Jornada nas Estrelas: Iguaçu escrita por Laertes Vinicius


Capítulo 8
Viajantes do Espaço




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O carcereiro, um homem definitivamente medonho, brincava com os comunicadores de Kwa, Chelaar, Giulia e do alferes Eri-Ribb, enquanto os tripulantes, sentados em banquinhos hexagonais fixados à parede da cela, nada podiam fazer.

— Se você não fizesse tanto barulho enquanto caminha, os guardas não teriam nos emboscado. – Disse Chelaar, estreitando o olhar na direção de Kwa.

— Se alguém aqui faz barulho é você, comandante. – Retrucou a miresita. – Sua respiração é tão forte que acordaria uma tharta na quinta semana de hibernação.

O carcereiro deu uma risada retumbante, chacoalhando a tromba bifurcada que pendia de sua testa.

— Uma tharta seria melhor companhia numa missão de resgate. – Disse Chelaar, inclinando a cabeça. – Pelo menos teria força o suficiente para derrubar um guarda franzino como aquele que te nocauteou.

— Franzino? Ele tinha duas vezes o meu tamanho! – Argumentou Kwa, provocativa. – Posso ver que suas definições de constituição física se baseiam na sua própria imagem refletida no espelho, comandante.

— Eis outra coisa que seria mais útil ter como companhia nesta operação. – Respondeu Chelaar, inabalável. – Meu reflexo certamente é mais sagaz e corajoso do que você, alferes.

Um segundo carcereiro, ainda mais medonho, vestindo um roupão de couro absurdamente justo e portando uma longa e afiada cimitarra de lâmina prateada, chegou pelo corredor escuro e aproximou-se do seu colega. Ele cochichou algo em seu ouvido peludo e imediatamente, de maneira perfeitamente sincronizada, os dois começaram a emitir um irritante som gutural, parando após alguns segundos.

— Eles são quase tão irritantes quanto você, Kwa. – Falou Chelaar. – Embora sejam inegavelmente mais bonitos.

— Não seriam tão irritantes se estivessem desacordados. – Disse Kwa, levantando as sobrancelhas. – Mas isso só teria acontecido se tivéssemos entrado pela porta que eu sugeri, e não pela grande e reluzente porta do refeitório. Da próxima, vez sugiro que a senhora se alimente antes da missão, para que sua fome não interfira na tomada de decisões.

— Isso se houver próxima vez. – Retrucou Chelaar. – Pois graças à sua imperícia no uso do fêiser, é possível que nós jamais tenhamos a chance de corrigir os erros de hoje.

— Quietos! – Grunhiu o carcereiro, levantando uma de suas três robustas mãos. – Guardem o fôlego para o afogamento, seus nojentos. – E deu uma risada tão medonha quanto seu olho semicircular.

— Você é muito boa nisso, Kwa. – Disse Giulia, em tom de voz baixo e com uma expressão de aprovação no rosto. – Se eu a visse suja de lama, não duvidaria de que fosse uma tellarita.

— Eu costumava almoçar com o conselheiro da USS Autentica, um amigo tellarita chamado Braur, então não me faltaram oportunidades para praticar. – Disse Kwa, feliz. – Discutíamos sobre todos os assuntos que você possa imaginar, desde o desempenho nas missões avançadas até a escolha de cores para a decoração do refeitório no dia do aniversário de lançamento da nave. Uma vez ficamos mais de meia hora debatendo sobre a sopa que eu havia escolhido, e como os ingredientes dela harmonizavam ou não entre si.

— Eu e Giulia temos servido juntas por anos e ela nunca foi capaz de ter uma boa discussão comigo. – Riu Chelaar, colocando as mãos nos joelhos.

— Espero que essa afirmação tenha sido apenas parte da brincadeira, comandante. – Disse Giulia, fingindo um tom de seriedade. – Eu não suportaria a ideia de ser uma decepção para uma amiga tão querida.

— Em primeiro lugar, para qualquer tellarita que se preze, uma discussão jamais é uma brincadeira. – Disse Chelaar. – Em segundo lugar, sua tentativa foi péssima. “Eu não suportaria a ideia de ser uma decepção”, de onde foi que você tirou isso? Sorte a minha que Kwa está aqui, pois se eu tivesse que passar meu tempo discutindo com você ou com o alferes Ribb, morreria de desgosto antes de ser afogada pelo carrasco.

— Ela é boa. – Disse Kwa.

— Realmente. – Disse Giulia.

O alferes Eri-Ribb apenas assentiu, com um sorriso tímido.

— Não são muito de falar, os leváqueos, não é mesmo? – Disse Chelaar, pondo a mão no ombro do alferes. – A política não deve ser muito empolgante em Leva.

A espécie de Mhwatrrv Eri-Ribb, auxiliar tático da ponte, era famosa pelo silêncio. Dizia-se que, durante os duzentos e cinquenta anos de sua vida, um leváqueo fala menos palavras do que um humano fala em apenas um ano. Apesar de seu peculiar uso da linguagem oral, essa espécie era bastante hábil na diplomacia, especialmente pela sua paciência, disposição em ajudar e capacidade de antecipação de situações.

