assunto meu e apenas meu, qualquer outra pessoa se metendo nisso é impensável.

Na festa, não demorou muito para que eu percebesse que a vida de Akemi mudara completamente e que ela também mudara. Ela agora tinha um namorado, um tal de Neji Hyuga que me encarreguei pessoalmente de coletar todos os dados que podia sobre ele durante o dia. Ela tinha amigos diferentes e se tornara a líder dos Caçadores Especiais Anbu. Como eu poderia sequer pensar em falar com ela se eu não tinha mais nenhum espaço em sua vida? Durante o dia, tirei esta ideia da cabeça e me contentei em fingir que não a reconhecera. 

Depois da conversa que ela tem com Kankuro, no momento em que ela sai do beco, penso em ir até ela, mas o garoto com heterocromia aparece antes que eu tenha coragem suficiente para ir e fica a observando também. Akemi não vai muito longe usando suas próprias pernas, ela anda apenas alguns metros antes de se encostar à uma parede e começar a chorar. Subitamente, um instinto protetor toma conta de mim e sinto vontade de correr até ela, mas não consigo. Não depois de tudo o que ouvi. Talvez Akemi esteja certa e a melhor coisa a se fazer é eu sair de sua vida de uma vez por todas.

Me viro para ir embora e finalmente poder tirar essa roupa ridícula que Temari arranjou para mim. É tão desconfortável que chega a sufocar. Mas antes que dê um passo escuto Kankuro saindo do beco. Fiquei tão focado em Akemi que havia me esquecido dele. Não que ele fosse realmente importante, mas continuo parado, esperando-o me alcançar. Ele chega até mim com poucos passos, está cabisbaixo e abatido, e eu sei muito bem por que. Nós andamos em silêncio por um tempo até meu irmão mais velho quebra-lo.

— Então você estava lá este tempo todo — ele diz, passando uma mão no cabelo. — Eu senti sua presença antes mesmo que Akemi tivesse acordado. Você veio atrás dela quando eu a tirei da festa ou foi apenas uma coincidência?

— Isso não é da sua conta, Kankuro — estou tão chateado que não consigo ter cabeça para começar um diálogo agora, principalmente sobre Akemi.

— Tudo bem — ele levanta as mãos, em um sinal de rendição. — Mas você ouviu o que ela disse, vai fazer o que em relação a isso?

— Nós vamos continuar com o combinado — digo, sem olhá-lo. — Vamos seguir o que Rasa nos disse.

— Você só pode está brincando — ele anda para a minha frente e me para com uma de suas mãos. — Não vai nem falar com ela? — eu não digo nada. Ele bufa. — Desde que ela foi embora da vila você ficava me falando que não acreditava que tinha sido o responsável pelo o que aconteceu com os pais dela e agora vai deixar as coisas assim? Vocês são dois covardes.

Não consigo mais controlar minha raiva. Apesar de Kankuro ser alguns centímetros mais alto que eu, o seguro pelo pescoço e o prenso contra uma parede. Pela expressão de susto que toma o rosto de Kankuro percebo que o meu próprio rosto deve estar demoníaco. Aperto mais minha mão em seu pescoço e Kankuro arfa em busca de ar. Eu quero mata-lo, é a única certeza que tenho. Estou com tanta raiva por tudo o que Akemi disse que preciso descontar minha raiva em alguma coisa, infelizmente, para o meu irmão, será nele.

— Seu eu quisesse falar com ela, eu ia. Não preciso que você e nem ninguém fiquem me mandando — digo, apertando um pouco mais seu pescoço. — Amanhã nós vamos embora e fim de papo. Não quero mais ouvir uma palavra sequer sobre ela, entendeu? — ele não consegue falar por causa da força que estou aplicando em seu pescoço, mas não me importo. Eu o afasto da parede apenas para bater suas costas nela novamente. ­— Você entendeu?

— S-sim — ele gagueja. — D-desculpe.

Eu o solto e Kankuro vai ao chão, segurando o pescoço e puxando o ar com força para dentro de seus pulmões. Eu não o espero se levantar ou falar alguma coisa, apenas dou-lhe as costas e começo a me afastar. Eu não volto para o apartamento que divido com Temari e Kankuro, ao invés disso continuo andando. Tiro o paletó e o jogo em um canto qualquer. Nunca me senti tão sufocado em toda a minha vida, afrouxo a gravata e desabotoo até a metade a blusa social que estou vestindo. Não consigo tirar da cabeça o que Akemi disse. “Quando amanhecer, eu espero que vocês já estejam longe daqui. Eu o quero longe da minha vila e longe da minha vida!” , “ele destruiu minha vida uma vez, não vou permitir que isso aconteça de novo!”. 

