Jornada nas Estrelas: Iguaçu escrita por Laertes Vinicius


Capítulo 9
Prova de Inocência




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Com grande relutância, o subcomandante Da’Far entregou seu fêiser para a oficial de transportes, minutos antes de descer ao planeta Rijan VII. Por mais que ele tivesse o conhecimento e a capacidade necessários para improvisar métodos alternativos de ação e defesa, levar consigo a arma que simbolizava excelência em todos os aspectos sempre o deixava mais confortável. Contudo, diante das restrições exigidas pelo governo local, ele estaria limitado a portar a mesma arma utilizada pela sua força de segurança: um revólver de impacto termoestático. Esta e outras restrições haviam sido resolvidas horas antes, durante uma conferência realizada na principal lua do planeta, onde o capitão Vernon e o Conselheiro Nhefé tomaram conhecimento das leis locais e discutiram propostas para o intercâmbio cultural entre a o pessoal da USS Iguaçu e os nativos.

Ao contrário da maioria das civilizações conhecidas que, em estágios similares de desenvolvimento, ansiavam por adquirir maior conhecimento daqueles cuja tecnologia era superior, os rijanianos tinham uma política bastante rígida quanto ao contato com tecnologia alienígena. Eles seguiam uma espécie de Primeira Diretriz, que utilizavam em favor de si mesmos, como forma de assegurar que seu desenvolvimento ocorresse num ritmo saudável e controlado. O conselheiro Nhefé determinara que eles eram orgulhosos e puristas, valorizando apenas o que eles mesmo produziam e acreditando plenamente em sua própria capacidade de descobrir e desenvolver tecnologias. Para o Capitão, no entanto, o fato dessa diretriz não se aplicar a interações sociais e troca de conhecimento nas áreas de política, psicologia, estratégias táticas e afins, significava uma brecha para a implementação de um projeto de cooperação, onde, em troca de uma vasta base de dados sobre os rijanianos e sobre esta região da galáxia, a tripulação de USS Iguaçu compartilharia de sua experiência e cultura.

O acordo permitiu que dezesseis tripulantes fossem transportados ao planeta, todos para setores específicos daquela sociedade, e a grande maioria para universidades e órgãos governamentais. Como o planeta Rijan VII estava na reta final do processo para a eleição de um novo presidente, e como esse processo havia se tornado bastante tumultuado, o tenente comandante Da’Far fora requisitado para auxiliar a comitiva de segurança de um dos dois únicos candidatos.

— Acionar. – Disse ele para a oficial de transportes e, no momento seguinte, viu-se numa plataforma hexagonal, no centro de uma grande câmara repleta de material de campanha. À sua frente estava um grupo de alienígenas utilizando uniformes acinzentados e pequenas boinas.

— Bem-vindo à sede do Partido Amplo, meu nome é Chechemus, sou o chefe da segurança do elegível Eleius. – Apresentou-se um dos alienígenas, que portava uma insígnia roxa em sua boina. Os rijanianos eram de baixa estatura, não mais do que 1,50m, e tinham a pele nas colorações comuns aos humanos, porém muito empelotadas e manchadas. Homens e mulheres pareciam manter o cabelo cortado do mesmo modo, curto e discreto.

— Tenente comandante Sinel Da’Far Sinel, oficial chefe de segurança da nave estelar da Federação Iguaçu. – Apresentou-se Da’Far, com um aceno de cabeça. – Estou à disposição para ajuda-los no que precisarem.

— Fiquei surpreso quando me disseram que um alienígena em missão de intercâmbio cultural faria parte da minha equipe, mas fiquei ainda mais surpreso quando mencionaram que ele era nativo da grande galáxia. – Disse Chechemus, fazendo um gesto para que Da’Far o seguisse. –Esqueceram-se, no entanto, de me avisar sobre sua constituição física incomum. Todos da sua espécie são tão altos quanto o senhor? Temo que algumas de nossas portas e veículos não serão adequados para sua estatura.

— Está correto, somos oriundos da Via Láctea. – Assentiu Da’Far, seguindo-o por uma porta à direita de uma grande pilha de cartazes. – Mas nem todos em minha nave são chimarritas. Há representantes de quatorze espécies diferentes a bordo da Iguaçu, e a minha é uma das que possuem menor estatura. Por exemplo, um de meus subordinados, o alferes Montagna, tem 1,95m.

— Nem mesmo nossos jogadores de cordabol chegam a ter essa altura. – Espantou-se Chechemus. – Por favor, subcomandante, conte-me mais sobre sua Federação e os quatorze povos que a compõem.

— Será um prazer. – Disse Da’Far. – E começarei esclarecendo que não são apenas quatorze povos que compõem a Federação. De fato, o número é consideravelmente maior.