Enquanto os tripulantes conversavam em tom de voz baixa, o carcereiro coçava as escamas de um dos seus cotovelos e cantava uma música horrorosa, completamente desafinado.

— Hoje eu a vi tomando café da manhã com a comandante Shion. – Disse Kwa para Chelaar. – Fico feliz que as coisas tenham se resolvido amigavelmente.

Giulia sorriu, apreciando o modo despojado e direto de Kwa, capaz de entrar em assuntos espinhosos de forma completamente inocente.

— Sim, foi uma situação infeliz causada pelos meus preconceitos em relação a ela. – Disse Chelaar, explicando-se. – Eu costumo demorar bastante para confiar em alguém e, como também sou muito leal ao capitão Vernon, acabei exagerando um pouco. Mas se tem algo que eu aprendi com meus pais, além de boas táticas de argumentação, foi a me desculpar quando eu estivesse errada.

Giulia fez um comentário, mas sua voz foi abafada por uma explosão forte do lado de fora e, antes que o carcereiro pudesse reagir, ele foi atingido por um disparo de fêiser, caindo sobre a mesa onde estavam os comunicadores. O tenente Pyrrhus Rose e dois outros tripulantes haviam chegado, empunhando suas armas, e um quarto tripulante entrou em seguida, portando amplificadores de sinal.

— Não se pode negar que ele é muito criativo. – Disse Rose, empurrando o alienígena da mesa e pegando os comunicadores e demais objetos anteriormente recolhidos dos prisioneiros. – Esse é o alienígena mais medonho que eu já vi.

— Você deveria ter visto o outro, usava um roupão de couro tão justo que quase dava vida própria às suas quatro nádegas. – Disse Giulia, levantando-se.

— Meu Deus, qual é a necessidade disso? – Perguntou Rose, balançando a cabeça.

— Realmente não sei, talvez ele queira tornar a experiência mais desagradável. – Disse Chelaar. – Suponho que as canções horríveis sejam para aguçar nossa concentração, ou algo do gênero.

— Os treinamentos do subcomandante Da’Far dariam ótimas holonovelas. – Disse Rose, finalizando a colocação dos amplificadores de sinal e sentando-se sobre a mesa do carcereiro. – Tenente Rose para Iguaçu, oito para subir.

— Computador, encerrar simulação. – Ouviu-se uma voz abaixo deles.

No local onde antes havia o corpo inerte de um alienígena medonho, estava agora o tenente comandante Da’Far, cuja fantasia holográfica desaparecera juntamente com todos os demais elementos da simulação.

Após o incidente com os wrtomlke, o chimarrita havia elaborado uma rotina de treinamento nova, visando preparar melhor a tripulação para operações de resgate em situações de corrida contra o tempo.

— Nada mal, tenente. – Disse Da’Far, compenetrado. – Sua equipe conseguiu resgatar os reféns trinta e oito segundos mais rápido do que a equipe do capitão.

— E não viramos prisioneiros desse povo medonho. – Disse Rose, provocando Chelaar.

— Se não fosse a imperícia de Kwa em manusear o fêiser, nós também não teríamos sido capturados. – Riu Chelaar, dando um tapa nas costas da colega.

Mais tarde, naquele mesmo dia, a USS Iguaçu marcou curso para estudar um conjunto de asteroides de grande porte orbitando um sistema trinário, composto por estrelas anãs amarelas. O maior deles, quase do tamanho da lua da Terra, possuía grandes quantidades de água em estado líquido, além de atmosfera e clima capazes de sustentar vida.

— Iguale a velocidade do asteroide, Srta. Kwa. – Disse o capitão Vernon, quando eles alcançaram o sistema. – Mantenha uma distância de cem mil quilômetros.

— Sim, senhor. – Disse Kwa.

— É muito interessante que um asteroide com essa constituição possua atmosfera. – Disse Chelaar. – Além disso, a gravidade é apenas levemente menor do que a que estamos acostumados e, diante do formato irregular da superfície, não sei explicar como a variação térmica é tão pequena.

— Algum sinal de vida inteligente? – Perguntou Shion.

— Não, senhor. – Respondeu Chelaar. – Mas há pelo menos quatro ecossistemas independentes, cobrindo três quintos da superfície, todos repletos de vida animal e vegetal.

— Fascinante. – Comentou Nhefé.

— Imediato, descubra quais são os pontos mais adequados para a descida em cada uma dessas regiões e forme grupos de pesquisa. – Ordenou o capitão. – Vamos permanecer aqui por dois dias, então coletem o máximo de informações possíveis.

— Sim, senhor. – Disse Shion, levantando-se e indo em direção à estação de trabalho da comandante Chelaar, para juntas examinarem a topografia do asteroide.

