Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 6
Dez pontos para Ilíria




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Era um garoto bonito e sabia disso, Oliver tinha cabelos castanhos curtos, olhos expressivos e um jeito de mexer as sobrancelhas estranhamente charmoso, principalmente quando acompanhado de um sorriso de lado. E havia seu irresistível sotaque escocês, capaz de derrubar uma garota menos atenta da vassoura. Mas não podia deixar de se sentir um pouco mal, porque depois de dias sem muito contato com Heather, bastara beber uma poção da beleza para que ela o puxasse até um corredor vazio, talvez ela simplesmente não o achasse tão bonito assim.

As mãos macias seguravam as bochechas do jogador, empurrando seus lábios sobre os dele em um e outro beijo, Heather amava coisas lindas, não seria diferente com pessoas. Esse era o problema da loira: para ela a verdadeira diversão estava em conquistar, em distribuir sorrisos, em balançar os cabelos e os quadris do jeito certo, manter todos fascinados era um dom. Wood não fora diferente, em uma manhã qualquer passara por ele, o uniforme de quadribol se encaixava perfeitamente ao corpo forte, e ele não a olhou nem por um segundo.

Foi então que fez dele sua missão pessoal, e demorou mais do que esperara, porque aparentemente o quadribol ocupava muito espaço naquela mente. Passou por ele por semanas, tentou assistir os treinos (e desistiu), e tudo que conseguira fora alguns olhares rápidos demais. Mas bastou piscar para ele na frente de alguns garotos que tudo se resolveu: sabia que eles falariam tanto sobre isso que não teria como ele não notá-la. Dito e feito, lá estava ele.

Oliver beijava realmente bem, o jeito como ele a puxava para mais perto poderia tê-la feito derreter, e a poção que ele tomara a atraía para mais e mais perto. Sabia que muitas garotas se interessavam por ele, talvez esse fosse o motivo para que tivesse o beijado a princípio, sabia que precisaria de mais para impressioná-lo do que seu jeito doce, mas não se arrependia. Afastou-se lentamente, abrindo o tipo de sorriso que faria as pessoas se arrastarem atrás dela, e foi um tanto quanto frustrante ver como ele apertava as sobrancelhas, tocou o meio delas, um olhar doce e a expressão dele se suavizou. O efeito da poção poderia até ter chego ao fim, mas os cabelos bagunçados e os lábios inchados foram o suficiente para arrancar um suspiro de Heather.

—Tenho aula de runas antigas. —sussurrou antes de colar mais um selinho nele. —Até mais tarde, meu bem. —e saiu andando, sem se importar de deixá-lo para trás.

Demorou alguns segundos para que o garoto saísse do corredor, e já nem conseguia ver a loira quando o fez. Não se considerava alguém confuso, mas vinha se sentindo assim. Tentou ajeitar o cabelo com os dedos enquanto passava pelos corredores, esperava não encontrar nenhum de seus amigos, porque eles não parariam de falar sobre isso nunca, só precisava chegar até o campo de quadribol e então voaria um pouco, tentando esvaziar sua mente em seu horário vago. Não bastasse seu questionamento sobre o porquê precisara de uma poção para ficar com Heather, ainda tinha o que Ilíria falara na cabeça: como poderia dizer que gostava dela se tudo o que sabia era muito próximo de nada?

Sua caminhada foi rápida, puxou a varinha e destrancou a porta do vestiário, então a porta que o levaria a sala do capitão do time. Tinha uma mesa espaçosa, onde vários papéis com novas e antigas técnicas estavam apoiados, era tão dedicado ao esporte que mesmo uma lista sobre os pontos fracos e fortes de seus oponentes estavam anotados, analisara cada um deles com cuidado. Teve que sorrir ao ver como “medroso” fora anotado ao lado do nome de Draco Malfoy, bastava um balaço na direção dele para que se dispersasse totalmente, Marcus Flint ganhou um “burro como uma porta”, o que Wood ainda considerava lisonjeiro se comparado ao que realmente pensava, seus olhos passaram para o próximo nome, Saint-Sallow.

 Desde que Oliver entrara em Hogwarts aquela fora a única garota a ocupar uma vaga como jogadora da Sonserina, e precisava dar o braço a torcer e admitir que ela tinha talento. Quer dizer, precisara ter mais que isso uma vez que as histórias sobre como, um após o outro, os capitães sonserinos se recusavam a aceitar uma garota no time parecia ser muito real. Contudo, no segundo ano um dos artilheiros sofreu um acidente pouco antes das finais do Campeonato Inter-Casas, e ninguém estava disposto a abrir mão estando tão perto da vitória, então mais um dos testes para preencher a vaga foram abertos. Existiam alguns rumores sobre o quão demorado fora a aceitação da menina no time, mas Wood conseguia imaginar perfeitamente ela aos doze anos, tão irritada quanto agora, rugindo qualquer tipo de ofensa sobre sua própria equipe.

Por algum motivo além da própria compreensão, abriu o tinteiro pousado sobre a mesa, então pegou sua pena e riscou o sobrenome da menina, substituindo-o por um bonito Ilíria. Fechou o vidro novamente enquanto lia suas observações sobre ela: era rápida e determinada, mas qualquer impacto maior que o normal a arremessava para fora da vassoura, talvez por ela ser consideravelmente mais leve do que a maioria dos jogadores. Finalmente desviou os olhos do papel, se mergulhasse naquelas anotações não sairia tão cedo, talvez se empolgasse demais. Abriu uma gaveta e puxou a roupa que guardava ali, vestiu rapidamente o suéter de gola alta e sua calça preta, agarrou a vassoura reserva (bem, era a antiga na verdade) que deixava encostada no canto da sala, então rumou para fora, trancando porta por porta novamente.

No caminho para o campo teve a impressão de ouvir um grito distante, mas embora olhasse em volta, não havia nada. Deu de ombros antes de continuar, deveria ser só uma impressão. Mas se tornou óbvio que estava enganado quando encontrou a vassoura quebrada no chão, uma Nimbus 2001 com iniciais gravadas, então um grito desesperado partiu o ar, olhou para cima apenas para ver Ilíria pendurada em um aro.


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