Enquanto caminhavam pelos corredores da sede do partido, Da’Far fez uma explicação resumida da história e dos princípios da Federação dos Planetas Unidos, respondendo a várias perguntas de Chechemus e de seus subordinados. Havia muita movimentação e agitação em todos os cantos do edifício, mas sempre que alguém avistava a figura exótica do tenente comandante, parecia esquecer momentaneamente seus afazeres e passava a observá-lo, boquiaberto.

— O elegível Eleius deseja conhece-lo pessoalmente antes de partirmos para o comício em Capilalia. – Disse Chechemus, quando chegaram ao gabinete principal.

O secretário que ficava em uma mesa à esquerda da porta do gabinete encarou Da’Far com um misto de curiosidade e receio, mas após um breve silêncio disse:

— Ele o está aguardando, senhor. – E fez um gesto para que Da’Far entrasse.

O chefe de segurança abriu a porta e se viu em um cômodo exageradamente elíptico, com uma mesa de metal branco posicionada no centro. Encostados nela estavam dois rijanianos, um homem e uma mulher, ambos vestindo elegantes casacos pretos.

— É um prazer conhece-lo, subcomandante Da’Far. – Disse o homem, sorrindo amigavelmente. Da’Far notou que ele não possuía a mão esquerda. – Me chamo Eleius e, como deve saber, sou o candidato do Partido Amplo à presidência deste planeta.

— O prazer é meu, senhor. – Cumprimentou Da’Far, educadamente.

— Eu confio no trabalho do chefe Chechemus, mas confesso que contar com sua presença imponente neste momento delicado me tranquiliza. – Riu Eleius. – Esta é minha esposa Virena, responsável pela divulgação do meu material de campanha.

— É um prazer, senhora. – Disse Da’Far.

— Igualmente. – Disse ela, com o mesmo tom descontraído do marido.

— Não sei como é a política de onde o senhor vem, subcomandante, mas aqui nossa agenda eleitoral é extremamente apertada e, se estiver de acordo, gostaria que partíssemos para Capilalia o quanto antes. – Disse o candidato, apanhando uma cartola na mesa. – Chechemus o colocará a par de nossos protocolos de segurança enquanto estivermos no trem.

— De acordo. – Disse Da’Far.

Após um curto deslocamento até a estação, a comitiva de Eleius, composta por mais de cinquenta pessoas, entre seguranças, cabos eleitorais e assessores, tomou seus lugares nos longos vagões de um luxuoso trem branco. As leis daquele mundo exigiam que um candidato percorresse, por terra, as dezesseis cidades que anteriormente eram as capitais dos países outrora existentes.

— O elegível Eleius representa uma mudança há muito almejada na organização de nossa sociedade e, consequentemente, é visto como uma ameaça pelos “fixados”. – Explicou Chechemus, indicando o assento no qual Da’Far deveria se sentar, o qual ficava imediatamente à frente do seu.

— Fixados? – Perguntou Da’Far.

— Quando as nações de nosso planeta se uniram para formar um governo único, foi decidido que caberia ao presidente e aos conselhos regionais a divisão adequada e equitativa da mão de obra e força de trabalho, de acordo com as habilidades individuais e as necessidades de cada setor da sociedade. – Explicou Chechemus. – Todavia, com o passar do tempo, a designação de profissões deixou de ser feita de acordo com as capacidades de cada indivíduo e passou a atender apenas aos interesses da classe dominante. Por exemplo, se alguém quer se tornar um médico ou engenheiro, basta ser próximo de algum membro dos conselhos regionais e dos grupos mais influente. Enquanto isso, aqueles cujas aptidões apontam naturalmente para tais profissões são obrigados a passar suas vidas executando serviços de baixa relevância e exigência técnica.

— Há muito tempo estamos lutando pela liberdade de guiar nossas próprias vidas sem as amarras de um governo elitista e corrupto. – Complementou outro segurança, muito entusiasmado. – Mas até a chegada do elegível Eleius, não havia ninguém com voz para representar os anseios de nosso povo.

— Eleius fez parte do conselho regional de uma pequena subdivisão no hemisfério norte, onde ficou famoso ao se recusar a dar designações importantes a filhos de pessoas influentes, preferindo escolher aqueles cujas competências eram adequadas, mesmo que fossem de origem humilde. – Disse Chechemus. – Sua popularidade tem crescido muito durante os últimos anos do governo de Maiorus, especialmente depois de diversos escândalos envolvendo a distribuição de designações em troca de posses e favores pessoais.

— Então o panorama geral está favorável à sua eleição, eu presumo. – Disse Da’Far.

— Não exatamente, pois nosso sistema eleitoral dá maior peso aos votos dos “fixados”, ou seja, aqueles que estão em situação privilegiada e em profissões consideradas mais importantes, muitas das quais obtidas por meio da corrupção. – Explicou Chechemus, decepcionado. – E é por isso que nosso próximo comício é de vital importância, pois acontecerá na cidade onde reside a maior base eleitoral do Partido Denso, representando quase 9% dos votos totais.

