Between Life and Death escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 6
Capítulo 05 - Palo Alto, Califórnia




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Palo Alto, Califórnia

 

Há sempre um sentimento positivo quando se trata de retornos. A vida é feita de idas e voltas e, ao retornar para um lar conhecido e familiar, nos pegamos pensando no lado bom das coisas, no sentimento de ser envolto de memórias nostálgicas e a oportunidade de dormir, mais uma vez, em nossa cama, em poder sentar em nosso sofá e, até mesmo, fazer o nosso próprio café.

Era assim que Sam Winchester se sentia. Ele estava voltando para o pequeno apartamento que dividia com a sua namorada, Jessica, e, logo, teria uma entrevista que poderia mudar a sua vida.

É como dizem “Não há nada melhor do que a nossa casa”.

Por um momento, as coisas pareciam se encaixar perfeitamente, Katherine estava no banco da frente, escrevendo o que vinha a sua mente em seu diário, Sam, no banco de trás, aproveitando os últimos momentos de sua viagem para descansar e Dean, com um semblante sério no rosto, dirigia pela rodovia escura.

— Uma moeda por seus pensamentos — Kath fala, sem tirar os olhos de seu caderno.

— Ainda não sei o porquê de você sempre andar com um caderno de anotações — Ele resmunga, apontando para o objeto

— Deve ter coisa aí de 1460.

— Engraçadinho — Ela revira os olhos, fechando seu diário — Em primeiro lugar, eu nasci em 1828. Segundo, é bom anotar as coisas, relembrar, ajuda a manter a cabeça afiada.

— Nunca imaginei que namoraria uma mulher quase 130 anos mais velha que eu — Ele sorri, tirando os olhos da estrada e os voltando para Katherine que o encarava atônita — Ainda bem que gosto das mais velhas.

A vampira sente seu rosto aquecer de vergonha, mal conseguindo formar uma sentença que soasse coerente.

— Idiota — A vampira resmunga atirando sua caneta no motorista — Nunca namoramos!

— É claro que sim! Quando acompanhava meu pai nas caçadas!

— Quando me pediu em namoro, então? — Ela ameaça, fuzilando-o com o olhar — Não me lembro e raramente esqueço as coisas.

— Talvez tenha sido na nossa primeira noite — A voz de Dean soa tranquila e casual, o que faz Katherine arder de raiva — Não lembro de negar o seu amor por mim quando eu estava em cima de você.

— Dean Winchester! — A vampira estava em choque, foi a primeira vez que ele havia falado daquela noite, um pouco antes de ambos tomarem rumos distintos.

— Você é uma graça quando está vermelha, sabia disso?

Ela engole a vergonha e o soca com força no ombro.

— Seu pai nunca te ensinou a respeitar os mais velhos?

— Achei que tivesse a idade de Sam — Ele retruca, com um sorriso malicioso no rosto, tento seu olhar focado na rodovia.

— Eu morri com a idade do Sam, só isso — Murmurou colocando seu diário em sua mochila, não faltava muito para chegar ao seu destino.

— Mesma coisa — Dean fala, colocando sua mão no espaço no estofado que existia entre os dois — Quer que eu te deixe em Little Peace depois?

Katherine sente seu coração apertar, queria, por algum motivo, tocá-lo, segurar a sua mão como fazia antes, quem sabe até entrelaçar seus dedos ao dele. Mas tudo aquilo parecia errado, sentir isso por ele era errado, afinal, haviam sido claros um com o outro: Não deveriam namorar, Kath era sobrenatural e Dean, um humano.

— Vou acompanhar você, seu idiota — Ela resmunga, balançando a cabeça, esquecendo-se de seus pensamentos errôneos — Precisa de alguém para cuidar de você.

— O Sam pediu isso, não foi? — Dean cerra o maxilar, apertando o volante.

— Dean…

— Chegamos? — Sam perguntou, ainda sonolento, sentando-se no banco, interrompendo a vampira.

— Sim — O irmão mais velho rosnou, voltando o seu olhar para a estrada.

Katherine se esconde no silêncio, esperando Dean estacionar o carro ao lado do complexo de apartamentos enquanto Sam arruma suas coisas dentro de sua mochila. Ao se despedirem, a vampira observa seu amigo voltar para a casa, mas estava certa de que a conversa com o Winchester mais velho não havia acabado.

— Não sou uma criança, Katherine — Sua voz é rígida, tão fria que mais parecia uma lâmina de gelo.

— Sei que não é — Retrucou, observando-o se apoiar no capô do Impala — Mas nada disso me impede de me preocupar com você, Dean.

— Não preciso da supervisão de um adulto. Sei os riscos do meu trabalho, Sage — Resmungou, cruzando os braços — E preciso achar o meu pai.

Katherine respira fundo e se aproxima do Caçador.

— Deixe-me te ajudar — Pediu, olhando-o nos olhos.