— Ah, comandante. – Disse o capitão, cruzando os dedos. – Informe a todos que aquele cuja descoberta for a mais notável terá o direito de dar seu nome ao asteroide.

Shion assentiu, sorrindo.

— Ótima ideia, capitão. – Disse ela.

— Ainda bem que os três arexemonianos a bordo trabalham no bar panorâmico. – Disse Rose para Giulia. – Ou então poderíamos ter um asteroide chamado Pepenenenomensoneomenom ou seja lá como ele se chame.

— Na verdade, as tradições bimilenares de Arexemoniatilktamarivasalrativimanitsaklsabathraportanikselaniferatucaniepremoviamlatrioparamtirudodraksolmeuteria exigem que uma pessoa adicione suas conquistar significativas ao seu nome próprio. – Disse Giulia, levantando uma sobrancelha. – Então, além de um asteroide com nome complicado, teríamos um Barman com um nome ainda mais longo e complicado.

— Jamais saberei se você realmente decorou o nome do planeta deles ou se está apenas me ludibriando. – Riu Rose.

Motivada pela proposta inusitada do capitão, a tripulação iniciou uma série de estudos sobre o asteroide, uns utilizando os laboratórios e os conjuntos de sensores da nave, outros descendo à superfície em grupos avançados, cada qual composto por quatro pessoas, e a maioria buscando informações sobre a fauna e a flora nativas. A comandante Shion se juntou a um grupo que pretendia buscar por fósseis em cavernas nas regiões mais frias, enquanto Chelaar permaneceu a bordo para estudar a órbita e o deslocamento gravitacional do asteroide, com o auxílio da equipe da astrometria.

— Quais serão os critérios para a escolha do vencedor, capitão? – Perguntou Kwa, virando-se.

— Pensei em algo simples. – Explicou Vernon. – As descobertas serão avaliadas pelo conselheiro Nhefé, pelo comandante Hashimoto e por mim. Cada um de nós dará uma nota de 1 a 5, e aquele que somar mais pontos vence.

— E em caso de empate? – Perguntou Rose.

— Bom, então teremos uma... – Começou o capitão, mas um breve alerta sonoro vindo da estação de controle de instrumentos desviou sua atenção.

— Temos companhia. – Informou Da’Far.

— Na tela. – Disse o capitão, e a imagem de uma nave alienígena foi projetada na tela principal.

Ela tinha o formato de um decaedro cortado longitudinalmente por um profundo sulco, o qual emitia uma forte luminosidade alaranjada. O lado de cima possuía dezenas de pequenas protuberâncias arredondadas, enquanto o lado de baixo possuía reentrâncias disformes e imensas hastes pontiagudas. Em ambas as metades havia uma grande quantidade de símbolos, espalhados organizadamente pelo casco acinzentado, a esmagadora maioria deles em tonalidades vibrantes.

— Quero saber de onde essa nave veio e por que não a captamos antes. – Disse o capitão Vernon. – Subtenente Naggi, abra um canal.

— Sem resposta, senhor. – Disse Giulia.

— Não há sinais de deslocamento subespacial ou rastro residual de energia, nem de fendas espaciais e anomalias. – Explicou Da’Far. – Ou essa nave possui uma tecnologia de camuflagem desconhecida e surpreendentemente eficiente, ou ela apenas surgiu do nada.

— Ela tem quase mil e trezentos metros de altura – Disse Rose, admirado. – Uma nave desse tamanho deveria produzir um deslocamento variável de tendência possível de ser captado mesmo sob camuflagem.

— Nossas sondagens estão sendo refletidas. – Informou a alferes Harman. – Mas não detecto sondagens por parte deles.

— Talvez não estejam interessados em nós, ou talvez sua tecnologia de sondagem seja tão imperceptível quanto a sua aproximação – Comentou Nhefé. – Mas o que realmente me preocupa é que quando alguém chega de surpresa e não responde a tentativas amigáveis de saudação, geralmente o passo seguinte é hostil.

— Compartilho dessa percepção, conselheiro. – Disse o capitão, cruzando as pernas. – No momento não sabemos nada sobre suas intenções ou sobre sua capacidade tecnológica, e temos que estar preparados para um possível movimento hostil. Contudo, um dos objetivos principais de nossa missão é estabelecer contato com espécies desconhecidas, algo que pretendo fazer amigavelmente sempre que possível.

— Recomendo que as equipes de pesquisa no asteroide sejam trazidas de volta à nave. – Sugeriu Da’Far. – Então, sem a necessidade de manter uma trava de segurança de transporte, poderemos levantar os escudos e dar seguimento às tentativas de primeiro contato com maior segurança.

— Vernon para Shion. – Chamou o capitão.

Shion falando.— Respondeu a andoriana. – Algum problema, capitão?

— No momento não, mas uma nave colossal simplesmente apareceu diante de nós e não responde às nossas tentativas de contato. – Respondeu o capitão Vernon. – Acredito que seja mais seguro trazer todos os grupos avançados de volta e quero que você coordene a operação pessoalmente, entendido?