— Se Eleius conseguir arrastar um bom número de “fixados”, haverá chance de vitória para nós. – Disse o outro segurança.

— Mas como ele irá convencer os “fixados” a votarem contra seus próprios interesses? – Perguntou Da’Far.

— Nem todos os “fixados” são corruptos. – Disse Chechemus. – Muitos são esclarecidos e percebem a incoerência e a injustiça que se perpetuam neste sistema detestável de manipulação social em que vivemos. Alguns até mesmo são filhos de chefes de conselho, mas que ainda não têm coragem de declarar seu apoio abertamente à nossa causa.

— Compreendo. – Disse Da’Far, buscando manter o protocolo de neutralidade exigido de um oficial da Frota Estelar diante de opiniões políticas e ideológicas de civilizações não-membros da Federação. Em seu íntimo, no entanto, considerava aquela espécie atrasada e perigosamente imersa em um sistema político viciado e retrógrado. – Os senhores acreditam que exista um risco real de ataques contra o elegível Eleius em Capilalia? – Perguntou ele.

— Eu gosto de adotar um protocolo de segurança conservador, considerando a existência de risco real mesmo nas cidades em que nossa base eleitoral é dominante. – Disse Chechemus. – E há muitas pessoas capazes de qualquer coisa para manter suas posições e privilégios, especialmente em Capilalia, para que eu deixe de considerar cada passo nosso como potencial cena para um atentado.

— Compreendo sua cautela. – Disse Da’Far. – E, como chefe de segurança, procuro adotar um posicionamento semelhante na Iguaçu, além de uma rotina frequente e árdua de treinamentos.

Durante a hora que se seguiu, Chechemus explicou para Da’Far as estratégias de monitoração e contensão utilizadas antes, durante e depois de um comício. O conhecimento avançado e a experiência do tenente comandante permitiram a ele sugerir algumas modificações nos protocolos, as quais foram imediatamente acolhidas. Entre uma orientação e outra, o chimarrita também observava a paisagem e, ocasionalmente, recebia alguma informação sobre a geografia e os costumes locais.

O trem percorreu duas regiões distintas, uma formada por planícies e fazendas, onde a vegetação era verde e havia uma grande quantidade de lagos, e outra formada por escarpas acinzentadas, onde a vegetação consistia basicamente de arbustos amarelados e retorcidos. Nesta última, havia uma quantidade considerável de refinadoras de peutanita, que, segundo Chechemus, era de extrema importância para a geração de energia nas colônias existentes nas luas de Rijan VII. Pouco tempo depois de passar por uma pequena cidade mineradora, o trem começou a desacelerar, gerando apreensão entre os seguranças.

— Seratus, Dulaus, sigam-me até o vagão dianteiro. – Disse Chechemus, levantando-se. – Os demais distribuam-se conforme protocolo de alerta amargo e iniciem as varreduras padrão. Na minha ausência, o senhor Da’Far ficará no comando.

Enquanto o trem reduzia a velocidade até parar totalmente, a equipe se mobilizou e assumiu posições em pontos específicos daquele e de outros vagões, acionando os sensores e buscando por possíveis ameaças para a segurança dos passageiros. Contudo, minutos depois Chechemus retornou ao vagão, explicando a causa da parada inesperada.

— Há um incêndio causado pela queima de barris de resíduo de peutanita duzentos metros à frente, provocado intencionalmente para chamar nossa atenção e nos atrasar. – Disse ele.

— Algum sinal dos responsáveis? – Perguntou o tenente comandante Da’Far.

— Não, mas não há dúvida de que são opositores do elegível Eleius, possivelmente monsenhores e químicos das refinarias desta área. – Explicou Chechemus. – Além de manifestar sua oposição radical ao nosso partido e ao que ele representa, eles esperam passar o recado de que não pouparão esforços para prejudicar e criar obstáculos ao nosso plano de governo e reformas sociais.

— Quanto tempo de atraso? – Perguntou Da’Far, evitando discutir posicionamentos políticos.

— Meia hora até o sistema de exaustão eletrotérmico redirecionar os êmbolos laterais da pista magnética. – Disse Chechemus, consultando um painel luminoso na parede do vagão. – Com isso, poderemos passar por cima dos barris e voltar ao nosso curso.

— Manifestações hostis como esta são comuns em períodos eleitorais? – Perguntou Da’Far.