Encosto-me em uma parede. Meus ombros começam a tremer e sinto lágrimas quentes molharem meu rosto. Sem pensar muito, começo a socar com meus próprios punhos a parede em minha frente. A areia até tenta proteger minhas mãos do atrito, mas sou mais rápido que ela e sinto cada soco reverberar por meus braços. Eu continuo dando socos, imaginando que aquela parede é meu próprio rosto, e começo a gritar. Grito a plenos pulmões. Como eu pude machuca-la tanto? Por que eu não posso simplesmente me controlar? Logo ela, a única pessoa que um dia se importou de verdade comigo, a única pessoa que nunca sentiu medo de mim e que ficou ao meu lado.

— POR QUÊ? — grito, no silêncio da noite.

Lembro-me do momento em que vi Akemi no baile de máscaras. Ela era a mulher mais bonita do lugar. Os seus cabelos presos, deixando seu pescoço a mostra; seu vestido, acentuando todas as curvas de seu corpo; seu lábios, sempre com um sorriso enorme... Naquele momento eu queria tanto tocá-la que era quase impossível impedir minhas próprias pernas de irem até ela. Mas eu sabia que mesmo se fosse, seria impossível ter uma conversa decente com ela, deu para perceber o quanto seu namorado é protetor e ciumento, e, segundo Temari, eu tinha que começar a aprender a me controlar.

Paro de dar socos na parede quando sinto alguma coisa ser jogada bem nas minhas costas. O objeto cai ao meu lado e vejo que é uma latinha. Viro-me rapidamente e fico ciente da minha aparência quando vejo meu reflexo no vidro de uma lojinha à minha frente. Meus olhos estão arregalados e vermelhos e meus dentes estão à mostra, como se eu fosse um cachorro raivoso ou algo do tipo. Viro minha cabeça na direção do individuo que jogou a lata em mim. Um homem está parado bem na minha frente, ele parece um pouco bêbado, mas me olha com raiva. Provavelmente é algum idiota que só quer confusão e, bem, ele acabou de escolher a pessoa certa. O homem abre a boca para falar alguma coisa, mas o interrompo no momento em que começo a envolver seu corpo com a minha areia. Eu o prendo dentro de um dos meus jutsus, o homem grita, pedindo para que eu o solte, mas o ignoro. Quando fecho minha mão, a areia exerce uma pressão tão forte no homem que escuto seus ossos se quebrando e em poucos segundos a vida se esvai de seu corpo. Posso sentir isso através da minha areia.

Eu deixo o homem morto caído no chão e começo a caminhar para longe, tropeçando em meus próprios pés. Começo a ver as pessoas que estão participando da festividade, elas andam para lá e para cá, conversando e rindo. As luzes me cegam e a música parece está um pouco mais alta que o normal. Sento-me em uma calçada e coloco a cabeça entre as mãos, mas não choro mais. Na verdade, não sinto mais nada. Deito-me na calçada e olho para o céu negro e sem estrelas. Penso em Akemi e no quanto ela mudou nesses anos. Cresceu alguns centímetros e está tão bonita quanto costumava ser. Lembro do momento em que nos esbarramos na festa. Ela parecia tão frágil e eu queria tanto abraça-la. Pela primeira vez em anos, tocá-la era a única coisa que eu queria fazer. Eu só queria poder sentir seu rosto contra minha mão. Queria tirar sua máscara e ver se ela ainda me olhava como antes. Ela costumava sorrir para mim como se eu fosse a melhor pessoa do mundo. Será que algum dia ela conseguiria sorrir para mim desse jeito de novo? Sei que a resposta é não, mas não posso deixar de me agarrar a um fio de esperança que ainda existe dentro de mim.

Eu sei que ainda mexo com ela, pude perceber isso na festa. Enquanto observo as estrelas, penso que não posso desistir dela agora. E mesmo se tentasse, não conseguiria. Ela é importante demais. Levanto meu braço e olho o relógio em meu pulso — presente de Temari também —, já é meia noite. O décimo oitavo aniversário de Akemi tinha passado e ela ainda me odiava. Suspiro. Como diabos eu vou resolver isso?,penso.

—x—

  O dia amanhece sem muitas expectativas e volto para o apartamento apenas para trocar de roupa. Não tomo café da manhã e nem falo com meus irmãos. Eu simplesmente os ignoro enquanto caminho até o banheiro e me tranco lá dentro. Noite passada não dormi e, por incrível que pareça, hoje não me sinto nem um pouco cansado. Enquanto deixo a água do chuveiro cair por meu corpo, penso em Akemi novamente, no que ela está fazendo e onde pode estar. Mas me obrigo a tirá-la da cabeça, pois hoje vou embora e não posso levá-la comigo de nenhuma forma, não não faço a menor ideia de como posso resolver as coisas com ela ou como posso dizer que acredito que o aconteceu naquela noite não aconteceu realmente. Ela nunca acreditaria em mim.

