The Chosen Ones — Chapter One. escrita por Beatriz


Capítulo 30
Gaara: o novo Kazekage.




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É fato que toda Vila precisa de um Kage e não é surpresa para absolutamente ninguém quando o conselho resolve se reunir horas depois da morte de Rasa para decidirem um Kage novo para Sunagakure. Não interessa se era o Kage mais amado, mais querido, mais gentil, mais legal de todos. O que interessa é que se uma Vila passar mais de um dia sem um Kage ou sem, pelo menos, alguém para ser provisório no cargo até decidirem por um definitivo, essa Vila pode acabar entrando em colapso.

Eu sei que Rasa não era o Kage mais amado de Sunagakure, esse posto era do Terceiro Kazekage, mas ele era muito forte e é claro que todos estão com os nervos à flor da pele para encontrar alguém que chegue pelo menos um pouco no nível de Rasa. Por isso, quando chego na sala de reuniões do conselho me deparo com uma confusão total: todo mundo falando por cima de todo mundo, ninguém se entendendo e os ânimos exaltados. É claro que isso só me enfurece mais. Eu poderia ainda estar na cama com Akemi, poderíamos estar fazendo tudo o que estava passando pela minha cabeça naquele momento. Um pequeno arrepio de prazer percorre meu corpo quando o que estávamos fazendo me volta a mente. Sinto o meio das minhas pernas quase latejar de vontade de voltar correndo para lá.

Quando eu me sento, Kankuro vem falar comigo, mas eu não o escuto porque se eu lhe der atenção vou acabar perdendo a cabeça por ele ter atrapalhado o único momento de felicidade que já tive em muito, muito tempo. Então o deixo falando sozinho e penso que Shukaku está extremamente quieto desde que Rasa morreu e eu e Akemi ficamos juntos. É como se ele nem existisse mais e o alívio que eu sinto com isso (mesmo que momentâneo porque sei que em algum momento ele vai voltar) me deixa quase extasiado.

Do outro lado da mesa, Temari está com uma cara ainda pior que a minha. Ela passou o dia todo me evitando desde que tudo aconteceu porque é claro que ela desconfia que Akemi armou tudo isso com o irmão e é claro que ela sabe que, se Akemi, por acaso, fosse levada à julgamento perante o conselho, eu ficaria ao seu lado e não ao lado de Rasa — ou da minha vila. Porém, sendo bem sincero, eu definitivamente não me importo nem um pouco com o que Temari acha ou deixa de achar ou do que ela sente ou não sente raiva.

Sem nenhum aviso, Akemi volta à minha mente e eu nunca fui o tipo de garoto que vê uma garota como um pedaço de carne prontinho ali para ser devorado, mas eu não consigo deixar de pesar no corpo de Akemi debaixo do meu. Na pele dela se arrepiando ao meu toque, na minha boca em seu pescoço e naquela minha parte bem específica deslizando entre as pernas dela. Nem em um milhão de anos eu pensaria que ficaria daquele jeito com Akemi e agora que fiquei eu simplesmente não consigo afastar isso da minha mente.

Se divertiu com a garota Senju, moleque?

A voz de Shukaku na minha mente é como um tapa na minha cara.  De todos os momentos, ele tinha que voltar justamente agora. Trinco o maxilar e o ignoro da melhor forma possível.

Eu juro que odeio aquela garota, ele continua. Quem ela pensa que é para me obrigar a dormir daquele jeito? Odeio ela. Tá ouvindo moleque? Se você chegar perto dela de novo eu juro que vou...

— CALA A BOCA!

Eu digo mais alto do que eu planejava e a sala toda mergulha em um silêncio constrangedor, pois todo mundo acha que eu estava me dirigindo a eles. Ofegante de raiva, eu cerro os punhos e fico encarando a mesa a minha frente para não acabar siando daqui da mesma forma que entrei — ou talvez de algum jeito muito pior.

Depois do que digo, todo mundo começa a se sentar em seus devidos lugares e eu sinto os olhares na minha direção, mas não devolvo nenhum. Eu nem queria estar aqui em primeiro lugar, então eles que lidem com esse fato. Baki, aquele cara que eu odeio e que foi meu sensei e dos meus irmãos em algum momento das nossas vidas, é o primeiro a falar.

