Após as aulas, Tsuki insiste em mostrar a cidade para Oliver e Erin, os irmãos a seguindo para impedi-las de fazer alguma besteira após levarem Ártemis em casa. Sabiam que Oliver não faria nada, e mesmo se quisesse, ele mal tinha energia para andar, a maior preocupação sendo a dupla de "recentes melhores amigas". Para piorar, além de ajudarem o moreno a andar, tinham que acompanhar a velocidade das outras duas, elas a uma boa distância dos outros dois, sendo obrigados a chamá-las para perto diversas vezes.

Felizmente, no "tour" que haviam feito, não houveram problemas. Tsuki os levou à uma praça próxima do dormitório onde, segundo ela, sempre havia um bazar, uma cafeteria famosa onde poderiam trabalhar se sua mesada acabasse ou precisasse de dinheiro extra, a praça da estátua da liberdade, entre outros lugares famosos de Death City. Oliver, após voltar a andar sem apoio, sentia-se mais um turista que um aluno, vendo ambas as garotas trazerem sorvetes para o grupo. Realmente, Death City era muito quente. Já se via comprando caixas e caixas daquilo para se refrescar. Ao morder um pedaço de seu picolé, seu olhar foi para Erwin, quase engasgando-se com a sobremesa gelada.

O loiro estava sereno, agradecendo com um aceno à irmã pelo sorvete, porém usava um grosso casaco indo até os pulsos sem derramar uma gota de suor. A surpresa de Oliver era evidente e logo foi reparada pelo loiro e o irmão da mesma idade, Akira rindo enquanto Erwin permanecia concentrado no sorvete. O moreno de mechas senta-se entre ambos, sussurrando para Oliver "ele tem uma técnica secreta própria para aguentar o clima daqui, bem, ao menos é o que ele diz ser o motivo do casaco...", deixando-o confuso. Não passara nem vinte e quatro horas naquela cidade, mas já sabia que ela atraía pessoas estranhas. Incluindo sua atual parceira, vendo-a sofrer de dor de cabeça por comer uma casquinha muito rápido.

O passeio seguiu por mais algumas horas, o grupo quase no fim da cidade, parando por um instante quando viram o Cemitério de Ganchos. Oliver iria sugerir voltarem, porém viram um sorriso se formar no rosto de Tsuki. O trio de rapazes sentiram mais forte que qualquer ressonância, aquilo não poderia ser coisa boa. Tsuki dispara, Erin correndo logo atrás dela com sua energia inesgotável, os irmãos Star e Oliver demorando um pouco antes de perceber e igualmente indo atrás de ambas antes que fizessem alguma besteira. Porém o mal pressentimento do trio logo se concretizou, parando junto a elas em frente a uma antiga construção. As paredes pareciam remendadas por grandes pontos, as rachaduras evidenciando-os mais  e parecendo ser uma tentativa desesperada de mante-las de pé, uma árvore morta próxima ao muro levantando-se e com os galhos em formato de setas, inúmeras faixas escritas "Keep Out / Only DWMA Members" presas tanto no próprio muro como na casa acabada e sem cuidados mais atrás.

—Já que estamos aqui, por que não entramos? - Tsuki encara o grupo, os demais claramente tendo um olhar de reprovação, exceto Erin, ela obviamente empolgada, não parecendo perceber a seriedade da situação. - Somos da Shibusen agora.

—Tsuki, sabe que isso fala sobre os três estrelas. Mesmo sendo filhos de um membro da Spartoi, isso não nos dá o direito de entrar. - Akira se aproxima, parecendo ser a voz da razão entre os gêmeos. - E nossa mãe também já disse para não nos aproximar.

—E ainda se diz filho do homem que superou deus?! Tem um motivo para não deixarem alguém entrar.

—Exatamente por isso que temos que voltar. - Oliver logo em seguida.

—Eu vou com ela! Se quiserem, podem esperar aqui. - Erin completa.

—Isso é ainda pior! - Akira e Oliver gritam, fazendo a albina inflar as bochechas, chateada.

—Vamos voltar... - Erwin abre a boca pela primeira vez desde que saíram da Shibusen, as mãos no bolso como se fosse a qualquer momento chamar o pai. Com certeza seria mais efetivo que a polícia ou outros artesãos para pará-las.