Desligo o registro do chuveiro e saio do banheiro apenas para encontrar Temari. Ela está de pé, ao lado da minha cama, analisando a blusa que vesti ontem. Eu sei exatamente para o que ela está olhando e reviro os olhos, amaldiçoando-me por não ter me livrado dessa blusa antes de voltar. Espero pelo sermão, mas ele não chega como de costume. Começo a trocar de roupa na frente dela sem me importa se vai constrangê-la ou não. Afinal, foi ela quem invadiu meu quarto. Quando termino de prender minha cabaça de areia em minhas costas, eu escuto sua voz.

— Você pode me dizer o que é isso? — ela me mostra uma mancha na camisa social que usei.

— Não é nada — digo.

— Nada? — ela se aproxima de mim e quase enfia a camisa bem na minha cara. — Isso é sangue, Gaara!

— E daí? — pergunto, me dirigindo até a porta.

— De quem é? — ela pergunta.

Seguro a maçaneta da porta.

— Ninguém importante — digo e a olho pelo canto do olho. — Devia estar agradecida por não ser seu ou de Kankuro.

Saio do quarto antes que ela possa dizer alguma coisa. Passo por Kankuro que está na cozinha e saio do apartamento sem dizer uma palavra a ele. As lojas da aldeia estão fechadas, provavelmente as pessoas estão de resseca e vão abrir o comércio apenas mais tarde. Não vejo ninguém pelas ruas e resolvo subir em uma árvore para ter uma visão melhor da aldeia e me certificar de que estou sozinho mesmo.

Não estou. Ao longe vejo duas pessoas caminhando por uma rua diferente da que eu estava. Reconheço imediatamente a capa branca de líder Anbu que pertence a Akemi. Ela está usando sua bandana da Folha e seus cabelos estão soltos, balançando com a brisa da manhã. Ela segura um buquê de flores em uma das mãos e me pergunto onde está indo. Será que vai visitar alguém no hospital? Akemi não está usando sua máscara Anbu. Fico entusiasmado ao vê-la, mas o meu sorriso nem chega a aparecer, pois reconheço a pessoa que a acompanha antes que isso aconteça.

É Neji, o garoto do clã Hyuga e namorado de Akemi. Ele segura a mão de Akemi que está sem o buquê e fala algo para ela, parece estar contando alguma coisa engraçada, pois os dois riem. Digo a mim mesmo que segui-la é uma péssima ideia, mas vou mesmo assim. Se ela vai me ver ou não é um risco que estou disposto a correr. Não tem como segui-la pelas árvores, então vou pelos telhados das casas. Akemi e Neji estão tão concentrados em sua conversa que nem percebem que eu estou os seguindo. Melhor assim. Quero poder chegar mais perto para ouvir sobre o que eles estão conversando, mas sei que seria arriscado demais e não quero assustá-la como fiz na noite anterior.

Diferente do que eu pensava, Akemi não está indo visitar ninguém no hospital. Ela foi ver o túmulo do terceiro Hokage. Me pergunto o porquê dela ter indo até lá tão cedo. Bem, não faz diferença saber a resposta, enquanto eu puder vê-la já vou estar satisfeito. Agora eu subo em uma árvore e lá de cima posso ver os dois claramente apesar de não poder ouvi-los. Observo enquanto Akemi se ajoelha no chão e coloca o buquê perto da lápide do terceiro Hokage. Ela senta em cima de suas próprias pernas e abaixa a cabeça. Em poucos segundos vejo que seus ombros estão tremendo e sei que ela está chorando; mais uma vez tenho que dizer a mim mesmo que não posso ir abraça-la. Ela não me quer por perto e, apesar de tudo, eu já decidi respeitar essa decisão, mesmo que eu não consiga desistir dela.

Já estou pensando em ir embora quando algo me chama atenção. É apenas um movimento, mas é o suficiente para me fazer ficar. Neji a ajuda a levantar do chão e a puxa para perto de si. Ele limpa o rosto de Akemi que está cheio de lágrimas e encosta sua testa à dela. Vê-lo tocando-a não é o que me machuca, mas sim ver que ela se entrega ao toque dele como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. E tudo só piora quando Neji leva uma mão até a nuca dela e a puxa para um beijo. No momento em que suas bocas se tocam sinto algo dentro de mim se quebrar em mil pedaços. Levo uma mão até o lado esquerdo de meu peito, sentindo as batidas aceleradas de meu coração. Ele está fazendo com ela tudo o que eu quero fazer, mas nunca pude.

