Sublime escrita por Paulie


Capítulo 4
IV. julho - férias de verão


Notas iniciais do capítulo

Oi!

A gente tarda mas não falha (mas cheguei dentro do previsto que tinha dito no último capítulo, afinal).

Espero que gostem!



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IV

julho – férias de verão

— E, honestamente, qual é o problema com Drew? Eu sei que a gente não se bica, mas foi um sorteio, era um trabalho em grupo. Custava fazer bem feito? E nem era só a gente no grupo! Por causa desse desentendimento nosso ela cagou com a nota de todo mundo.

Alexa ajeitou os óculos de sol no rosto, ao mesmo tempo em que se remexia na espreguiçadeira, tentando encontrar uma posição melhor. Katie estava de olhos fechados, sentindo o sol bater no rosto e aproveitando o calor bem vindo de julho, que tornava as férias de verão uma perfeita combinação de casa, sorvetes e espreguiçadeiras no jardim.

— Mas, no fim, conseguiu passar?

— Consegui, tinha ido bem na prova no meio do semestre e depois foquei na do final. Mas Mary ficou fazendo estágio no verão no laboratório do professor pra tentar compensar nota. E Mary nem tinha nada a ver com toda a confusão.

— E Drew?

— Ela ainda conseguiu passar, acredita? Enfim, passou – ela deu de ombros – Espero não ter que pegar mais nenhuma cadeira com ela. E você, ficou de me contar mais sobre James e tá me enrolando até agora... Vamos, desembucha.

— Ah, nada demais pra contar... – foi a vez de Katie dar de ombros.

Mas, na verdade, muito havia acontecido.

Eles haviam se conhecido em maio.

Katie estava completamente desesperada para um seminário de história do teatro que apresentaria na semana seguinte – e que não estava nem perto de estar pronto. Não era porque ela havia procrastinado, ou algo do tipo, na verdade, era porque havia recomeçado o trabalho tantas vezes desde que começara que, naquele ponto, ela não sabia nem mesmo para onde estava indo. Sua tese era fraca, sua apresentação desconexa... E ela tinha uma semana para concluir.

A biblioteca já estava praticamente vazia – afinal, era sexta e a hora se aproximava das dez da noite –, mas sua mesa ainda tinha diversas pilhas de livros. Quando percebeu a hora, juntou todas suas coisas em um rompante para conseguir pegar o último circular que passava perto de seu prédio (ela, definitivamente, não tinha como pagar um segundo táxi na mesma semana).

Por sorte, alcançou o ponto poucos segundos antes do ônibus apontar no fim da rua. Suspirou aliviada e, honestamente, estava tão exausta que nem percebeu o tempo passar, e logo estava na calçada, procurando suas chaves na bolsa, tentando equilibrar alguns dos livros que trazia no braço.

Apenas pensar que ainda teria de subir mais quatro lances de escada antes de chegar em seu apartamento a fazia suspirar – e sentir saudades dos turnos no Wired: ela realmente acreditava que estava cansada naquela época? Ela riria da cara da Katie do passado agora, se tivesse oportunidade.

Tão perdida em pensamentos sobre o passado (e, sendo sincera, sobre um banho quente e um macarrão) estava que não percebeu que outra pessoa descia as escadas – não tendo assim tempo de desviar. Tropeçou nos seus próprios pés, mas conseguiu se reequilibrar novamente rápido o suficiente para não deixar nada cair.

— Desculpa – ela murmurou, simplesmente, continuando a subir as escadas.

Em um dia normal, ela teria parado e pedido perdão mais efusivamente; ela teria garantido que não havia machucado ninguém; e ela teria ficado até ter certeza que a pessoa não estava chateada ou ressentida com ela. Hoje, no entanto, não era um dia normal, e ela apenas terminou o caminho até seu apartamento para uma noite de sono bem merecida.  

Não pensou novamente no esbarrão até a manhã seguinte. Saia apressada de casa, um pouco atrasada para a primeira aula do dia – que ela não podia faltar de modo algum se tivesse a intenção de conseguir algum papel para a apresentação de natal daquele ano, que estaria sob responsabilidade do professor Balson –, mas foi distraída no caminho por uma voz.

— Oi – ele disse, simplesmente, chamando a atenção de Katie.