— Atos de vandalismo como este acontecem em todas as campanhas, mas reconheço que os ânimos estão mais acirrados este ano. A exigência de que o elegível se desloque por terra abre brechas para muitas situações de protesto e conflitos entre simpatizantes de cada partido. – Respondeu Chechemus, balançando a cabeça. – Mas na época de meu pai era pior, exigia-se que a comitiva percorresse as dezesseis capitais utilizando carroças puxadas por betatouros. As campanhas costumavam durar cerca de dez meses.

— Em meu planeta não existem eleições. – Comentou Da’Far. – Os representantes do Grande Conselho são escolhidos com base em suas conquistas ao longo da vida e sua retidão de caráter. Dentre eles, o mais velho é escolhido como Porta-Voz e tem a responsabilidade de liderar o Conselho e representar nosso povo junto à Federação.

— Deve ser um planeta pacífico. – Disse um dos seguranças.

— Nossa sociedade é ordeira e civilizada. – Assentiu Da’Far, virando-se para o segurança. – Mas meu planeta natal possui um dos ecossistemas mais perigosos de toda a Federação. De fato, muitas das criaturas em Me’Chi são comparáveis às bestas mitológicas presentes na cultura de muitas civilizações.

A maioria dos seguranças no vagão prestava atenção ao que Da’Far dizia e, mesmo aqueles que monitoravam a atividade externa e os painéis de sensores, viravam o rosto vez ou outra para absorver melhor as descrições das feras terríveis que habitavam as ravinas em Me’Chi. Aos poucos, alguns deles se sentiram à vontade para fazer mais perguntas sobre a Federação e sobre as atividades de um oficial da Frota Estelar.

— Durante muito tempo a cor amarela representou morte e desgraça para nosso povo, pois era a cor dos estandartes de um regime ditatorial terrível que escravizou quase metade do continente norte e mergulhou o planeta em cem anos de guerra e fome. – Comentou um dos seguranças, apontando a camisa do chimarrita. – Confesso que me gera certa estranheza ver que é a cor predominante no uniforme de um povo tão avançado quanto o seu.

— Na verdade, a tripulação de uma nave estelar é dividida em três grupos principais, cada qual com uma cor específica de uniforme. – Explicou Da’Far. – Na configuração atual, temos a divisão de engenharia, da qual a segurança é parte, que usa a cor amarela e tem como comandante o engenheiro-chefe; a divisão de ciências, formada por pesquisadores e especialistas em diversas áreas e pela equipe médica, que usa a cor azul e tem como comandante o oficial de ciências; e a divisão de comando, dirigida pelo primeiro oficial, que usa a cor vermelha, e da qual fazem parte diversos ramos de operações, como oficiais de comunicações, pilotos, administrativo e tático. Há ainda os civis comissionados, os quais utilizam uniformes cinzentos e possuem atribuições de suporte geral, como cozinheiros e cabelereiros. O capitão, que obviamente faz parte da divisão de comando, possui a autoridade máxima sobre todos da nave.

— É curioso que a segurança esteja vinculada à engenharia enquanto há outra divisão responsável por operações táticas. – Comentou Chechemus.

— Até algumas décadas atrás, o chefe de segurança também era responsável pelo posto tático, devendo manter a segurança interna e ainda operar as defesas e armas da nave em caso de combate. – Comentou Da’Far. – Posteriormente, esta última responsabilidade foi dada a membros da divisão de comando, os quais também são responsáveis por operações gerais fora da nave, inclusive táticas. Os membros da equipe de segurança prestam apoio em missões avançadas e em conflitos entre naves, mas sempre em parceria com a equipe de operações da divisão de comando.

— Eu quase cometi a gafe de dizer que a organização adotada pela sua Frota Estelar é confusa, mas lembrei que nós temos vinte e seis divisões em nosso Departamento de Exploração Espacial. – Riu Chechemus. – A diferença é que estamos acostumados com elas.

Quase uma hora havia se passado desde o incêndio causado pelos opositores do elegível Eleius quando o trem finalmente chegou a cidade chamada Capilalia, cortando sua periferia repleta de barracões e pátios industriais. Da’Far olhava pela janela entre uma resposta e outra, desejando chegar logo ao destino final e então organizar um perímetro de segurança eficiente para o elegível e seus assessores, colocando em prática as recomendações que havia feito ao plano original de Chechemus. Todavia, o trem jamais chegaria ao seu destino, pois antes de deixar a periferia industrial, houve uma grande explosão que o tirou de seu rumo, levando-o a colidir com um dos barracões acinzentados.

A violência do impacto arremessou os seguranças que estavam em pé em direção à parte dianteira do vagão, revelando que a tecnologia de amortecimento inercial ainda era desconhecida dos rijanianos. A posição de Da’Far permitiu que ele não sofresse nenhum ferimento, diferentemente de Chechemus, que teve seu corpo dobrado involuntariamente para a frente, batendo sua cabeça em uma das barras de acessibilidade presentes nas laterais dos bancos. Com isso, o chimarrita tomou a posição de liderança da equipe de segurança e rapidamente reuniu aqueles que estavam em condições de agir.