No exato momento que ele se vira, o loiro ouve o som de faixas se rasgando, Tsuki havia se transformado parcialmente e cortado-as. Tomando a ninjato em mãos, Erin corre na direção da construção, cortando as demais faixas e destruindo a porta trancada com um chute, ambas adentrando a construção caindo aos pedaços. Ao ver aquilo, Oliver e Akira gritam mais uma vez, agora em indignação, Erwin tirando o celular do bolso do casaco e chamando por seu pai, afastando-o do ouvido pouco depois. Amava ele, assim como sua nova família, mas ainda não queria ficar surdo. Após explicar a situação da forma mais simples e rápida que pôde pensar sob pressão, a voz de BlackStar podia ser ouvida até pelos outros dois presentes, ele os dizendo para não se moverem até ele chegar.

Após quase dez minutos de espera, Oliver não conseguia ficar parado, esperando por sabe-se lá quanto tempo. Seja lá o que tem naquela casa, com a chance de Erin e Tsuki encontrarem, poderia causar um caos ainda maior, ouvindo um grito alto vindo de dentro da casa. E negando aos avisos do artesão mais forte...

Ele adentra o antigo laboratório.

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Erin havia soltado a nova amiga a alguns minutos, ambas explorando o local separadas. A vegetação invadia o local que caía aos pedaços, ambas analisando onde pisar ou entrar. Dentro era semelhante ao lado de fora, paredes cinzas e parecendo remendadas, diversos instrumentos de laboratório caídos ou em mesas como se eles fossem a antiga decoração, e se destacando no centro da sala, um sofá desbotado onde ainda resistiam alguns tons de rosa. Tsuki observava uma das estantes com vários livros, seu olhar se movendo a uma porta. Ao contrário da entrada, ela estava trancada com correntes e um cadeado grande, como se o próprio antigo proprietário quisesse evitar a qualquer custo de adentrarem naquele lugar.

Aproximando-se, tentou tocar o cadeado, esticando a mão em sua direção e sentindo uma outra pousar em seu ombro, uma manga remendada junto a ela. Tsuki grita pelo susto, virando-se a tempo de uma pequena albina usando um largo e comprido jaleco branco e remendado como as paredes rindo horrores com a reação da morena, um mau cheiro forte vindo dele pelos anos enfurnado na gaveta. Enquanto Tsuki recuperava-se, a outra garota olha atrás dela, vendo a porta dupla bem trancada. Quase indo até ela, parou ao ouvir Oliver, ele desesperado e insistindo para que saíssem.

—Mas acabamos de chegar... vamos ficar mais um pouco, Oliver...

—Nada disso, Erin! Erwin chamou seu pai, Tsuki! A qualquer momento, ele...

—Hey, o que estão fazendo aqui?! - Oliver gela, olhando para trás junto às outras duas. O homem forte de cabelos azulados os encarava, mas não parecia nem um pouco o gentil professor de mais cedo. Estava sério, e um tanto decepcionado com o trio, mesmo não sabendo que Oliver entrou apenas a poucos segundos.

—Nos perdemos, senhor Star. - Erin sorri erguendo o braço com as sobras de tecido caindo devido à gravidade, o azulado erguendo uma sobrancelha.

—Dentro de um laboratório abandonado e lacrado pela Shibusen? Não sou a Maka, mas até eu consigo ver que é uma mentira.

—Eu que insisti, pai. Oliver e Erin apenas me seguiram.

—Pensei que já havíamos conversado sobre isso, Tsuki... enfim... Como é o primeiro dia de vocês, vocês são pequenos e ainda estão amadurecendo, ao contrário de um cara grande como eu, vão sair só com um aviso. Mas não serei tão bondoso se isso voltar a acontecer. Agora, já pra casa. Vocês dois também.

—Posso ficar com isso? - Erin solta um breve riso enquanto levava as mangas do enorme jaleco mais próximo do corpo, BlackStar exibindo um olhar entristecido ao ver o conhecido traje do antigo professor. - É bem confortável...

—Não deve ter problema... eu acho... mas não o use na Shibusen, okay? - Ainda um pouco abalado, BlackStar agrada o cabelo da pequena, ela sorrindo e saindo com o trio de volta para a cidade da morte. Oliver perguntava-se se aquilo duraria muito. Realmente atraía pessoas estranhas.