Guerra é Guerra escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 5
Charasuke


Notas iniciais do capítulo

Me deu uma dor de cabeça triste nesses últimos dias, e eu não consegui arranjar paciência para vir aqui postar. O capítulo 5 já está quase pronto, então esperem mais uma atualização essa semana. Perdão pela demora, pessoal!



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Capítulo 4 

por N.C Earnshaw

 

VÍSCERAS ARRANCADAS. Um pescoço rolando pelo chão do apartamento e o seu tapete completamente sujo de sangue eram as únicas imagens que passavam na cabeça de Sasuke enquanto ele observava sua cópia que tinha vindo, aparentemente, dos confins do inferno para atormentar sua vida, flertando com Sakura. 

Ele tentou ao máximo controlar a fúria que tomava conta de seu corpo, buscando evitar a memória amarga dos tempos em que apenas vingança e ódio preenchiam sua vida. 

Sasuke procurava evoluir a cada dia, sendo mais compassivo, valorizando a amizade dos seus companheiros de time e, claro, evitando socar outra pessoa até a morte por motivos pessoais. Aparentemente, o universo era um filho da puta que queria testar sua paciência e fazê-lo tropeçar no seu caminho até a redenção, pois tinha enviado alguém com o mesmo rosto que o seu, e que tirava qualquer resquício de paciência que ele possuía. 

Quando percebeu o idiota se inclinando para tocar o cabelo de sua companheira de time, agiu por instinto. Quem era ele para tocá-la quando não era nada mais que um mero estranho? O fato dele ter o seu rosto e ser o seu eu de outra dimensão não justificava a intimidade em que ele tratava Sakura. Segundo os relatos que Naruto e ela o deram, não passaram mais que alguns dias na dimensão bizarra para criar qualquer laço que fosse.

A kunai se cravou na parede devido à força que ele a lançou. Não tinha mirado para atingir, de fato, o alvo. Se o fizesse, somente daria mais uma chance para Sakura e sua cópia se aproximarem ainda mais enquanto ela o curava. 

— É muito interessante ver você demonstrando alguma emoção, traidor — comentou Sai com um sorrisinho falso. O ex-anbu se aproximou da janela e se virou para Sasuke novamente. — Por mais didático que seria observar vocês lidando com essa situação, tenho um encontro com a Ino, e ela não gosta de atrasos. — E saltou, desaparecendo em meio aos telhados. 

O Uchiha achava que nunca conseguiria se acostumar com o quão estranho era aquele cara. Era bizarro ter encontrado alguém que fosse pior que ele mesmo em demonstrar sentimentos. 

— Sasuke-kun! — A voz irritada de Sakura quase feriu seus tímpanos. Ele se virou para observá-la vindo furiosa em sua direção. As bochechas estufadas, um biquinho adorável em seus lábios e os punhos cerrados, prontos para oferecer cascudos a qualquer um que a desafiasse. 

Sasuke duvidava que ela usasse seus punhos com ele. Ela ainda gostava demais dele para feri-lo displicentemente. No entanto, apostava que ela tinha um longo discurso de repreensão na ponta da língua.

E estava certo.

— Por que jogou aquela kunai? — indagou Sakura, exasperada. — Sei que sua intenção não foi ferir o outro Sasuke, sua mira é boa demais para errar desse jeito. Então o objetivo foi o quê? Assustá-lo? 

— Hum. — Na língua de Sasuke Uchiha, ao qual Sakura Haruno se considerava quase fluente, aquele “hum” significava um “não faça perguntas que me sinto constrangido em responder, mulher”.

Os momentos seguintes foram um dos mais insuportáveis de sua vida. A maneira em que Sakura correu ao encontro do seu sósia o fez querer atravessar o infeliz com um chidori. Quando viu, já estava repreendendo-a pela sua tagarelice. Os olhos dela brilharam em tristeza, e ele se arrependeu no mesmo instante, não devia ter descontado sua raiva na companheira de time quando estava apenas irritado com o futuro cadáver ao seu lado. 

Vê-los flertando o fez usar todo o autocontrole que possuía, e ele teve que afundar as unhas nas palmas das mãos para não pegar sua kusanagi e tornar realidade a imagem que se passava tão clara e vívida em sua mente. 

Um empurrão de lado o tirou dos seus pensamentos sanguinários, e um Naruto malicioso entrou na frente do “casal” conversando a uns metros de si. 

— Se eu fosse você, Teme, ficava esperto — aconselhou o Uzumaki, colocando as mãos atrás da cabeça em uma posição despreocupada. Parecia que ver seu rival tão estressado estava fazendo muito bem ao seu humor. 