— Vocês dois fiquem aqui e cuidem dos feridos. – Disse Da’Far, apontando para os seguranças, já que não sabia o nome de todos. – Vocês três devem desembarcar pela saída de emergência deste vagão e examinar o cenário externo, enquanto eu e os outros seguimos para o vagão do elegível. Ocupem uma posição estratégica vantajosa se puderem, nos deem cobertura e mantenham os canais de comunicação abertos.

— Sim, senhor! – Disseram os seguranças, alguns visivelmente com dores pelo corpo, e seguiram as ordens dadas pelo chimarrita.

Na dianteira do pequeno grupo restante, Da’Far empunhou o grotesco revólver de impacto termoestático, lamentando novamente por ter deixado seu fêiser na sala de transportes 1, e seguiu para o vagão onde deveriam estar Eleius e sua esposa.

Como a comitiva se concentrava em um ponto específico do trem, havia apenas um vagão entre os seguranças e o elegível. Nele estavam os membros da assessoria de imprensa, muitos deles caídos e choramingando, e no qual Da’Far aproveitou para tentar contatar USS Iguaçu. Quem quer que tivesse feito o atentado, no entanto, havia acionado um bloqueador de sinal, impossibilitando qualquer pedido de socorro.

— Ao meu sinal, quero que você abra a porta e que você entre no vagão do elegível, daremos cobertura e entraremos em seguida. – Disse Da’Far, em voz baixa, apontando novamente para os seguranças que ele queria que realizassem as tarefas.

No momento que o subcomandante deu o sinal e um dos seguranças abriu a porta do vagão dianteiro para que o outro pudesse entrar, ouviu-se o som de muitos disparos vindos do lado de fora do trem. A execução da ação tática foi bem-sucedida, mas o cenário dentro do vagão do trem era caótico. Os assessores e acompanhantes do elegível Eleius estavam abaixados e cobrindo a cabeça com as mãos, enquanto pessoas usando vestes negras e capuzes disparavam contra os objetos e mochilas, provocando grande tumulto. Os três seguranças, que entraram rapidamente no vagão, incapacitaram os atacantes, mas ficou evidente que seus comparsas já haviam raptado o elegível e sua namorada. Diante desses novos elementos, Da’Far leu a situação em uma fração de segundo e adotou outra estratégia.

— Você, fique aqui e ajude este pessoal. Os outros venham comigo! – Disse ele, indicando dois pontos para descida do trem.

O som de disparos no lado de fora havia cessado por um instante, pois aparentemente os raptores haviam derrotado os primeiros seguranças e agora seguiam apressadamente para a construção mais próxima, ao lado da que fora atingida pelo trem. Da’Far ordenou que um dos dois grupos desse cobertura, reiniciando a troca de tiros, enquanto ele e dois outros seguranças corriam ao encalço dos raptores, mantendo-se próximos da parede para evitar o fogo cruzado.

— Conseguimos derrubar a maioria deles, senhor! – Informou um dos seguranças, indicando as várias pessoas de preto que haviam sido abatidas enquanto tentavam entrar pela porta estreita do edifício.

— Mas não sabemos quantos conseguiram entrar. – Disse Da’Far, enquanto os seguranças remanescentes se agrupavam ao redor dele. – Preciso de uma sondagem do edifício para quantificar e localizar os raptores, bem como para determinar se há algum vestígio de uso de transportes ou algo do gênero.

— Capto sinais de vida indistintos, possivelmente por causa do bloqueio que foi colocado antes do ataque. – Disse um dos seguranças examinando uma espécie de tricorder arredondado. – Não há como determinar com precisão, mas não devem ser mais do que quinze pessoas.

— Mesmo se desconsiderarmos o elegível Eleius e Virena, ainda teremos dez oponentes, possivelmente mais. – Disse Da’Far. – Precisamos agir antes que desativem o bloqueio e consigam se transportar para além do nosso alcance. No entanto, é vital que mantenhamos a cautela para não colocar os reféns em uma situação ainda mais perigosa. – Ele parou, olhando para os homens que agora estavam sob o seu comando. – Qual seria a estratégia normalmente adotada pelo seu pessoal em uma situação dessas?

— Bom, é convencional utilizar duas equipes de assalto, com pelo menos uma pessoa dando cobertura em cada saída. – Respondeu um dos seguranças.

— Ótimo, façam isso. Eu vou entrar sozinho, escalando aquele parapeito. – Disse Da’Far, apontando uma janela do primeiro andar. – Este ataque certamente vem sendo planejado há tempos, então minha presença não estava nos cálculos deles. Assim, caso eles sejam profissionais, estarão esperando por uma ação igualmente profissional de nossa parte, mas não estarão preparados para um alienígena infiltrado.