— Muito bem — ele diz. — Todos sabemos porque nos reunimos aqui hoje — eu sei que todos os olhares estão voltados para ele, mas não faço questão de encará-lo também. — Com a morte do Quarto Kazekage, uma cadeira está vaga aqui no conselho — todos olham para a cadeira do Kazekage que agora está vazia, até eu. — e nós, como uma das cinco grandes nações, não podemos nos dar o luxo de ficarmos sem um Kage. Na reunião de hoje, precisamos escolher algum ninja para ficar no lugar de Rasa.

Todo mundo troca olhares, esperando que alguém tome a iniciativa e dê um nome, mas ninguém parece ter coragem de fazê-lo. Até que Temari quebra o silêncio.

— O próximo Kazekage tem que ser alguém tão forte e tão devotado à nossa vila como meu pai era — ela diz. — Algum de vocês tem alguma ideia?

Mais olhares trocados, mais murmúrios.

— Talvez... Talvez você, Temari — um dos anciãos diz.

Minha irmã olha para o homem que disse e não esboça nenhuma reação, nem mesmo surpresa, como se já esperasse que indicassem ela. Outros anciãos começam a balançar a cabeça e murmurar concordâncias sobre a indicação, mas Temari silencia todos quando balança a cabeça, negando.

— Me sinto muito lisonjeada por ser uma opção para um cargo desses, mas temo que não poderei aceitar — ela diz. — Com o avanço constante dessa tal Doragon, eu quero estar em campo, atrás deles e entrando em combate se for preciso. Se eu me tornar Kazekage, isso será praticamente impossível de ocorrer e eu acredito que me sairia melhor cuidando de Sunakagure apenas como uma ninja.

— Por falar em Doragon — outro ancião toma a palavra. —, precisamos resolver também, além do novo Kazekage, como ficará a situação daquela menina Akemi Senju aqui na Vila da Areia. Ela veio para cá, por recomendação de Konoha, para ajudar na proteção de Sunakagure e a única coisa que ganhamos até agora com a presença dela foi um Kage morto e um ataque direto contra nós do próprio irmão dela. Ao meu ver, ela devia ser julgada, condenada à morte e, se Konoha se mostrar a favor dela, declaramos guerra contra eles.

Mais uma vez eu cerro os punhos, com tanta força que eu sinto minhas unhas ferindo a palma da minha mão. Começo a sentir meu corpo inteiro tremer e a vontade que eu sinto de matar esse cara que deu uma ideia dessas sobre Akemi é absurda. Dentro de mim, eu sinto Shukaku se agitar, ansioso por um pouco de matança. Se essa ideia for aceitar, eu faria a maior questão do mundo de perder o controle da minha mente para Shukaku, pois não deixaria absolutamente ninguém encostar em Akemi.

— Declarar guerra a Konoha não nos trará benefício nenhum e matar Akemi sem termos provas de que ela esteve planejando isso junto com o irmão não seria a atitude mais correta de um ninja da Vila da Areia, o senhor não acha? — é Kankuro quem fala agora, provavelmente sentindo a minha agitação ao seu lado. O velho ancião que havia falado apenas dá de ombros.

—  É por isso que eu disse para julgarmos a garota — ele diz. — Se ela for culpada, receberá a pena de morte; se for inocente, apenas irá embora de volta para sua vila.

— Akemi nasceu aqui — eu digo, ameaçadoramente, praticamente rosnando na direção do velho. — Ela pertence à Vila da Areia como qualquer um de nós.

— Ah, mas que surpresa, esse garoto resolveu falar — o velho diz, me olhando com tanta raiva quanto eu olho para ele. — Ela nunca pertenceu à Sunagakure, seu clã é da Vila da Folha, então o lugar dela é lá.

Sem pensar muito, eu fico de pé, jogando a cadeira para trás, o que a faz cair no chão com um baque surdo. Eu apoio os dois punhos na mesa, olhando ameaçadora para o ancião e para quem quer que se metesse no meu caminho de acabar com ele.

— Gaara! — Kankuro também fica de pé ao meu lado, assim como Temari do outro lado da mesa. — Para com isso!

— Akemi vai ficar aqui! — eu digo, batendo na mesa com o meu punho. — E, quem quer que queira tentar qualquer coisa contra ela, vai ter que me enfrentar primeiro.

— Estão vendo isso? — o velho fica de pé e olha incrédulo para os outros anciãos. — Aparentemente aquela garota Senju andou colocando as garrinhas em algumas pessoas daqui e, é claro, tinha que ser no filho problemático de Rasa.