Sasuke lançou-o um olhar de deboche. 

— Passo os seus conselhos baratos, Dobe. 

Naruto abriu um sorriso largo, e apontou com a cabeça para onde Sakura mimava o clone do seu amigo como se ele fosse um bichinho fofo que estivesse machucado. 

— Deveria. Diferente de você, o Charasuke ali não parece ser nada desprovido de hormônios. 

Por alguns segundos, Sasuke não conseguiu disfarçar o choque sob sua máscara impassível. 

— Então meu eu do outro mundo… — O Uchiha fez careta desgostosa. 

— É um galinha? — riu o loiro, dando um “tapinha” nas costas de Sasuke. — Ele é bem pior do que você imagina. 

— Vamos falar com o Kakashi-sensei hoje? — A pergunta de Sakura não foi respondida prontamente, Sasuke levou algum tempo a encarando antes de responder. 

— Não. Vamos deixar para amanhã — determinou. 

Ela assentiu. 

— Então vou indo pra casa… — O ex-vingador sentiu vontade de impedi-la, mas não soube o que dizer para evitar sua saída. Para sua sorte, o seu melhor amigo idiota foi, pelo que ele achava ser primeira vez na vida, eficiente. 

— Não acho uma boa ideia deixarmos o Teme e o Charasuke sozinhos — cochichou Naruto para a amiga. 

Sakura cobriu a boca com a mão para não alertar com sua risada o “Charasuke” no sofá.

— Charasuke, Naruto? — inquiriu, incrédula.

Sasuke arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto, achando engraçada a reação da garota. No manual de Sasuke Uchiha, aquele gesto era quase uma gargalhada. 

— Não dá pra chamar o outro Teme de Teme! — A explicação soou óbvia na voz do Uzumaki, fazendo Sakura e Sasuke trocarem olhares cúmplices. 

— Já que todos nós vamos dormir aqui — começou Sakura, batendo o dedo indicador na bochecha. — Precisamos de algo para co-...

— Rámem! — gritou Naruto, atraindo a atenção de Charasuke. Aquilo aguçou a curiosidade do ninja de outra dimensão, mas como não podia se erguer já que estava fazendo drama para a Haruno, tentou prestar mais atenção na conversa que ocorria não tão longe dele. 

— Meu armário está cheio, posso cozinhar. — Sasuke faria qualquer coisa para evitar comer aquela porcaria mais uma vez naquela semana. Apesar de achar a comida preferida do seu rival saborosa uma vez ou outra, encontrava-se enjoado do sabor, e queria comer algo diferente, para variar. 

Sakura bateu palmas, não deixando Naruto se pronunciar. 

— Sasuke-kun… Posso conversar com você? — pediu ela com uma estranha timidez.

Sasuke franziu o cenho, sem entender a súbita onda de constrangimento que tomou o corpo de sua companheira de time. Eram raros os momentos em que Sakura se envergonhava em sua presença. Ao contrário da época em que eram genins, a kunoichi não tentava demonstrar ser perfeita todo o tempo, também não se importava em discordar dele quando tinha uma opinião contrária, e não pensava duas vezes antes de pedir ou mandar em qualquer um deles. Esquisito…

— Hummm, Sakura-chan! — Naruto sorriu com malícia. — O que você quer conversar com Teme que não pode dizer na minha frente? 

Ela arregalou os olhos e corou furiosamente ao perceber que Sasuke a encarava com um olhar suspeito. 

— Pare de ser idiota, Naruto! — gritou a médica, socando o ombro dele.

O loiro soltou uma lamúria ao ser agredido, e resmungou baixinho: “Depois reclama quando é chamada de ogra”. 

Uma veia pulsou na testa de Sakura, e o único membro vivo do clã Uchiha se viu obrigado a intervir. Seu apartamento não sobreviveria a ira da Haruno. 

Ele abaixou o pulso dela com delicadeza, sem querer surpreendê-la e levar aquele soco no estômago. A pele dela era tão macia, que ele teve que se conter para não acariciar a região com a ponta dos dedos. 

Sakura ficou boquiaberta por alguns segundos, e ele soltou sua mão como se tivesse levado um choque. A pele não era a única parte tentadora da ninja. Os lábios em um tom de rosa escuro, fizeram com que pensamentos nada conservadores tomassem conta de sua mente. Por exemplo, como seria se ela colocasse eles ao redor do seu...

— Eu apenas queria perguntar se posso tomar banho! — guinchou Sakura, para o alívio do Uchiha. Estava indo por um caminho que o deixaria com graves consequências se aprofundado, e a interrupção foi muito bem-vinda. 