— Senhor, como pretende subir até o parapeito? – Perguntou um dos seguranças, levantando as sobrancelhas, incrédulo.

— Subindo. – Respondeu Da’Far. – Agora vão! Não sei quanto tempo temos, mas se eles estão aguardando um desligamento dos bloqueios, temos poucos minutos.

A equipe assentiu e se dividiu, entrando no edifício de seis andares. Sob o olhar do segurança que havia ficado de guarda ao lado da porta, Da’Far correu e pegou impulso em uma grande caixa de lixo metálica, projetando-se contra a parede e agarrando o parapeito da janela do primeiro andar com sua mão direita. Em seguida, após se certificar que não havia ninguém naquele cômodo, ergue-se e rapidamente entrou, rolando na direção de um velho sofá rasgado, onde parou por um instante e prestou atenção aos sons vindos do corredor.

O prédio parecia abandonado, tendo apenas dois acessos aos andares superiores, um elevador quebrado e as escadas. Caminhando cuidadosamente em direção à porta entreaberta que dava para o corredor principal, o chimarrita pode observar a movimentação dos raptores sem que eles o vissem. Três pessoas encapuzadas trocavam tiros com a equipe de segurança que havia entrado pelo andar térreo, tentando impedir que elas subissem. Da’Far se certificou que o ajuste do seu revólver estava em “desacordar” e deixou o cômodo, esgueirando-se sem que os raptores percebessem e subindo para o segundo andar, tomando cuidado para não chamar a atenção de ninguém. Ele repetiu o mesmo procedimento ao subir para o terceiro e quarto andares, onde enfim ele encontrou três raptores, os quais incapacitou com disparos certeiros. Ao contrário dos disparos em ajuste “matar”, que produziam um baque seco, o ajuste “desacordar” produzia apenas um leve chiado, que acabava sendo abafado pela troca de tiros andares abaixo.

Subindo cuidadosamente o lance de escadas que levava ao quinto andar, Da’Far ouviu vozes irritadas e teve certeza que havia encontrado os raptores e o elegível Eleius, possivelmente em um dos cômodos próximos da escadaria. Ele respirou fundo e, abaixado, espiou rapidamente no corredor, notando a presença de um homem de capuz preto em frente a uma das portas. Como o homem estava de frente para a escada, Da’Far não teve escolha senão disparar contra ele, nocauteando-o. Em seguida, o chefe de segurança precipitou-se pelo corredor e entrou bruscamente pela porta antes que outro raptor pudesse entender o que estava acontecendo.

Na empoeirada sala estavam o elegível e sua namorada, além de três raptores trajados de preto. Da’Far conseguiu nocautear o mais próximo com um tiro certeiro, mas um segundo raptor conseguiu disparar contra ele, acertando ao mesmo tempo o próprio companheiro e o revólver do chefe de segurança, que voou de sua mão e atingiu um móvel no canto da sala.

— Mate-o! – Gritou o homem de preto que estava ao fundo da sala, ao lado de Eleius. O elegível estava amordaçado e preso à uma cadeira, e sua namorada estava sentada há alguns metros dele, em prantos

Antes que o segundo raptor pudesse dar outro tiro, Da’Far rolou para trás de uma mesa e agarrou um enfeite pesado e muito empoeirado, arremessando-o contra ele e acertando seu peito. Sem hesitar, o chimarrita virou a mesa, jogando-a para o lado direito enquanto ele mesmo ia pelo lado esquerdo, acertando uma investida no raptor e derrubando-o no chão. Surpreendido pela audácia de Da’Far, o raptor errou o único disparo que deu antes de se ver engalfinhado no chão em luta corporal contra o chefe de segurança, que não levou mais do que três segundos para desacordá-lo com um forte golpe no pescoço. No segundo seguinte, tomando a arma do raptor desacordado, Da’Far a apontou para o último raptor remanescente, que por sua vez apontava sua arma diretamente para a cabeça do elegível Eleius.

— Quem é você? – Perguntou o raptor, nervoso. – Abaixe a arma ou eu mato ele!

O elegível e sua namorada estavam de olhos arregalados, assustadíssimos.

— Eu sou o tenente comandante Sinel Da’Far Sinel, da nave estelar da Federação Iguaçu. – Disse Da’Far, com a voz calma, porém firme. – Estou em uma missão de intercâmbio com seu governo, atuando junto à segurança do elegível Eleius. Abaixe a arma e vamos conversar.

— Se alguém aqui vai baixar a arma este alguém é você! – Ganiu o raptor. – Acha que não notei que você estava usando seu revólver no ajuste “desmaiar”? Pois saiba que a arma que está segurando agora só tem um ajuste, e se você disparar contra mim, matará também o elegível!

— Por favor, não! – Gritou a namorada do elegível.