Sim, senhor.— Assentiu Shion.

— Capitão, acredito que alguém da nave alienígena foi transportado para a superfície do asteroide. – Informou a auxiliar de instrumentos Takako Harman.

— Explique, alferes. – Disse o capitão.

— Captei dois sinais de vida desconhecidos há menos de duzentos metros de um dos nossos grupos avançados. –Explicou ela. – Entretanto, como não há registro de nenhuma flutuação energética ou residual que indique a ocorrência de um transporte, deduzi que são originários da nave alienígena, baseado na composição da liga metálica dos dispositivos que estão carregando.

— Está ouvindo isso, imediato? – Perguntou Vernon.

Sim, capitão.— Respondeu Shion. – Recomendo que iniciemos o retorno dos grupos avançados imediatamente. Todavia, sugiro que a equipe mais próxima da espécie alienígena seja mantida na superfície e orientada a tentar o primeiro contato. Pode ser nossa melhor chance.

— De acordo. – Disse o capitão e, encerrando a conversa com Shion, virou-se para Giulia. – Quem são os tripulantes da equipe mais próxima dos alienígenas?

— Subtenente Awl, oficial de botânica, alferes T’Bal e Okeke, auxiliares de ciências e alferes Rutten, auxiliar de operações. – Informou Giulia.

— Quanto aos dispositivos que os alienígenas carregam, é possível determinar sua natureza e função? – Perguntou o capitão.

— Não, senhor. – Respondeu Da’Far, que agora examinava os dados compartilhados pela alferes Harman. – Eles não emitem nenhum tipo de radiação ou energia e, se não fosse a natureza incomum de sua tecnologia, eu diria que não passam de grandes barras maciças de uma liga metálica bastante complexa.

O capitão pensou por um momento, batendo levemente a ponta dos dedos no braço da cadeira.

— Subtenente Naggi, quero que você se transporte para a superfície e comande o grupo avançado na tentativa de um primeiro contato com os alienígenas. – Disse ele. – Algo me diz que se fossem puramente hostis, já teriam feito algo contra nós à essa altura, ainda mais supondo que sua tecnologia seja superior à nossa. Sendo assim, talvez nosso desafio seja fazer com que se interessem em conversar, e por isso preciso que você encontre um meio de nos comunicarmos com eles.

— Sim, senhor. – Disse Giulia, levantando-se. – Mas se eu tiver sucesso, quero ter o direito colocar meu nome nesse asteroide.

— De acordo. – Sorriu o capitão.

Apenas alguns minutos depois, Giulia já estava na companhia do grupo avançado, que a aguardava ao lado de uma grande rocha coberta de musgo arroxeado. Ela percebeu imediatamente que a alferes Okeke estava um pouco apreensiva.

— Alguma coisa a incomoda, alferes? – Perguntou Giulia.

— É a primeira vez que participo de um primeiro contato cara a cara. – Explicou ela.

— Fique tranquila, você vai se sair bem. – Disse Giulia, sorrindo.

— É estranho que o capitão tenha preferido manter nosso grupo na operação ao invés de mandar um grupo mais experiente. – Comentou a vulcana T’Bal.

— Discordo, alferes. – Disse Giulia. – O capitão Vernon é um homem que dá muito valor às oportunidades de se viver experiências únicas durante a exploração espacial. Ele também acredita que todos os tripulantes da Iguaçu são perfeitamente capazes de agir com competência em situações como esta, logo, além de confiar em nosso trabalho, ele deseja que tenhamos a chance de vivenciar um primeiro contato legítimo.

— Devemos agradecer pelo capitão pensar assim, afinal, foi para esse tipo de coisa que nós nos oferecemos para esta missão, não é mesmo T’Bal? – Disse o alferes Rutten, sorrindo.

A vulcana assentiu.

— Se não houver objeções, daremos início à missão de primeiro contato. – Disse Giulia, e os outros tripulantes manifestaram concordância.

A equipe, formada a por três humanos, uma vulcana e um miresita, liderada pela subtenente Giulia Naggi, seguiu em direção à posição indicada pelos tricorders, além de uma das colinas rochosas à esquerda do grupo. Aquela região do asteroide era composta principalmente por plantas esguias e amareladas, além de grandes moitas de capim arroxeado e cactos robustos. A caminhada foi rápida, pois os alienígenas estavam há menos de duzentos metros deles, e foi possível avistá-los desde muito antes, devido ao seu tamanho descomunal.

— Seis metros de altura, subtenente. – Disse a alferes Okeke, espantada. – Estão usando algum tipo de traje espacial, mas é possível identificar que possuem sangue quente e sistemas semelhantes aos nossos.

— Parecem não se importar com a nossa aproximação. – Comentou a alferes T’Bal. – É possível que sejam de uma espécie que não tem o costume de se socializar com outras.