— Já chega! — é a vez de Baki ficar de pé. — Eu tenho uma idéia do que podemos fazer aqui.

O velho se senta assim como Temari e Kankuro, mas eu continuo de pé.

— Rasa tinha um jutsu muito parecido com o do Terceiro Hokage, que foi o Kage mais forte da Vila da Areia. Levando isso em consideração, deveríamos colocar como Kazekage alguém que seja usuário de um jutsu igual ou parecio com o de Rasa. A única pessoa em Sunagakure capaz de controlar a areia é Gaara e, querendo ou não, ele é o shinnobi mais forte da nossa vila.

— Você só pode ter enlouquecido, Baki — um dos ancião diz, parecendo incrédulo.

— Esse garoto é uma bomba relógio — outro diz.

— E se ele perder o controle como naquela noite e matar todos da vila? Você já imaginou um Kage que mata os cidadãos que deveria proteger? Que tipo de vila seria a nossa? — mais outro diz.

— Seríamos motivo de piada entre as outras nações — outro diz.

E a sala volta a ficar uma confusão, todos falando um por cima do outro. Até que Baki bate o puho na mesa assim como eu havia feito minutos atrás.

— Chega! Calados! Todos vocês!

É claro que ele é obedecido, então todos ficam em silêncio.

— Concordo que Gaara é perigoso — ele diz. — Mas vocês não acham que colocá-lo como Kazekage seria uma boa forma de ficar de olho nele? — ninguém fala nada. — E, como eu disse, no momento, ele é o shinnobi mais forte da nossa vila. Por enquanto, ele é a única opção que temos, principalmente com uma organização tão perigosa quanto a Doragon a solta.

— Não sei, Baki — um dos anciãos diz. — Acho que precisamos pensar no assunto.

— Não temos tempo para "pensar no assunto". Precisamos decidir isso agora. Mas vocês podem pensar enquanto falamos sobre outro assunto. — ele diz, voltando a se sentar. — Então, voltemos à situação de Akemi Senju. Kankuro, você pode ir chamá-la?

— Sim — Kankuro diz, ficando de pé.

Antes que qualquer outra pessoa fale alguma coisa, ele sai da sala como um raio e todos ficam em silêncio, como se o fato dele ter ido buscar Akemi fosse um sinal de mau presságio.

Kankuro demora apenas alguns poucos minutos para voltar e quando a porta finalmente é reaberta ele entra primeiro e eu vejo Akemi logo atrás. Dois jounins seguram seus braços de cada lado e eles a trazem para dentro como se ela fosse uma prisioneira. A raiva que eu sinto sobe a níveis extremos e eu preciso de todo o autocontrole que eu consigo encontrar para não explodir aqui.

— O que vocês estão fazendo? — eu pergunto para os jounins. — Akemi não é uma prisioneira aqui. Soltem ela!

É claro que eles sentem medo de mim e é claro que até tentam soltá-la, mas são impedidos pelo mesmo ancião que deu a ideia de matar Akemi. Eles continuam segurando os braços dela, mas mantêm uma distância segura do resto do corpo, como se pressentissem que poderiam morrer caso encostassem em qualquer outra parte dela.

— Tudo bem, Gaara — minha atenção se volta para ela quando ela fala comigo. Em seu rosto eu vejo um sorrisinho triste e ela sustenta meu olhar do mesmo jeito que fez em todos os momentos em que olhamos um nos olhos do outro horas atrás na minha casa. — Eles estão preocupados com a vila. Ninguém mais que eu entende o que é estar procupado com a vila que você ama.

Escutar Akemi falando isso é um tanto quanto dolorido porque imagino que ela esteja falando de Konoha e saber que ela ainda se sente parte de Konoha mesmo depois de tudo o que passamos aqui não está nem entre as 100 primeiras coisas que eu gostaria de saber dela. Subitamente começo a sentir medo de que ela acabe mudando de ideia sobre a gente e queira voltar para vida que ela tinha.

— Se vocês me trouxeram até aqui para participar de um julgamento — ela tira os olhos de mim e encara os anciãos. —, não tenho nenhum problema com isso. Não tenho nada para esconder. Mas, se vocês vão me julgar baseados apenas nas ações do meu irmão, então eu não entendo o motivo disso tudo. Se vocês já me consideram culpada então por que esse show todo?