Parou no meio de uma troca de passos, erguendo a cabeça para identificar o dono da voz. Um cara que devia ser pouco mais velho que ela, com óculos no rosto e um sorriso que repuxava mais o lábio no lado esquerdo – ela podia jurar que não o conhecia, e era realmente boa em reconhecer rostos.

— Hum... Oi? – ela cumprimentou, ao mesmo tempo em que perguntava, incerta.

— A gente não se conhece, se é isso que está se perguntando. Na verdade, a gente se conheceu ontem, mas não fomos apresentados. E talvez pareça um pouco estranho, mas eu não sabia nem o seu nome, o único lugar que eu sabia que acabaria te encontrando de novo era aqui. Eu sou o James, moro descendo o quarteirão.

Katie nunca havia conhecido alguém que disparasse em um discurso desse jeito – a não ser, talvez, por ela mesma. A expressão confusa que adquiriu, franzindo suas sobrancelhas, deve ter entregado o quão pouco havia entendido.

— A gente se esbarrou na escada, ontem a noite – quando ela aliviou a expressão, em sinal de reconhecimento da situação, foi que ele continuou – Eu não perguntei ontem, e esse era o único lugar que eu sabia que poderia te encontrar, embora isso possa parecer extremamente doentio e um pouco stalker. Eu só queria te convidar, não sei, pra um café. Ou um chá, não se se você bebe café. E, quem sabe, saber seu nome.

Ela riu, estendendo a mão para ele.

— Katie.

Começaram a sair ainda em maio, depois da apresentação do seminário de Katie – que, no fim, acabou dando razoavelmente bem. Continuaram a se encontrar durante o mês de junho, e Katie estava até mesmo esperançosa que pudesse resultar em alguma coisa— eles combinavam, ele ria das piadas ruins dela, e ela adorava ouvi-lo falando sobre a série com que estava obcecado na semana.

Foi no início de julho, na semana antes de voltar para Wellard, que Katie percebeu que talvez não fossem uma boa combinação. Estava em semana de provas, e na disciplina do professor Balson teria de apresentar um monólogo – e seria decisivo para garantir um possível papel na peça de natal ou coloca-la definitivamente fora da lista de candidatos.

Estava ansiosa – terrivelmente ansiosa –, mas quem não estaria?

Mas quando James ficou ansioso junto com ela, preocupado com suas próprias provas finais e com o fechamento do seu semestre; quando a cada vez que se encontravam os dois terminavam o dia mais ansiosos do que estavam ao chegar; quando notou que eles eram iguais demais naquele quesito... Ela chegou à conclusão que não eram o melhor um para o outro.

Quando chegou em casa depois de ter encontrado com James no café ali perto e se pegou pensando em como Aiden conseguia acalma-la quando estava assim ansiosa, como a personalidade dele equilibrava perfeitamente a sua nesse quesito... Ela chegou à conclusão que o que estavam fazendo não era a melhor decisão para nenhum dos dois.

Ela queria alguém que a fizesse se sentir melhor, cada vez melhor. Como Aiden fazia. E isso não era justo com James – porque ela também não o fazia se sentir melhor.

James não fizera nada de errado, ela deixou isso claro quando o chamou para conversar naquele dia, não era culpa de nenhum deles. Eles simplesmente não se conectavam e se complementavam naquele âmbito – e isso também estava bem.

— Nada pra contar mesmo? – a voz de Alexa a trouxe de volta para a realidade.

— Só não era pra ser. E, bem, o que é pra ser, vai ser, certo? – Katie sorriu, tentando permanecer positiva.

O universo tem maneiras sublimes de agir, mas sim: o que é para ser, será. Com essa certeza, Katie recolocou os óculos de sol no rosto e se reclinou na espreguiçadeira, aproveitando o calor que a aquecia.


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Notas finais do capítulo

Katie deu continuidade à vida dela em NY - e eu acho que isso é algo bem importante. Não era a pessoa certa, mas se permitir e se abrir pra esse relacionamento, independente de Aiden, e ter a maturidade para ver que não era o melhor para ela foi um passo essencial para sua jornada.
O próximo (e último) capítulo se passará em (meados de) setembro, no início do novo ano letivo em NY. Não tenho previsão para postar, mas provavelmente na primeira quinzena de janeiro.
Como não volto antes das festas, bom final de ano a todos, um feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Não deixem de me contar o que estão achando.

Beijinhos,

Paulie



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