Amasso o tecido de minha roupa entre meus dedos e começo a enxergar tudo vermelho. Cerro os dentes e o punho. Quem ele pensa é para beijá-la assim? Justo ela, que é minha! Em poucos segundos eu não consigo mais distinguir um pensamento do outro, a única coisa que sei é que quero mata-lo. Ouvir o barulho de seus ossos quebrando e seu sangue jorrando para fora de seu corpo. Digo a mim mesmo que preciso me acalmar, mas é quase em vão. Enxergo tudo embaçado à minha volta, a vontade de matar está de volta, mais forte que nunca. Eu só quero esse cara longe de Akemi. Para sempre.

Antes que eu tenha tempo de descer da árvore, Neji se afasta de Akemi, parando o beijo. Isso me acalma um pouco, mas não o bastante. Ele leva uma mão ao ouvido, balança a cabeça como se estivesse recebendo ordens e depois olha para a namorada. Ele diz algo para ela, lhe abraça, depois lhe da um selinho e vai embora. Akemi continua no mesmo lugar, parada, sozinha. Sinto meu coração acelerar algumas batidas. Ela finalmente está sozinha e eu estou aqui para ver isso. Se eu descer agora posso falar com ela sem nenhuma interrupção. Talvez, quem sabe, fazê-la entender certas coisas e mudar nossa atual situação.

Ela vira novamente para a lápide do terceiro Hokage no momento exato em que pulo de cima da árvore.

O contato dos meus pés com as folhas secas caídas no chão produzem um barulho audível, fazendo Akemi assustar-se. Xingo a mim mesmo mentalmente; eu não quero que ela sai correndo e se afaste de mim, eu quero mantê-la perto. Mas como posso fazer isso se ela entra em pânico toda vez que me vê? Como esperado, Akemi vira a cabeça na minha direção. Ela me vê e me reconhece, mas ao invés de ir embora o mais rápido possível como eu esperava que fosse fazer, ela apenas fica parada, me encarando. Essa atitude me pega de surpresa e por um momento não consigo mover um músculo do meu corpo. É a primeira vez, desde que cheguei a Vila da Folha, que ela realmente me olha de verdade. Não estou preparado para isso e não sei como reagir. Tenho medo de que se eu for até ela isso vai assustá-la, mas também não quero ficar parado e acabar vendo-a ir embora sem que eu faça nada. Faça alguma coisa!, digo a mim mesmo.

Seus olhos castanhos fitam os meus com tanta intensidade que me pergunto se ela está conseguindo ver algo dentro deles. Se sim, com certeza é saudade. Porque durante oito anos em que eu não fazia a menor ideia de onde ela poderia estar, saudade foi o sentimento mais presente durante esse tempo. Todos os dias eu esperava poder vê-la novamente e agora que ela realmente está na minha frente, eu estou duro como uma pedra. Ela está tão bonita, penso. Minhas mãos começam a formigar. Não aguento mais, eu quero tocá-la, quero senti-la em minhas mãos e finalmente poder abraça-la. Neste exato momento eu preciso dela em meus braços.

Ela desvia o olhar do meu e isso me assusta. Fico com receio de que ela vá embora e eu fique aqui parado igual a um idiota. Akemi abaixa a cabeça e me dá as costas, começa a ir embora como eu imagina e eu arregalo meus olhos. Por que ela está indo embora? Droga Akemi, por quê? Sem hesitar muito, eu corro até ela.

— Akemi — chamo o mais alto que posso. — Espera! Não... — ergo a mão, na tentativa de alcança-la. — Não vai.

Ela para subitamente de andar e se eu não tivesse parado de correr teria dado de contra com ela. Ficamos a apenas um braço de distância, ela de costas para mim e eu de frente para ela. Estamos tão perto, mas ao mesmo tempo infinitamente distantes. Eu levanto a mão para tocá-la, mas paro a mim mesmo no meio do caminho. Ela ainda está aqui, e isso é mais do que eu poderia pedir, não posso abusar da sorte agora. 

— Feliz aniversário — digo, tentando uma abordagem mais cautelosa. — Um pouco atrasado.

Vejo quando ela cerra os punhos e seus ombros voltam a tremer, mas não a escuto fungar nem nada, então sei que ela não está chorando. Ela está com raiva. não sei como mudar a situação, mas quero falar mais alguma coisa, qualquer coisa, mas nada me vem à mente. Quando Akemi vira de frente para mim, vejo que seus olhos enchem de lágrimas, sinto meu coração murchar.

— Por que você inda está aqui? — ela pergunta. Observo seu rosto cheio de uma raiva que eu não fazia ideia de que existia dentro dela. — Por que você não pode me deixar em paz de uma vez por todas?  — ela segurauma kunai em uma das mãos e se prepara para me atacar.