— Não é show, senhorita Senju — Baki diz. — Mas nós precisamos ouvir a sua versão sobre o que aconteceu ontem a noite.

— Eu não vi quando a Doragon apareceu — ela começa. — porque eu estava junto de Gaara, Temari e Kankuro e de mais dois ninjas da areia, Shira e Koji. Nós estávamos andando juntos quando aconteceu... — ela dá uma pausa. — Uma coisa que me incomodou e eu saí de perto deles. Gaara foi atrás de mim, então vocês podem confirmar com ele...

— O que incomodou você? — Baki pergunta à ela, interrompendo sua fala.

O que a incomodou foi Shion, o beijo que ela me deu e como agiu comigo e eu penso que Akemi vai inventar alguma coisa para não ter que falar isso, mas ela me surpreende quando diz a verdade.

— Uma garota, Shion, ninja da areia e membro da Doragon, veio até nós seis. Nós não sabíamos que ela era um membro da Doragon e ela chegou até nós normalmente, então não suspeitamos de nada. O que me incomodou foi o beijo que ela deu em Gaara. Eu fiquei com ciúmes.

Nem se eu quisesse eu não conseguiria desviar a minha atenção de Akemi nesse momento. Quase não acredito que ela realmente falou a verdade sobre isso e na frente de todas os anciãos da Areia. Não posso nem imaginar como deve estar sendo difícil para ela — e até mesmo humilhante — ter que se abrir assim para todas essas pessoas que não estão pensando nada minimamente bom dela.

— Ciúmes? — Baki pergunta, parecendo tão surpreso quanto eu.

— Sim — ela diz, firme, encarando Baki. — Sim, ciúmes. E eu poderia ficar aqui falando por horas sobre como eu sou apaixonada por Gaara desde que eu aprendi o significado dessa palavra, mas eu acho que não é isso que interessa aqui, não é?

— É claro que não — ele diz, desconcertado. — Então, o que aconteceu depois que você e Gaara deixaram o grupo?

Ela conta tudo como realmente aconteceu, nos mínimos detalhes, e a única coisa na qual eu consigo focar é no fato dela ter falado que é apaixonada por mim desde, praticamente, sempre. Penso no quanto eu queria poder pegá-la e levá-la para bem longe dessa porcaria de sala e de todas essas pessoas. Quando ela chega na parte da morte de Rasa, a sala está mergulhada em silêncio incomodo, mas ninguém parece nem respirar. Todos estão concentrados nela. Akemi tem esse poder, ela consegue ter toda a sua atenção só para si ainda que você não goste dela. Quando o relato da morte de Rasa acaba (ela não fala nada do que ele falou para ela antes de morrer), Baki volta a falar:

— Por que o Hokage escolheu justamente você para vim para cá sendo que o seu irmão é um membro da Doragon?

— Quando o Kazekage pediu ajuda, nós não sabíamos que Takashi era um membro dessa organização. O Hokage me escolheu porque eu sou uma ninja nível Anbu, eu era líder dos Caçadores Anbu de Konoha, como vocês devem saber. E também porque eu sou uma Senju e eu nasci aqui em Sungakure, o que me faz conhecer a vila melhor que qualquer pessoa da Vila da Folha. Naquele momento, não havia ninguém melhor que eu para liderar ninjas até aqui.

— Por que o seu irmão entrou para essa organização? 

Um minuto de silêncio se passa até que ela responda.

— Porque ele quer vingança — ela diz, simplesmente.

— Seja mais específica — Baki franze o cenho.

— Takashi acha que o culpado pela morte da nossa mãe e do nosso pai foi Gaara — ela olha para mim e depois olha para baixo, encarando seus pés. — Ele quer vingança contra Gaara — ela continua. — Quer matá-lo e agora quer me matar também porque... Bem, porque eu...

— Está apaixonada por Gaara — Kankuro completa e ela dá uma olha para ele, concordando com a cabeça.

— Ele não aceita isso. Diz ter nojo de mim. 

— Eu também ficaria com nojo da minha irmã se ela ficasse se engraçando com o cara que matou os nossos pais — um dos anciãos diz.

— Gaara não foi o culpado pela morte dos meus pais! — ela diz alto, de uma forma tão brusca que os jounins a seguram com mais força para ela não acabar avançando no homem. — Eu sei disso agora. Passei anos sentindo muita raiva de Gaara por acreditar que ele havia matado meus pais de propósito, mas agora eu sei que não foi isso o que aconteceu — ela olha para mim. 