Da’Far sabia que o homem dizia a verdade, e compreendia o temor de Virena. Aqueles revólveres medíocres tinham um raio de eficiência efetiva de disparo de pelo menos quarenta centímetros, e um tiro no ajuste “matar” certamente acertaria o raptor e também o elegível, matando ambos. Estando nessa situação, não havia outra alternativa senão atender às exigências do raptor e abaixar a arma, rendendo-se. Contudo, não havia garantias de que o homem não dispararia no instante seguinte, matando Da’Far.

— Está bem, vou abaixar a arma. – Disse Da’Far, dobrando os joelhos lentamente e fazendo gesto de levar a arma ao chão.

Os olhos do raptor estavam semicerrados e ele mantinha a sua arma apontada para a cabeça do elegível Eleius, observando atentamente os movimentos de Da’Far. O chimarrita então deixou o revólver cair de sua mão quando ele estava há trinta centímetros do chão, saltando rapidamente e rolando para trás de um grande instrumento musical que parecia um piano. Para sua surpresa, Da’Far não ouviu som de disparos na sua direção e, após um intrigante silêncio, espiou ligeiramente e viu que as três pessoas na sala estavam paralisadas, mantendo a mesma expressão de cinco segundos antes.

— Já basta! – Disse uma voz conhecida. – Se isso não for o suficiente, senhores, não sei o que seria.

— De acordo. – Disse outra voz. – Computador, encerrar simulação.

Em um piscar de olhos, os raptores e os reféns desapareceram, assim como o prédio onde Da’Far estava, revelando uma grande sala com paredes escuras e grades de projeção fotônica, semelhante ao holodeck que havia a bordo da USS Iguaçu. Em uma das laterais, alinhados atrás de uma grande mesa, estavam o capitão Vernon, o conselheiro Nhefé e quatro rijanianos. De pé, ao lado deles, estava o doutor Horvat, com alguns equipamentos médicos.

— Senhor... – Começou Da’Far, confuso, enquanto o médico se aproximava dele e iniciava algumas sondagens com o tricorder.

— Tudo será explicado em breve subcomandante, peço que fique calmo. – Disse o capitão levantando a mão. Ele parecia profundamente irritado.

— O capitão Vernon está correto. – Disse Nhefé para um dos alienígenas. – Nós já repetimos a simulação dez vezes nos últimos três dias e está claro que o comportamento do senhor Da’Far é coerente com seu testemunho.

Um dos alienígenas, que utilizava um gozado chapéu arredondado, respirou fundo e disse:

— Diante do inquestionável padrão de reação do acusado, demonstrado nas repetidas simulações do fato delituoso, absolvo-o das acusações de homicídio duplo. – Ele colocou a mão esquerda sobre um dispositivo de identificação biométrica à sua frente. – Ainda, determino a instauração de incidente investigativo em face de Virena Borana, a fim de determinar sua real participação nos incidentes. Declaro a presente sessão de julgamento encerrada.

O capitão Vernon e o conselheiro Nhefé respiraram aliviados, sorrindo e fazendo sinal de positivo para um Da’Far perplexo e ainda exaltado pela adrenalina liberada durante o confronto com os raptores holográficos.

— Vamos, subcomandante. – Disse o doutor Horvat. – Finalmente poderei leva-lo à enfermaria da nave.

— O que está acontecendo, doutor? – Perguntou o chefe de segurança, acompanhando-o até a saída. – Eu não deveria falar com o capitão?

— Você ainda está atordoado, senhor Da’Far, e o capitão está muito ocupado discutindo com o ministro Minetus e essa tríade de juízes canalhas. – Respondeu o médico, conduzindo-o por um corredor amplo, cheio de alienígenas curiosos. – Mas pode ficar tranquilo que eu explicarei tudo assim que estivermos a bordo e eu tiver feito um exame completo em seu cérebro. Horvat para Iguaçu, dois para subir.

Imediatamente os dois foram desmaterializados da superfície do planeta e rematerializados na sala de transportes 2, de onde seguiram para a enfermaria. Mesmo desorientado e confuso, Da’Far obedeceu ao doutor Horvat e aguardou até que os exames fossem concluídos, o que não demorou mais do que quinze minutos.

— Seu cérebro é muito forte, subcomandante. – Disse o médico, examinando o resultado do último exame em um PADD. – As ligações engramáticas paralelas não sofreram degeneração, mesmo após tantos processos de exclusão de memória.

— E por qual razão ela foi apagada tantas vezes? – Perguntou Da’Far.

— Bom, tudo aconteceu há seis dias, quando iniciamos o intercâmbio com o povo deste planeta. – Começou Horvat, aproximando-se de Da’Far. – Tudo o que você vivenciou no holodeck foi praticamente fiel aos fatos, com exceção é claro, do final.

