Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 7
O medo fala até demais




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Ilíria só se vira ser consumida pelo pânico três vezes em sua vida, e essa quarta com certeza era nova. Tentou apertar as mãos no aro, apavorada com a ideia de cair e ninguém estar ali para ao menos levá-la até a enfermaria, não que isso fosse fazer diferença caso batesse a cabeça contra o metal que erguia o aro e então no chão. Jogava quadribol há tempo o suficiente para estar devidamente acostumada com quedas e fraturas, mas era completamente diferente despencar do céu sabendo que isso poderia acontecer e que haviam centenas de pessoas assistindo, naquele dia simplesmente não esperava pela queda, era apenas um voo, não um treino ou uma partida, e ficar pendurada era muito mais desesperador do que poderia imaginar.

Estava suando, suas mãos escorregavam e seus braços doíam com toda a força que dedicava a tentar se manter firme, queria conseguir empurrar o corpo para cima, mas sabia que seus braços cederiam se tentasse isso mais uma vez. Ergueu uma pena no ar, tentando prendê-la contra a barra, falhou novamente. Não sabia o que fizera para silenciar sua mente, mas era impossível fazer seus músculos pararem de tremer em exaustão, ou fazer com que suas palmas parassem de suar, então, arriscando sua última chance antes que não aguentasse mais, gritou tão alto que poderia ter desfeito as nuvens.

Oliver Wood não estava preparado para vê-la pendurada nos aros que ele costumava defender, porém, levando em conta a vassoura quebrada no chão e o grito, a garota também não estivera preparada para o que quer que houvesse acontecido. Enfiou a mão no bolso em busca de sua varinha, apenas para perceber que a deixara em sua capa. Talvez alguém estivesse passando perto o bastante para ajudá-lo, mas se apertasse os olhos poderia ver que ela era forçada a se mexer tentando se prender mais firmemente, e se não desse tempo de encontrar alguém? Não teria coragem de deixá-la sozinha ali.

Agarrou a própria vassoura e se impulsionou para cima com tanta força que ela tremera, mas não ligou, porque a chance de subir rápido o suficiente para agarrá-la era maior do que a de encontrar alguém próximo do campo pela manhã. Cortou o ar tão rápido que ele parecia arranhar suas bochechas, a vassoura antiga tentava brigar contra a alta velocidade, mas o goleiro não permitia, precisava chegar aos aros tão rápido quanto fosse possível. Sua roupa não impedia o vento de castigar a pele pálida pelo frio, mas sequer sentia como era fustigado por ele, não conseguia desviar os olhos da garota. Já conseguia ver muito melhor, os olhos dela estavam fechados, os lábios comprimidos de terror, as pernas penduradas no ar, não saberia dizer como conseguiu se focar em tanto detalhes naquele momento, mas o mais importante deles fora o momento exato em que uma das mãos dela finalmente cedeu.

Ilíria apertou ainda mais os olhos, se preparando para mergulhar no vento, seu braço tremia tanto que sabia que não aguentaria mais. Seus dedos escorregaram, a princípio um a um, e quando não conseguiu firmar a mão, todos. Sentiu o aro sumindo de sua mão, e quando soube que a sua esquerda também cederia, abriu os olhos assustadas ao sentir uma mão grande agarrar seu braço. Oliver Wood segurou seu braço direito antes que fosse tarde, a pontada de alivio que tomou Ilíria foi tão grande que não pode desviar o olhar, vendo nos olhos castanhos dele como também estava profundamente abrandecido.

Oliver ergueu um pouco a vassoura, ajudando a morena a prender novamente seus dedos contra o aro, ela tremia enquanto pensava em como tirá-la de lá. Aproximou-se das pernas dela, sabendo que ela certamente não se soltaria por vontade própria, então começou a envolver uma das coxas em sua cintura. Olhou para cima, tentando consolá-la de alguma forma, antes de prender a outra perna. Pronto, agora parecia que ela estava sentada no ar, se certificou que as pernas dela estavam bem presas antes de começar a falar.

—Eu estou te segurando. —não saberia dizer qual dos dois estava confortando, provavelmente os dois, mas ainda conseguiu se chocar quando ela abriu a boca para responder um:

—Você não tem me seguido, né? —Ilíria não planejara dizer isso, aparentemente seu medo tinha voz, e uma tão inoportuna quanto à da própria dona. Arregalou os olhos, e se não estivesse pálida de fraqueza, talvez tivesse ficado vermelha. —Pelo amor de Merlin, me tira daqui antes que eu te chame de stalker e você mude de ideia.

—Quando eu mandar, você se solta, ok? —controlou o próprio medo, usando um tom suave para falar com ela. Conseguia ver que ela estava aterrorizada, e naquele momento nada que dissesse poderia fazer com que o Wood não a ajudasse, mas os olhos dela lhe encararam alarmados. —Eu ‘tô te segurando, nada vai acontecer.

Aproximou-se dela o máximo possível, circulou a cintura com um braço colando os corpos tanto que mal havia espaço entre eles. A respiração de Oliver tocava o ombro dela, estivera com Heather minutos antes e ainda assim parecia que nunca estivera tão perto de alguém. A vassoura estava parada no ar, as pernas dela o apertavam, sua mão segurava a cintura dela, tudo o que faltava era que ela soltasse os braços. Respirou fundo.

—Pode soltar. —foram apenas segundos entre os dedos dela soltarem do metal e se agarrarem ao pescoço do garoto, a vassoura balançou para baixo quando o peso de Ilíria foi jogado sobre ela, mas Oliver conseguiu controlar tão rapidamente que foi como se nunca tivesse acontecido.

Ficaram no ar por um tempo, as respirações ofegantes como se as tivessem prendido sem perceber, tudo o que conseguiam fazer era se agarrar mais e mais ao corpo um do outro, Wood a apertou protetoramente, e foi só quando Ilíria mergulhou o rosto no pescoço dele, abraçando ainda mais os ombros do garoto e começando um tremor soluçado, que fizeram um caminho lento e seguro até o chão, sem coragem para se soltarem.


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