— O que você quer dizer? Como você ficou sabendo? — Temari pergunta, confusa, com o cenho franzido. Akemi olha para ela.

— Isso só diz respeito à mim e tem um limite aqui das coisas que eu vou revelar para vocês. Se vocês esperam que eu dispa minha alma, podem tirar isso da cabeça, pois não irá acontecer — ela responde, encarando a minha irmã. — O fato é esse: eu perdoei Gaara e ele me perdoou. Eu nunca faria mal à Sunagakure, não apenas porque é o local onde Gaara mora com a família dele, mas também porque eu nasci aqui. Meu irmão escolheu o caminho dele e eu venho escolhendo meu e se vocês vão ou não acreditar em mim é algo que só vocês podem decidir. A Areia foi meu lar por dez anos e, vocês podem não me aceitar, mas este local é como a minha casa. Apesar de todas as coisas ruins que aconteceram aqui, eu nunca pensaria em destruí-la.

Eu havia pensando que ela finalmente falaria o que Rasa havia lhe revelado, mas ela, de alguma forma, sabe que ele não gostaria que ninguém soubesse todas as besteiras que ele fez em vida e ela não desrespeita a memória dele. Por um momento, me pergunto o que a minha mãe acharia de Akemi caso estivesse viva e pudesse conhecê-la.

— O que vocês acham? — Baki pergunta aos outros anciãos.

— Não confio nela — um deles diz. — Ela pode muito bem estar junto com esse daí — ele aponta o queixo na minha direção. — E os dois podem estar juntos com essa organização.

— Não temos nenhuma prova de que Akemi está junto com eles ou que ela e Gaara estão conspirando contra a Vila da Areia. Não podemos matá-la ou trancafiá-la com base só em achismos. Levem ela — ele diz aos dois jounins. — Não vamos prendê-la nem vamos tratá-la como se fosse uma prisioneira aqui, Akemi — ele olha para ela. —, mas espero que entenda que vamos ficar de olho em você.

— Como eu disse, Baki, não tenho nada a esconder.

E ela sai com os jounins e eu começo a tremer de vontade de ir atrás dela. Penso que se essa “reunião” demorar mais um segundo sequer eu vou sair antes de terminar e eu quero só ver alguém tentar me impedir.

— Agora nós precisamos decidir sobre o Kazekage e eu preciso de uma resposta — Baki diz. — O que vocês acham da minha idéia sobre Gaara?

Todo mundo fica em silêncio por um tempo até Kankuro quebrá-lo.

— Apesar de não ser do conselho, eu concordo. Gaara realmente é o ninja mais forte da vila e é a melhor opção para Kazekage.

— Eu também não sou do conselho, mas concordo com Kankuro e com Baki — Temari diz.

Por causa da resposta de Temari, os outros anciãos vão começando a concordar. Eles confiam cegamente nela então acreditam que ela nunca tomaria uma decisão para prejudicar a vila. Dos doze membros do conselho, dez votam a favor e dois votam contra. Como a maioria vence, eu acabo me tornando o novo Kazekage da Vila da Areia.

Baki começa a falar mais alguma coisa, mas saio da sala antes que eu tenha tempo de ouvir. Como posso me tornar Kazekage sendo um jinchuuriki? Como posso ficar com Akemi se eu vou estar preso a essa vila pelo resto da minha vida? Penso em renunciar e essa me parece a decisão mais óbvia do mundo e a mais certa.

Eu atravesso a vila em um tempo recorde e, quando chego no meu quarto, eu fecho a porta com tanta força que o barulho fica reverberando no meu ouvido por alguns segundos. O quarto está ainda mais escuro do que estava antes que eu saísse. E está bem frio também, mas a única coisa que me chama atenção realmente é a silhueta escura sentada em minha cama. Quando as nuvens saem da frente da lua e ela ilumina meu quarto pela janela, eu consigo enxergar que é Akemi. Assim que seus olhos encontram os meus, ela fica de pé e corre até mim, envolvendo meu pescoço com seus braços e me puxando para um abraço. Eu a seguro pela cintura e escondo meu rosto em seu ombro.

— Eu estava tão preocupada com você — ela diz, a voz abafada.

— Eu sinto muito por tudo isso — eu falo. — Por tudo o que você teve que dizer na frente deles.