Ela podia ver a dor e a mágoa em suas órbitas cristalinas e hipnotizantes. Katherine queria poder confortá-lo, abraçar Dean para que ele se lembrasse dos momentos que passaram juntos. De todas as caçadas, das lutas e dos perigos que enfrentaram lado a lado.

A vampira sabia que era impossível para ela negar algo para os Winchester e naquele momento ela rezava para que Dean permitisse que Katherine o acompanhasse na jornada em busca de John Winchester.

— Você sabe que… — Pigarreou, revirando os olhos — Não consigo negar nada para você.

Um sorriso sutil surge nos lábios da vampira.

— Só peço que não passe fome desnecessariamente — Ordenou, sua voz é dura e séria — Pode me falar quando for precisar de sangue.

— Sim, senhor — Brincou segurando sua mão, mas toda a alegria desaparece de seu rosto quando um odor peculiar atinge suas narinas.

Um cheiro insuportável inunda a mente de Katherine, fazendo ela perder o equilíbrio. Era como se as portas do inferno tivessem sido abertas e todos os demônios agora caminhassem livremente pela Terra.

Um medo se instala no coração da vampira, puro gelo corria em suas veias.

— Katherine, o que houve? — Dean fala, segurando os braços da vampira, dando-a suporte para que permanecesse em pé — Está congelando! O que diabos está acontecendo?

— E-Enxofre… — Murmurou, recobrando os sentidos, olhando para Dean.

— O que… — O medo em sua voz era palpável.

— Vá! — Gritou, empurrando Dean em direção ao complexo.

Enquanto Dean dispara em direção ao apartamento de Sam, Katherine abre o porta-malas, pegando suas armas carregadas de balas de sal e prata e uma estaca. O sangue humano ainda pulsava em suas veias, então chegar à porta da casa de Sam não foi demorado.

Mas o mal é ainda mais rápido do que a velocidade vampírica e tudo estava em chamas quando a bruxa chegou ao apartamento. O fogo gritava, queimando e destruindo tudo que tocava. Sam estava no chão, tossindo e assustado demais para se movimentar. Dean o protegia com o seu corpo, tomando cuidado para que as labaredas não atingissem seu irmão.

— Dean! — Gritou, testando se havia uma parede invisível.

Nada a impedia de entrar e um alívio preenche seu corpo, a dando forças o suficiente para entrar na casa em chamas. Ela se agacha perto dos irmãos Winchester, empurrando Sam para a saída, com muita dificuldade, pois ele tremia tanto que sempre escorregava dos braços de Katherine.

Uma vez do lado de fora, a vampira tratou de buscar Dean, mas quando retornou ao meio da sala de estar, ele não estava mais ali.

— Dean! — Gritou, cobrindo sua boca e lutando contra a própria mente.

Tudo ali fazia ela se lembrar do momento em que sua vida virou de cabeça para baixo. Era 1850 quando sua família inteira queimou em uma barraca, sua irmã mais nova pedia ajuda, seu pai agonizava de dor, seu irmão urrava xingamentos e sua mãe rezava para a lua.

Katherine podia ouvir seus gritos e seus clamores, mas não podia salvá-los.

Ela sentia lágrimas se acumulando em seus olhos, não só por conta da fumaça nociva, mas também por conta das memórias dolorosas que invadiam a sua mente. Sua família morrendo queimada enquanto os outros aldeões cantavam vitoriosos.

— E-Eu não posso perder você também Dean… — Choramingou olhando para cima.

Seu coração despencou até sua cavidade estomacal e Katherine precisou conter o enjoo que entalava sua garganta. Pendurada ao teto em chamas estava Jessica, uma mulher de cabelos loiros e feições finas. Usava uma camisola branca e a região de sua barriga estava ensanguentada. A vampira tapa a boca para não gritar, caindo de costas no carpete.

Era de Jessica que emanava todo o fogo que consumia as coisas delicadas do pequeno apartamento. Era da namorada de Sam que pingava o sangue doce e aterrorizante, formando uma poça medonha perto de onde Katherine tinha caído. O líquido vermelho que outrora fazia a vampira perder a cabeça, agora a deixava enjoada.

— Peguei você — Uma voz conhecida faz o corpo de Kath tremer.

Dean a segura pela cintura, ajudando-a a se levantar. Cambaleando os dois saem do apartamento, em silêncio. O fogo ainda ardia e queimava quando Katherine se apoiou no corrimão da escada, sua mente dava volta e seu estômago estava devastadoramente enrolado.

Seu corpo clamava pelo ar puro e não o cheiro doce e férrico do sangue misturado com cinzas e um toque demoníaco do enxofre.

Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, o som de sirenes percorre o ar. A vampira sente seus joelhos falharem no momento em que repousou seus olhos em Sam, ela queria abraçá-lo e dizer que sentia muito pelo que tinha acontecido com a Jessica, mas o semblante aterrorizado e furioso do Winchester mais novo era algo novo para Kath.

Seus olhos estavam repletos de um amargor tão profundo que parecia o fundo do oceano.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem, isso me deixa feliz e ajuda a história permanecer viva.



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