— Vamos dizer olá. – Disse Giulia, descontraída. – Talvez eles sejam apenas tímidos.

Os dois alienígenas, absortos em montar um equipamento piramidal de mais de três metros de altura, ignoraram completamente a aproximação do grupo avançado. Eles eram bípedes, tendo dois cotovelos em cada braço e uma protuberância do lado direito superior das costas, mas não era possível identificar mais nenhum aspecto físico, já que vestiam um macacão acinzentado que cobria o corpo todo, e um capacete redondo e espelhado.

— Eu sou a subtenente Giulia Naggi, oficial de comunicações da nave estelar da Federação Iguaçu. – Disse ela, juntando as mãos nas costas, aproximando-se de um dos alienígenas e olhando para cima. – Este asteroide chamou nossa atenção pela sua órbita estável e pela sua atmosfera capaz de suportar vida, e por isso decidimos estudar seus biomas e estruturas geológicas singulares. Supondo que este também seja o seu objetivo, eu gostaria, em nome de meu capitão e de nossa tripulação, de oferecer-lhes a nossa total cooperação.

Os alienígenas continuaram a montar o equipamento, sem dar atenção à Giulia ou aos demais tripulantes ali parados.

— Nós viemos da Via Láctea, em uma missão de dois anos, para estudar a galáxia anã do cão Maior, fazendo contato pacífico com novas espécies e culturas. – Insistiu Giulia, falando um pouco mais alto. – Se os senhores conseguem nos entender, gostaria que nos respondessem.

— Não capto emissões de nenhum tipo vindas do equipamento alienígena. – Informou T’Bal, que apontava seu tricorder na direção do objeto piramidal.

— Talvez eles nos ignorem porque sua forma de comunicação não se baseie na fala. – Sugeriu a alferes Okeke.

— Discordo. – Disse o subtenente Awl. – É evidente que, embora eles sejam, sob muitos aspectos, diferentes de um humanoide comum, possuem as mesmas características biológicas e estão sujeitos às mesmas limitações físicas. O fato de estarem utilizando esses trajes espaciais e sua forma de operar o equipamento que trouxeram, indica que possuem funções sensoriais semelhantes às nossas, diferentemente do que seria com uma forma de vida baseada em energia ou completamente telepata, por exemplo.

— Exato. – Concordou a alferes T’Bal. – É mais provável que eles tenham uma linguagem incomum ou costumes sociais exóticos. De qualquer forma, acredito que devamos assumir que eles estão nos ignorando deliberadamente.

— Nesse caso, teremos que...

Giulia não terminou a frase, pois os dois alienígenas desapareceram instantaneamente, deixando apenas o equipamento piramidal, que passou a emitir um forte zunido, fazendo com que todos levassem as mãos aos ouvidos.

Na ponte da USS Iguaçu, os oficiais observavam os dados enviados pelos tricorders do grupo avançado, registrando também a tentativa de contato frustrada iniciada pela subtenente Naggi.

— Os alienígenas desapareceram, capitão. – Informou Chelaar. – Deixaram uma espécie de equipamento que... – E ficou em silêncio.

— O que foi, comandante? – Perguntou o capitão Vernon, virando-se para ela.

— Não sei dizer como, senhor. – Respondeu Chelaar, aflita. – Mas o grupo avançado desapareceu completamente dos sensores, juntamente com quase dois mil e quinhentos metros quadrados da superfície do asteroide ao redor deles.

— Contate a nave alienígena. – Ordenou o capitão. – Precisamos encontrar um meio de fazer com que nos respondam.

— Temo que isso não seja possível, capitão. – Disse a tripulante que assumira o posto de Giulia enquanto a mesma estava no comando do grupo avançado. – A nave alienígena também desapareceu.

— Podemos segui-la? – Perguntou o capitão.

— Não, senhor. – Respondeu Chelaar. – A situação é idêntica à quando a nave apareceu, e nossos instrumentos não detectam nenhum tipo de flutuação ou deslocamento subespacial, nem mesmo oscilações que pudessem indicar fendas espaciais ou temporais. É como se ela nunca estivesse estado aqui.

— Alguém pode me explicar como isso é possível? – Perguntou o capitão, levantando-se.

— Todos os métodos de deslocamento conhecidos deixam algum tipo de rastro, por mais sutil que seja. – Disse Shion, digitando um comando no console de sua cadeira. – Mas como nossos sensores nada captaram, suponho que eles possuam tecnologia além de nossa compreensão.

— É uma hipótese bastante provável, comandante, porém não devemos aceita-la de imediato. – Disse o conselheiro Nhefé. – Não sem antes rodar uma série de diagnósticos nos sistemas principais da nave e em todos os sensores. Proponho que sejam consideradas as hipóteses de estarmos sob ilusão telepática, inconsciência coletiva ou manipulação espectral. Ainda, sugiro que seja efetuado um teste de realidade para garantir que não estamos em uma simulação holográfica ou algo do gênero.

— De acordo. – Disse o capitão Vernon. – Ponte para engenharia.