Não consigo falar mais nada, pois ouvimos uma explosão ao longe. Nos encolhemos institivamente e sinto meu peito reverberar com a força da explosão. Quando o barulho passa, a atenção de Akemi já está completamente voltada para o lugar de onde veio o barulho. À nossa frente várias pessoas passam correndo desesperadas. Corro para o lado de Akemi e vemos algo pegando fogo a alguns metros de distância, ela me lança um olhar cheio de desespero. Abre a boca para falar algo, e eu fico cheio de expectativa, pois realmente quero que ela fale comigo como antigamente, mas ela é interrompida assim como eu fui minutos atrás, só que desta vez por algo pior que uma simples explosão.

À nossa frente vemos duas coisas gigantes, mas não consigo distinguir o que é direito. Ao meu lado, percebo Akemi enrijecer o corpo. Ela está ficando nervosa.

Não demora muito para que dois garotos Anbu apareçam correndo em nossa direção. Um tem cabelo azul e o outro, castanho. Ofegantes, eles param bem na frente de Akemi, parecem nem me notar e se o fazem não demonstram. Um deles entrega a máscara Anbu dela e, quando Akemi a coloca no rosto, percebo que todas as chances que tínhamos de conversar se esvaem.

— O que está acontecendo? — ela pergunta para os garotos.

— Dois monstros estão atacando a vila — o garoto de cabelo azul responde. — Uma águia e um dragão.

— Como é que é? — Akemi não parece acreditar. — Vocês estão bem?

— É um jutsu de invocação, Akemi — o de cabelo castanho diz. — Não sabemos quem invocou e nem temos tempo para imaginar. Estamos bem.

— Onde está Ranmaru e o Camus-sensei? — percebo a preocupação na voz de Akemi e me pergunto quem são esses dois.

— Já estão lá no meio da luta junto com metade dos shinobis da Folha — o de cabelo azul responde.

— Droga! — a voz de Akemi fica uma oitava mais alta. — Então o que estamos esperando? Vamos logo ajudá-los!

Ignorando completamente minha presença os três saem correndo e não tenho muito o que fazer a não ser segui-los. De todas as coisas que eu esperava quando aceitei vir para cá, a última que passou pela minha cabeça foi um ataque em plena luz do dia. Quem poderia estar causando isso? E por quê?

Enquanto corremos até a luta, vejo os moradores da Vila da Folha correndo de um lado para o outro, procurando um lugar para se protegerem. Eles parecem assustados e cheios de medo. À minha frente, encaro as costas de Akemi escondidas por sua capa branca. Diferente do povo que ela quer proteger, a única coisa que vejo nela é determinação. Eu sei que ela daria a vida para proteger cada pessoa que mora nesta aldeia. Bem lá no fundo me pergunto se algum dia eu poderia ser uma dessas pessoas, se eu poderia voltar a ser tão importante assim para ela algum dia.

Quando chegamos ao nosso destino, tudo está uma confusão. Como o amigo de Akemi disse, são dois monstros, uma águia e um dragão de quase cinco metros de altura. Os shinobi da Folha estão desesperados em relação à águia, pois como ela voa não conseguem alcança-la. Ao longe vejo Temari e Kankuro no meio da multidão, mas escolho ignorá-los. Sasuke e a garota de cabelos rosa da noite anterior também estão aqui, parece que acabaram de chegar, e o sexto Hokage vem logo atrás deles. Ele trocou a roupa de Hokage pela a de ninja e, pela expressão em seu rosto, não parece nada feliz com o que está acontecendo. Consigo ver até Naruto há poucos metros de distância, ele está acompanhado de dois Hyuga.

Akemi para bem na minha frente, estamos mais perto do que minutos atrás. Agora posso até sentir o cheiro de seu cabelo que balança com o vento. Resisto ao impulso de tocá-la. Os amigos dela param ao seu lado, tão determinados a salvar o povo da aldeia quanto ela. Vejo Akemi virar a cabeça de um lado para o outro como se procurasse alguém e, mesmo estando atrás dela, tento seguir seu olhar. Quando entendo o que ela está procurando, sinto algo bem parecido com o que senti em relação ao Hyuga. É um homem e um garoto. O garoto está com os Caçadores Anbu e o homem está junto dos jounnins. Akemi suspira aliviada quando vê que estão bem e me pergunto por que esses três Caçadores Anbu e o jounnin são tão importantes para ela. Cerro os punhos de raiva só de imaginar eles tomando o meu lugar na vida dela.

— Akemi! — o Hokage grita, chamando-a em meio ao barulho. — Gaara! — surpreendo-me ao escutar meu nome. — Venham aqui. Agora!

Vou para o lado de Akemi e ela me lança um olhar pelo canto do olho através de sua máscara. Hesitante, nós dois seguimos até o Hokage que já está reunido com Sasuke e a garota de cabelos rosa — que agora sei que é a líder Anbu da Vila da Névoa. Akemi e eu paramos lado a lado em frente a Kakashi.