Ele se segurou para não analisar se ela estava, de fato, precisando de um banho. 

— Vou deixar umas roupas e uma toalha na porta. 

Sakura apenas assentiu, e ele saiu daquela sala o mais rápido que pôde sem demonstrar que se encontrava desesperado para se livrar da presença dela. 

O cheiro da sopa de tomates quase pronta era o aroma mais saboroso que Sasuke já sentiu. Sua boca salivava diante da ideia de jantar aquela obra de arte, e enquanto ele preparava alguns dangos para os seus visitantes, anotou mentalmente que teria que repor em breve a comida. Apesar de o armário estar cheio, quase metade dos ingredientes que iria usar naquela semana foram gastos. Como morava sozinho, tentava não comprar tanto de uma vez, visto que odiava quando tinha que jogar comida estragada fora. Era algo que havia aprendido com sua kaa-san. Valorizar a comida e suas refeições.

O Uchiha não se considerava um cozinheiro excelente. Não sabia tantas receitas assim e apenas se dignou a aprender a fazer as suas comidas favoritas; em sua maioria com o tomate como ingrediente principal. Mas gostava de fazê-lo, pois cozinhar sempre o acalmava. 

— Acha que o Kakashi-sensei vai prender o Charasuke em algum lugar? — Sasuke sentiu uma breve irritação ao ouvir a voz de seu melhor amigo atrapalhando seu instante de paz, entretanto, apenas soltou um suspiro cansado. 

— Ele é uma ameaça em potencial. Apesar de vocês terem o conhecido nessa outra dimensão, não vai ser o suficiente para Kakashi depositar toda sua confiança. — O ninja virou a cabeça para olhar o loiro. — Além disso, ele é um Uchiha, e uma versão de mim, as pessoas não vão acreditar nele tão facilmente. 

Naruto bufou. 

— Todo mundo já te perdoou, Teme! 

Sasuke soltou um resmungo, sem querer se aprofundar naquele assunto. Sabia pelos olhares que ganhava nas ruas de alguns civis que não foi completamente perdoado. As pessoas sempre se lembrariam de sua traição e sua busca ensandecida por vingança. Apesar de ter ajudado na batalha e ser respeitado por diversos ninjas, os civis não acreditavam tanto assim na sua mudança, e ainda o temiam. 

— O único que continua com essa droga de desconfiança é você! — acusou Naruto. 

Sasuke abriu a boca para refutar. O Uzumaki não entendia seu lado da história. Apesar de na infância ter sido rechaçado e odiado por todos os habitantes da vila, ele sempre tinha seguido o caminho do bem, ao contrário dele mesmo, que passou metade de sua vida trilhando um caminho sujo e obscuro. O seu rival, após se tornar um herói aclamado, não sabia identificar nada além de completa devoção das pessoas por terem sido salvas, e parecia estar cego para os olhares de julgamento que lançavam para Sasuke sempre que o viam caminhando ao lado do futuro Hokage de Konoha. 

Um estrondo vindo da sala o fez largar a colher que tinha em mãos e correr em direção ao barulho, seguido de Naruto. O grito estridente de Sakura fez seu coração disparar ao pensar que ela poderia estar em perigo, e o Uchiha se amaldiçoou por não ter ficado atento ao estranho em sua sala. Se ele tivesse tocado sequer em um fio de cabelo da cabeça rosada, Sasuke o mataria. 

O ninja parou bruscamente ao ver o estado da sua sala de estar. O único vaso decorativo; dado por Sakura como presente de boas-vindas, encontrava-se espalhado em pedaços no chão. Seus olhos buscaram por sua companheira de time para verificar se ela estava a salvo, e ao perceber o quão desestabilizada Sakura se encontrava enquanto agarrava a barra da camisa que ele tinha dado a ela como se fosse sua salvação, aproximou-se. 

O rosto da garota estava em um vermelho quase escarlate, os olhos brilhavam de fúria encarando um corpo jogado no chão devido a força que foi lançado contra a parede. Sasuke teve que agarrar os ombros dela com ambas as mãos para conseguir a atenção da kunoichi para si. 

— Sakura… — chamou, preocupado. — O que aconteceu? 

Ela engoliu em seco e desviou o olhar para o chão.

— Sakura — insistiu, apertando a pele dela levemente. 

— E-ele… — A gagueira repentina fez Sasuke franzir o cenho em expectativa, e ele deduziu que o “ele” em questão, era sua cópia barata que levantava do chão gemendo. — Ele pegou na minha bunda! 

 


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