Hashimoto falando, senhor.— Ouviu-se a voz do experiente engenheiro-chefe.

— Execute diagnósticos de nível 10 em todos os sistemas e verifique o funcionamento dos sensores. – Ordenou o capitão.

Sim, senhor.— Disse Hashimoto.

— Imediato, monte um grupo avançado e volte ao asteroide. Quero que você descubra o que puder sobre o desaparecimento daquela área onde nossos tripulantes estavam. – Continuou o capitão. – Chelaar e Da’Far, verifiquem as demais hipóteses e executem imediatamente um teste de realidade. Dispensados. – E sentou-se, olhando para a tela principal, onde a imagem da nave alienígena fora substituída pelo vazio escuro do espaço.

Levou alguns segundos para que Giulia percebesse o que havia ocorrido. A luz do sol que iluminava o asteroide havia desaparecido num piscar de olhos, sendo substituída por fraquíssimas luzes artificiais situadas há dezenas de metros da posição deles, cuja intensidade reduzida produzia uma desagradável penumbra. O aparelho alienígena também havia desaparecido, deixando apenas uma leve marca no solo

— O que aconteceu? – Perguntou a alferes Okeke, aflita.

— Suponho que, de algum modo, os alienígenas nos transportaram para sua nave. – Disse T’Bal, olhando ao redor.

— Subtenente Naggi para Iguaçu. – Disse Giulia, tocando em seu comunicador.

Não houve resposta.

— Tenho certeza que o capitão notou nosso desaparecimento e está fazendo o possível para nos tirar daqui. – Disse o alferes Rutten, no intuito de tranquilizar Okeke.

— Se levarmos em conta a maneira com que esta nave apareceu sem ser notada, bem como o visível desinteresse pelo diálogo demonstrado pelos alienígenas, é presumível que já estejamos muito distantes da Iguaçu. – Disse T’Bal.

— Seja como for, nossa única alternativa no momento é dar continuidade à nossa missão inicial: estabelecer contato com essa espécie. – Disse Giulia, acionando seu tricorder e apontando-o para várias direções. – Há um sinal de vida há aproximadamente vinte e cinco metros à nossa direita, conseguem vê-lo?

Os tripulantes olharam para cima, na direção apontada por Giulia, mas nenhum deles foi capaz de distinguir o que havia além dos cactos que os cercavam.

— Vamos até lá. – Disse Giulia e, acompanhada pelos colegas, caminhou por alguns metros e se deparou com uma grande parede de metal opaco de no mínimo quatro metros de altura.

Debruçado sore ela estava um dos alienígenas, observando atentamente a aproximação do grupo. Sua cabeça era toda coberta por uma densa pelagem branca, que dificultava a identificação de características faciais, com exceção de seus enormes olhos amarelados e de seu nariz de pele rosada e escamosa.

— Sou a subtenente Giulia Naggi da nave estelar da Federação Iguaçu. – Disse Giulia. – Acredito que tenha havido uma mal-entendido, pois fomos transportados para o interior de sua nave contra nossa vontade.

Não houve resposta. Giulia então passou a executar uma série de métodos de comunicação e protocolos de primeiro contato que conhecida, desde a dança ritualística vaneirita até a organização de pedras e plantas a fim de formar grupos de números primos. O alienígena, no entanto, permanecia parado, com os olhos fixos no grupo e sem demonstrar qualquer emoção.

— Pois bem. – Disse Giulia, após solfejar uma escala hexafônica. – É hora de aplicar a famosa técnica de Henschel.

— Essa técnica não me é familiar. – Disse T’Bal.

— É muito antiga, mas talvez funcione. – Disse Giulia, sacando o fêiser e disparando contra um grande cacto, que explodiu.

— Não deve! – Exclamou o alienígena, com uma voz grave e chiada.

— Parece que eles têm língua, afinal de contas. – Disse Awl, sorrindo.

— Você é capaz de entender o que nós dizemos? – Perguntou Giulia ao alienígena, que nada disse em resposta. Ela então disparou novamente, desta vez explodindo uma rocha e com isso provocando uma nuvem de poeira.

— Não deve! – Exclamou novamente o alienígena e, com um gesto complicado, acionou um dispositivo que estava oculto atrás da parede, fazendo com que os fêiseres dos tripulantes caíssem no chão.

— Estão pesados como uma barra de tetraplatina. – Disse o alferes Rutten, tentando, sem sucesso, pegar seu fêiser do chão.

— Qual é sua intenção conosco? – Perguntou Giulia, frustrada. – Por que não nos responde?

— Não dê atenção aos animais, B’te, mesmo que eles pareçam inteligentes. – Disse o alienígena, visivelmente falando consigo mesmo.

— Não somos animais! – Bradou Giulia. – E não parecemos inteligentes, somos inteligentes!

O alienígena ignorou a oficial de comunicações e virou-se para o outro lado, dando a entender que deixaria aquele local.