— Akemi, Gaara — ele diz nossos nomes novamente, um pouco mais baixo por causa da proximidade. — Eu quero que vocês dois liderem a equipe que está lutando contra aquela águia. Com a areia de Gaara vai ser fácil vocês dois alcançarem ela — ele vira de frente para Sasuke e a líder Anbu da Névoa. — Sasuke, Tigre da Névoa — ele diz. — Quero que vocês dois liderem os que estão lutando contra o dragão. Suas habilidades são mais do que indicadas para uma luta contra ele.

— Mas, Hokage... — Akemi o chama antes que ele possa se distanciar. — Eu estava pensando em ficar com os Caçadores Anbu e...

— Sem discursão, Akemi! — ele a interrompe severamente. — Eu sei o que estou fazendo e preciso de você e o do Gaara juntos nisso.

Ele se distancia e percebo a relutância de Sasuke e da tal Tigre da Névoa em trabalharem juntos, mas, apesar de qualquer coisa, eles correm juntos para sua posição. Mal tenho tempo de pensar quando algo acontece. Em um minuto estou de pé e no outro sou jogado violentamente contra o chão. Pelo canto do olho posso ver que o dragão está soltando fogo pela boca, eu teria sido acertado em cheio se não tivessem me puxando para baixo. Porém, antes que o fogo do dragão possa acertar nas pessoas presentes, Sasuke usa seu jutsu estilo fogo, sua famosa bola de fogo e intercepta o fogo do dragão na metade do caminho. Fogo contra fogo. É uma coisa de deixar qualquer um de boca aberta se não estivessem tão desesperados em acabar logo com isso.

Sinto uma pressão em cima de mim e vejo que um braço está mantendo-me agachado até Sasuke terminar o que está fazendo. Viro minha cabeça de lado para ver quem foi o responsável por me tirar da linha de fogo e me assusto quando vejo Akemi deitada ao meu lado. Sua máscara caiu em algum lugar e ela tenta proteger o rosto com um braço enquanto mantem o outro em cima de mim. Nossos rostos estão quase colados por causa da posição em que caímos. Sinto meu coração acelerar enquanto permanecemos lado a lado. Será que ela tem consciência do que fez? Será que sabe que sou eu a pessoa que está protegendo? 

Quando Sasuke consegue conter o fogo do dragão, ele começa a atacá-lo com a ajuda da Caçadora Anbu da Névoa. Apesar de estarem bem distantes um do outro, eles formam uma boa dupla. Akemi continua no chão com o braço cobrindo seu rosto. Ela está me segurando com tanta força que mal consigo me mexer. E foi tão rápida em me jogar no chão que minha areia mal conseguiu acompanha-la. Com minha mão livre, pego sua máscara Anbu que está bem ao meu lado e coloco na frente de seu rosto.

— Você deixou cair isso — digo.

Ela abre os olhos lentamente e tira o braço da frente. Seus olhos escuros encontram os meus rapidamente. Não sei dizer o que significa a expressão em seu rosto. Surpresa? Alívio? Neste momento ela está indecifrável. Seus lábios formam um pefeito O quando ela percebe que está sem a máscara. Sinto vontade de rir de sua expressão, pois me lembro dela como se tivesse a visto ontem. Não quero que Akemi se afaste de mim, mas, no momento em que ela pega a máscara de minha mão, ela se afasta como se eu tivesse lhe dado um tapa ou algo parecido. Ela coloca de volta a máscara e somos surpreendidos quando Neji se junto a nós dois.

— Akemi — ele a ajuda a se levantar, seu rosto está tomado de preocupação. —, você está bem?

— Sim, estou sim — ela responde, dando-lhe um sorrisinho. — Obrigada, mas eu tenho que ir agora. Nos falamos depois.

Ela dá um beijo na bochecha do garoto e começa a correr para longe. Neji e eu ficamos um tempo frente a frente. Minhas mãos tremem de vontade de apertar o pescoço dele até que sua vida deixe seu corpo, mas me contento apenas em correr atrás de Akemi. Eu a perco por um momento no meio de tantos shinobis, porém meus olhos encontram os seus no momento em que ela chama meu nome.

— Gaara! — ela chama novamente. Ela vem até mim e nos encontramos no meio do caminho. Ela não me olha nos olhos por um momento até soltar um suspiro e perceber que, para trabalharmos juntos, ela precisa pelo menos olhar para mim. Quando ela levanta a cabeça seus olhos encontram os meus. — Eu preciso que você me leve até aquele pássaro. Acha que pode fazer isso?

Olho para cima. A águia paira bem acima de nossas cabeças, não está perto, mas também não está fora de alcance. Quando olho novamente para Akemi percebo que ela está esperando minha resposta com expectativa. Não vou decepcionar você novamente, Akemi, penso.