— Não me arrependo de nada que eu disse — ela se afasta um pouco de mim apenas para olhar em meus olhos. — Era tudo verdade.

Eu sei que ela está falando de tudo, mas principalmente da parte do ciúmes e de ser apaixonada por mim desde pequena. Eu nunca pensei que um dia chegaria a dizer isso, mas eu sinto meu peito aquecer com as palavras dela, como se eu tivesse passado o dia todo na neve e chegasse em casa na frente de uma lareira.

Mas nem mesmo o fato de estarmos juntos agora, conseguia tirar a ansiedade de dentro mim. Mesmo que eu me recusasse a pensar, o fato era que agora eu havia ficado no lugar do meu pai, o substituído como Kazekage. E eu não estava nem um pouco pronto para isso, afinal além de ter apenas 18 anos, eu tenho uma das bestas de caudas dentro de mim. E se o ancião estivesse certo e eu perdesse o controle e matasse todos da vila? E se eu ferisse Akemi? Eu me afasto de Akemi, sentindo meus olhos encherem de lágrimas pela segunda vez no dia. Sento na minha cama e apoio a cabeça nas mãos.

— O que aconteceu? — Akemi pergunta, se ajoelhando na minha frente. Ela toma meu rosto em suas mãos e me faz olhar para ela.

— Akemi — eu me afasto de suas mãos e limpo meus olhos. —, eles decidiram quem vai ser o novo Kazekage depois que você saiu.

— Quem? — ela pergunta, me encarando preocupada.

— Eu. Eles votaram em mim.

Akemi arregala os olhos e me encara como se tivesse visto um fantasma. Eu entendo a expressão dela porque eu provavelmente fiquei com a mesma quando ouvi a decisão.

— Nossa, eu nem sei o que falar — ela fica de pé e se senta ao meu lado. — Quer dizer, você tem total capacidade de ser um Kazekage, mas isso é tão repentino — ela olha para mim. — Acho que você é o Kage mais novo da história — ela sorri.

— Estou com medo — digo, virando o rosto para olhar para ela. — Do que pode acontecer.

— Vai ficar tudo bem — ela desliza a mão pelo meu braço e entrelaça seus dedos nos meus. — Você vai ser o melhor Kage de todos. E eu vou estar aqui para te ajudar caso você precise.

— Aqui? — eu aperto um pouquinho a mão dela. — Você não vai voltar para Konoha?

— Como eu posso ir embora do lugar em que você está? — com a outra mão ela começa a fazer carinho no cabelo em minha nuca. — Se é aqui que você vai estar, então é aqui que eu vou estar também.

Ela olha nos meus olhos, com um sorrisinho nos lábios, e eu devolvo o olhar dela. Nós ficamos um tempo nos encarando assim, em um silêncio confortável. Eu nunca soube muito sobre amor, dizer “eu te amo” para ela mais cedo foi tão fácil quanto respirar e foi sincero porque eu realmente me sinto assim em relação à ela, mas eu acho que ainda preciso aprender muita coisa sobre sentimentos. Porém, olhando Akemi agora acredito que começo a ter uma ideia do que essa palavra realmente signifique. Lar é a primeira palavra que me vem à mente quando eu penso nela. O único lugar no qual eu sou bem-vindo e do qual eu não quero nunca mais me separar.

Eu levo uma mão até a nuca dela e a puxo para mim, juntando nossos lábios. Apesar de Akemi ser sempre a imagem da calma por fora, quando nossos lábios se encostam, ela parece ainda mais ávida por mim do que eu imaginava que ela poderia estar. Nós sentimos falta de ar rapidamente e, quando nos separamos apenas um pouco para respirar, nós logo voltamos a nos beijar.

— Eu te amo — digo, contra os lábios dela.

— Eu sei — ela sussurra de volta.

E me beija de novo, segurando minha nuca com as duas mãos. Antes que eu tenha sequer tempo de raciocinar, ela fica de joelhos na cama e senta no meu colo. Não demora nem dois segundos para aquelas mesmas sensações que eu estava sentindo horas atrás com ela voltarem com tudo.

— Você quer ir até o fim agora? — ela pergunta.

Não consigo pensar em nenhuma resposta coerente para responder à ela e acho que se eu fosse tentar falar algo nada coerente iria sair da minha boca, então apenas balanço a cabeça, concordando. O que quer que ela quisesse fazer, eu queria também.   


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