— B’te! – Gritou Giulia, e ele parou, olhando novamente para o grupo. – Por favor nos dê atenção e provaremos a você nossa inteligência.

— Vocês têm cérebros pequenos. – Disse o alienígena. – Eu vi sua nave e seus equipamentos, são tão primitivos quanto vocês.

— Mas isso não faz de nós animais! – Defendeu-se Awl.

— Em nosso ponto de vista, faz sim. – Respondeu o alienígena, que agora parecia estar se divertindo. – Para nós, tudo o que vocês fazem não passam de pequenos truques. Eu até tenho que escolher cuidadosamente as palavras para que seu simplório sistema de tradução consiga entender o que eu quero dizer. – Ele emitiu alguns sons incrivelmente estranhos. – O que acabei de dizer envolveu sons de várias frequências que vocês não foram capazes de ouvir, além de variações térmicas e mudanças sutis na coloração da minha pelagem que vocês são igualmente incapazes de perceber. Levaria dias para dizer a mesma coisa utilizando seu sistema de linguagem monoespectral, ainda mais levando em conta que muitas das coisas que pensamos e dizemos não podem ser resumidas em apenas um conjunto limitado de sons. – Ele se debruçou sobre a parede novamente, chegando mais perto do grupo. – Da minha perspectiva, a diferença entre vocês e eu é tamanha que não posso considerá-los nada mais do que animais, deixando minha compaixão de lado e ignorando-os como fui ensinado a fazer.

— Fascinante. Ele nos vê da mesma forma que vemos um animal razoavelmente inteligente e capaz de aprender alguns truques, como um cão. – Comentou T’Bal.

— Não acho isso fascinante. – Murmurou Okeke.

— Você mencionou compaixão. – Disse Giulia. – O que quis dizer com isso?

— Sempre tive tendência a me afeiçoar por animais comunicativos. – Respondeu ele, com a voz grave e chiada. – Vocês não são os primeiros a serem coletados junto com nossas amostras ecológicas.

— Há outros como nós a bordo desta nave? – Perguntou Giulia, dando um passo à frente.

— Não, já faz algum tempo desde que o último foi transferido para o acervo. – Respondeu ele, parecendo triste.

— Acervo? – Perguntou Giulia.

— Um local onde as amostras são armazenadas após terminarmos as análises. – Respondeu ele.

— Como assim? – Insistiu Giulia.

— Não há propósito em continuar discutindo isso. – Disse B’te. – Seria longo e exaustivo explicar em linguagem monoespectral as peculiaridades de nossa complexa metodologia científica. E vocês seriam igualmente incapazes de compreender nossa tecnologia e nossa sociedade.

— Sua tecnologia é um mistério para nós, eu admito. – Disse Giulia, humildemente. – A forma de propulsão que vocês utilizam, por exemplo, é algo que jamais vimos. Mas eu afirmo que, apesar do estágio primitivo em que nos encontramos, fazemos grandes progressos todos os dias, e somos movidos pelo ímpeto de descobrir coisas que nos permitam olhar além do desconhecido. – Ela deu outro passo, aproximando-se ainda mais da parede e ficando logo abaixo do alienígena. – A nossa nave foi projetada para ser a primeira a deixar a nossa galáxia natal, utilizando para isso uma força cósmica descoberta por pessoas como nós, e nos orgulhamos dela assim como nos orgulhamos de todas as nossas conquistas, por menores que possam parecer para um povo avançado como o seu.

— Você apenas reforça o que eu falei. – Disse o alienígena, abrandando a voz como se sentisse pena. – Considere por um momento que alguém lhe devolva estes mesmos argumentos, afirmando que é capaz de viajar de um hemisfério a outro de um mesmo planeta. É essa a diferença entre nós e vocês. Nós viajamos entre as galáxias com a mesma facilidade que vocês viajam entre planetas de um mesmo sistema solar.

— Como isso é possível? – Perguntou o alferes Rutten.

— Você não entenderia. – Respondeu o alienígena, pondo as mãos na cabeça em um gesto estranho.

— Tente explicar de maneira simplificada. – Sugeriu Giulia, imitando o gesto do alienígena.

— Suas naves se movem pelo tempo e pelo espaço ao mesmo tempo, e mesmo que pudessem viajar mil anos-luz em um segundo, ainda assim estariam presos ao deslocamento nestas duas camadas, temporal e espacial. – Explicou o alienígena, girando um dos braços com dois cotovelos. – Para viagens intergalácticas, no entanto, é necessário desvincular as duas coisas. Tentem imaginar uma viagem no tempo, em que você está em um determinado local e viaja instantaneamente para o mesmo local, só que dez anos no passado. O deslocamento ocorre apenas na camada temporal, sem nenhum deslocamento na camada espacial, correto? Pois nossa nave é capaz de fazer o oposto: deslocar-se unicamente na camada espacial sem qualquer deslocamento na camada temporal.