— Posso — respondo.

Nem preciso fazer movimentos com minhas mãos para que a areia entenda o que quero fazer. Em poucos segundos, Akemi e eu começamos a flutuar em cima de um pedaço considerável de areia. Como ela não está acostumada, se desiquilibra e cai de joelhos. Estamos a um braço de distância e tento chegar perto dela para ajuda-la, mas ela se levanta antes que eu tenha tempo de alcança-la. Suspiro. Ela nunca vai me deixar chegar perto novamente.

Akemi parece ter um plano, então deixo que me guie e faço o que ela manda. Levanto sua areia um pouco mais alta que a minha e já estamos bem próximos do pássaro quando ele percebe a nossa presença. Ele solta um grito estrangulado, mas é tarde demais. Akemi pula da areia para cima dele, dando mortal e tudo. Sinto os olhos de alguns shinobis em nós dois, mas não me permito olhar para baixo e acabar me distraindo. Akemi se segura nas penas do bicho e olha para mim rapidamente.

— Mantenha-se perto de mim, Gaara. Vou precisar de você daqui a pouco — ela grita.

Balanço a cabeça, concordando. Ela faz um esforço para ficar de pé enquanto o animal faz o possível para jogá-la de cima dele. Apesar dos esforços do bicho, Akemi parece bem presa à ele e não cai de jeito nenhum. Ela tem um equilíbrio e uma concentração incríveis. Quem quer que tenha sido o seu sensei fez um trabalho e tanto com ela. Quando o pássaro volta a planar no ar, Akemi corre por seu dorso até a sua cabeça. O animal dá um rasante, ainda na tentativa de derrubá-la, mas Akemi continua se segurando com precisão. Independente disso, fico bem perto deles, não posso correr o risco de deixa-la cair. Seria morte certa.

Akemi se senta na cabeça do pássaro e fecha os olhos, parece estar se concentrando em alguma coisa. Por um momento não entendo o que ela está tentando fazer até ver seus movimentos de mão. Ela vai usar um genjutsu. Me pergunto se isso pode ser usado contra jutsus de invocação, mas decido confiar nela. Ela deve saber o que está fazendo, afinal. Segundos depois ela abre os olhos subitamente e vejo que o pássaro simplesmente para no ar. Vou para a frente deles no intuito de saber o que está acontecendo. Os olhos do pássaro estão vidrados assim como os de Akemi, como se estivessem vendo alguma coisa invisível para mim. Ela fica de pé e levanta os dois braços, o animal parece seguir seus movimentos e alça voo. A velocidade deles aumenta, parecem estar indo em direção a alguma coisa. Eu os sigo de perto, observando tudo com atenção. Akemi pega uma kunai de algum lugar dentro de sua capa branca, ela a segura com as duas mãos e abre a boca para falar comigo, mas não me olha.

— Gaara, presta atenção no que vou falar — seus olhos estão vidrados em algo à sua frente. — Assim que eu enfiar essa kunai nele, vou precisar que você use aquele seu jutsu de areia. Ataúde de Areia. Mas tem que ser rápido, meu genjutsu se quebrará em instantes depois que eu descer meus braços.

— Pode confiar em mim, Akemi — digo. Não me refiro apenas a este momento e ela percebe isso, sua expressão endurece em uma fração de segundos.

Com um grito, Akemi desce seus braços e enfia a kunai bem no que deve ser a nuca do animal. Ela pula para cima, afastando-se do pássaro tempo o suficiente para que eu faça o que ela me pediu. Eu o envolvo em areia, mas antes que eu possa esmaga-lo, uma de suas assas bate em Akemi jogando-a para baixo em uma velocidade incrível.

Eu não tenho muito tempo para pensar. Preciso ser rápido com o pássaro e ainda tenho que pegar Akemi antes que ela bata no chão. Eu uso meu jutsu no animal e o esmagado com toda a força que tenho. O jutsu usado para invoca-lo se dissipa e o pássaro some. Sem ter tempo para descanso, comando minha areia para que ela me leve até Akemi. Ela está caindo com tanta rapidez que começo a duvidar que conseguirei alcança-la. Não falhe com ela novamente, escuto uma voz dizer dentro de minha cabeça. Não a machuque uma segunda vez. Isso já é incentivo suficiente.

Aumento minha velocidade e consigo pegar Akemi há poucos metros do chão. Ela cai em meus braços de olhos fechados. Por alguns segundos nós dois perdemos o fôlego por causa do impacto dela contra mim. Mantenho nós dois no ar por um tempo, pois não quero que nada e nem ninguém atrapalhe o que está acontecendo. É a primeira vez que a seguro em meus braços depois de oito anos. Eu preciso que ela continue comigo pelo maior tempo possível.