— Eles mencionaram duplo homicídio. – Disse Da’Far. – Mas não lembro de ter matado ninguém.

— Exato. – Continuou o médico, erguendo o dedo indicador euforicamente. – Quando o capitão foi contatado pelos representantes do planeta, recebemos a informação de que você tinha liderado uma frustrada tentativa de resgate que culminara na morte de um sequestrador e de uma figura política importante, e que o autor do disparo que os matou havia sido você.

— O elegível Eleius? – Perguntou Da’Far.

Horvat assentiu.

— Segundo relatos da equipe de segurança, quando finalmente alcançaram o andar onde estava Eleius, encontraram-no morto ao lado de um dos sequestradores. – Continuou o doutor. – A esposa dele estava de joelhos, em prantos, e você estava desacordado em decorrência de um forte golpe na nuca.

— E quem me golpeou? – Perguntou Da’Far.

— Esta é a parte intrigante. – Disse Horvat. – A única testemunha presente era a esposa de Eleius, e ela afirmou que, quando você se viu pressionado pelo sequestrador, acabou optando por matá-lo, mesmo sabendo que com isso mataria também o elegível. Ela então, temendo que você pudesse matá-la para encobrir seu sórdido comportamento, o golpeou na nuca com um dos enfeites de mesa, deixando-o inconsciente.

— Eu jamais faria isso. – Disse Da’Far. – Mesmo que eu estivesse em uma posição desfavorável em relação ao raptor, eu tinha chances claras de escapar se conseguisse abrigo antes que ele disparasse contra mim.

— É claro, e foi o que você fez em todas as simulações perante o ministro e os juízes. – Disse o doutor, orgulhoso do comportamento do colega. – Mas, segundo você, não foi isso que aconteceu naquele dia.

— Como assim? – Perguntou Da’Far.

— Quando você foi ouvido pela polícia local, declarou que o líder dos sequestradores e mandante do sequestro era, na verdade, a namorada do elegível Eleius. – Explicou Horvat. – Você afirmou que ela era uma opositora radical infiltrada, e que ela mesma havia disparado contra o elegível diante dos seus olhos, logo após perceber que o restante dos seguranças se aproximava.

— Então ela achou que se me deixasse desacordado poderia conseguir um álibi para si mesma, já que se me matasse, não haveria a quem culpar. – Concluiu Da’Far.

— Essa foi a nossa hipótese, é claro. – Disse Horvat. – O capitão Vernon acreditou imediatamente na sua versão, mas o ministro Minetus e os demais figurões do governo deles acharam a sua história exageradamente fantasiosa. Para eles, era muito mais plausível crer que um alienígena tivesse matado duas pessoas para se defender do que admitir que a esposa de um proeminente elegível o tivesse traído e arquitetado sua morte de maneira tão premeditada e cruel.

— Isso explica algumas coisas, mas ainda não entendo a razão de terem apagado minha memória. – Disse Da’Far. – Deveria haver uma forma melhor de provar minha inocência.

— Este planeta possui leis penais muito severas, onde os crimes são penalizados com supressões de memória. – Explicou o médico. – E, no caso de uma condenação por duplo homicídio, eles apagariam toda sua memória, deixando seu cérebro completamente vazio.

— Suponho que o capitão Vernon tenha intervindo em minha defesa. – Disse Da’Far.

— Sem dúvidas. Ele foi categórico ao afirmar que um oficial da Frota Estelar jamais agiria de tal maneira, e que se você dizia que a culpada era a esposa de Eleius, então é nisso que eles deveriam acreditar. – Continuou Horvat, inclinando-se. – Mas foi ideia do conselheiro Nhefé apagar sua memória recente e usar o holodeck do tribunal para simular os eventos daquele dia, colocando à prova tanto você quanto seu modo de agir diante dessa situação específica.

— E eu concordei, é claro. – Disse Da’Far. – E acabei passando no teste.

— Sim, e várias vezes. – Disse Horvat, indignado. – Eles insistiram em repetir os testes, cada vez alterando alguns detalhes no programa e justificando que nem tudo havia sido simulado com exatidão. E assim passamos três dias apagando sua memória e colocando-o para vivenciar a mesma experiência de novo e de novo, só para chegar ao mesmo resultado todas as vezes. – O médico deixou o PADD na maca ao seu lado. – Eles não têm noção o quanto esse tipo de procedimento de exclusão repetida de memória é prejudicial para um cérebro, especialmente um cérebro chimarrita. Se eles não o tivessem absolvido após a décima simulação, eu juro que teria saturado aquele tribunal com radiação gama até que os olhos deles cozinhassem. Na verdade, se você quiser, ainda podemos fazer isso.

— Obrigado, doutor. – Disse Da’Far, aliviado. – Mas tudo que eu quero agora é o meu fêiser.


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