— É como um teletransporte capaz de levar você para qualquer lugar do universo instantaneamente? – Perguntou a alferes Okeke.

O alienígena emitiu um som que deveria ser o equivalente a uma gargalhada, como se a pergunta de Okeke tivesse sido muito estúpida.

— Onde estamos agora? – Perguntou Rutten.

— Em T’ta’tom. – Respondeu o alienígena. – É um espaço entre duas galáxias no aglomerado maior da... – Ele emitiu um chiado trêmulo. – Creio que não haja meio de traduzir em linguagem monoespectral, mas fica realmente muito distante de sua galáxia natal.

A alferes Okeke apertou o braço de Rutten, que a confortou.

— Nós gostaríamos de voltar para o local onde nos encontraram. – Disse Giulia, com voz firme. – Não sei quais são suas intenções com esta amostra tirada do asteroide, mas não fazemos parte deste ecossistema e nosso desejo é retornar para nossa nave e nossos amigos.

— Do nosso ponto de vista, um ecossistema abrange muito mais do que apenas um asteroide. – Disse o alienígena. – O fato de vocês serem originários da galáxia principal e não da galáxia anã que está sobreposta a ela, onde os encontramos, é irrelevante. Isso apenas configura um ecossistema integrado dentro de um macrossistema galáctico padrão. – Ele inclinou sua cabeça. – Não há sentido em discutir nossas metodologias, apenas peço que se conformem com sua situação atual e colaborem conosco. Assim, viverão suas curtas vidas enquanto participam de algo muito maior do que vocês mesmos, algo que está nos limites de sua capacidade de compreensão, e isso deveria ser motivo de alegria para animais como vocês.

— Você nos pede mais do que podemos oferecer. – Disse Rutten, abraçando a triste Okeke. – E é exatamente por se tratar de algo além de nossa capacidade de compreensão que essa opção se torna tão difícil de aceitar.

— Em nossa sociedade, aprendemos há muito tempo que é importante tratar de maneira digna e respeitosa os seres que consideramos inferiores, inclusive agindo com proporcionalidade em relação à sua natureza. – Argumentou Giulia, falando mais suavemente. – E eu me pergunto como um povo avançado como o seu poderia ter ignorado esse princípio básico, tratando de modo egoísta e cruel uma forma de vida que resiste conscientemente ao destino que lhe é imposto.

— Não ignoramos. – Disse o alienígena, lentamente. – Eu apenas tinha a esperança de convencê-los a permanecer conosco por vontade própria, pois seria uma experiência superior a qualquer coisa que vocês possam experimentar em suas vidas medíocres. Mas, como nosso compromisso é tratar as amostras com compaixão e respeito, vamos nos contentar com o que vocês nos ofereceram até agora.

— Eles estudavam nossa reação diante da possibilidade de cativeiro. – Concluiu T’Bal.

— Estudávamos muito mais do que isso. – Disse o alienígena, com o que pareceu ser um sorriso. – E somos gratos pelo que vocês nos ensinaram.

— Isso significa que vocês vão nos levar de volta? – Perguntou Giulia, desconfiada com a mudança brusca no posicionamento do alienígena.

— Na verdade, neste exato momento, acabamos de voltar ao local de onde os coletamos. – Explicou o alienígena gigante, afastando-se alguns metros da parede. – E os devolveremos diretamente à sua nave, pois pretendemos concluir alguns estudos na amostra de superfície.

Giulia abriu a boca para dizer algo ao alienígena que se afastava lentamente, mas quase no mesmo instante se viu na área de carga da USS Iguaçu, acompanhada pelos colegas, a maioria tão atônita quanto ela.

Na ponte da USS Iguaçu, para surpresa de todos, um breve alerta sonoro soou da estação de instrumentos.

— Senhor, a nave alienígena reapareceu! – Informou a alferes Harman.

— Na tela. – Ordenou o capitão Vernon, levantando-se da cadeira.

A imagem da gigantesca nave surgiu na tela, mas, após uma fração de segundo, desapareceu.

— Eles sumiram dos sensores novamente, senhor. – Informou Harman. – Mas temos um transporte não autorizado de cinco pessoas na área de carga 1, registrado com uma sequência de conversão desconhecida.

— Capitão para área de carga 1. – Chamou o capitão. – É você Giulia?

Sim, capitão! — Ouviu-se a voz de Giulia em resposta. – Estamos todos bem, eles nos devolveram de bom grado.

— Venha a ponte imediatamente, precisamos preencher algumas lacunas. – Ordenou o capitão, aliviado.

Giulia e os demais membros do grupo avançado relataram suas experiências com a misteriosa espécie capaz de exploração intergaláctica, gerando assunto para muitos debates filosóficos e científicos, em especial diante da alegada forma de viajar unidimensionalmente pelo espaço. Por fim, a nave permaneceu por mais um dia inteiro orbitando o asteroide, que foi batizado com as iniciais dos nomes dos cinco tripulantes “capturados” pelos alienígenas: NORAT.


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