Akemi geme alguns palavrões, mas continua de olhos fechados. Me pergunto se está com dor e se ela sabe o quanto foi incrível hoje. Aperto-a mais contra meu corpo e agacho-me na areia. Sinto algo quente pingar em minha mão e vejo que algum lugar dentro de sua máscara Anbu está sangrando. Ela está ferida. Tiro sua máscara lentamente apenas para ver um corte em uma de suas bochechas. Começo a abaixar minha mão para deixar a máscara de lado, mas ela me para no meio do caminho. Nossos olhos se encontram assim como nossas mãos. Ela aperta a minha gentilmente e vejo algo parecido com um sorriso se formar em seus lábios. Neste exato momento ela está tão bonita que sinto meu coração se aquecer por alguns segundos. Eu quero tanto beijá-la que meu peito chega a doer.

— Obrigada por me salvar a tempo — ela diz baixinho.

Eu deixo a máscara dela ao meu lado e seguro sua mão contra meu peito. Seus dedos apertam os meus com uma delicadeza impressionante. Ela fecha os olhos primeiro que eu e me surpreendo com isso. Será que ela quer que eu a beije? Agora, na frente de todo mundo? Espero que a resposta para essas perguntas sejam um sim, pois fecho os olhos também e começo a aproximar meu rosto do dela. Não consigo acreditar que ela está deixando as paredes que a envolvem contra mim caírem. Não consigo nem acreditar que ela realmente quer que eu a beije.

Mas não consigo finalizar o que começo. Um grito estridente a faz abrir os olhos e se afastar de mim em um tempo recorde. Toda a magia do momento acaba e vejo as paredes dela de volta. Ela fica do joelho na areia ao meu lado e olha para baixo. Algo a faz arregalar os olhos e sigo seu olhar. Um garoto Anbu de cabelos cinza está jogado no chão apertando uma ferida em seu abdômen e gritando a plenos pulmões.

— RANMARU! — Akemi grita. Seus olhos estão tão arregalados que quase pulam para fora. — Me desce, Gaara. Agora!

Faço o que ela manda e nós dois chegamos ao chão em apenas alguns segundos. O dragão ainda continua atacando, mas Akemi parece nem se importar com ele, pula da areia e corre até o garoto machucado, empurrando ninjas e quem quer que esteja na sua frente para fora de seu caminho. Eu a sigo de longe apenas para ver o que ela vai fazer quando chegar até ele.

Quando Akemi finalmente o encontra, ela se joga no chão e tira a máscara Anbu dele. Percebo, pelos olhos dele, que é o mesmo garoto que a levou para casa na noite anterior. Cerro os punhos. Ela não deveria se preocupar tanto com ele. Quem é ele, afinal?

— Ranmaru — ela diz com a voz embargada. Ela vai chorar por ele? —, o que aconteceu? Deixa eu ver esse ferimento.

— Não me toca — ele diz com dificuldade. — Sai daqui, Akemi. Vai acabar se matando.

— Cala a boca, seu imbecil — ela começa a chorar. — Não importa o quanto você me odeia, eu não vou te deixar aqui nesse estado. Sem chance.

Ela tira os olhos dos dele e olha em volta. Está procurando alguém.

— Reiji, Ai! — ela chama o garoto de cabelo azul e o de cabelo castanho. — Venham aqui, eu preciso de vocês!

Os dois correm até ela e se assustam ao ver o estado do garoto chamado Ranmaru. O menino de cabelo azul, Ai, ajuda Akemi a levantá-lo e junto dela apoia os braços do garoto em seus ombros. Eles começam a andar para longe, provavelmente indo para o hospital. Observo Akemi se afastar e me sinto vazio novamente. Eu a perdi de novo.

— Obrigado.

Uma voz chama minha atenção. É um dos amigos de Akemi, Reiji, ele ficou para trás provavelmente apenas para falar comigo. Meus olhos encontram os olhos cinza dele e franzo o cenho.

— Obrigado pelo o que? 

— Eu vi o que você fez quando Akemi estava caindo. Caramba, a vila inteira deve ter visto — ele sorri. — Obrigado por salvá-la, apesar de tudo o que aconteceu entre vocês.

Ele vai atrás dos outros três, deixando-me sozinho. Apesar de tudo o que aconteceu entre vocês, foi o que ele dissera. Então ele sabe sobre o meu passado com Akemi, me pergunto quem mais sabe. Começo a ir embora. Esta luta já acabou para mim, já fiz minha parte e ajudei Akemi, agora eu só preciso ir embora dessa vila. E, apesar de não querer, preciso deixar Akemi para trás. Ela já seguiu com a vida dela; agora eu preciso seguir com a minha. Mas algo dentro de mim me diz que eu não vou conseguir. 


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